Incógnitos
N/A – Gentis leitores: Aí est�, um pouco de emoção! Considerem isto como um suborno para que os leitores silenciosos comentem!
N/T - Ok, essa semana foi só um capítulo. Também, já era pedir demais, não?
Ka - Sim, os nomes que a Eleanor inventa são de cada jeito estranho, né? Eu contei pra ela o que os nomes significam em português, é mesmo esquisito. Eu também adorei a Cara... Por isso resolvi traduzir até o final (tudo bem que a Sonora também tem sua parcela nisso)... Obrigada por comentar!
Sheyla Snape - Essa aproximação da Bellatrix é mesmo preocupante! E oh, Merlin... Sevie tem mesmo que ser amado. Você tem o meu msn? É o mesmo endereço do meu e-mail. Tenho um projeto secreto sobre nosso mestre amado... E sobre a sua fic... Estou lendo-a NESTE momento! Obrigada!
Miri - Eu também sou DG... Mas não pude resistir a continuar... Obrigada por comentar!
Carol - Trapaceira! Você leu em inglês! De qualquer forma, veja outro resultado... Thanks!
Capítulo Catorze – Pedra da Lua e Loucura
Draco não viu cara de novo até a noite seguinte, quando ela entrou na sala rodopiando para a tutoria. "Está atrasada, McDouglas", ele disse friamente conforme mexia seu próprio caldeirão.
Ela jogou a mochila na mesa. "É, eu fiquei presa na sala comunal por Denis Creevey e Parvati Patil, que estavam lá e ela derrubou o suco de abóbora em mim, e francamente eu gostaria de saber onde ela arrumou aquilo a essa hora da noite porque a mim seria realmente útil achar algo gelado pra beber..."
"Está tagarelando", ele cortou-a, sem se incomodar em olhar para ela. Estudou o líquido cinzento em seu caldeirão. Perfeito. Exatamente como deveria. Poderia deixar uma nota para a Professora Stone examinar o caldeirão, mas enquanto isso...
"Ops. Droga", ela disse, a voz ainda alegre enquanto se mexia, começando a posicionar seu caldeirão e ajeitar seus ingredientes. "De qualquer forma, tinha suco de abóbora em toda a minha volta, e eu imaginei que você não se importaria se eu trocasse de roupa antes de vir."
"Poção pra Dormir sem Sonhar", ele disse, ignorando a tagarelice dela e mantendo a atenção no que estava à sua frente. "Não se esqueça de triturar bem a pedra da lua. Anote isso." Seus dedos envolveram o frasco em seu bolso. Se tivesse dado certo, precisaria de muito pouco da poção para o que queria. Senão...
Houve mais rumores e murmúrios conforme Cara começava a trabalhar ali perto, cantarolando mais uma vez. La la la la la... Ode à Alegria de novo, ele pensou. Maldita.
"Será que você não consegue fazer nada de boca fechada, sua palerma sem cérebro", ele sibilou, ainda sem olhar para ela. "Fique quieta, ou volte para o seu dormitório".
Então houve um baque de silêncio atrás dele, e ele quase podia sentir os olhos surpresos dela em si. Continuou em silêncio, entretando, fingindo que não percebera. Girou sua poção duas vezes, no sentido horário.
A faca continuava a perfurá-lo pelas costas, silenciosamente desta vez. Não havia cantarolar. Draco continuou a observar sua poção e estudar o líquido. Mexeu mais um pouco, três minutos depois. Mais alguns minutos, e chegou o momento que ele queria. Ouviu os pés de Cara movendo-se até o gabinete de estoque no outro extremo da sala.
Rapidamente pegando o frasco, pegou uma colher cheia do líquido e preencheu o pequeno tubo de vidro. Lacrou-o e guardou-o no bolso. Havia agora uma longa noite diante dele. Os passos dela retornaram à sua mesa e a faca começou outra vez.
Draco colocou a colher que estivera usando de lado, voltando-se para sua mesa e para os livros que empilhara nela. Cara não sabia o suficiente de Poções para suspeitar de qualquer coisa, ele tinha certeza. Os títulos podiam ser todos interpretados como algo que ele deveria usar em seu projeto de pesquisa. Não que ela tivesse muita certeza do que isso era.
Inclinou-se e abriu o primeiro tomo. Examinando a tabela de conteúdos, ele finalmente arriscou um olhar para a garota calada do outro lado. Ele se sentiu pressionado a piscar.
Ao invés de sua capa e uniforme da escola, Cara estava usando algum tipo de roupas trouxas. Calças de um tecido áspero e azul, o quadril e as coxas muito delineadas, e uma camiseta de rosa pálido que moldava seu corpo. Moldava muito bem, ele pensou, antes de desviar o olhar. Seu coração estava batendo um pouco depressa, como se ele estivesse correndo e de repente parasse. Ele franziu a testa enquanto esperava que se normalizasse. Maldição, maldição, maldição, ele não precisava disso, pensou.
E ela era sua amiga, ele pensou com uma curvatura nos lábios, virando a página. Pelo canto do olho, ele a viu erguendo o pilão. "Pulverize muito bem", ele ordenou como lembrete. Ignorou o longo olhar que ela lançou a ele, a pergunta nos olhos dela. Ele encarou a página. Nada ali.
Baixou o dedo sobre algumas listas, examinando, tentando se concentrar no livro e não na garota. Desde quando ele se tornara tão atento àquela grifinória ridícula? Talvez porque ela perguntava a ele quem enfiara um pau em sua bunda, ele pensou com certo humor negro. Ninguém se atrevia a falar com ele de tal forma, exceto talvez Potter. Potter não se importava muito também, ele simplesmente o olhava nos olhos e o enfrentava de frente. Mesmo quando ele odiava o outro com cada fibra de seu ser, ele admitia aquela qualidade, a contragosto.
Ela estava tombando a tigela sobre seu caldeirão. "Mais fino", ele ordenou sem olhar, e ouviu-a bufar com grande satisfação. Manteve seu rosto vago, entretanto, e tentou não perceber que ela estava amuada, os lábios contraídos em frustração. Inferno sangrento, lá se ia seu controle. Se ele estivera sendo "amigo" dela nas últimas semanas, agora ele estava rapidamente percebendo que gastava tempo demais observando certas partes de sua anatomia. Ele arriscou outra olhada à garota de vestes trouxas. Seios. Coxas. Lábios. A curva de sua nuca...
Trancou os dentes e fixou-se na página diante de si. Nada. Virou até a última página de ingredientes. Nada. Pegou o segundo livro e repetiu o processo, finalmente encontrando algo que queria na terceira folha.
Foi até o capítulo apropriado. Uma infusão de dedaleira, ele leu silenciosamente, pode ser adicionada à maioria das poções não-voláteis, proporcionando ao consumidor um certo grau de imunidade a dor no estômago e no tórax. Aquilo era muito bonito, mas a Poção Mata-Nervos, quando feita corretamente, era definitivamente volátil. Quando adicionada a poções delicadas, os resultados podem ser incertos e imprevisíveis, pendendo de nenhum efeito até mesmo violentos efeitos colaterais, incluindo a morte. Em alguns casos, com poções de cura, a dedaleira fortalece o propósito da poção original à quinta potência. Estes casos têm sido raros, entretanto, e parecem ocorrer apenas quando a poção original foi feita com uma Intenção Pura.
Hah. Poções de Intenção de novo, ele pensou. Olhou de relance para seu caldeirão. A única questão agora era, será que ele tinha preparado direito a poção?
Quando adicionada a poções delicadas, os resultados podem ser incertos e imprevisíveis, pendendo de nenhum efeito até mesmo violentos efeitos colaterais, incluindo a morte. Leu aquela linha mais um vez. Morte por suas próprias mãos, mesmo acidentalmente, era preferível e com certeza menos dolorosa do que ser morto por Bellatrix. Ao menos com todos aqueles joguinhos que ela estava planejando.
Houve mais murmúrios atrás dele, e ele ergueu os olhos depressa. Cara estava observando o pilão agora quebrado e chupando um dedo. Ela o cortara, ele adivinhou, e então estreitou os olhos.
"Você tinha pedra da lua no dedo antes de levá-lo aos lábios?", ele demandou, se endireitando em sua cadeira.
Ela o encarou, então pareceu brava. "Cale a boca", ela grunhiu.
Então ele já tinha se levantado da cadeira. "Droga, sua idiota, tinha ou não?" Ele estava freneticamente tentando se lembrar do antídoto para envenenamento por pedra da lua enquanto se aproximava. Sua resposta foram os olhos de Cara se arregalando e ela começando a sufocar.
Ele xingou e se jogou para a frente e pegou-a antes de se dobrasse no chão. "Respire, Cara, droga, respire!", ele ordenou. Seus dedos encontraram a garganta dela e sentiram o inchaço ali. Olhou em volta freneticamente. Ele precisava...
Ali! Ele espiou uma garrafa de água negra no canto da mesa. Envolvendo a cintura dela com um braço, puxou-a contra si enquanto pegava o líquido, tirando a tampa com um peteleco. Ela estava tendo convulsões contra ele, sua pele ficando azul conforme ela lutava para respirar. Ele foi forçado a apertá-la com força em si, levando a mão livre ao queixo dela, esforçando-se para abrir os lábios dela o suficiente para o antídoto.
"Engula", ele ordenou, absolutamente terrificado de que pudesse não funcionar. Apertou a garrafa contra os lábios dela. "Engula!" Ela engasgou e cuspiu um pouco do líquido de volta, mas para seu alívio, ele viu que ela bebera um pouco. Continuou segurando-a com força, tremores ainda sacudindo-a conforme o azul sumia de sua pele. Ela deu um soluço ofegante, seguido de um profundo suspiro. Uma de suas mãos se levantou para agarrar-se à frente do suéter dele enquanto lutava para recuperar o fôlego.
"Respire", ele disse, sentindo-se então um pouco fraco. "Apenas respire". Cuidadosamente ele baixou a garrafa de água negra sobre a mesa. Ela estava apoiada com toda a força sobre ele.
"Merlin", ela sussurrou numa voz quebrada, ainda respirando depressa e com dificuldade. Apertou-o mais um pouco.
Draco olhou em volta, e decidiu que seria mais fácil evitar que ela caísse se eles estivessem sentados. Mantendo firme o braço que a segurava, ele baixou-os até que estivessem sentados no chão. "Aquilo foi estúpido", ele disse asperamente, mesmo quando apertava-a mais forte ainda. Agora que ela estava começando a soar normal de novo, ele percebeu que seus próprios membros ficavam fracos, e uma raiva furiosa enchia sua mente. O que era aquele sentimento, ele se perguntou, trancando os músculos e evitando que fraquejassem.
Cara sentou-se quase no colo dele, inclinando-se pesadamente contra ele e apenas respirando. Ele sentia seu peso morno e suave e certos pensamentos obscuros que estavam esmagados no fundo de sua memória forçaram passagem. Ela quase se matara, só porque fora descuidada.
"Sua retardada sem cérebro", ele disse, a voz firme e fria. "Você podia ter se matado."
Ele a viu suspirar ouvindo isso. "Obrigada", sua voz estava sussurrada e rouca.
Ele ainda sentiu uma certa raiva de si mesmo àquele som. Não tinha controle sobre isso, e menos ainda alguma razão tangível. "Eu devia te espancar por ter feito isso", ele disse em tom arrastado, puxando-a mais forte.
A mão dela apertou seu suéter. "Estou bem", ela disse suavemente.
Ele resmungou alguma coisa tola, e então estremeceu quando sentiu os dedos dela tocando seu rosto. Ela passou as pontas dos dedos pela face dele, e ele encarou-a. "Estou bem", ela disse de novo, erguendo os olhos. Seus olhos estavam bem abertos e escuros e perfeitamente sérios.
O outro ainda sentia a raiva percorrendo-o, e estava se esforçando ao máximo para contê-la. "Você podia ter morrido", disse asperamente.
A mão dela ainda restou sobre sua face, e ela o presenteou com um fino sorriso. "Você me salvou. De novo", falou com simplicidade.
O toque da mão dela contra o rosto dele, seu corpo apertado contra o dele, e o fato de que ela parecia aceitá-lo sem fazer um escândalo pareceu girar numa mistura violenta com aquela raiva inconstante em seu sangue. E tomou uma rápida decisão final. Afinal.
"Maldita seja", ele resmungou, e baixou a cabeça.
Cara estivera erguendo o olhar de onde estava, apoiada contra o peitoral de Draco, ainda controlando sua respiração conforme escutava o som confortante do coração dele a bater. Ela tentara dissipar a raiva e a preocupação que ela estava certa dele nem mesmo ter percebido a presença, e então subitamente descobriu sua boca lacrada pela dele.
Lábios, quentes, duros e furiosos, queimaram contra os dela. Ela ficou zonza e quase engasgou sob tal severa boca. Aquele pequeno medo implacavelmente cresceu e ela se viu cercada, sitiada, subjulgada conforme ele a saqueava e a destruía. Ela nunca fora beijada, não daquele jeito, nenhum outro além daquele beijo desajeitado que ela confiara àquele mesmo garoto, e ela se viu de repente despreocupada, suas mãos trancando-se nos ombros dele. Ela estava desamparada, perdida e totalmente maluca.
Então ele se afastou, uma mão enterrada em seu cabelo, puxando-a quase que dolorosamente. Ela encarou, impressionada, aqueles olhos de prata derretida, estreitos a quase fendas naquele rosto nitidamente lindo. "Bem?", ele demandou.
Ela não fazia idéia do que ele estava perguntando, mas cada terminação nervosa sua estava dançando o cha-cha-cha, e ela não achou que sua mente fosse funcionar corretamente nos próximos dias. Ela ergueu uma mão e envolveu-a na parte de trás da nuca dele, puxando-o.
Os olhos dele brilharam e então sua boca estava na dela de novo, faminta e imperativa de novo. E desta vez, ela o encontrou, também faminta por algo que ela não entendia, e sem ter uma idéia do que estava fazendo. Hábeis línguas escorregaram entre eles, dentro e fora, para saborear e explorar, mandando-a longe e mais longe numa nuvem de prazer e surpresa.
E então e se afastara, se levantando e virando para o outro lado da sala, para andar. Ela observou-o, mesmo quando seus dedos tocaram os lábios. Aquilo tinha mesmo acontecido?
Ele girou e lançou-a um olhar afetado. "Pegue suas coisas", ele disse. E ela o observou, inexpressiva. "Agora!"
Um pouco chocada, ela se ergueu lentamente sobre os pés, os joelhos ainda trêmulos. Ele estava ali, com uma mão sobre o cotovelo dela, quando recebeu outro olhar.
Ele soltou-a. "Pegue suas coisas", ele grunhiu de novo, a face ilegível. Cara desejou um mero momento em que pudesse saber o que estava se passando por aquela bela cabeça engenhosa dele.
Ainda com as mãos hesitantes, ela derrubou suas anotações pra dentro da mochila. Ao se virar para pegar a mochila, esta foi empurrada para suas mãos, sendo empurrada sem cerimônia na direção da porta. "Vá", foi ordenado a ela, e se descobriu impulsionada pela porta e pela descida do corredor.
Em todo o caminho de volta à Torre da Grifinória, ela ficou observando a nuca de Draco, as perguntas virando-se em sua cabeça, demais para escolher e tentar responder. O aperto dele em sua mão era duro e firme, e enviava ondas quentes por todo seu braço.
E então ele parava a alguns passos do porta retrato e ficava a observando dali com aquele rosto ilegível. Ela recuou um passo, tentando ficar e olhá-lo nos olhos e viu-se sendo empurrada contra a parede.
Ele se inclinou até que seus olhos estivessem em seu nível, e disse numa voz áspera e baixa: "Nós não somos mais amigos." E então apertou outro beijo faminto sobre ela, fazendo sua cabeça girar, antes de deixá-la ir e desaparecer pelo corredor.
Cara ficou ali, tentando respirar. Ergueu as mãos e viu-as tremendo.
"Ora, ora, é isso que eu chamo de um beijo", veio uma voz, e ela ergueu logo a cabeça para ver a Mulher Gorda. Sua boca se abriu e fechou, e a mulher na pintura balançou a cabeça gentilmente. "É melhor arrumar o cabelo, querida, antes de entrar aqui."
Cara respirou fundo. "Obrigada", ela disse, um pouco trêmula, antes de se abaixar para pegar a mochila. Passou uma mão pelo cabelo, antes de respirar bem fundo de novo. Ah, ela tinha muito pra pensar. "Bolinhos de manteiga", ela disse, entrando.
