Incógnitos
N/A – MetroDweller: Eu espero que isso satisfaça suas esperanças! Apenas lembre... Há mais por vir...
Shahrezad1 - recuando lentamente Matemática? Uh... Eu só... estarei... logo ali... apontando Oh, e isso não é tão dramático quando eu devia ter feito parecer, na área do romance... mas ainda assim! Eu tenho que salvar alguma coisa pra depois! Lol.
Ms CE – Heh heh heh. Gina e Harry. Eu já disse que tem outra história por vir? sorrisão
A todos, especialmente àqueles leitores silenciosos apontando pra VOCÊS! Leiam! Comentem! Obrigada!
N/T – Faço minhas as suas palavras, Eleanor... D Satisfeitos? Três capítulos numa só semana!
Capítulo Nove – Tarde da Noite
Fora uma droga de uma semana longa. Cara esfregou a testa com a mão que não segurava a colher. Ao menos ela se lembrara de não usar a colher errada daquela vez, suspirou mentalmente. Ela fizera aquilo de manhã durante a aula, e a pele ainda estava sensível. Maldita bile de lagarto.
"Feito, McDouglas?", ela ouviu a voz arrastada de Malfoy. Ele estava a algumas mesas de distância, cuidadosamente medindo e movimentando a si mesmo. Ela não sabia em que diabos ele poderia estar trabalhando agora, mas o garoto estava concentrado. Se ele não dissesse algo a ela de vez em quando, mesmo que fosse algo muito ríspido, ela acharia que ele tinha esquecido sua presença. Qualquer que fosse a poção que ele começara, devia ser algo maravilhoso. Ela sorriu. Maravilhoso. Era mesmo uma palavra engraçada.
Voltando à realidade, Cara inclinou-se e examinou seu caldeirão. "Humm", ela resmungou, mordendo um lábio. "Que cor que tem que ser mesmo?" Ela já terminara com tantos nuances diferentes, que já não tinha certeza sobre qual seria a certa.
Malfoy deixou escapar um suspiro, tanto que seus olhos se estreitaram numa colher de chá cuidadosamente nivelada de algo cinzento e líquido. "Roxo, sua mente-curta. Um nuance adorável de roxo pálido, que ainda deve aparecer no seu caldeirão." Ele se moveu de vagar, ritmicamente, quase hipnoticamente enquanto derrubava a colher cheia da "coisa" em seu caldeirão. Cara observou fascinada as ondas de prata se misturando com os ingredientes, lentamente se transformando num azul-cinzento.
"O que você está fazendo?", ela perguntou, realmente curiosa. Era um de seus problemas, aquela porcaria de curiosidade. Ela a forçava a fazer coisas malucas, como tentar manter uma conversa com seu tutor incrivelmente rude e irritante.
"Que cor está essa maldita poção, McDouglas?", Malfoy resmungou, ignorando-a. Estúpido, ela pensou irritada. Ele provavelmente dormia numa cama de pedras, e comia criancinhas no café da manhã, variando às vezes com filhotes de cachorros e gatinhos...
Houve uma deliberada limpeza de garganta, e Cara sobressaltou-se. Certo. Poção.
Ela baixou os olhos, e seu queixo caiu. "Uh... isso não pode estar certo", disse.
"Por quê? Que cor está dessa vez?", ele disse, soando bastante aborrecido, enquanto alimentava seu fogo, ajeitando o caldeirão sobre o carvão em brasa.
"Bem, hum... entende...", ela gaguejou. Ainda não estava certa. Checou de novo. Droga. Era inacreditável.
"Inferno, McDouglas, exatamente o quanto você conseguiu ferrar as coisas dessa vez?", ele demandou, os olhos se estreitando enquanto andava depressa na direção dela. Ela recuou enquanto ele se inclinava, observando o conteúdo. "Hmm", ele disse, olhando o líquido.
"Eu sei", ela disse, ainda não acreditando naquilo.
Malfoy ergueu uma sobrancelha e olhou-a. "Parabéns, McDouglas, esta é a sua primeira poção correta em três anos." Cara enrubesceu em prazer, então fuzilou-o com o olhar ao perceber a crítica inserida no elogio. "Eu chequei", ele disse num sorriso desdenhoso.
"Idiota", ela murmurou. "Então eu realmente consegui? Está correto?"
Malfoy em resposta se debruçou e pegou a faca que ela usara na raiz de gengibre. O queixo dela caiu quando ele cortou a ponta de um dedo. "O quê... Seu idiota!", ela exclamou enquanto o sangue começava a sair.
"Você acha que eu faria isso se não estivesse certa?", ele disse friamente, pegando uma colher cheia da poção. Ele administrou-a sobre o corte que sangrava e Cara assistiu, fascinada, enquanto a ferida se fechava, emitindo uma fumacinha.
"Isso é fantástico", ela finalmente disse. Seu sorriso a fazia abrir tanto os lábios que era como se ela fosse rachar o rosto ao meio a qualquer momento. "Eu fiz isso! Eu fiz a coisa que fez aquilo!" Ela queria pular e saltitar de alegria, e assim ela fez, balançando sobre os pés e balançando as mãos no ar. "Eu sou o rei do mundo!", ela exclamou, abrindo bem os braços exatamente como naquele estúpido filme trouxa. Com certeza era idiota, mas nossa, aquilo se encaixava no momento.
"Tem certeza que o seu cérebro está aí?", Malfoy resmungou. Nem mesmo Sua Frieza conseguiria arruinar o bom humor de Cara.
"Encha isso, seu babaca", ela disse, sorrindo radiante.
Por um segundo, ela pensou ter visto o canto dos lábios dele se inclinando, mas supôs que fosse um efeito da luz. "Engarrafe isso, e pelo amor de Merlin, não esqueça o Feitiço Anti-Quebra", ele disse. "Tenho a impressão de que você vai precisar disso muito mais durante o resto do ano."
"Eu sou o rei do mu-UNDO... Sou o rei do um-UNDO...", Cara meio que cantava, e continuou cantarolando enquanto ia até as canecas. Ah, sim. Quem precisava de chocolate agora? Isto era ótimo. Ela dançou de volta com as canecas, pronta para qualquer coisa.
-
Draco com cautela checou uma última vez para ter certeza de que o fogo estava no nível certo, seu espaço de trabalho imaculadamente limpo, e suas notas seguras a alguma distância. Ele não podia se permitir a um erro sequer. O que ele estava tentando fazer já era bastante arriscado sem um erro qualquer.
Falando em erros tolos... ele olhou em volta, para a garota que ainda festejava. Por todos os fantasmas, ela chamava aquilo de dançar? Aquilo o lembrava de algo que ele vira quando um dos elfos domésticos tivera um espasmo. E ela estava ainda gritando aquela porcaria de frase. Ele nem mesmo queria saber de onde aquilo poderia vir.
Manteve um olho nela, para ter certeza de que ela podia engarrafar a poção corretamente. E era um medo razoável, ele pensou, seco. Afinal de contas, ela não tinha engarrafado uma poção decente desde aquela infama poção certa em seu segundo ano. Mas ela estava derrubando-a cuidadosamente, desconsiderando o fato de que seus lábios continuavam se mexendo de forma frenética enquanto isso. E ela pôs a tampa com o um belo amontoado de cautela, e seu Feitiço Anti-Quebra foi rápido e eficiente. Ele fez uma careta. E aquilo tudo mal interrompera seu estado alegre de cantora.
"Pronto, McDouglas?", ele perguntou com frieza.
"Apenas limpando", ela disse, ainda rodopiando pela sala. Estava se tornando uma distração. Draco não estava acostumado a se encontrar observando uma garota, por qualquer razão, e aquilo o irritava. Por que ele estava assistindo aquela dança tão absurda?
"Apresse-se", ele resmungou. "Já gastei muito tempo com você esta noite."
Ela fez um aceno com a varinha e, de alguma forma surpreendendo-o, tudo ficou limpo e em seu lugar ideal. Hmm. Aparentemente a grifinoriazinha era mesmo boa em Feitiços, ele pensou. "Tudo pronto", ela disse, erguendo a mochila sobre os ombros. "Até amanhã!" Ela caminhou até a porta, ainda 'dançando' e cantando. "Estou caminhando sob a luz do sol, oh-OH! Caminhando sob a luz do sol..."
Draco fez uma careta e ouviu a porta se fechar atrás dela com alívio. Graças a Merlin. Ela realmente era uma cantora ruim. Uma cantora entusiasmada, mas ainda assim ruim. Puxou para si pena e pergaminho, e rapidamente rabiscou um relatório sobre aquela noite para a Professora Stone, apontando tanto o esperado acerto da garota quanto o começo de seu próprio projeto. Ele pregou-o à porta do escritório dela com um aceno de varinha, e então pôs sua mesma mochila às costas. Seu ombro doeu ao fazer isso.
Ele teria que tomar outro banho quente aquela noite, ele pensou em cansaço. Pro inferno aquela Bellatrix. Banhos quentes eram de fato a única coisa viável que ele encontrara para afastar a dor. Ele massageou o ombro dolorido enquanto fazia seu caminho à sala comunal da Sonserina.
Virando um corredor, ele foi forçado a pular para trás. Franzindo a testa, observou a bagunça que se fazia ali. Malditos Weasley com sua ridícula loja de logros. A maioria de seus produtos eram criados para serem usados em sonserinos. Ultimamente, algum aspirante a piadista enchera os últimos trezentos metros de corredor até a sala comunal com uma versão inferior do brejo expansivo dos Weasley. Ele fungou. Ao menos aquele ali não fedia a lama.
Draco suspirou e retraçou seus passos. Felizmente, havia uma porta de retorno sobre a qual poucos alunos sabiam. Ele teria quase que fazer uma caminhada de ida e volta da Grifinória, mas era melhor do tentar cruzar aquele brejo, que era mais ridículo do que impressionante.
Draco estava subindo um das centenas de degraus quando capturou um sussurro mais à frente. Seus olhos se estreitaram. Algum traquinas passeando por diversão? Provavelmente aqueles que haviam 'decorado' o corredor da Sonserina. Ele sorriu com profunda satisfação. Ele ficaria mais do que feliz em poder acordar o Professor Snape com os culpados em mãos.
Movendo-se em passos silenciosos, ele examinou à volta do corredor. Dois meninos que ele reconheceu vagamente como terceiranistas da Corvinal estavam ocultos no lance de uma escadaria por perto. Eles estavam encarando avidamente outra escadaria do lado oposto do corredor. Ele fez uma careta. O que eles estavam fazendo?
Enquanto assistia, uma figura pequena e esquecida vinha cantarolando pela esquina e na direção da escadaria vazia em questão. Draco apenas teve tempo de reconhecer McDouglas enquanto ela começava a subir e os meninos deixaram escapar uma risada abafada. Então seus olhos se arregalaram enquanto a escada sumia atrás dela. Ele observou em descrédito os passos dela sumindo logo depois de serem pisados, e então aqueles diante dela começavam a fazer o mesmo.
McDouglas finalmente olhou para cima, e deixou escapar uma exclamação de alarme enquanto percebia que estava caminhando em direção a puro ar, e se grudou à parede, parada no patamar de sua escadaria. Os meninos riram de novo, e então foram embora, deixando a Draco um dilema.
Seu dilema foi resolvido quando ele percebeu que as escadas continuavam desaparecendo, e que era provável que o patamar fosse o próximo. Inferno sangrento, ele pensou inflexivelmente. Ele teria mesmo algumas coisas a dizer àqueles corvinais desmiolados.
"McDouglas", ele gritou enquanto descia seus degraus, pensando em chegar a até ela. Ela ergueu a cabeça, ainda encurralada contra a parede. Havia um olhar de terror em seu rosto.
"M-Malfoy?", ela disse, em voz trêmula. "O que está acontecendo com os degraus?"
Ele se moveu tão rápido quanto podia, não inteiramente certo se os degraus estavam apenas invisíveis. Aquilo parecia um Feitiço Transparente, mas sabendo que fora feito por aqueles incompetentes retardados, podiam ter feito algo errado e feito as escadas realmente desaparecerem. Neste caso, McDouglas estava a dez segundos de cair para a morte do alto de três metros.
E então sua escada que encolhia rapidamente estremeceu, e começou a se mover. Ela guinchou alto ao perder o equilíbrio quando a escada começou a se afastar da parede. "Droga", Draco exclamou enquanto desistia e alcançava a balaustrada. Conforme saltava o mais longe que podia para o pedaço de escada visível, gritou "Accio Cara!"
Seus pés sentiram o patamar de pedra sob si mesmo quando ela foi puxava e trombou com tudo nele. "Inferno sangrento, fique parada", ele sibilou, tentando não cair. Ela o fizera perder parte do equilíbrio, ainda lembrando que ele estava um pouco dolorido naquele dia.
"Oh Deus, oh Deus, oh Deus", ela estava dizendo, os olhos bem abertos e terrificados. As mãos delas agarravam firmemente as mangas das vestes dele.
"McDouglas, pare com isso", ele ordenou entredentes. Lançou um olhar cansado ao pedaço visível que restava e diminuía da escada. Eles continuaram se movendo. Escorregou um pé para fora, testando a parte invisível. Muito para seu alívio, era tudo sólido sob seu pé. Então eles não iam cair para a morte.
"Apenas fique parada, é invisível", ele disse à garota, que agradecidamente engoliu em seco e recuperou o controle. Claro, ela estava branca como um lençol e mal se mexia, mas ele supôs que quase cair e morrer fazia aquilo com as pessoas.
Eles esperaram num silêncio tenso que as escadas parassem, os dedos dela roçando os braços dele. Finalmente, a escada estremeceu outra vez, o silêncio mais uma vez preenchendo o ar. Draco lançou para baixo um olhar cansado, e rapidamente ergueu-se. Como esperado, o patamar abaixo deles estava agora invisível.
"Já parou, não é?", ela disse, o rosto ainda branco.
"Malditos corvinais estúpidos", Draco murmurou.
McDouglas fechou os olhos. "Hum, eu devo mencionar que tenho medo de altura?", sua voz estava firme e mais do que um gaguejo. Os olhos de Draco se abriram bem.
"Você não vai chorar", ele ordenou. "Não ajuda a situação em nada."
"Mate-me, eu vou chorar se assim quiser", ela resmungou, mexendo-se apenas um pouquinho. Draco pode sentir belos tremores enquanto a segurava pela cintura, garantindo que ela ficasse parada. Afinal de contas, eles não sabiam mais onde o patamar terminava.
"Droga, McDouglas...", ele começou, antes que ela interrompesse.
"Você tem um lenço?", ela demandou, os olhos ainda fechados com muita força.
"Você não vai chorar!", ele ordenou de novo, começando ele mesmo a entrar em pânico.
"Apenas responda a pergunta, você tem um lenço?", ela disse de novo, a voz firme e pouco controlada. E os olhos ainda apertados, os dedos ainda apertando os braços dele.
"Sim", ele falou antes que ela interrompesse de novo.
"Coloque-o no chão perto de nós". Quando ele apenas piscou em confusão, ela explodiu. "Desgraça, Draco, estou segurando a minha sanidade nas pontas dos dedos! A não ser que você queira ficar completamente louco, apenas faça isso!"
Olhando-a um pouco cautelosamente, Draco livrou devagar uma mão do aperto dela, aguardou um momento para ter certeza de que ela não se mexeria e arriscaria cair da escada inexistente, tateando depois o bolso. Puxou para fora um quadrado de linho branco e colocou-o próximo do pé direito dela.
"Ok", ela disse, respirando fundo. Destrancou uma mão, e revirou seu próprio bolso, puxando a varinha. "Ok", ela repetiu, e abriu os olhos. Ela o encarou por um segundo, seus olhos escuros assustados e determinados e mais do que um pouco fascinantes por razões que ele não se importou em examinar, e então olhou para baixo. "Fiberous replicous!" Draco teve um sobressalto enquanto o lenço começava a se expandir e ergueu um pé após o outro para deixá-lo continuar por baixo deles.
Ele deixou escapar um suspiro de alívio. Brilhante. Eles logo estavam observando o ar por cima de um patamar coberto de uma camada de linho.
"Ok, ok...", ela estava repetindo, alguns dedos restantes firmes nos braços dele. "Ok, assim é melhor. Ok."
O próprio Draco respirou fundo. "Nada mau, McDouglas", disse. "Infelizmente, parece que estamos presos." Ele assistiu enquanto ela olhava para cima e para baixo, vendo nada mais do que espaço vazio entre eles e as paredes. Por um lance de incrível má sorte, eles não estavam ligados com um portal simples, e sem outras escadas visíveis, eles estavam efetivamente encurralados.
"Oh, puxa", ela disse fracamente.
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Cara sentou-se, encostou-se à parede de pedra e encarou o ar escuro. Eles estavam presos ali até que a maldita escada resolvesse reaparecer e voltar para o lugar. Crianças estúpidas. Ela arrancaria as orelhas deles com feitiços quando os encontrasse.
Próximo a ela, Draco estava sentado, silencioso e rígido. Cara franziu a testa. De fato, ele parecia muito desconfortável, rígido, mais do que sua postura desaprovadora e rígida de sempre.
Ela virou a cabeça para estudá-lo. Seu rosto estava firme, até demais. Ele voltou-se e olhou-a fixamente. "Você está bem?", ela perguntou, ignorando o olhar nada convidativo ao qual já estava habituada.
Ele olhou de cima para ela. "Fora ficar preso numa escadaria invisível com você?", perguntou sarcasticamente.
Ela ainda o estudava. "É... seu ombro", disse baixinho, enquanto este estalava. "Está doendo, não é? Você o machucou no pulo?", Ela mordeu o lábio. "Eu tenho toda a poção de cura na minha bolsa..."
Draco bufou, afastando olhar mais uma vez. "Estou bem.", desconversou.
"Hum-hum", ela resmungou. Ela se inclinou sobre ele e deliberadamente cutucou o que suspeitava ser um ponto dolorido. Como imaginou, ele deixou o ar escapar, e girou o rosto para encará-la de novo.
"Guarde suas mãos pra si mesma", ele ordenou.
Cara franziu o cenho. "Só está doendo, ou você machucou quando pulou?", ela demandou, sentando bem de frente para ele. Ele olhou para ela. Ela olhou para ele. E então, para grande surpresa dela, ele respondeu.
"Eu não machuquei o meu ombro quando pulei sobre a droga da sua escada desaparecida", sibilou entredentes.
Cara assentiu, pensando. "Então é só algo que dói?", perguntou.
"Por quê?", ele demandou, os olhos estreitos e frios mesmo no escuro.
"Vire-se", ela ordenou, empurrando suas mangas para trás, depois suspirando e tirando a volumosa capa da escola. Aquela porcaria sempre ficava no caminho, ela pensou, enrolando as mangas. Draco ainda estava parado e olhando-a. Ela suspirou. "Minha mãe é curandeira", ela disse. "Vire-se."
Ele não se mexeu por um longo momento, conforme ela tentava vencê-lo com o olhar. Este era Draco Malfoy, o garoto mais assustador em toda a escola, e ela estava mandando que ele se virasse. Puxa, ela era corajosa.
Finalmente, ele obedeceu. Cara deixou escapar um ar que não sabia de estar prendendo. "Apenas fique parado", ela disse, esticando os braços. Ela posicionou as mãos sobre o ombro ferido, gentilmente sentindo os músculos doloridos. Franziu o cenho. Era impossível dizer através da capa e do suéter da escola.
"Tire a capa e o suéter", ela disse a ele, ainda tateando. "Eu não estou bem certa."
"Certa do quê?", ele demandou mais uma vez ainda.
Ela flexionou os dedos contra o ombro dele. "Minha mãe andou me ensinando algumas terapias trouxas que ela aprendeu", disse. "São para músculos doloridos".
Ele bufou desdenhosamente. "Malditos trouxas idiotas", murmurou sob a respiração. Mas ainda assim se movimentou para tirar a capa, depois puxou o suéter por cima da cabeça. Cara observou as costas dele, a camiseta branca visível à luz baixa.
Esticou a mão e posicionou os dedos. O ombro dele estava quente por baixo da camiseta fina. "Os trouxas sabem muitas coisas úteis", ela disse enquanto seus dedos começavam a esquadrinhá-lo, bem como sua mãe ensinara. Ele xingou baixinho quando ela encontrou um nó sensível. "Parado". Lentamente ela pressionou e esfregou, tentando relaxar o músculo. "Quero dizer...", sua voz falhou e ela ficou em silêncio vendo a cabeça dele cair para a frente, dizendo-a sem palavras que o que ela fazia estava ajudando.
Ela trabalhou calmamente então. O ombro dele era forte e bem desenhado por baixo da roupa, com mínimas saliências sob o braço. Ela se perguntou o que aquilo seria. Seus dedos estavam começando a doer, mas ela continuou, procurando cada pequeno nó e fazendo-o relaxar. Ela passou para o outro ombro, depois as costas dele. A cabeça dele virou-se mais para baixo, seu cabelo pálido caindo e escondendo seu rosto.
Finalmente, os dedos dela doíam muito, e ela não pode deixar de parar. Esquecendo o fato de que ela queria, que a sensação das costas dele sob seus dedos era estranhamente viciosa. Relutantemente ela afastou as mãos e começou a apertar as juntas cansadas.
Ele ergueu a cabeça, e lentamente virou-se de volta. Colocou o suéter pela cabeça de novo, e se inclinou contra a parede, os olhos evitando os dela. Ela o observava, curiosa. Aquilo era estranho. Ele era Draco Malfoy, pelo amor de Merlin. Ela não podia estar se sentindo... feliz, não perto dele.
O silêncio foi quebrado por ele. "Obrigado.", ele disse asperamente.
Cara não podia explicar o que sentiu por dentro. Aquilo era... suave, ela pensou de novo. "De nada", ela disse, numa voz quase inaudível. Ela se encostou próxima a ele, cabeça contra a parede, o braço roçando o dele de leve. Ela teria que pensar melhor sobre aquilo.
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Draco encarou a escuridão. Eles estavam presos havia horas então, e era como se a escadaria não fosse se mexer de novo tão cedo.
Cara adormecera, a cabeça escorregando até descansar sobre seu ombro. E surpreendentemente, ele não a afastara com uma erguida de sobrancelha como pretendera. Ao invés disso, ele virara-se e olhara para o rosto dela, os olhos fechados e os lábios relaxados, e até arrumara-a mais confortavelmente. Então passara com cuidado um braço em volta da garota, trazendo-a mais perto e a aconchegando em si.
Agora ela estava aninhada mornamente no colo dele. Olhando para baixo, ele viu que a saia do uniforme dela subira acima de seus joelhos. Hesitou por um momento, depois esticou o braço e arrumou-a direito. As pernas dela estavam quentes e lisas sob seus dedos e ele os afastou rapidamente. Repuxou a capa dela mais para perto, cobrindo-a enquanto ela dormia sobre ele.
Ele encarou a escuridão outra vez. Ele não tinha certeza do que estava acontecendo. Ele não tinha certeza se estava gostando. Mas naquele momento, ele não sabia se haveria muito mais a ser feito. Ela suspirou um pouco em seu sono, empurrando-se mais para perto dele, e ele fechou os olhos, encostando a cabeça pra trás. Merlin, ele estava mesmo cansado. E de alguma forma, ela parecia... bem.
Seus olhos começaram a ficar pesados. Ele não estivera relaxado daquela forma desde que seu pai morrera. Os dedos dela haviam trabalhado magicamente em seu ombro, depois em suas costas. Começou a cair no sono, e seu último pensamento foi que ele esperava que acordassem antes que a escada se movesse.
