Incógnitos

N/A – Para o pessoal que comenta a fic: Olá? Alguém aí fora??

Ms. CE – Abençoada seja por comentar a minha fic, e por suas palavras de encorajamento! Continue lendo, e conte-me os seus pensamentos. A verdadeira linha da trama ainda está se tecendo na minha cabeça, então sugestões e críticas construtivas serão de grande ajuda.

Capítulo Quatro – Primeiro Encontro

"Malfoy é o seu tutor??", Gina exclamou.

Cara gemeu e derrubou a cabeça de volta entre as mãos. "Eu sei", ela disse, miseravelmente, para o chão. "Se eu já estava ruim em Poções antes, você pode imaginar o que vai acontecer com a minha nota agora?"

"Sagrado inferno", Gina disse, ainda parecendo enfurecida e espantada ao mesmo tempo. "Quero dizer... Sagrado inferno..."

"Eu sei", Cara disse mais uma vez, sua voz abafada pelas mãos.

Ela pulou um segundo depois, quando uma mão pousou em seu ombro. "Cara", disse uma voz calmamente.

Gina gritou mais uma vez. "Puxa, Harry, não assuste assim a garota", ela disse, atirando um olhar de censura ao garoto. Cara arriscou um olhar para a amiga e resistiu ao impulso de virar os olhos. Era impressionante como ninguém mais parecia capaz de ver aquilo.

Harry Potter apenas riu para a ruiva. "Hah. Como se você me assustasse, Weasley", ele disse com um olhar afetado. Jogou-se no sofá diante do qual as duas estavam sentadas sobre e olhou diretamente para Cara. "Eu ouvi você falando", disse ele a ela.

"Ótimo, primeiro ele está assustando, agora ele está espiando", Gina murmurou, cruzando os braços e olhando-o duramente.

Harry virou os olhos.

"De qualquer forma. Eu ouvi vocês garotas falando, sobre como Draco Malfoy será seu tutor em Poções", ele disse.

Cara assentiu, resistindo ao impulso de bater em si mesma com seu livro-texto de Defesa Contra as Artes das Trevas. Aquilo deixaria uma marca, e ela não estava se sentindo disposta para uma longa sessão diante do espelho fazendo de tudo para sumir com aquilo. "Sim. Estou morta. Morta, morta, morta."

Harry fez uma careta. "Olhe, eu não gosto do cara, isso não é segredo", ele disse. Gina bufou, e ele virou os olhos novamente. "Fique quieta", disse a ela. "Cara, eu só quis te dizer, ele não é tão ruim quanto você pensa."

"Sagrado inferno", Gina disse, pela terceira vez nos últimos dois minutos. "Você está defendendo Malfoy?"

Harry sorriu largamente. "Não conte ao Rony", disse. Então ficou um pouco mais sério. "Não realmente. Eu sei algumas coisas sobre ele... De qualquer jeito. Acredite quando eu digo, ele não é tão ruim quanto o pintam. E ele é realmente bom em Poções. Eu sei bem disso, já que ele foi a droga do meu parceiro de aula no ano passado."

"Certo", Cara disse em voz alta, lembrando-se dos rumores que haviam circulado pela escola no outono passado. "E vocês não se mataram".

Harry riu. "É. Mas isso provavelmente foi só sorte.", ele disse. Então balançou a cabeça. "Não de verdade. Ele não é tão ruim. Não estou dizendo que está nos meus planos convidá-lo para o meu aniversário, mas você vai ficar bem. Só... tente não deixar que ele te atinja", disse a ela. "Draco vai notar qualquer fraqueza sua e usá-la contra você uma centena de vezes.Você tem que, bem, suportá-lo, eu acho. Faça com que ele te respeite."

"E como vou poder fazer isso quando explodir um caldeirão na cara dele?", Cara perguntou a ele.

Harry franziu a testa. "Não deixe que ele te intimide. Ou pelo menos, não deixe que ele veja isso. Faça-o pensar que você não está assustada, que você não acha que ele é melhor do que você de alguma forma."

"Ele não é", Gina murmurou.

"Em Poções, ele é", Cara lembrou.

"Então deixe ele saber disso", Harry disse, se levantando. "Mas não o deixe menosprezá-la." E então ele sorriu, um sorriso malvado que fez seus olhos brilharem tanto que até mesmo Cara captou o impacto. Merlin, não era à toa que Gina tinha uma coisa por aquele garoto. E que coisa. "E se ele chegar a ser muito aborrecedor, conte a mim e ao Rony. Faz muito tempo que não brigamos com ele."

"Ah, sim, é tudo do que realmente precisamos", Gina disse. "Rony arrumando uma desculpa para matar Draco Malfoy. Obrigada, Harry. Eu queria mesmo meu irmão sendo mandado para Azkaban pelo resto da vida. Você é sem dúvida um amigão."

Cara sorriu largamente enquanto Harry virava os olhos para depois dar um passo à frente e bagunçar todo o cabelo de Gina, fazendo a garota gritar mais uma vez. Ela captou o mais breve sinal de um olhar divertido enquanto ele fazia isso, fazendo-a esquecer suas miseráveis lamentações de sua própria vida. O que aquilo significaria... ela pensou, antes que Gina atirasse uma almofada na direção do garoto de cabelos pretos. Harry se esquivou facilmente e riu por sobre os ombros, enquanto se aproximava da lareira, diante da qual estavam seus dois amigos, e ela sacudiu a cabeça. Melhor esquecer.

"Não deixar ele me intimidar, ele diz", disse baixinho. "Não deixar Draco Malfoy, o aluno mais assustador em toda a droga da escola, me intimidar. Grande conselho, Harry.", falou sarcasticamente. "Realmente grande conselho."

"Ei, você poderia carregar sempre consigo algumas das coisas do Fred e do Jorge", Gina ofereceu. "Quero dizer, como Malfoy poderia ser assustador na forma de um canário?"

Cara olhou para ela, e ambas as garotas caíram na risada.

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Draco se sentou confortavelmente oculto num canto da biblioteca. Aquela mesa em particular não era vista pela Madame Pince, e era, de forma muito conveniente, localizada perto da seção de Poções. Ele pegou outro livro e foi virando páginas, folheando-as rapidamente. Teria que escolher apenas os volumes mais recentes, já que a poção da Professora Stone estava terminada havia apenas cinco anos.

Ele leu às pressas a página do livro sobre suas mãos. A Poção Mata-Nervos, ele leu silenciosamente, era o passo mais avançado de várias poções muito complexas, como a Poção Mata-Lobo. Sonora Stone, trabalhando por vários anos em uma região remota da Indonésia, finalmente descobriu a quantidade correta de pó de ópio a ser combinado com outros ingredientes voláteis, como pus de bubotúberas e veneno de cascavel americana. Foi seu uso de ingredientes de várias partes do mundo, combinado com uma brilhante adição de olhos de sapo picados, que leva a formula final.

Draco fez algumas notas dos ingredientes. Ele estivera em meio a varias pilhas de livros, e ainda estava procurando a fórmula exata. Ele deveria desistir e simplesmente perguntar à Professora Stone, mas ele preferia tentar montar todas as peças ele mesmo. Sabedoria era poder, ele pensou, não com pouca satisfação. E ele pretendia se armar com boa parte dela.

Uma lembrança ruim escapou bem do fundo de sua mente, e por um momento, Draco teve que lutar contra as imagens.

O som cortante de carne batendo contra carne... "Moleque insolente", uma voz fria atirou. "Você não vai falhar comigo no próximo ano..."

Ele conseguiu afastar dali seus pensamentos um segundo tarde demais, quando duas garotas risonhas passaram por sua mesa, a uma estante de distância. Para sua humilhação, ele estava respirando rápida e até pesadamente. Seus dedos apertaram a pena enquanto ele deliberadamente controlava sua respiração. Ele não podia mais ficar numa posição vulnerável daquelas de novo, pensou de forma severa, inclinando-se novamente sobre os livros. Nunca outra vez.

Conforme recomeçou a folhear os livros e fazer notas, outra lembrança intrometida roubou sua atenção.

Ele ergueu um dedo para conter uma lágrima em forma de folha. Uma onda confusa de sensações explodiu por trás de seus olhos, um microcosmo de emoções o fez vacilar. E acima de tudo, o som de uma garota, rindo alegremente, e a impressão de algo quente...

Ele afastou esta, também. Ultimamente, aquela o invadia nos momentos mais estranhos. Nas aulas de Binns, no dormitório à noite, no Salão Principal. Quase como se sua mente estivesse tentando lhe dizer alguma coisa.

Draco bufou em escárnio diante de seus próprios pensamentos. Ele parecia embriagado, pensou zombeteiramente. Uma estranha alucinação, graças à planta rara, e de repente ele estava ficando tão ridículo e passional quanto Potter. Focou sua atenção no pergaminho diante de si. Ele tinha trabalho a fazer. Conhecimento a acumular.

E desta vez, ele pensou amargamente, a pena se movendo mais uma vez, não seria ele quem perderia seu poder.

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Cara se arrastou por todo o dia seguinte, obsessiva por conta do fato que teria que passar toda uma noite nas lúgubres e escuras masmorras de Poções com o aluno mais aterrorizador de toda a escola. Mesmo o pudim de arroz no almoço falhou em injetar qualquer entusiasmo. E Gina devia ajudar, de forma que resolveu falar o tempo todo sobre trabalhos de classe. Não que houvesse algo errado em falar sobre as aulas, apenas que falar de aulas fazia Cara pensar em Poções, e pensar sobre Poções a fazia lembrar da tutela. Da tutela e do Sonserino Assustador.

Não se intimide, ela pensava mais tarde, durante o jantar, cutucando tristemente a ótima galinha grita em seu prato. Hah. Era fácil para Harry dizer, já que ele já enfrentara o próprio Senhor do Escuro pouco mais de cinco vezes e sobrevivera. Nem mesmo Malfoy podia competir com aquilo.

Próxima dela, Diana cutucou-a. "Ei, Cara, podia passar as ervilhas?", sua colega de quarto pediu. Cara atendeu com uma expressão silenciosa e taciturna. "Qual é o problema com você?", Diana perguntou enquanto derrubava uma quantidade generosa sobre seu prato. "Você quase não disse nada o dia todo."

"Aulas extras esta noite", Cara murmurou. "Poções."

"Ceeeerto", Diana falou, como quem diz ah-então-é-isso. "Olha, ele é só um garoto, certo? Você é uma garota. Garotas sempre são superiores a garotos. Ponto."

Gina se inclinou sobre a mesa a isto e se meteu na conversa. "Nem me fale. Quero dizer, olhe só pra minha família. Meus pais tiveram que tentar seis vezes antes de fazer a coisa direito", ela disse, apontando a faca para si mesma.

"Ei", o irmão dela protestou, um pouco distante na mesa. "Quem foi monitor, então? Não você, espertinha!"

Gina enrugou o nariz e virou-se para o irmão com ar superior. "Certo. Era isso que eu queria dizer." Cara sorriu para si mesma enquanto Gina virava os olhos superiormente para as amigas.

Harry debruçou-se também a isto, parecendo confuso. "Então o que você quer dizer?", perguntou.

Gina olhou-o com pena. "Desde que você não entenda, não há como te fazer compreender", ela disse numa voz meio você-não-é-uma-tristeza?.

Harry apenas pareceu mais confuso, e cutucou Hermione, que estava rabiscando algumas anotações ao lado dele. "Mione, do que ela está falando?", perguntou.

Rony apontou sua faca para o amigo. "É, como as mulheres poderiam simplesmente ser melhores que os homens?", ele perguntou. Bufou depois. "Elas nem mesmo podem fazer xixi em pé."

A isto, Cara e todas as outras meninas por perto que tinham orelhas gemeram. Hermione até suspirou e ergueu os olhos. "Honestamente, Rony", ela disse, lançando ao ruivo um olhar de piedade. "Você apenas provou a teoria dela."

"O quê? Mas tudo que eu disse foi...", Rony começou a protestar.

Cara virou os olhos e voltou-se para Gina. "Você tem certeza que é parente dele?", ela perguntou, apontando seu próprio garfo para ele.

"Infelizmente, sim", Gina disse, pegando outro pedaço de galinha. "É essa droga de cabelo."

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Cara conseguira terminar uma bela porção de pudim de ameixa depois do jantar, e conseqüentemente seu estômago estava muito bem satisfeito enquanto ela caminhava na direção das masmorras. Chegou até mesmo a assoviar enquanto andava.

"Lalalalala...", ela murmurava, pegando a escada com um pulinho. O jantar revivera seu espírito. Então ela tinha o Sr. Sonserino Assustador como tutor, e daí? Seria apenas algumas noites por semana, e só para conseguir passar em sua aula mais odiada. Ela sobreviveria.

Ela balançou a mochila nos ombros, enquanto caminhava tranqüilamente, murmurando. "caminhando sob a luz do sol, oh-oh", cantarolava sozinha. Gina prometera dar-lhe alguns DedosDeMel de emergência mais tarde. Agora HAVIA algo pelo que ansiar.

Ela empurrou a porta da sala de aula para abri-la, ainda cantarolando, e entrou na sala. Como não viu ninguém ali, dançou até uma das carteiras, onde colocou sua mochila com um floreio.

"Estou caminhando sob a luz do sol, oh-oh...Estou cantando sob a luz do sol, oh-oh...", ela cantou para a sala vazia. "E isso não parece bom?"

Dançou mais um pouco e até mesmo deu uma rebolada que aprendera com uma prima trouxa, seguida de um rápido giro. E depois outro, sendo este muito mais lento.

Ela encarou olhos cinzentos e frios.

"Se você tem tanta certeza", Malfoy falou arrastado.

Cara sentiu-se enrubescer rapidamente, e não conseguiu pensar em algo para dizer. Droga. Aquilo era um pouco mais do que "não deixar que ele a intimidasse".

"Pegue seu equipamento", Malfoy disse numa voz gelada, passando os olhos desdenhosamente por todo o perfil dela. "Caso achar que é capaz de se focar em algo tão difícil."

O queixo de Cara caiu. "Quem foi que enfiou uma vassoura na sua bunda pra te deixar assim?", ela deixou escapar. Melhor dizendo, pessoas normais não tinham o direito de soltar alguns insultos de vez em quanto, pensou ela.

Uma fina e pálida sobrancelha se ergueu. "Presumivelmente a mesma pessoa que te ensinou a dançar.", ele disse em tom sedoso. "Você encontrará os caldeirões no gabinete da parede. Tente não quebrar nenhum."

Cara descobriu-se virando-se e caminhando direto na direção do gabinete, sobre o qual ela já tinha conhecimento, muito obrigada, a boca se abrindo e fechando como um peixe, ainda chocada. Ela nunca iria... Melhor dizendo... Pelas barbas de Merlin, ele era horrível, ela pensou, abrindo uma portinha num gesto brusco. Pegou o primeiro caldeirão que encontrou sem nem mesmo olhar, antes que algo a fizesse respirar bem fundo.

Ela precisava da ajuda dele. Precisava para passar de ano. Contou mentalmente até dez enquanto ficava ali, a mão largada sobre a borda do caldeirão à sua frente. Ela não se importaria com o quão completamente alienado poderia ser com ela. Afinal, ele era um sonserino.

"O caldeirão é o objeto redondo com uma alça, McDouglas", seu tutor resmungou atrás dela.

E novamente... Cara trancou o queixo por um momento, então subitamente sorriu. Talvez ela pudesse se divertir um pouco com isso, pensou, pegando um caldeirão de tamanho padrão.

"Oh, este está certo?", ela perguntou, virando-se e abrindo bem os olhos. Ela poderia não ser uma loira burra, mas sua irmã era. E sua mãe sempre dizia que ela era uma ótima imitadora.

Malfoy, previsivelmente, sorriu desdenhosamente para ela. Cara apenas sorriu com doçura. Oh, sim, ela pensou alegremente, andando de volta para sua mesa, o caldeirão em mãos. Garotas eram melhores que garotos. E seria bem divertido provar isso.