Dose Dupla

Por Akai Tenshi

Capítulo III – PETALS


KOENMA, você merece morrer, sabia? Ainda que fosse a minha vontade te matar, não chegaria a um nível tão baixo.

Oh Yusuke – diz seu amigo colocando uma mão em seu ombro – Tenha um pouco mais de paciência...

Mais do que já tive? Eu vou estraçalhar esse Baixinho-Metido-Que-Se-Acha-O-Bom.

Kuwabara segurou forte seu amigo estressado, impedindo-o de bater em Koenma.

Sei como se sente. Kurama também é meu amigo... Precisamos ir resgatá-lo, sem que ele esteja em mais risco do que já está...

Nossa... – Yusuke disse um pouco mais calmo – nem parece você falando...

É que estou tentando conquistar minha amada Yukina... – respondeu com "ar de graça".

Yusuke! Eu também percebi este tumulto há pouco tempo... Estava analisando a situação...

Não vem com essa não! Para você tanto faz se ele morrer ou não, afinal, seria um demônio a menos...

Claro que NÃO, tá doido é?

MENTIRA! Você não se importa, mas Kurama é importante para mim, ENTENDEU? Aliás, aposto que nunca se importou com ninguém...

Yusuke realmente conseguiu tirar Koenma do sério. Tudo bem que parte da culpa era dele por não ter dito assim que descubriu. Arrumou alguns papéis que estavam em cima de sua mesa e os entregou a Yusuke.

Leve Hiei com vocês. Tsura está mais forte agora com a pedra.

NUNCA... Não mesmo... Se eu vir aquele baixinho de novo, tenha certeza de que eu o mato...

Mas vocês estavam juntos na última missão!

Não fiz nada porque achei que aquela maldita cópia era Kurama, e não ia dar a ele o desgosto de me ver matando aquele desgraçado...

Então, pelo menos leve Botan...

Ela pode até ser útil, mas... – foi cortado por seu amigo

Não se preocupe... Kurama é forte, sei que está bem... – Kuwabara disse abraçado ao amigo, enquanto se dirigiam em direção à porta.

Mãos agressivas o seguravam. Kurama contorcia todo o seu corpo, tentando se livrar daqueles que estavam tentando amarrá-lo ali naquele altar. Por mais que doesse o corpo, tinha que tentar.

Não adianta meu caro Youko...

Ts..Tsura...

É melhor ficar calminho... Daqui a pouco o verdadeiro show começa.

Kurama sentiu pontadas de dor quando seus pulsos e tornozelos foram presos com correntes feitas através da energia maligna de Kana. A pálida luz da lua iluminava todo aquele altar e as estátuas ao redor. Estátuas provavelmente de deuses.

Kana chegou ali toda envolta num tecido fino e transparente, seus cabelos esvoaçando, suas jóias brilhando e seus pés descalços. Seu sorrisinho malicioso de sempre estava estampado em sua face morena. Subiu ao altar e sentou-se no estômago de sua vítima.

O ruivo sentiu a pele quente encostar na sua, fria. Sim, frio era o que estava sentido. Estava sem roupa, sem nada... Era constrangedor. Tsura chegou mais perto daquele altar, trazendo consigo uma almofada negra, na qual jazia uma adaga em ouro e rubis. A sua tão estimada Gema Vermelha descansava na extremidade do altar, sob uma haste em prata, com um fino veludo azul-índigo.

Não se assuste Raposinha... Isso não é tão ruim.

Também acho amor... – ela concordou com Tsura, alisando aquela face tão escoriada (mas ainda sim bela) de Kurama.

O vento mudou... Acendam as velas, o momento é esse... – disse o Senhor das Sombras.

Isso é bom... – ela respondeu, agora lambendo o peito nu do ruivo.

Kuwabara, na companhia de Botan, estava correndo o mais rápido que podia, mas Yusuke já estava muito à sua frente. Aquela floresta era muito densa, e como já é de praxe no Makai, perigosa. Botan e Kuwabara gritavam por Yusuke, este estava tão furioso que não queria saber de demorar um segundo a mais para salvar seu amado amante.

Alguns instantes depois, os dois conseguiram alcançar o filho de Raizen. Pelo menos ele tinha parado de correr. Kuwabara percebeu o motivo: logo adiante estava o castelo de Tsura. Por não sentir a energia de Kurama, um breve pensamento de que ele podia estar morto, gelou a espinha de Yusuke. Mas seu subconsciente lhe dizia que era o contrário.

Ei Urameshi, vai ficar olhando esse castelo o dia inteiro?

Claro que não seu baka. Tenho certeza que se fosse Kurama, pensaria em uma perfeita invasão. – disse um pouco triste.

Tem razão Yusuke. – a garota concordou dando tapinhas em suas costas – Temos que ter cuuidado...

Não me importo em arriscar tudo... Contanto que eu consiga salvá-lo. – falou tirando bruscamente a mão de Botan.

Grosso, não sei como Kurama te suporta.

Porque ele é ele, e você é você...

O tempo está passando. – Kuwabara alerta seus amigos.

Sinceramente, não sei por que você veio Botan... – resmungou, pulando aquele barranco e dirigindo-se ao castelo.

A garota de cabelos azuis estava furiosa, mas foi acalmada pela mão de Kuwabara em seu ombro. E os dois seguiram atrás de Yusuke.

À medida que Kana recitava as palavras cerimoniais, o corpo do ruivo endurecia mais e mais. Já não tinha mais voz para gritar, aquelas que lhe entravam ao sensível ouvido eram torturantes e sua visão ficava cada vez mais embaçada. Quase não tinha forças para manter suas opacas esmeraldas abertas. Queria poder fechá-las, mas cada vez que fazia isso, recebia um tapa de Tsura.

Agora Minha Raposinha...- disse lambendo seu peito – Você só tem que relaxar...Tsura, depressa... – ordenou estendendo-lhe a mão.

O Senhor das Sombras sentou-se na borda do altar, ao lado da raposa. Entregou a adaga à Kana e pôs sua mão sobre a boca de Kurama.

Não precisa arregalar os olhos, meu caro Youko – diz Tsura sarcástico.

Kana fez um corte em seu pulso esquerdo e deixou que as gotículas de seu sangue caíssem por sobre o corpo abaixo do seu, desenhando assim, uma cruz no tórax do rapaz. A Senhora da Magia recitou mais algumas palavras e cravou a ponta da adaga no centro da cruz. Este gesto fez Kurama descobrir que um resquício de voz ainda havia lhe sobrado, e gritou mais quando sentiu a adaga aprofundar em sal carne, o suficiente para que ela ficasse em pé sozinha.

Kana foi até a haste pegar a Gema e depois a entregou à Tsura, que já estava em cima do ruivo. Gotas de chuva começavam a cair.

Yusuke conseguiu ouvir os gritos de seu amado. Já estava muito perto. A chuva grossa caía sem piedade. Kuwabara estava ao seu lado, ambos atrás de um arbusto e Botan um pouco mais atrás, ainda raivosa. Olhando entre as frestas das folhas, os dois conseguiam ver que estavam a alguns metros de um altar, e que parecia ter pessoas ali.

"Perfeito desgraçado"

Urameshi...- Kuwabara tentou segurá-lo pelo braço.

Me deixa, você não vai me impedir...

E saiu em direção ao altar.

Botan, 'cê fica aqui...

Não mesmo. Vou mostrar ao Yusuke que não sou uma inútil.

Mas...hein? Bot... – Kuwabara saiu correndo atrás dela.

Amor, temos visitas...

Isso é ótimo minha doce Kana... Já estão perto?

Diria que estão quase aqui...

Ouviu isso, Raposa Maldita? Seu Príncipe Encantado veio te salvar! – riu ironicamente.

Kurama apenas gemeu. Tsura continuou a drenar energia do céu, da terra e de Kurama através da Gema.

TSURAAAA...

Ora, ora, finalmente o Urameshi em pessoa... Pensei que nunca fosse chegar...

E quem é você?

Kana e Nizu estavam ali, à frente dos três. Yusuke quase não conseguia ver seu Kurama.

Quem eu sou? Meio atrevido de sua parte não acha?

Deixe-me passar, sua vadia...

Háháháh... Vadia posso até ser, mas antes de passar...

Yusuke, cuidado com ela...

Relaxa, Kuwabara...

Até parece, você nunca escuta ninguém, só faz o que dá na telha.

Quieta, Botan..

Ah, meu caro filho do Raizen - Kana passou a língua pelos lábios – Seu amante é D-E-L-I-C-I-O-S-O...

Como se atreve? – foi logo atacando, mas ela repeliu sua energia.

Não pode ser...

Mas como? – Indagou Kuwabara.

Ai, nossa agora me lembrei do que Koenma havia dito...

O que? – pergunta Yusuke.

Essa aí é Kana, a Senhora da Magia... Esposa do Tsura...

E só agora que você diz isso?

Claro, Kuwabara, se alguém não fosse tão cabeça dura...

Ah, garota...

Chega de papo-furado, Nizu!

Sim minha Senhora. – respondeu se preparando para atacar.

Kuwabara pode ficar com ele – o moreno passou correndo em direção ao altar.

Não tão rápido.

Kana acertou Yusuke com uma rajada de energia. Chegou bem perto do altar, mas nocauteado. Diante de toda essa situação, o máximo que Kurama podia fazer era fechar os olhos. Botan também fora nocauteada pelo poder de Kana, que estava assistindo a luta de camarote.

A luta estava bem equilibrada. Tanto Nizu quanto Kuwabara só atacavam sem se importarem com a defesa. Ambos ferviam de raiva. Cansada dessa luta patética, num golpe rápido, Kana decapitou Nizu. Sua cabeça saiu rolando pelo chão e seu corpo caiu sem vida, somente jorrando sangue.

O q...que você...fez? – a voz de Kuwabara estava trêmula.

Esse imprestável não servia para nada mesmo... Agora sim, você terá uma luta de verdade...

Yusuke se levantou lentamente. O altar bem na sua frente, Tsura estava de costas. Não conseguiu raciocinar direito o que estava acontecendo ali. Seus olhos escuros refletiram ódio quando viu sangue manchando o altar e correntes ao tornozelo de sua raposa. O filho de Raizen atirou um leigun que passou de raspão pelo ombro de Tsura, este virou ferozmente para trás.

Deixa Ele AGORA!

Era só o que faltava, um pirralho que me interrompe e fica bancando o herói...

Yu..su..ke..- veio a voz fraca de Kurama.

KURAMA...Vou te tirar daí, agüente mais um pouco onegai.

É mesmo, é? Não está esquecendo de nada não?

Um cretino desgraçado como você? Espero nunca mais ter de me lembrar de você e de sua perversidade...

Antes Kana que eu...

E os dois partiram para o ataque. Yusuke tentava a todo custo se livrar das várias sombras ilusórias de Tsura. Quanto mais matava, mais sombras apareciam. Tsura apenas ria, se divertindo com a cena. No altar, Kurama tentava se mover, sem sucesso. Ficou somente repetindo o nome do amante várias, bem baixinho, como se estivesse rezando.

Droga... – resmungou se levantando do chão.

Vai desistir agora, Kuwabara?

Eu nunca desisto de uma luta... – afirmou, cuspindo algumas gotas de sangue.

Se morrer é o que você quer, é isso que terá... – disse atacando-o mais uma vez.

O corpo de Kuwabara foi arremessado para perto do corpo de Botan. A garota estava desmaiada, sangrando em seu ombro esquerdo. Apesar de razoavelmente ferido, Kuwabara se levanta mais uma vez.

Não gosto de lutar com mulheres, mas você É a Reencarnação do Mal, sem dúvida. Não posso te deixar sair impune depois de tudo o que fez. – disse com a voz firme.

Interessante...

Maldita, aposto que você é quem queria a pedra...

Quem sabe...

Não há como me destruir, além do que, sou mais forte que Tsura... Por isso, ele não me desobedece.

Como você é baixa! – criticou atcando com os punhos, uma vez que sua energia estava reduzida – Desgraçada...

Eh? Arigato. Mas não tive culpa de nascer amaldiçoada.

Nani?

Essa desgraça de Magia Soberana está encarnada em mim desde que nasci. – disse gritando, quase chorando – MADILTOS SEJAM TODOS...

Magia Soberana...?

Sim Kuwabara. – veio a voz segura de Botan – Controla toda magia, é uma maldição. Aos poucos acaba com a vida da pessoa, apesar de viver muito mais de mil anos.

Então a Gema pode desf...

Poupe-me dessa ladainha... – preparou-se para seu último ataque.

Não sei se sinto pena ou não, mas... – Kuwabara começou a reunir a pouca força que tinha.

Uma pequena explosão chegou aos ouvidos dos que estavam mais perto do altar.

KUWABARA

Ridículo... – sorriu atacando com um soco

Só se for par você... – disse esquivando dos socos – Agora é a minha vez de terminar com isso...

Yusuke acumulou uma boa quantidade de energia com as duas mãos. Algumas sombras ainda o cercavam, não sabia aonde atirar. Foi quando escutou o gemido quase inaudível de Kurama, estava sussurrando seu nome. Kurama tinha fé nele, confiança, ou não estariam juntos e nem estaria ali para salvá-lo tão depressa.

Te peguei...MORRA KISAMA...

O golpe atingiu a Gema que estava pendurada no pescoço de Tsura, quebrando-a em pequenos cacos, e atravessou seu peito. Ao mesmo tempo em que os cacos se espalhavam, o corpo ensangüentado caía inerte no chão.

Maldito...

O moreno correu em direção à Kurama. Com seu poder, destruiu as correntes demoníacas. Ergueu seu corpo e o aconchegou em seu corpo, tomando cuidado para não machucá-lo mais. Delicadamente retirou a aquela adaga de seu peito, o gesto fez o corpo da raposa arquear, e depois, rasgou um pedaço de sua blusa para pressionar o ferimento.

Kurama, acorde, por favor... Vamos... – seu lamento era quase num choro – Me perdoe por ser tão irresponsável, cego, idiota e burro...

Yu... sa..sabia q..que v-viria...

Tudo vai ficar bem, agora descanse... – sussurrou em seu ouvido, dando um cuidadoso e leve beijo em seus lábios.

Yusuke! Yusuke!

Kuwabara! 'Cê não morre nunca, não é?

Deixa de ser idiota. – observou a figura quase morta de Kurama – Ele tá bem?

Tá cego por acaso? Ele te parece bem? Pelo amor dos deuses...

Gomen...

E Botan?

Foi levar Kana para a prisão do Reikai.

Hein? Ela tá viva?

Podes crer. Tudo por causa de uma tal de maldição... ela queria a Gema para desfazê-la.

E onde o Kurama entra nessa estória?

Um: espécie rara. Dois: energia maligan sobrando. Três: brinquedinho sexual... Tudo faz parte de um ritual.

E essa vadia confessou?

Em termos...

Dois dias depois...

Finalmente o corpo exausto de Kurama estava se recuperando em uma cama macia, e quem ele amava ao seu lado. Yusuke poderia tê-lo levado à Genkai, mas de pensar que aquele maldito koorime sempre está por lá, achou melhor cuidar no apartamento deles.

O filho de Raizen não queria perguntar o que aconteceu, mesmo porque algumas coisas eram bem óbvias, e também nem queria pensar. A pior coisa do mundo é ver alguém que você ama sofrer.

Deitou-se ao lado de Kurama. Olhou atentamente aquele corpo menos cadavérico, cheio de gazes nos braços, pernas, estômago, tórax, enfim... quase tudo. Seu rosto ainda tinha algumas escoriações, sua boca quase toda quebrada...

Kurama... – foi se abraçando a ele.

Sim? – respondeu virando um pouco a cabeça.

Só queria ouvir sua voz... – deu uns beijinhos de leve, sob aquela pele tão formosa.

OWARI


A/N: Ufa... Finalmente. Que sufoco, não sabia direito como terminar, mas possivelmente vai ter uma conseqüência. Também não sabia o que fazer com Kana, eu cheguei a sentir pena dela. Coitada (talvez) . Ja ne