Incógnitos

N/A – MetroDweller: Sim. Aquela coisa de "apenas amigos" não vai durar muito, Heheh.

JWish – Pobre Draco. Ele vai ter que descobrir alguma coisa logo, você vai ver... e eu prometo, isso incluirá poções.

Shahrezad1 : Hehe. Belo momento Guerra nas Estrelas. E o que seria de um bom romance, se não tivesse um pouquiiiiiiiiiiinho de confusão? Não se preocupe, Draco vai tomar uma decisão ou duas nos próximos capítulos. Fiquem espertas, crianças, os capítulos 14 e 15 estarão um pouco mais quentes...

E a todos os outros (apontando como aquelas professoras assustadoras do primário), COMENTEM!

Capítulo Treze – Sem Preço

Draco estava sentado, muito confortavelmente acomodado em uma cadeira no canto da biblioteca. Já arrumara ali seus livros e seu pergaminho, e ninguém ousaria incomodá-lo. Imaginou que poderia fazer sua tarefa na sala comunal, mas ele teria que ficar mais alerta, mais atento sobre quem estava por perto e o que estariam fazendo. Na biblioteca, ele podia relaxar um pouco, sabendo que Madame Pince estava observando todos os seus olhos de águia, apenas esperando que alguém quebrasse o silêncio do recinto.

Ele puxou outro livro grosso mais pra perto, e folheou-o, buscando a guerra de duendes certa. Merlin, Binns tinha até a tarefa mais entediante. Ele tinha uma bela suspeita de que o velho fantasma não lia seus trabalhos, já que o último metro e meio de pergaminho que ele entregara sobre Grablock, o Triturador e suas vitórias sobre os gigantes do norte da Escócia continham vários erros deliberados. E ainda assim tivera a nota máxima.

Draco suspirou enquanto esticava a mão e continuava copiando. Não sabia por que apenas não inventava toda a droga do ensaio.

Logo em seguida, houve um baque de alguém jogando uma mochila no outro extremo da mesa. Draco encarou enviesado seu pergaminho antes de erguer os olhos. Ninguém deveria incomodá-lo. Seu olhar intimidante foi desperdiçado ao ver quem era a garota estava se sentando.

Cara lançou-se um sorriso divertido. "Ensaio de História?", perguntou num sussurro. Ele a olhou mais severamente. Que diabos ela pensava que estava fazendo? Ele era Draco Malfoy, e ela deveria se encolher diante dele, não aborrecê-lo. Ao invés de se arrepender, ela apenas começou a resmungar detrás de sua mochila, ajeitando pena e pergaminho. "Eu tenho que escrever um metro para Feitiços, sobre Feitiços Expulsivos." Ela continuou tagarelando em voz baixa. "Está tendo um jogo de Snap Explosivo em larga escala na sala comunal agora, e eu fiquei com medo de que o meu trabalho fosse incinerado antes que eu pudesse terminá-lo."

"McDouglas", Draco finalmente quebrou o silêncio e murmurou, "Cale a boca."

Cara apenas deu de ombros e começou a virar as páginas de seu livro. Draco tentou se concentrar de novo em seu ensaio, mas estava irritado. Ela estava se intrometendo em seu espaço pessoal. Ele ponderou sobre um feitiço rápido para fazê-la desaparecer, mas depois decidiu que não valia o esforço. Madame Pince poderia dar-lhe um detenção com Filch, por uma semana, sem mencionar a Professora Stone, que muito provavelmente lhe brindaria de novo com aquele olhar desapontado quando o visse. Suspirou. Sem feitiços, então.

Cara olhou-o de relance quando ele suspirou. "Aborrecido?", ela sussurrou. Ele ergueu uma sobrancelha e olhou de relance para seu ensaio, incapaz de parar a si mesmo. Aborrecido por História da Magia? Ela sorriu largamente. "Certo, pergunta idiota", ela murmurou. "Aqui, será que você podia me ajudar?" Virou o livro para ele. "Eu encontrei três feitiços diferentes, mas não consigo achar o quarto. Flitwick disse que tínhamos que explicar quatro deles."

Draco apenas a encarou por um momento, vendo-a sentada ali, esperando. Bom senhor, a garota falava sério. Ela estava tentando de verdade ser uma amiga. Ela ergueu uma sobrancelha para ele. Ele fechou a boca e então olhou para a parte da página que ela apontava. "Diffusus objectus", ele murmurou, virando o tomo de volta para ela. Não olhou para o rosto dela, mas ainda assim captou a força do sorriso cegante que ela mandou para ele.

"Obrigada", ela disse suavemente, recomeçando a escrever. Ele captou um toque ínfimo dela cantarolando, e não era aquela música de luz do sol, graças a Merlin. Não, dessa vez na verdade ele conhecia a melodia. La-la-la-la-la-la-la-la… Beethoven, ele pensou. O movimento de "Ode a Alegria".

Draco recostou-se em sua cadeira e recomeçou a escrever, por alguma razão não mais incomodado pela garota do outro lado da mesa.

Cara resmungava alguma música enquanto chegava ao Salão Principal para almoçar. Havia duas semanas desde que ela anunciara a Draco que desejava ser sua amiga, e em síntese, as coisas estavam indo maravilhosamente. Claro, ele ainda dizia coisas más e desagradáveis durante as aulas extras e ela estragava tudo, mas ele tinha um traço de divertimento nos olhos enquanto fazia isso. Isso fazia com que fosse mais fácil para ela dar de ombros, sorrir e tentar de novo. E ela o surpreendera na biblioteca mais algumas vezes, se ajeitando do outro lado da mesa dele.

Ela ficava secretamente satisfeita e mais alguma coisa que não sabia definir quando via os rumores que haviam começado a circular. A maioria da escola aparentemente estava convencida de que ela estava ou sob a maldição imperius, ou estava apaixonada por Draco de alguma maneira muito patética. O fato de que ele fazia caretas e relutava em fazer qualquer coisa em público convencera a maioria dos estudantes da veracidade da última. Cara McDouglas, Escrava Amorosa, ela pensou, divertindo-se, jogando-se ao lado de Gina e começando a pegar um pouco de galinha frita.

"Como foi Aritmancia?", Gina perguntou por trás de uma boca atulhada de galinha.

Cara enrugou o nariz. "Números demais", ela disse depois de uma mordida. "Eu juro, vou desistir daquilo ano que vem. É tão monótono."

"Não diga isso na frente de Hermione", Gina murmurou. "Aquela garota acha que é a melhor matéria de todos os tempos".

Cara virou os olhos enquanto mastigava. Enquanto dava conta da coxa de galinha, viu Draco entrando no Salão, e indo para a mesa da Sonserina. Frio, calmo e com aquele ar de ameaça que parecia carregar sempre consigo, ela pensou. Engoliu em seco e estendeu uma mão para o suco de abóbora. Então teve uma idéia e sorriu.

"Ei, Gina, você tem aí um pedaço de pergaminho?", perguntou.

Gina ergueu uma sobrancelha. "Tenho, por quê?"

Cara riu quase sem controle. "Vou fazer uma surpresa para um amigo", disse. E estendeu uma mão. "Dê-me isso aqui." Alguns minutos depois, ela tinha um pedaço de papel dobrado com uma aparência razoavelmente boa. Uma ponta estava um pouco maior do que a outra, mas isso não importava. Ao menos esperava que não importasse. Lacrou o papel e lançou-lhe os feitiços apropriados, esperando que estivesse fazendo certo. Afinal de contas, o Grande-Tio-Max a ensinara aquilo havia dois anos.

Gina estava observando, o queixo apoiado em sua mão e o rosto fascinado enquanto Cara finalmente erguia a varinha e apontava-a na direção da mesa da Sonserina. "Aquiro Draco", ela disse, e assistiu com prazer enquanto o aviãozinho lufava sobre o ar, diretamente para o loiro solitário.

O queixo de Gina caiu enquanto ela via o aviãozinho indo. "Você está brincando com Malfoy?", ela disse. "Você tem certeza de que isso é saudável?"

Cara sorriu largamente. "Acho que vou ficar bem", disse, e pegou mais galinha. Aquele tipo de diversão sempre a deixava com fome. "Nós somos amigos, você sabe."

Gina ergueu uma sobrancelha. "Certeza?" Cara virou os olhos e continuou mastigando. Aquilo seria divertido.

Draco estava calmamente comendo um biscoito, recheado de manteiga, quando um pedaço de papel dobrado voando na direção dele de forma nada simétrica. Ele observou com olhos estreitos conforme o objeto de aproximava da sua cabeça. Ótimo. Algum idiota pensou que poderia brincar com ele e se safar dessa.

Ele esperou por algum tempo, calculando a velocidade daquela coisa imprestável, antes de se levantar e capturá-lo no ar. Observou furiosamente enquanto o papel se esmagava sob seus dedos. "Finite Incantatem", murmurou, sacando a varinha. O papel ficou rígido e ele guardou de volta a varinha nos bolsos.

Draco fez menção de apenas jogar o papel por cima dos ombros quando viu algo escrito por trás das dobras. Revirou a dobradura. Experimente a galinha, estava escrito. Seus olhos se estreitaram. Que diabos...

Então ele entendeu. Ergueu os olhos para a mesa da Grifinória, os olhos procurando uma certa cabeça em particular que se tornara muito familiar a ele. Cara estava concentrada numa porção de galinha frita, e ele viu quando ela ergueu a cabeça para fitá-lo. Encarou-a, e ela apenas sorriu e balançou uma mão para ele. Deixou escapar uma bufada de aborrecimento. Aquela garota estava ficando persistente demais, e pior, ele estava gostando disso.

Ele voltou sua atenção para o objeto em sua mão. Então estava "tudo bem" sobre fazer brincadeiras com um amigo, certo? Subitamente sorriu, com um olhar aguçado, satisfeito. Então ela com certeza não se importaria com isso...

Cara estava saindo do Salão Principal, no caminho para Trato das Criaturas Mágicas, quando algo zuniu atrás dela. "AAH!", ela guinchou.

Gina, que estava andando perto dela, desviou-se enquanto a coisa voltava. "Que diabos é aquilo?", ela perguntou, inclinando-se de novo.

Cara abaixou-se enquanto o que quer que fosse aquilo dava outra volta. Olhou-a de soslaio. "Puxa vida", ela disse. "É meu avião de papel".

"Aquele que você mandou para Malfoy?", Gina perguntou. As pessoas estavam começando a parar para ver. Cara se desviou de novo.

"Acho que sim", disse ela, seu coração dando uma pirueta esquisita. Estranho.

E então o aviãozinho veio zunindo uma última vez, e desta vez quando ela se virou, não deu muito certo. Ao invés disso, ela sentiu o papel grudando no topo de seu rabo-de-cavalo. "Uau", Gina disse, endireitando-se e observando. "Esse negócio se cravou em você".

Cara enrugou o nariz conforme tateava o avião. "É, eu acho que ele é um pouco melhor do que eu", ela disse, tentando puxá-lo. "Hum", ela resmungou. "Droga, Gina, está colado."

"Colado? Aqui, me deixe tentar", sua amiga disse, pegando o aviãozinho. Tentou tirá-lo, mas não deu certo, ele parecia ter se anexado à cabeça de Cara. Esta suspirou afetada vendo Gina mordendo um lábio.

"Não ria", ela disse. "É sério!"

Gina ergueu as mãos, sorrindo. "Eu? Nunca. Eu nem sonharia em fazer isso." Limpou a garganta. "Então, como você pretende tirar isso?"

Cara abriu a boca e depois pestanejou. "Vamos ficar atrasadas", ela disse. "Droga, Vou obrigar aquele idiota a desfazer o feitiço quando o vir mais tarde." Afinal, aquilo não podia ser tão ruim, podia? Elas aceleraram uma corrida até a cabana de Hagrid, o papel ondulando na cabeça de Cara enquanto corriam.

Quatro horas depois, Cara estava furiosa. As pessoas estavam rindo, e se ela quisesse tirar aquela coisa sozinha, teria que usar uma navalha. Agora o papel se esticara e estava cobrindo sua cabeça inteira. Ela fez uma careta. Se ele tinha mexido com seu cabelo. Teria que pagar.

Draco estava sentado, antecipadamente relaxado enquanto esperava que Cara chegasse aquela noite. Perguntou-se se ela já teria conseguido tirar o papel da cabeça. Ele sorriu, malicioso. Era mesmo um ótimo Feitiço de Cola, tinha que admitir. Ficaria mesmo muito impressionado se ela já tivesse conseguido desfazê-lo.

E então a porta da sala de aula irrompeu aberta e a garota em questão entrou batendo o pé. "Draco Malfoy", ela rosnou. "Tire essa coisa de mim agora!"

Draco lançou um olhar para a garota que ainda o encarava furiosamente, as mãos na cintura, e começou a sorrir em desdém. Não conseguiu se conter. O papel tinha aumentado de tal forma que caía sobre um olho dela, cobrindo quase toda a cabeça.

"Tire isso!", ela berrou, batendo um pé. Ele continuou rindo, mas decidiu que já conseguira o que queria e lançou o feitiço adequado para livrá-la. Cara tirou o papel da cabeça, e para grande diversão dele, jogou-o no chão e pisou com toda a força. "Você bagunçou o meu cabelo!", ela gritou, e Draco instintivamente desviou-se quando ela sacou a varinha. Foi um reflexo, mas pelo jeito ele não fora rápido o bastante.

Draco olhou para baixo. "Você fez minhas meias desaparecerem?", disse. Estava bastante espantando com uma punição como aquela.

As bochechas dela estavam vermelhas quando ela fuzilou-o com o olhar. "Tente andar sem elas por um tempo e você verá como é irritante", ela sibilou, antes de girar e sair furiosa.

Draco encarou as costas dela, a boca aberta quando a porta bateu e fechou-se. Então olhou para suas canelas, agora nuas. Ela sumira com suas meias diretamente de seus pés. Hum.

Virou a cabeça para todos os lados ao captar movimento pelo canto do olho, e sem pensar sua varinha já estava em mãos. O Professor Snape observava-o da porta de sua sala. "Problemas, Sr. Malfoy?", o diretor de sua Casa perguntou.

Draco balançou a cabeça, discretamente guardando a varinha de volta no bolso. "Não, senhor", respondeu com educação.

Snape ergueu uma sobrancelha. "Então por que a Srta. McDouglas não está aqui, fazendo seu trabalho extra?"

Draco sentiu os cantos de sua boca se erguerem. "Ela, ah, está um pouco aborrecida no momento e decidiu que hoje não seria uma hora para produzir", disse polidamente. "Adiamos para amanhã."

Snape apenas segurou o olhar dele por um longo momento com aqueles seus olhos penetrantes. Então o olhar do Mestre de Poções baixou-se e Draco escondeu os pés um instante tarde demais. A sobrancelha se ergueu de novo, e Snape falou sarcasticamente, "Esqueceu algo esta manhã, Sr. Malfoy?"

Draco tossiu. "Não, senhor", ele disse. "A Srta. McDouglas, ah, tomou-as emprestadas."

Pensou ter visto um brilho divertido nos olhos do velho homem. "Um amigo de verdade não tem preço, Sr. Malfoy", foi tudo que o outro disse antes de virar as costas. "Não desperdice".

Draco ficou observando pensativamente o lugar onde o professor estivera. Não conseguia se lembrar de Snape tendo qualquer amigo, não antes da Professora Stone. Perguntou-se se o Mestre de Poções tivera amigos ao ser estudante, ou se sempre fora daquele jeito.

Então ele balançou a cabeça, e pegando suas coisas tomou o rumo da porta da classe. Ele fez todo o seu caminho até a sala comunal antes de perceber que teria bolhas nos calcanhares devido ao seu estado sem-meias. Mas ao invés de franzir a testa, ele se descobriu sorrindo. Aparentemente a garota sabia como judiar de alguém.

Seu bom humor o carregou até o quarto escuro onde dormia, e sobre a cama arremessou sua mochila. E então imobilizou-se. Maldição.

Ali sobre o travesseiro havia uma carta, com o nome dele rabiscado. Seu sangue congelou. Ele conhecia aquela letra. Esperou, embora inutilmente, que como não acontecia nada havia duas semanas, ele não veria aquilo de novo. Ela teria desistido.

Em silêncio, ele pegou o papel. Cuidadosamente, abriu o envelope e desdobrou a folha de papel.

Querido priminho,

Que garota bonita. Talvez eu também deva brincar com ela.

B.

Suas mãos começaram a tremer, de raiva ou de medo, ele não sabia dizer. Era profundo e dominante, o que quer que fosse. Engoliu em seco com dificuldade, e amassou o papel numa mão. Ele teria que fazer alguma coisa, e depressa. Apesar de não saber o quê.