Capítulo 5 – Aqui se faz, aqui se paga
Quando seu nome é Tiago Potter você pode esperar que tudo corra as mil maravilhas com as mulheres, porém existem as exceções que fogem a toda e qualquer regra. Eu conhecia uma e como conhecia! Lílian Evans era a mais pura exceção que você poderia achar no mundo.
Observei a ruiva virar-se para mim e pisquei para ela. Bufando ela voltou-se novamente ao seu feitiço enquanto eu focava meus olhos na minha varinha e murmurava o feitiço proferido pelo professor. Sucesso completo. Eu me amo!
Balancei a cabeça e me escorei melhor na cadeira, as mãos segurando a nuca, os olhos vagantes pela sala barulhenta de transfigurações. Gostava daquela aula, uma das melhores, mas ainda assim eu queria sair dali o mais rápido possível. Teríamos a comemoração de Halloween no dia seguinte e eu mal podia esperar para aproveitar bem aquela festa.
O sinal tocou e peguei minha mochila sendo seguido por Aluado, Almofadinhas e Rabicho logo atrás. Meus passos eram largos e precisos em direção ao salão principal para o almoço. Eu estava excitado e sorridente, mas parecia que alguma coisa não estava certa, porém eu não pensaria nisso.
Adentramos no salão fazendo farra e rindo. Pedro não perdeu tempo de achar um lugar a mesa enquanto nós o seguíamos, calmamente. Remo dissertava sobre animagia e Sirius opinava enquanto eu rastreava com os olhos cada pessoa do salão. Estava tudo calmo.
Me sentei e me servi de diversas coisas enquanto comentávamos sobre o que poderíamos aprontar. Gargalhei alto e senti um olhar frio e irritado sobre mim. Virei-me, sorrindo e passando as mãos pelos cabelos, e avistei a fadinha. Abanei contente para ela enquanto ela se limitava a balançar a cabeça, juntar suas coisas e levantar-se rapidamente saindo do salão. Bufei e levantei-me também. Por que ela tinha de ser assim?
Meus passos eram rápidos enquanto seguia a ruiva. Era sempre a mesma coisa, ela se irritando, bufando, me fazendo de palhaço. Eu estava cansado disso, aliás, eu estava exatamente no limite de tudo aquilo. Agora ou nunca, eu faria alguma coisa! Ou eu não seria digno de minha beleza!
Apressei meu passo quando a vi virar no corredor e entrei numa passagem secreta que dava no final do corredor que minha linda fadinha havia entrado. Eu a pegaria no pulo! Sorri enquanto saía na ponta oposta do corredor e tratei de caminhar calmamente de encontro a ela, que estava de cabeça baixa e agarrada aos livros.
Baixei minha cabeça e sorri marotamente enquanto punha as mãos no bolso estrategicamente. Olhei-a de canto dele enquanto ela estava quase me alcançando e estanquei no caminho. Lílian não pressentia que era eu, Tiago, ela apenas achava que era mais um inoportuno sem fome. Rapidamente a peguei pelos ombros, seus livros caiando com baques fortes no chão, e a prensei na parede, sorrindo. Éramos apenas eu e ela, e eu tinha certeza de que ninguém nos ouviria, não na hora do almoço.
Potter? – perguntou espantada e sorri mais ainda.
Sim, fadinha! Eu e seu maior sonho!
Potter! O que você vai... – começou, mas a interrompi, investindo contra ela.
Prendi suas mãos no alto de sua cabeça segurando-as com uma única mão pelo pulso enquanto a outra envolvia sua cintura fina e bem delineada. Sorri abertamente antes de fechar os olhos e aproximar meu rosto a milímetros do dela. Sentia nossas respirações entrecortadas, a dela mais falha do que nunca, seus olhos se fechando involuntariamente. Então, finalmente rendendo aos meus desejos de tempos eu a beijei, longa e calmamente.
Beijar Lily era diferente de todas as outras, ela me fazia me sentir mais leve e aéreo. Inconscientemente eu não gostava daquela reação, mas sentir aqueles doces lábios era a glória depois de tempos. Domando uma fada. Uma fada que nunca fora fada, mas tinha a beleza de uma, a beleza que eu retira em meus braços e acariciava os cabelos.
Deixei minhas mãos deslizarem para as costas dela enquanto aprofundava o beijo, sentindo que se ela tivera alguma resistência ela se evaporara instantaneamente. Apertei-a em meus braços enquanto ela cravava suas unhas por entre meus cabelos negros e os bagunçava mais do que nunca. Nossos corpos ferviam, meu sangue corria mais vivo do que nunca, meu coração já atingira um nível tremendo de exaltação como nunca outrora. Aquilo tudo estava apavorante. E beijar garotas nunca fora apavorante.
Calmamente nós fomos sentindo o ritmo diminuir, as mãos acariciarem com mais delicadeza, as bocas se afastando e voltando a dar beijos leves, os olhos permanecendo fechados. Mordi delicadamente o lábio inferior de Lily mais uma vez antes de abrir os olhos e encará-la ainda com os olhos fechados. Observei-a abrir as orbes verdes delicadamente e me encarar com uma doçura que até então não conhecia. Porém, tudo que é bom, dura pouco. E essa sensação não durou sequer um milésimo.
Abri a boca para perguntar como ela se sentia, mas nada conseguiu ser mais rápido do que tudo aquilo que ela fez. Senti uma ardência do lado esquerdo da face e um empurrão forte que nos levou até o outro extremo do corredor, agora era eu que me encontrava preso contra a parede. Uma hora o caçador, outra a caça. Mas não parou por aí.
Como você OUSA? – vociferou.
Lily...
CALE A BOCA! VOCÊ ME DÁ NOJO!
Eu posso explicar... - ao menos achava que podia.
Ela levantou a mão novamente e ameaçou dar um novo tapa em minha face. Levantei meus braços em sinais de defesa, o corpo dela prendendo o meu enquanto seus olhos brilhavam como o de leoas prontas a atacar.
Não. Encoste. Em. Mim. – sibilou, a voz fria como gelo, deteriorante como ácido e forte como uma rocha.- NUNCA MAIS!
Observei-a berrar isso e dar as costas pegando seus livros desajeitadamente enquanto corria desabalada até o fim do corredor sumindo em sua curva. Não me mexi, não falei, apenas observei e senti a ardência em minha face, o gosto dela em meus lábios e seu cheiro de xampu de rosas e perfume cítrico impregnado em mim.
Fechei meus olhos enquanto me deixava escorregar na parede até o chão. Sentei-me completamente desajeitado, as mãos por entre os cabelos. O que, dessa vez, eu fizera de errado? Joguei a cabeça para trás e me levantei rapidamente, saindo daquele corredor a procura da minha próxima aula. Minha cabeça fervia e uma aula talvez me esfriasse.
hr
A aula, ao contrário de esfriar, aumentou a minha inquietação e pensamentos.
Eu realmente não entendia Lily Evans. Aliás, eu não entendia nem a mim mesmo! Coisa grave! Mas veja bem, ela passou anos negando meus pedidos para sair, dando ataques histéricos a cada "Oi" que eu lhe dirigia ou a menção do seu nome. Tiago Potter era um aviso de apocalipse aos seus ouvidos! E quando eu decido tirar a limpo, ver se sou tão asqueroso quanto ela sempre pintou lá vem ela e se derrete.
Ok, meus caros amigos. Recapitulem comigo. O que vocês pensariam disso? Estava claro para mim que eu tinha dominado a fada, mas aí, paft, eu levei um tapa no rosto! E deixou marca! Pontas, desaparece meu velho!
Pontas?
Agora não, Almofadinhas – murmurei com a cabeça enfiada nos braços cruzados sobre a mesa.
Aonde se enfiou no almoço? Você perdeu, o Pedro...
Agora não, Sirius!
Ei, cara o que foi?
Nada – respondi meio seco.
Anda cara, desembucha. A fadinha de novo?
Porra Sirius me deixa em paz, por favor? - falei já erguendo a cabeça e olhando de soslaio para ele.
Hunf. – depois disso não ouvi mais nem um som a aula toda. Ele deve ter avisado Remo e Pedro porque nem eles no intervalo vieram falar comigo. Ótimo.
Sei que não devia ter falado assim, mas eu queria ficar em paz. Todos têm direito de ficar de mau-humor, principalmente se for depois de um tapa.
O resto do dia passou num borrão colorido como se eu não estivesse presente, apenas mais um espectador na arquibancada. Sentia meu corpo elétrico desesperado por alguma atividade, mas meu espírito clamava por uma cama e uma trégua longe do mundo. Droga! Eu odeio estar errado!
Desculpa não é uma palavra muito dita por Tiago Potter. Mas eu admito, estava realmente errado. E aquela vozinha chata que muitos chamam de consciência, mas pra mim mais parece irmã gêmea da Mcgonagall, não parava de murmurar dentro da minha mente. Chata e incessante.
Para completar todo o 'show' do dia eu ainda tinha Sirius me olhando enviesado a cada minuto e mancomunando com um Remo, preso atrás de um livro como sempre, para saberem da minha vida. Decido a escapar eu notei uma certa ruivinha entrando no salão comunal. No minuto seguinte estava precipitadamente em frente a ela.
O que você quer, Potter?
O mau-humor dela era algo com o qual eu sabia que ninguém podia competir, mas ainda assim abri mais ainda o meu sorriso, se isso era possível, e cocei o queixo, pensativo.
Estou te devendo uma, não?
Você não me deve nada, Potter! - disse ríspida, tentando escapar, mas me pus em sua frente novamente.
Algo que não combina com a Lily é medo, mas parecia que o medo estava impregnado em cada um daqueles seus gestos. Sua cabeça baixa, o nós dos dedos brancos pela força com que segurava o pequeno bloco e os cabelos despenteados.
Estou sim.
E seria o quê, animal santificado?
Quem sabe...- tentei parecer sério, mas acabei caindo na gargalhada antes de conseguir terminar a minha frase.
O olhar dela sobre mim foi algo terrível. Irritado e ferino achei que talvez ela até saltasse como uma pantera enterrando as unhas na minha pele e me machucando, mas ao contrário dos meus delírios fantasiosos ela apenas postou as mãos na cintura e bradou:
- Você estava brincando, não é? Você SEMPRE está tirando com a minha cara, não é?
Suspirei, resignado.
Não, Lily.
E então...?
Er...
Ok. Eu sabia o que tinha de falar, como falar, mas e aí? Onde estava meu lado grifinório? Olhei para os lados como se uma alma caridosa pudesse fazer isso por mim, mas apenas vi Sirius e Remo me encarando e rindo como se aquele fosse um espetáculo muito divertido. Grandes amigos!
Potter! Eu estou esperando!
Rolei os olhos e respirei fundo. Ou vai ou racha, Pontas!
Bem, você se lembra do que aconteceu hoje pela manhã, não? – ela me olhou atravessado e respondeu que sim, então eu prossegui. – E bem, eu queria que você me desculpasse por aquilo...
Sinceramente, esse sou EU? Tiago Potter o grande maroto Pontas? Pareço mais um maricas com medo! O quanto eu já não tinha levado de Lily que viesse como novidade? Sorri e corri as mãos pelos cabelos, a encarando. Não havia nada o que temer.
Aquilo? – ela sorriu como se aquilo a divertisse. – Aquilo o quê? Você faz tanta coisa que eu nem sei mais a qual dos 'aquilos' que você se refere!
Então você presta atenção no que eu faço, não é fadinha? Ela bufou e levantou um dedo, irritada. A face vermelha pela utilização do 'fadinha'.
SEM Fadinha! – e acrescentou depressa antes que eu pudesse falar. – E diga logo que diabos você quer, criatura!
Ri gostosamente e me aproximei dela, uma idéia repentina brotando dos meus pensamentos. Ela recuou alguns passou, mas eu fui mais rápido a enlaçando pela cintura e lhe puxando para um rápido beijo. Quando a soltei ela estava naquele arco-íris de cores que eu tanto conhecia.
Isso é o aquilo. – disse sorrindo.
A vi fechar os olhos e respirar fundo entoando algo em voz baixa que não pude divisar. Parecia um mantra ou algo assim. Fiquei esperando que ela dissesse algo, mas isso não aconteceu.
Lily? – disse encostando em seu ombro e ela deu alguns passos para trás como se eu causasse choques pelo seu corpo.
Não me toque! – sibilou e eu percebi que talvez a idéia tivesse sido um tanto impensada. Porém, ainda assim, maravilhosa. – E era isso que você queria, Potter?
Não! – disse rapidamente quando ela me contornou e já ia em direção as escadarias. – Na verdade, - respirei fundo. – eu queria lhe pedir desculpas pelo beijo.
A encarei com a minha melhor cara de cervo abandonado no inverno enquanto ela abria e fechava a boca como um peixe despreparado para aquela abordagem.
Desculpas?
É! – sorri com a boa reação dela.
Pois sabe, Potter – recuei alguns passos enquanto ela avançava em minha direção. – QUE VOCÊ DEVERIA ERA PEDIR PERDÃO, SEU PETULANTE DE CARTERINHA!
Mas, Fadinha...
FADINHA É A SUA VÓ! – ela respirou fundo e me encarou, raivosa. – E...
PERAÍ! – a interrompi. – Eu estou pedindo perdão, Lily! Essa não é uma atitude boa?
Ela fechou os olhos e eu me escorrei no corrimão com a cabeça apoiada no braço, esperando pela próxima reação adversa de Lílian Evans. Entretanto quando ela abriu os olhos parecia um tanto quanto mais relaxada. O que não me preparou para o que veio a seguir.
NÃO, NÃO É! – berrou e eu me afastei enquanto ela berrava. – Talvez fosse boa se viesse de alguém decente, mas VOCÊ É UM CAFAJESTE, POTTER!
HEY!
UM MALDITO EGOCÊNTRICO CAFAJESTE!
Observei-a indo embora batendo os pés enquanto algo murchava como um balão dentro de mim. Eu fizera tudo errado. Novamente.
Você é uma anta mesmo, Tiago! – me xinguei.
Aquele dia definitivamente eu não deveria ter saido da cama. E era pra ela que eu pretendia voltar! Desencostando do corredor subi a escada penosamente. Abri a porta e sem nem tomar conhecimento se havia alguém lá me atirei na cama dando socos no travesseiro.
- Sabe, ele não tem culpa do seu dia 'maravilhoso' Pontas - era a voz de Sirius. Ela divagava entre o tom divertido e ríspido.
Olhei para o meu melhor amigo enquanto rolava para ficar de barriga para cima encarando o teto da cama.
Almofadinhas...
O rangido da cama de molas fez-se ouvir enquanto passos se aproximavam e Sirius se atirava ao meu lado, os braços sob a cabeça também encarando teto.
Diga, Pontas.
Er, eu sou uma babaca. – ele riu. – Me desculpe por hoje a tarde.
Bocejei, cansado e me ajeitei melhor enquanto ele resmungava alguma coisa.
Você sabe que eu vou lhe desculpar, companheiro. Afinal, depois da ceninha com a fadinha está tudo mais do que explicado.
Nós gargalhamos juntos e sentei-me, estendendo a mão para ele.
Amigos?
Fala sério, Pontas, que cafona! – disse enquanto me empurrava e dava murros na minha cabeça. – Você anda apanhando demais daquela ruiva.
Cala a boca!
Acomodei-me melhor na cama e fechei os olhos, sem me importar com as roupas quando a voz de Sirius soou.
Mas sim, Tiago, amigos.
Sorri e adormeci logo em seguida.
hr
Borrões se movimentando.
Acorda Pontas - voz distante me chamando.
Droga, já é de manhã! Tateei a mesinha do lado procurando meus óculos. Nada.
Aluado, cadê meus óculos? - perguntei contraindo os olhos. Eu era meio cego sem eles.
Está aonde você sempre deixou, Pontas.
Não, não está aqui na mesa. – um vulto que presumi ser Remo olhou na minha direção.
É mesmo, não está...
Ahh, aquele lobo safado! Podia jurar, tinha um sorriso maroto naquele rosto borrado.
Aluado, sério me diz onde tá!
Aonde está o quê? – era a voz do Almofadinhas e eu presumi que o vulto que saia do banheiro fosse ele.
Meus óculos.
Não está na mesa? – perguntou inocentemente. Como se eu não o conhecesse. Soltei uma risada quando senti pingos de água me atingir. Às vezes o lado canino do Sirius realmente falava mais alto. Ele sempre chacoalhava o cabelo feito um cachorro quando saia do banho.
Andem, me devolvam!
Tsc... tsc... Pontas, meu velho, você é desorganizado e quer botar a culpa em nós!
Há! Muito engraçado. Agora me devolve.
Tiago se você não for tomar banho vai se atrasar – Aluado falou comigo como se eu não tivesse dito nada.
Fechei os olhos pra voltar a expressão normal. Não adiantava fazer careta, eu só via vultos mesmo!
Vocês dois me pagam! Sabem que eu sou meio cego sem aquele troço!
Marchei em direção ao banheiro, mas tropecei no malão do Rabicho quase indo pro chão.
Ok, absolutamente cego!
Só deu tempo de ouvir as risadas dos dois desgraçados antes de fechar a porta.
Aquilo era realmente algo desumano. Como eu conseguira tomar banho e me vestir adequadamente eu não sabia. Aliás, nem sabia se adequadamente era a palavra certa, afinal eu não enxergava um palmo para definir se pegara a blusa certa, a calça certa e os sapatos exatos, fora levado apenas pela cor.
Almofadinhas, ajuda ae, companheiro.
Ouvi a risada escandalosa de Sirius ao fundo enquanto dois pares de mãos me empurravam para fora do quarto como se eu fosse uma marionete. Segurei no corrimão enquanto descia lentamente aquelas velhas e conhecidas escadas, que no momento mais pareciam o penhasco da morte.
Caminhamos por um longe trajeto por onde eu só ia desviando de vultos que me cumprimentavam a cada segundo.
Os meus 'oi's deviam estar sendo estranhado por todos, afinal, eu fazia questão de frisar que conhecia mais de meio colégio falando seus nomes a cada cumprimento.
Chegamos ao café da manhã e cruelmente tudo em cima da mesa parecia ser a mesma coisa, já que distinguir um borrão do era algo meio impossível. Até mesmo minhas mãos tinham o aspecto parecido com os da comida.
Resignado cruzei os braços com uma expressão carrancuda esperando todos acabarem de comer.
Está de regime Pontas?
Se eu enxergasse a comida almofadinhas eu até comeria! – respondi enviesado.
Ouvi de novo a risada do Sirius que mais parecia um rosnado. É, hoje era meu dia, ia pagar por todos os meus pecados!
Vendo que ele se levantaram eu os segui.
Vê se vocês pelo menos me dizem o caminho!
Duas garotinhas do quarto ano passaram por nós suspirando e murmuraram "Nossa, Potter, como você está lindo sem óculos!" Tirando a risada escandalosa do Almofadinhas e do Aluado, eu até gostei disso!
Qual a primeira aula? – perguntou Rabicho.
Trato das criaturas mágicas. – Aluado, nosso horário ambulante.
Ah que legal! Agora eu vou ter q cruzar os jardins cego desse jeito! Não vou nem dar conta de sair do saguão!
Ah, não seja por isso caro amigo. Eu posso ser um ótimo cão guia se você quiser.
Não Sirius, eu dispenso.
Pelo excesso de luminosidade que feriu minha pupila e pelo ar gélido que passou por nós presumi que já estávamos saindo do castelo.
Andando meio apreensivo e devagar facilmente fiquei pra trás. Ou seria propositadamente. Eu mereço esses amigos! Mas deixe estar, na hora do almoço eu chantageio o Pedrinho e pego meus óculos de volta!
Jardins são um verdadeiro perigo pra pessoas que só enxergam borrões. Principalmente porque um buraco passa a ser só mais uma extensão do gramado já seco e amarelado. E foi num desses que eu enfiei meu pé. Trombei em alguém que evitou minha colisão com o chão. Ao menos uma boa alma!
Ah foi m... – um vulto avermelhado. Abri um sorriso. Esse eu reconhecia até no escuro. – Fadinha!
Potter! – ela falou já com o tom de voz ajudo e me empurrando para longe, no que eu quase caio de novo. – Não olha pro onde anda, não!
Tecnicamente, eu olho, mas não vejo.
Percebi que duas bolas incrivelmente verdes reparavam no meu rosto e o silêncio reino por alguns momentos.
Onde estão seus óculos?
Eu sorri.
É o que eu gostaria muito de saber.
Imaginei claramente a cara dela de 'Hunf. Sei', mas apenas me limitei a esperar. Não havia nada mesmo que eu pudesse fazer de melhor.
E seus amigos? Não estão lhe ajudando?
Aqueles cachorros safados foram que aprontaram isso!
Ouvi a risada gostada de Lily e não pude me impedir de sorrir enquanto cruzava os braços.
Agora é assim é? Rir de um pobre míope?
Ela parou de rir, mas não pude deixar de notar que no borrão de sua face ainda restava um sorriso debochado.
Você não é um pobre míope, Potter. Mas venha, vamos pra aula.
Quando ela pegou meu braço para me levar para a aula eu tive a nítida impressão de que algo só podia estar fora dos trilhos, por isso mesmo continuei parado como um peso morto.
Lily? – ela se virou, bufando. – Por que você está fazendo isso?
Você não precisa de ajuda?
Preciso, é claro. – mas em seguida completei, orgulhoso. – Mas ainda assim eu conseguiria achar meu caminho de volta.
Pois então o ache sozinho! – bradou soltando meu braço e indo embora.
LILY! – berrei, correndo em direção ao vulto, temendo cair. – Me ajude...por favor?
Resmungando ela voltou a pegar no meu braço me guiando para longe de buracos. Eu apenas sorri, aproveitando a oportunidade. Até que ser cego por um dia não era tão mau assim.
Caminhamos alguns instantes em silêncio. Eu não estava em uma situação muito segura para tentar iniciar uma conversa com Lily Evans, ainda mais de manhã.
Deixei que ela me guiasse segurando levemente em meu braço. Acho que para ela isso devia ser aproximação demais. Risco de pegar os germes Potter. Ah mas quem disse que eu me importava. Ou melhor, eu podia melhorar muito a coisa.
Na verdade eu não realmente não precisava de ajuda para andar por ali. O buraco foi um imprevisto, distração minha. Também deveria ser recente, obra de alguém. Porque eu conhecia esse gramado. Conhecia tão bem como a palma da minha mão. Ou deveria dizer como a minha 'pata'. As noites de lua cheia e as partidas de quadribol me deram uma boa noção do perímetro, e bem, meu senso de direção não era tão ruim assim. Mas ter a Lily ali perto tão prestativa era uma sensação boa. Significava que ao menos pena de me largar cego no meio dos jardins ela tinha. E isso prova que ela não é indiferente a mim.
Evans? – chamei por seu nome num sussurro ao que eu achava ser próximo ao seu ouvido. A certeza me veio quando uma expiração mais forte e controlada veio a seguir.
Sim, Potter? Algum Problema? – perguntou ainda trilhando nosso caminho até a aula de trato de criaturas mágicas. O vento agitando nossos cabelos repetidamente.
Problema não, apenas dúvidas corriqueiras... – tagarelei sem compromisso.
Não havia o que falar, principalmente estando cego que nem uma toupeira errante, mas eu podia usar a minha voz a meu favor. E, honestamente, isso era algo com o qual eu sabia lidar.
Eu estive pensando...nós nunca nos demos bem, não é?
Senti a ruiva estancar e parei também, sua mão segurando meu braço com mais força do que o natural. Podia sentir o calor crescente emanando do aperto assim como a força desnecessariamente nervosa dela.
Não. – Lily respondeu um tanto insegura. – Sempre foram vocês, os marotos...e, ah, Potter...isso realmente interessa?
Inspirei o ar profundamente e tateei pelas suas mãos e segurando-as firmemente entre as minhas quando encontrei. O toque suado daquela mão pequena deu a real razão de que ela estava ficando ansiosa, nervosa e diversos "osas" por aí.
Não é questão de 'interessa' ou 'não interessa', eu queria apenas... – suspirei adversamente as minhas características. Essa era uma dúvida que eu realmente me ressentia em esclarecer, talvez sua resposta machucasse mais do que o habitual.
Você queria...? – ela sussurrou e apertei mais suas mãos.
É uma curiosidade, só isso. Eu sempre fui esse monstro que você taxa?
Eu nunca pude simplesmente sorrir ou estender a mão a alguém mais novo sem você achar que isso era interesse puro? Você me considera realmente um crápula?
Wow... – foi tudo que ela respondeu e me senti meio que interrogador em demasia, então acrescentei:
Ah, não se preocupe em responder isso de imediato agora. – dei de ombros, sorrindo verdadeiramente – o que significada no meu estilo mais maroto. – Pense, quando souber me responda.
Mas, Potter...
Ri e apertei os ombros de Lily, sacudindo-a um pouco.
Apenas me prometa que vai pensar, ok?
Vi um borrão se abrindo em forma de sorriso em meio ao rosto e não me impedi de contribuir.
Eu prometo. – ela sussurrou e acrescentou mandona. – E vamos pra aula, seu maroto cegueta.
EI! – exclamei, mas tudo que pude realmente fazer foi rir.
N/A:
Isa: Primeiro só pra lembrar morte é crime inafiançável ta gente? Sei que nós demoramos, mas tudo tem motivo...
Dani: E na verdade dessa vez eu acho até que vcs podem me culpar tb pelo atrasado,mas como todos nós temos vida, escola/faculdade, trabalhos e etcs correndo mundo a fora, vocês serão bonzinhos e apenas vão agradecer pelo novo capítulo, né?
Isa: q por sinal esta num tamanho muito bom né? E vão falar que não valeu a pena?
Dani: Queremos agradecer a quem acompanha a fic e deixou review. o nosso MUITÍSSIMO obrigada. Vocês fazem nossa vida mais feliz e nos põe pra frente pra continuar a fic.
Isa: e quem não deixou ainda, façam duas autoras muito felizes e clique ali em baixo 'deixar review' vamos agradecer imensamente sua colaboração XD
Dani: Com certeza vamos! -abri um sorriso feliz- Acho que é isso! Não esquecem de deixar suas opiniões e deixem conosco que o próximo capítulo pode não vir desesperadamente rápido, mas faremos o possível para um passo mais apressado!
Isa: É é isso pessoal. Espero que estajam gostando da fic, apesar de toda a maluquice!
Dani: Vemos vcs no capítulo 6! Bjinhs
Isa: Até lá! Bjos
