Amanhã É Um Novo Dia

Capítulo Cinco:

Alguns meses depois...

Quem olhasse de fora poderia achar uma cena completamente ridícula, melada, ou até mesmo boba. Mas Harry não estava de fora, e muito menos se importava com quem estivesse.

Deu um risinho mais uma vez, relembrando o dia, das coisas bobas e inocentes, de gestos sem importância e frases normais. Mas era aquela normalidade que o deixava bobo daquela forma.

Nunca tivera aquela sensação tranqüila e prazerosa. Ele tinha uma família... E que família...

Olhava as pálpebras cerradas da mulher que dormia ao seu lado. A boca de cereja levemente aberta, e a mão pequena e delicada segura na sua.

Já era noite alta, mas Harry Potter não conseguia dormir, e por uma das poucas vezes em sua vida, o motivo era alegre. Não era por alguma preocupação com uma batalha, ou por sonhos ruins, conseqüências de aulas de Oclumência mal praticada. Mas porque simplesmente não conseguia tirar aquela alegria que transbordava em seu peito.

Desviando os olhos da tentadora visão de Gina dormindo, os cabelos flamejantes sendo iluminados pela claridade da lua, o moreno levantou seus olhos até a porta aberta do quarto, observando a porta do quarto da frente.

Ele estava lá, dormindo como um anjinho, e só de imaginar a cena, não resistiu. Levantou, calçou os chinelos que estavam ao pé da cama e atravessou o quarto sem fazer ruído algum, para não acordar Gina.

Entrou no quarto de frente ao seu, como um gato na madrugada, e parou ao lado do berço, observando seu filho dormir tranqüilamente.

Seu sorriso se alargou ao ver os cabelos negros bagunçados do menininho de um pouco mais de um mês. Segurou a pequena mãozinha fechada do bebê, e sentiu os olhos úmidos.

Quem diria que o Menino Que Sobreviveu, o tão famoso Rapaz da Cicatriz, o Mago Poderoso, pudesse chorar e ser apenas denominado como Pai Coruja.

David Potter havia nascido em um dia de tempestade, mas de um parto sem complicações. E Harry lembrava como havia sido bom olhar pela primeira vez os olhinhos arregalados do filho no colo da mãe. Ele tinha os olhinhos negros, e pelo que a Sra. Weasley dizia, ele teria os olhos de Gina quando crescesse mais um pouco. E a cada dia que passava, Harry via que ela tinha razão, os olhos dele estavam ficando castanhos, mas o cabelo denunciava: era um verdadeiro Potter.

Não havia dúvida alguma de que os padrinhos do pequeno Potter eram Ronald Weasley e Hermione Granger Weasley, que agora aguardava a chegada de mais um na família.

Harry caminhou até a cômoda de cor branca – como toda a decoração do quarto – e pegou um porta retrato do dia que David nascera.

Na foto, o rosto de Gina era misturado de suor e lágrimas, mas o sorriso estava em destaque, o pequeno David em seu colo, e Harry logo atrás, observando os olhinhos arregalados do filho, que agitava as mãos para cima e para baixo.

Soltou uma risada ao lembrar o que Rony havia dito ao ver a inquietação do sobrinho – "Cuidado, hein Harry, ele será mais um Weasley goleiro!".

Colocando a foto de volta ao seu lugar, virou rapidamente o rosto para a porta, ao ouvir um barulho, e constatou aliviado que era Gina.

A ruiva vestia um leve robe cor de chá e os cabelos estavam levemente bagunçados. Sorriu para o marido, que veio ao seu encontro, abraçando-a.

- Sabia que tenho até medo... – murmurou ele, após um grande tempo apenas abraçado á Gina, observando o filho dormir.

- Medo? De quê?

- Sabe, está tudo perfeito demais... Eu não estou tão acostumado á isso...

Gina soltou uma risada leve e virou seu corpo para encarar os olhos verdes do marido, encontrando duas olivas brilhantes, como nunca fora capaz de ver na face dele. E o melhor, tudo aquilo era conseqüência dela e de David.

- Pois trate de se acostumar! – repreendeu em tom sério, mas com um sorriso brincalhão – Não quero voltar a vê-lo emburrado ou cabisbaixo, entendeu bem?

- Entendido senhora capitã! – Harry fez um gesto de continência, arrancando uma nova risada de Gina, para em seguida, voltarem para seu quarto e dormir o resto da noite com tranqüilidade.

Desceu correndo as escadas, enquanto fazia o nó na gravata ás pressas. Olhou para Gina, que jogava a cortina da sala para o lado.

- Bom dia! – disse, dando-lhe um beijo rápido e indo até a cozinha, dando um grande gole na xícara de café já preparada pela esposa.

- Harry, você vem pra almoçar hoje? – ela perguntou, entrando na cozinha.

- Acho que não... Tenho que examinar melhor sobre a captura dos últimos quatro comensais. Se importa?

- Não, tudo bem. Eu chamo a Hermione para almoçar, aproveitamos e colocamos a conversa em dia...

Harry beijou novamente a esposa, enquanto corria até a porta, com a sua pasta nas mãos.

- Te vejo mais tarde, querida. – ainda pôde escutar o choro de David no andar de cima antes de sair, e a voz de Gina dizer "Alguém aqui pediu um leite quentinho?".

Os vizinhos com certeza o chamavam de louco. Podia ouvir os cochichos e até alguns suspiros de algumas adolescentes enquanto ele passava pela rua, mas o enorme e lindo sorriso estampado em sua face não era por causa do seu ego, muito menos pelos olhares furtivos de uma loirinha de dezessete anos, que tomava sorvete sentada no banco da pracinha que ficava á esquina de sua casa.

Era simplesmente bizarro como a vida podia ser tão perfeita... Podia até começar a cantarolar uma música qualquer, mas preferia apenas sorrir e continuar andando em direção á sua casa. Aparatara em um beco uns metros atrás, pois sua casa era protegida contra aparatação. Poderia ter ido de flu, mas simplesmente detestava aquele meio de transporte. Lareira era para se esquentar, não para se mover de um local para o outro!

Levou a mão ao bolso da calça, procurando o molho de chaves, e sorriu para o chaveiro – tinha a foto de Gina com David no colo, acenando para ele. E lá estava o sorriso bobo estampado em sua face novamente.

Enquanto rodava a chave na fechadura, observava alguns vizinhos trouxas o olhando de modo estranho, curioso mais precisamente. Mas não deu importância, desde a infância era assim.

Entrou na sala, retirando o casaco, observando com estranheza tudo em volta. Havia uma bagunça fora do normal naquilo. Não era a desordem normal de uma casa com um bebê pequeno, era uma bagunça com sinais de briga.

O chão próximo á lareira estava sujo de pó de flu, e o recipiente em que guardava-se o flu estava no chão, estilhaçado.

Escutou o choro de David no andar de cima e não pensou duas vezes em subir dois degraus de cada vez, chegando ofegante á porta do quarto do filho.

Correu os olhos de um lado para o outro e encontrou Hermione encolhida no vão entre o guarda roupa e a cômoda. Soltou um suspiro de alívio ao encontrar David nos braços dela.

Hermione soluçava baixinho, enquanto tentava acalmar a criança em seu colo. Os cabelos castanhos estavam bagunçados, a testa molhada de suor e as mãos trêmulas. Foi como se tivesse visto a luz no fim do túnel quando levantou os olhos e encontrou Harry á porta.

- O que aconteceu? – perguntou, enquanto retirava David do colo dela, fazendo o menino acalmar-se um pouco.

Hermione parecia não conseguir falar, e enquanto Harry corria de um cômodo para o outro da casa, aflito, com David no colo, Hermione levantava-se, tentando controlar os soluços.

- O que aconteceu, Hermione?! Onde está a Gina!? – exigiu, ficando cada segundo que passava mais apavorado. Nunca vira Hermione desesperada. Justo Hermione, que sempre agia com a lógica para tirar todos de apuros.

- A levaram, Harry! Levaram a Gina!

- Quem?!

- Comensais, eu acho...

- Chame Rony, chame todo o ministério se for preciso, mas agora! – berrou, enquanto correu até o seu próprio quarto, com David chorando novamente.

Quando desceu as escadas com o filho no colo, Rony já se encontrava na sala, e o ruivo virou a cabeça de imediato para Harry, ao vê-lo descer as escadas.

- Os Aurores já estão vindo... – anunciou, com o semblante preocupado.

Harry virou para Hermione, sem responder á Rony, e entregou-lhe David.

- Tome conta dele.

- Aonde você vai? – questionou a amiga, agora mais calma.

- Vou trazer Gina de volta.

- Mas você não sabe onde ela está, isso é loucura!

- Eu não posso esperar os aurores, Hermione! – Harry virou para a porta, mas Rony bloqueou-lhe o caminho.

- Rony... – Harry olhou significativamente para o amigo – Você já fez isso, lembra? Sexto ano, você salvou a Hermione, deixe-me salvar a Gina agora.

- Ron, não faça isso! – ordenou Hermione, enquanto tentava acalmar o afilhado nos braços.

Harry continuou fitando Rony alguns segundos a mais, até que o ruivo finalmente abaixasse a cabeça e permitisse que o moreno saísse.

- Desculpe Hermione, mas eu não posso. – porém, quando Harry avançou para a porta, Rony segurou-lhe pelo braço.

- Eu vou com você! Hermione, você fica aqui, e quando os aurores chegarem, você explica o que aconteceu.

- Mas aonde vocês dois vão? – choramingou.

Rony e Harry se entreolharam. Não tinham a menor idéia de onde começar a procura, mas parados que não iriam ficar.

- Diga apenas que fomos buscar Gina. – e sem mais dizeres, os dois saíram, deixando Hermione para trás, aflita, e com David no colo.

Quando os cinco melhores Aurores do Ministério da Magia chegaram via uma Chave do Portal, Hermione estava sentada no sofá da sala, de frente para a lareira, com o afilhado dormindo em seus braços.

Alguns bruxos peritos recolheram materiais que pudessem servir de pista. O bruxo que parecia ser o mais velho do grupo, um senhor de meia idade, os cabelos começando a esbranquiçar e um belo bigode no rosto aproximou-se de Hermione, fazendo-lhe perguntas sobre o ocorrido.

Ele era educado, e em nenhum momento pressionou a mulher, deixando-a á vontade para contar tudo nos mínimos detalhes.

- Eu cheguei aqui por volta das dez horas...

Flahs Black

Hermione tocara a campainha três vezes repetitivas, e como sempre tocava, e demorou exatos cinqüenta segundos até a porta se abrir, revelando Gina por de trás desta.

- Olá Hermione! – disse a ruiva sorrindo, enquanto chegava para o lado, permitindo a entrada da amiga.

- Olá Gina! David está acordado?

- Acabei de dar a mamadeira pra ele, está lá em cima, brincando no quarto... - informou, enquanto recolhia os brinquedos espalhados pela sala.

- Está frio aqui... Deveria deixar essa lareira acessa... – Hermione resmungou, enquanto caminhava até a lareira e com um estalar dos dedos, acendia o fogo. – Isso, bem melhor!

As duas sentaram no sofá e ficaram ali por meia hora, até escutar o choro de David no andar de cima.

- Eu vou pegá-lo... – informou a morena, levantando e caminhando até a escada.

- Já estou subindo, vou só pegar a chupeta dele, deve estar por aqui... – Gina andou até a cozinha, enquanto Hermione estava no último patamar.

Hermione entrou no quarto do afilhado, e o encontrou sentado no berço, era incrível a semelhança entre o bebê e Harry.

Ela pegou o menino no colo, sorrindo, enquanto tentava brincava com ele, porém, o pequenino continuava um choro assustado.

- O que foi, meu lindo? Você quer a mamãe? Vamos lá na mamãe? – a mulher tentava tranqüilizar o afilhado, enquanto começava a descer as escadas. Escutou o estalido da lareira, e imaginou ser a Sra. Weasley, porém, escutou o grito de Gina, e apressou a descer mais alguns degraus.

Um homem – ou uma mulher, levando em conta que não era possível distinguir – vestido dos pés á cabeça de preto, o pano caindo por sobre o rosto, arrastava Gina, enquanto a ruiva se debatia com todas as forças que conseguia nos braços cobertos do ser.

Por um instante, pensou em invadir a sala e tentar ajudar Gina, mas o sobrinho no seu colo, soluçando, lhe impediu de qualquer ação na qual não fosse protege-lo

Viu quando Gina chutou a mesinha ao lado do sofá, derrubando um vaso de planta, enquanto os cacos faziam um barulho ao chocar-se com o chão.

A última coisa que pôde ver foi a ruiva tocar com resistência um crucifixo que estava na mão do homem, e os dois desaparecerem.

Fim do Flash Black

Quando Hermione acabou de relatar o que ocorrera, um dos Bruxos peritos virou-se para Josh, o nome do senhor de meia idade que estava conversando com ela, o chamou em um canto, e os observando pelo canto do olho, a morena pôde vê-lo mostrar o crucifixo que vira Gina tocar antes de sumir.

Josh tocou a ponta de sua varinha no objeto, e em seguida o segurou, trazendo-o até Hermione.

- Era uma chave do portal... Os poucos dados que obtivemos já foram mandados para o Ministério.

- Quando a busca irá começar?

- Já mandamos alguns homens para alguns lugares suspeitos, mas são coisas muito concretas.

- Eu entendo... – Hermione abaixou a cabeça, sentindo-se péssima.

- Quero que a senhora prometa que, qualquer coisa que lembrar ou imaginar, qualquer hipótese, entre em contato conosco. Pequenos detalhes podem servir de grande ajuda, Sra. Weasley. – Hermione continuou de cabeça baixa, escutando as palavras do homem. – Soube que a senhora é muito boa de lógica, creio que nada irá lhe escapar.

- Eu prometo que farei tudo que puder para ajudar, senhor. Isso será minha prioridade.

Josh assentiu, levantou-se e conversou algo com os outros aurores. Em poucos minutos, eles já haviam ido embora, e Hermione estava sozinha novamente.

CONTINUA...

Nota da Autora: Blarg! Por que eu nunca consigo escrever esse tipo de cena? Ficam sempre curtas e corridas... E nunca saem como eu previra... Bem, gente, muito obrigada MESMO pelos comentários suuuuuuuuper fofos!!! Vocês não sabem como eu AMO receber comentários!!!! Ah, e obrigada também á todos que ouviram minhas súplicas de Beta, e obrigada, também, a Gi e a Serena (essa menina corrige até a minha NA!!!), q são minhas novas (e muuuuito queridas) betas! AMOOOOO TODOS VOCÊS!!!!! E novamente, Obrigada!!!!

Ah, e novamente lembrando: assim que a fic acabar o q falta um pokito ainda eu irei colocar uma NA especial para cada coment recebido, seja no , seja na floreios e borrões ou seja por e-mail, vcs são a razão dessa fic existir e merecem muito mais!

Bem, pra quem desejar, meu e-mail é:

Mas também podem me encontrar em: ou (esses dois últimos serão demorados pra responder, pois eu olho com menos freqüência).

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Bjinhos, e até a próxima!