3. ESTRANHOS
Seguindo o conselho de Ceinwyn, Elinor viajava somente durante a noite. Dormia durante o dia em casas abandonadas, depois de lançar alguns feitiços para que não fosse vista pelos trouxas, sendo assim, ficava difícil saber quanto tempo realmente passara em Avalon. Ceinwyn falara de semanas, mas poderia ter passado anos desde que vira Sirius e Dumbledore pela última vez. Porém, depois de quase uma semana de viagem, ao chegar em Hogsmeade, Elinor pôde comprovar que pelo menos Hogwarts ainda existia.
Antes de chegar ao castelo, Elinor cavalgou por uma calma e silenciosa Hogsmeade. Os portões do castelo abriram magicamente assim que ela parou em frente, e ela entrou.
O sol começava a surgir, e o vento soprava delicadamente enquanto Elinor olhava para as águas calmas do lago. Olhando aquela paisagem, era quase impossível acreditar que uma guerra estava acontecendo. Distraída, não percebeu que a porta do castelo foi aberta, nem que estava sendo observada. E somente quando retirou o capuz e viu Sirius parado foi que Elinor se lembrou da visão.
- Então elas eram verdadeiras... – a loira murmurou, com uma mistura de surpresa e medo.
Sirius reconheceu Elinor antes mesmo que ela retirasse o capuz. Não imaginava que a veria novamente, e foi com um pouco de alívio que a viu descer do cavalo, mas quando ela o encarou, sua expressão era neutra.
- Dumbledore... – ela perguntou, receosa. – Ele está?
- Sim, encontrei com ele há pouco. Os alunos retornam hoje, ele tem muita coisa ainda para fazer.
Se os alunos retornavam para Hogwarts naquele dia, então deveria ser primeiro de setembro. Fazia três semanas que chegara a Avalon.
- Eu preciso falar com ele.
Sirius entrou no castelo, e Elinor o seguiu.
- O que foi? Expulsaram você de Avalon? – ele não se sentiu culpado pelo tom rude.
- Não, fui enviada por Ceinwyn.
Sirius concordou com a cabeça, e não disse mais nada até chegar à gárgula que ficava em frente à sala de Dumbledore.
- Chocolate quente.
A gárgula deu passagem, e os dois subiram pela escada.
- Dumbledore, ela acabou de chegar – Sirius disse, afastando-se para Elinor entrar.
O diretor, que estava sentado, lendo alguns pergaminhos, se levantou com a chegada dos dois.
- Dumbledore, desculpe chegar assim, mas...
Antes que ela continuasse, o diretor ergueu a mão direita. Ele olhava fixamente para Sirius, que estava em pé, de braços cruzados, esperando Elinor terminar de falar.
- Sirius, você pode nos dar licença? O que você quiser falar com Elinor pode esperar.
Sirius obedeceu ao diretor, mas não muito satisfeito. Olhou com raiva para o diretor, e saiu da sala para ficar esperando por Elinor do lado de fora, se perguntando por que ela voltara.
Na sala de Dumbledore, o diretor se sentava novamente.
- Agora que estamos sozinhos, conte-me o que houve, Elinor.
Os olhos azuis de Dumbledore nunca foram tão penetrantes. Elinor tentou olhar para qualquer outro objeto da sala, mas não conseguia. E a surpresa foi ainda maior quando se viu contando ao diretor sobre as visões.
- Durante minha cerimônia... Eu tive três visões, as três envolvendo o mundo fora de Avalon. A terceira... – ela fez uma pausa.
- O que você viu?
- Eu estava em uma sala escura... Harry Potter estava lá, ele lutava contra o Lord das Trevas, mas... foi como se eu tivesse que fazer alguma coisa para que a luta terminasse, algo que faria com que a guerra terminasse... Isso faz algum sentido?
Dumbledore cruzou as mãos sem deixar de observar Elinor.
- Sim, entendo... Elinor, eu preciso perguntar, mesmo sabendo qual será sua resposta...
- Eu aceito – adivinhando a pergunta, a loira respondeu imediatamente. – Era o que eu deveria ter feito desde o começo, não é? – ela sorriu.
- Conhecer Avalon nunca é inútil. Sempre vale a pena observar a paisagem – o diretor disse com um sorriso brincalhão. – Vou pedir para que um elfo prepare um quarto você. Enquanto isso, não quer tomar o café da manhã? Os outros professores adorarão conhecer uma sacerdotisa de Avalon.
- Obrigada – ela respondeu com um meneio, e saiu.
Assim que ouviu o barulho da escada, Sirius olhou com expectativa para a gárgula, e, ao ver Elinor, tentou adivinhar o que ela conversara com Dumbledore.
- Você vai ficar olhando para mim até quando? – a loira disse com um pouco de impaciência.
Sirius, então, percebendo o que estava fazendo, reassumiu a aparência de ofendido.
- O que você está aqui? – ele sussurrou, raivoso.
- Eu já disse, sou uma enviada de Avalon, e para mostrar que minha presença é bem-vinda, Dumbledore me ofereceu o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Snape vai ficar encantado – ele disse com um sorriso maroto. – Perdeu o cargo que sempre quis no último instante.
- Não estou aqui para agradar ninguém – a loira disse, séria. – E pelo visto você também, não é, professor de Duelos?
Elinor disse as últimas palavras com sarcasmo, fazendo com que Sirius se lembrasse das cartas que Dumbledore estava recebendo desde que o nomeara como professor. Muitos ainda o consideravam perigoso, afinal, 15 anos sendo noticiado como um assassino não desapareceriam da noite para o dia.
Sabendo que acertara um ponto fraco, Elinor se afastou antes que Sirius percebesse como ela se culpava por dizer aquilo, mas não deixaria que ele a humilhasse outra vez.
A presença de Elinor e os olhares furiosos que Snape lançava à nova professora não passaram desapercebidos. Harry, Rony e Hermione sabiam bem o motivo da raiva de Snape, e preferiram não comentar nada, mas mesmo assim, em pouco tempo todos sabiam que Severo Snape perdera o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas para Elinor Lestrange no mesmo dia em que as aulas começaram.
A nova professora era um dos principais assuntos das conversas, tanto pelo sobrenome, que era lembrado devido à prisão de Bellatrix Lestrange, como pelo crescente azul tatuado na testa. Os alunos estavam surpresos por terem uma sacerdotisa de Avalon entre eles, e mais ainda por terem certeza de que o lugar realmente existia. Por isso, os alunos do sétimo ano se apressaram para a aula, que seria depois do almoço. Todos já estavam na sala quando a sineta tocou e Elinor entrou, usando vestes azuis e com uma expressão imponente.
- Boa tarde – e ao ver os livros sobre as mesas dos alunos, ela fez uma careta de desgosto aproximando as sobrancelhas. – Guardem esses livros, eles são inúteis para o que eu vou ensinar. O que vocês aprenderão está em poucos livros. Vou ensinar o que um bruxo das trevas aprende, de que forma eles podem confundir, enganar e atacar quando menos se espera, pois eu mesma aprendi isso quando estudei em Durmstrang.
- Durmstrang?! – Simas disse em tom de pilhéria. – Tem alguma coisa que eles ensinam em Durmstrang que nós precisamos aprender?
Os alunos se voltaram para Elinor, que encarava a classe com seriedade. Todos, porém, se assustaram ao ouvir a voz da professora vinda do fundo da sala.
- Vocês precisam aprender a manter a vida, Finnigan.
Surpresos, os alunos viram Elinor ao lado de Simas, a varinha apontada em direção ao peito dele.
- Alguém com um pouco de curiosidade pode me responder que feitiço eu utilizei? – ela perguntou passando os olhos por cada aluno, ameaçadoramente.
- O feitiço ilusitório – Hermione respondeu com a mão levantada.
- Muito bem, vejo que alguém procurou ler outros livros além dos indicados pelos professores... Dez pontos para a Grifinória. E como Granger disse, eu usei um feitiço ilusitório, que é capaz de iludir os sentidos dos bruxos atingidos pelo feitiço. Quanto maior a quantidade de bruxos a ser enfeitiçados, mais fácil fica perceber o truque. Vocês podem observar pela ilusão que eu fiz de mim mesma. Não pisca, não respira... – e com um gesto de varinha, Elinor vez a ilusão desaparecer. – Durante o primeiro bimestre, ensinarei vocês a detectarem as ilusões e a se protegerem. Depois... – ela sorriu. – ainda estou planejando o que estudaremos... Mas podem ter certeza, esse ano não será fácil. Vocês terão os N.I.E.M.'s, e vou prepará-los muito bem para os exames.
O restante da aula passou rapidamente. Elinor explicava sobre as diversas formas Omo o feitiço ilusório poderia ser usado, e os alunos anotavam. Ao final da aula, todos tinham algo a falar sobre o que a professora dissera. Harry escutava Hermione falar em que livro lera sobre os feitios, e estava saindo quando Elinor o chamou.
- Potter, podemos conversar um pouco?
Hermione e Rony olharam de Harry e de um para o outro, incertos se o amigo deveria falar com a mulher que tentou matá-lo, mas ao ver Harry fazer um gesto, os dois saíram.
- Eu queria que você soubesse que não pretendo atacar você quando você estiver dormindo, caso seja esse o motivo dos seus amigos não ficarem tão animados sempre que me vêem.
Pelo sorriso de Harry, Elinor soube que adivinhara corretamente.
- Eu também queria que você... – ela hesitava. - queria que você... me desculpasse pelo que tentei fazer. Eu era muito tola. – ela disse categoricamente. – Pensei que estava fazendo algo pelo bem da família, mas agora eu sei o quanto eu me enganei. Tudo o que eu fiz foi somente para que eles alcançassem seus objetivos egoístas. Eu pensei que estava fazendo algo que seria bom para minha família, mas eles nunca se importaram comigo – ela encarou Harry com uma expressão de dúvida. – Você entende?
Harry concordou com a cabeça, mesmo sem saber realmente o que aconteceu com a loira, mas pelo modo como ela falava, deveria ter se decepcionado muito com sua família.
- Bem, pode ir, antes que seus amigos pensem que eu terminei meu plano maligno de matar você, apesar de Dumbledore e da sua guarda pessoal
- Guarda pessoal? – Harry perguntou, curioso.
- Black – ela disse com desagrado. – Desde que soube que eu seria professora aqui, está me vigiando bem de perto, mas... – ela disse com descaso. – Eu sei me livrar dele...
Harry sorriu, deduzindo que Simas não seria a única vítima das ilusões da professora. Em seguida, caminhou para a porta, mas parou ao se lembrar da pergunta que queria fazer para Elinor.
- Professora...? – ele perguntou, hesitante. – Eu queria perguntar uma coisa, mas se você não quiser responder...
- O que é? – a loira disse, curiosa.
- Por que você escolheu receber essa marca na testa? Todos em Hogwarts a encaram, e só falam disso.
Elinor concordou com a cabeça, imaginava que cedo ou tarde ele perguntaria sobre isso, afinal, assim como ela, Harry sempre teria uma marca de quem ele era e do destino que deveria cumprir.
- Eu não me incomodo. Ao contrário de você, que pelo visto se incomoda muito com sua cicatriz, mas você deveria se orgulhar dela – ela estava séria, mas o tom de voz parecia debochar um pouco do rapaz.
- Por que deveria? – Harry disse com afronta. - Para mim, ela só significa que meus pais tiveram que ser mortos antes de Voldemort tentar me matar.
Foi com um certo prazer que Harry viu Elinor fechar os olhos, assustada ao ouvir o nome do Lord das Trevas.
- Não é isso que ela significa. Essa cicatriz representa o amor de sua mãe por você. Se ela não te amasse tanto como amou, o feitiço de proteção que ela fez não teria o menor efeito, e você teria morrido. Você não deve esquecer nunca disso. O amor de sua mãe salvou você, e só um amor muito grande poderia fazer isso. Você deveria se orgulhar do amor de sua mãe, e não tentar escondê-lo.
Harry não tinha coragem para encarar Elinor. A professora estava totalmente certa. Desde que soube o motivo de ter a cicatriz em forma de raio na testa, tentava disfarçar com o cabelo, mas se esquecera de que recebera aquela cicatriz por causa do amor de Lily Potter. Então Harry entendeu porque Elinor falara com tanta amargura da sua família. Ao contrário de Harry, cuja mãe se sacrificara por ele, a família de Elinor nunca a amou realmente.
O rapaz pensava no que dizer para Elinor, mas antes que ele pudesse sequer pensar, ouviu passos apressados, e sentiu uma mão puxá-lo pelo ombro.
- O que você está fazendo com o Harry?
Sirius estava parado à porta, na frente de Harry, encarando Elinor com fúria.
- Eu me lembro muito bem de ter dito para você ficar longe dele.
- Ah, por favor, Black, você realmente achou que eu obedeceria a uma ordem sua? – ela disse com um gesto de desprezo, e saiu da sala. Sirius, porém, parecia não ter visto, pois continuou a falar com Elinor como se ela ainda estivesse na sala.
- Não pense que eu não estava falando sério ontem à noite. Se você chegar perto do Harry novamente... – ele fez uma pausa, olhando para o nada. – Não me olhe desse jeito! Tente outra vez falar com o Harry e você vai saber do que eu sou capaz! – em seguida, ele se virou, puxando Harry pela mão.
O rapaz deixou que o padrinho o levasse, sem pensar em dizer para o padrinho que ele fora vítima de uma ilusão da professora de Defesa Contra as Artes das trevas.
Somente as aulas de Sirius conseguiram fazer com que os comentários sobre Elinor Lestrange diminuíssem consideravelmente. As aulas de Duelo estavam sendo totalmente diferentes do esperado. Além de simplesmente demonstrar e fazer os feitiços, Sirius fazia com que os alunos treinassem os feitiços aprendidos em duelos contra vampiros controlados por magia. E apesar das aulas de Duelo serem opcionais, nenhum aluno de Hogwarts perdia uma aula sequer. Além disso, o campeonato de quadribol começou no final de outubro, e entre aulas, partidas de quadribol e pilhas de tarefas, o Natal chegou, para alívio dos alunos do sétimo ano.
O alivio, porém, durou pouco para Harry quando soube que passaria o Natal em Grimmauld Place.
- Por que eu tenho que voltar para aquele lugar? – o rapaz perguntou para Sirius, incrédulo. – Pensei que ficaria em Hogwarts!
A aula de Duelos tinha acabado a alguns minutos, e os dois conversavam sobre o feriado e a partida, que seria dentro de poucos dias.
- Dumbledore acha que talvez seja melhor se você for para a sede da Ordem – Sirius estremeceu os lábios ao terminar a frase, lembrando-se da sua antiga casa. – Hogwarts vai ficar bastante vulnerável durante as férias, e o Ranhoso disse...
- O que o Snape disse? – mesmo sabendo que o padrinho não deveria ter deixado a informação escapar, Harry não controlou a curiosidade.
- Voldemort planeja atacar Hogwarts durante o feriado, quando o castelo estiver praticamente vazio. Na sede você estará seguro, Voldemort nunca poderá entrar lá.
Harry suspirou, cansado.
- Olha, Harry, eu sei que aquele é o último lugar onde você queria passar o Natal, e os deuses sabem que eu faria qualquer coisa para nunca voltar àquele lugar, mas não tem outra saída.
- Pelo menos vocês não vão sozinhos.
A voz suave de Elinor fez com que Sirius e Harry voltassem o rosto para a porta.
- Acho que Dumbledore esqueceu de mencionar que eu também terei que passar o Natal na sua casa.
A guarda chegou a Grimmauld Place durante a madrugada, quando a neve que antes estava fraca, começava a cair com rapidez, e enquanto Olho-Tonto apagava as luzes dos postes com um isqueiro mágico, Quim mostrava um papel para Elinor.
O Quartel-General da Ordem da Fênix pode ser encontrado no número 12,
Grimmauld Place, Londres.
Depois de ler o pergaminho, Elinor viu algo começar a surgir entre as casas do número 11 e 13, e entrou na imensa casa dos Black. Atrás dela, Quim queimava o pergaminho.
Ignorando qualquer um dos outros, Sirius caminhou diretamente para a cozinha de sua antiga casa com passos decididos e uma expressão de fúria no rosto. Remo, que lia o Profeta Diário, abaixou o jornal e encarou o amigo em silêncio, sabendo que em instantes ele desabafaria.
- Dumbledore enlouqueceu! Mandar aquela mulher passar o Natal aqui, com Harry! Ela teria se tornado uma Comensal sem pensar um segundo sequer, mas Dumbledore parece que esqueceu disso, mandando ela passar o feriado aqui!
Remo sorriu. Sirius podia estar furioso, mas era somente para disfarçar sua frustração por ter Elinor tão perto, fazendo com que ele ficasse dividido entre o que sentia por ela, e o orgulho ferido por ter sido enganado.
Seguindo Sirius, Elinor entrou logo depois.
- O Harry está com o Ronald Weasley num dos quartos – ela respondeu para Sirius antes que ele perguntasse, ignorando o olhar furioso dele, e iniciando uma conversa com Remo. – Não sei como você conseguiu conviver com o humor agradável de Black por sete anos, Remo!
- Perdi as contas de quantas vezes quis estuporar ele – Remo respondeu em tom divertido, para desagrado de Sirius.
Nunca imaginou que Remo e Elinor poderiam conversar calmamente, mas pelo visto, eles não só estavam conversando, como estiveram conversando por corujas durante todo o semestre. Sua impaciência aumentava cada vez mais. Remo sorria, e Elinor escutava com muita atenção o que ele estava falando, atenção demais, na opinião de Sirius.
- Dumbledore chegou – Molly Weasley entrou na cozinha, mais pálida e magra do que na última vez que Sirius se lembrava de tê-la visto. – A reunião vai começar.
- Vamos, Aluado – Sirius disse, mal-humorado, se levantando sem esperar pelo amigo.
Remo saiu, sem deixar de se despedir de Elinor, que suspirou, entediada. Não pertencia à Ordem da Fênix, por isso não foi com Sirius e Remo, mas também não estava com sono. Vendo o Profeta Diário que Remo deixara sobre a mesa, foi até uma sala e leu o jornal até adormecer em uma cadeira.
A reunião acabou quase duas horas depois. Sirius foi o primeiro a sair, mais irritado ainda do que quando entrara, mas havia algo mais. Antes de entrar naquela sala, não sabia por que era tão importante que Elinor ficasse em segurança, porém, tudo mudara...
- Sirius, espere! – Remo chamava o amigo, mas ele o ignorava. – Sirius, eu não vou agüentar suas criancices! – aproveitando que Sirius entrara pela primeira porta que vira, Remo o seguiu, e disse o feitiço depois de entrar. – Quer me explicar o que está acontecendo?
- Você não ouviu o que Dumbledore disse? Ele sabia o tempo todo que ela era importante! Ele deveria tê-la mandado de volta para Avalon assim que a viu!
- Sim, Sirius, eu estava lá, e também ouvi as razões que Dumbledore teve para agir dessa forma! – Remo enfrentava o olhar contrariado de Sirius com coragem. – E você ou é ingênuo demais para entender isso, ou está cego pelo que sente por Elinor!
Se tudo o que Remo tivesse dito não fosse a verdade, Sirius não teria se controlado e brigaria com o amigo ali mesmo. Gostava muito do amigo, mas às vezes era insuportável como ele sempre conseguia adivinhar a verdade, por mais que tentasse esconder.
- Pare de imaginar coisas! – ele respondeu com uma exclamação nervosa. – E pense no que pode acontecer se Voldemort descobrir que ela é...
Antes que Sirius terminasse, uma voz rouca o interrompeu.
- Dumbledore quer conversar com você, Sirius.
Remo e Sirius olharam para a porta, onde Olho-Tonto os encarava com o olho normal. O outro estava fixo ao outro lado da sala.
- Ótimo, eu preciso mesmo falar com ele... Você vem, Remo?
- Não, eu tenho que ir para a Travessa do Tranco.
Os dois bruxos saíram, enquanto Olho-Tonto encarava, pela última vez, uma cadeira que estava perto da lareira. Pelo seu olho mágico, ele soube que Elinor estava sentada, acordada e refletindo na conversa que acabara de escutar...
A primeira coisa que Elinor fez ao acordar na manhã seguinte foi perguntar para Molly se Remo iria para a sede ainda naquele dia.
- Não, Remo está ocupado, resolvendo questões da Ordem.
Derrotada, a loira sentou-se em frente à grande mesa da cozinha. Queria saber o que Dumbledore falara sobre ela na reunião da noite passada, aliás, ela exigia saber, afinal, se tratava dela.
- Preocupada com o Remo? – Sirius, que Elinor só percebia que estava na cozinha naquele momento, falou com uma ponta de sarcasmo.
- Não, só queria conversar.
- Você pareceu muito amiga dele... O que você está planejando, conseguir o máximo de informações possíveis?
- Não interessa – ela respondeu, se levantando e saindo da cozinha. Se Sirius não fosse tão desconfiado, poderia tentar descobrir o que ele e os outros membros da Ordem tentavam esconder dela, mas tinha certeza que o maroto não revelaria nada.
Para sorte de Elinor, Remo apareceu à noite com Tonks, os dois ficariam para o jantar. A loira esperaria o final da refeição para conversar com o lobisomem.
Elinor mal tocou na comida, não sentia fome quando ia descobrir, talvez, o verdadeiro motivo por ter saído de Avalon. Escutava sem realmente prestar atenção nas conversas, em Tonks, que mudava o cabelo de um roxo para um laranja berrante. Somente a movimentação de todos se levantando foi que fez Elinor parar de divagar e se aproximar de Remo.
- Podemos conversar? Não aqui, em algum lugar em que ele – ela indicou Sirius com o olhar – não possa interromper.
Remo fitou Elinor por um instante, intrigado, mas concordando, a levou para uma espécie de escritório.
- Era aqui que os Black costumavam se reunir – Remo explicou para Elinor depois que eles entraram – Ninguém pode entrar aqui sem que as pessoas que estão dentro permitam. O que foi?
Elinor abriu a boca para falar, mas o som de uma explosão fez com que ela se calasse. Remo adiantou-se e fazendo um gesto para que Elinor ficasse dentro da sala, ele abriu a porta.
Fora da sala, havia uma correria de bruxos. Tonks passou pela sala, e vendo Remo, parou.
- É ele, descobriu o quartel-general, Você-Sabe-Quem está aqui!
N/A: Finalmente a ação começa! Se eu demorar muito a postar, ou tiver algum bloqueio, é melhor eu me esconder dos leitores furiosos!! Giulinha, obrigada por estar lendo, e pela review também! Yasmine, esse bloqueio está me deixando maluca!! Acho que minha empolgação por AdS é um pouco culpada, mas eu estou tentando escrever. O problema é que nada me agrada! Pelo menos, AdS está indo bem!
