Incógnitos
N/A – Hahaha! Olhem todos esses comentários! Meu fim de semana está feito...
MetroDweller: O Sr. Frieza está a ponto de se perder...
Shahrezad1 – Hum... Biscoitos... Acho que já está na hora de lançar algumas encrencas nessa história romântica, não é?
Amídala e Sailor Pearl – Obrigada por lerem! Espero que vocês continuem gostando do Draco... Eu geralmente não gosto de loiros, mas tenho essa coisa por garotos malvados, entendem? sorrisão
Capítulo Dezesseis - Primeiros Sussurros Gelados
Cara estava descendo o corredor, apressada, um passo e meio atrás de Gina e Diana, murmurando coisas tolas sob a respiração sobre como Diana era estúpida e ela nunca se lembrava da sua estúpida tarefa de casa de estúpida matéria de Feitiços, quando, totalmente súbita, uma mão denunciou-se atrás de uma gárgula e puxou-a para fora de vista.
Seu "eeep!" assustado foi cortado por um firme par de lábios contra os dela, e rapidamente transformou-se num suspiro do que já era um maravilhoso sentimento familiar. Oh deuses, ela poderia de acostumar com isso tão facilmente...
"Cara?", veio a voz confusa de Diana. Um momento depois, o beijo terminou e ela se descobriu observando estreitos olhos cinzentos. Ela encarou-o por um momento entorpecedor, apenas eles dois escondidos naquele canto escuro... E então ela sorriu, incapaz de se conter. Aquilo pareceu ser o que ele estava esperando, porque outro beijo rápido e opressivo, para que ela depois fosse empurrada de volta para a luz.
"Cara?", disse Diana, já na metade do caminho. "Onde você estava? Estamos atrasadas!"
Cara umedeceu os lábios ao recomeçar a correr. "Estou indo", adiantou. Não conseguiu resistir a um olhar para trás, e seus lábios se curvaram de novo ao visualizar uma cabeça loira movendo-se sombria e silenciosamente em outra direção.
Diana estava batendo o pé, e logo elas começaram a andar depressa e juntas. "Hum, aquilo era Malfoy?", sua amiga finalmente perguntou.
Cara sorriu, ainda saboreando aquele beijo. "Não, aquilo era Draco.", ela disse.
Draco estava afundando em meio a livros grossos, aconchegado em sua costumeira mesa de canto na biblioteca. Ele estava tentando encontrar a maldita-informação-extremamente-obscura de que precisava para terminar seu ensaio de Defesa Contra as Artes das Trevas. Tinha a sensação forte de que o volume que precisava estava com a também-maldita-irritante Granger. Ela tinha aquela tendência de pegar todos os livros antes dele.
Ele grunhiu mentalmente ao inclinar-se sobre outro volume de cem páginas sobre vampiros da Europa Oriental. Ao menos Granger os devolvia rapidamente e com tempo suficiente para que ele terminasse suas coisas. Ainda assim, ao menos uma vez, ele gostaria de ter a satisfação de ganhar da garota nisso.
Virou uma página e observou a tabela do índice. Inesperados, braços escorregaram por sua nuca, e um corpo macio, quente, tocou suas costas e lábios familiares beijaram seu rosto. Ele congelou, levando um instante para absorver o perfume ainda-peculiarmente-familiar dela, antes que ele percebesse quem era.
"Oi", Cara disse, soltando-o e se sentando numa cadeira de frente para ele. "No que você está trabalhando?"
Draco apenas encarou-a do outro lado da mesa, de certa forma surpreso. Com certeza, eles tinham algum tipo de... relacionamento, ele achava, mas ainda assim... era estranho, vê-la. Ela o procurando assim.
Ela pegou pena e pergaminho, e olhou-o com um sorriso. Algo morno girou dentro dele. Ele acabaria de acostumando com isso, com os sorrisos dela. Não era mesmo algo a que ele estivesse acostumado, e ele estava se descobrindo ávido por aqueles olhares sorridentes.
"Defesa", ele finalmente respondeu, ainda observando-a.
Ela enrugou o nariz, em outra coisa estranhamente atraente de fazer, pelo que ele pensou. "Oh, é aquele ensaio sobre vampiros, não é?", ela perguntou, arrumando seu vidro de tinta. "Todos os sextanistas da Grifinória andam murmurando coisas nada simpáticas sobre o Professor Weasley. Até mesmo Hermione, e olhe que ela geralmente não fiz nada ruim sobre um professor." Draco resistiu a um sorriso de desdém ao pensamento da normalmente imperturbável Granger toda atormentada por conta de uma droga de um ensaio.
Ele viu-a pegar uma pilha de anotações, fazendo algumas marcas nelas. Ela começou a escrever. "No que você está trabalhando?", ele finalmente perguntou. Sentiu-se desajeitado, puxando conversa. Falando. Não era algo a que estivesse habituado.
Ela deu-lhe um sorriso brilhante, um daqueles sorrisos que ele já encaixava como básicos dela. "Feitiços", ela disse. "O Professor Flitwick disse que poderíamos pegar créditos extras, se quiséssemos, se pesquisássemos as origens e os usos comuns de Feitiços Convocatórios."
Ele ergueu uma sobrancelha. "Você precisa de créditos extras em Feitiços?" Lembrou-se de quando ela gritara com ele em seu primeiro encontro de tutoria, quando ela berrara que tinha notas ótimas em Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas.
Ela virou os olhos. "Não, seu idiota", sem se esquentar. "Eu gosto de Feitiços."
"Hum", foi tudo que ele disse. Ela lançou-lhe um olhar de zombaria, os cantos de sua boca se erguendo mesmo ao voltar ao seu trabalho. Ele continuou olhando-a, a curva de seu queixo, o modo como seu cabelo caía sobre o ombro e como sua mão se movia suavemente sobre o papel.
Cara ergueu os olhos, e o surpreendeu assistindo-a, enrubescendo num vermelho muito vivo. O canto da boca dele se inclinou ao prender os olhos dela com os dele, e o rubor dela aumentou. Ele poderia se acostumar com aquilo, também. Por alguma razão, ele gostava de ver aquela cor quente varrendo o seu rosto. E levava tão pouco para conseguir aquilo, também...
Ele finalmente baixou os olhos de volta para seu ensaio e recomeçou a escrever, mas aquela curva ligeira em seus lábios se recusava a sumir, por mais que ele se esforçasse. Sentiu os olhos dela continuarem sobre ele, o que aqueceu algo dentro de si, algo que geralmente permanecia frio e rígido. Então ela se inclinou e também começou a trabalhar.
Ele... gostava dela, percebeu. Gostava de passar o tempo com ela, mesmo quando não estava saboreando outro daqueles beijos envolventes. Que estranho.
Uma semana depois, Cara estava confortavelmente concentrada no café da manhã, ao mesmo tempo conversando e dando conta de uma tigela de mingau de aveia. Ela cutucou-a, a testa franzida. "Onde está o açúcar mascavo?", perguntou a Gina.
Gina estava naquele momento construindo algum tipo de escultura com seu próprio mingau. "Eu usei pra fazer o esterco", ela disse, e apontou para uma bolha do que costumava ser um adorável e saboroso açúcar mascavo. "Está sendo? São as cercas da fazenda. E aqueles pontinhos são as vacas."
Cara fez uma cara desapontada para o açúcar disperdiçado. "O que é a bolha no meio, então?"
Gina virou a cabeça e enrugou a testa. "Deveria ser o celeiro, embora eu ache que está mais parecido com a casa."
Seu irmão, logo ao lado dela, bufou. "Está mais para uma colina", Rony murmurou, conseguindo cuspir bacon por toda a mesa. Cara olhou afetada paea ele, ainda magoada por ele ter conseguido pegar todo o bacon. Não, ela estava ali encalhada com aquela coisa gosmenta e sem graça em sua tigela.
Logo em seguida o correio chegou, como era todas as manhãs, ao suave som de asas batendo e corujas aparecendo de todos os lugares. Cara não prestou realmente qualquer atenção, já que não estava esperando nada de casa, e mais ninguém a mandava qualquer carta. Conseqüentemente, quando um envelope negro e liso caiu à sua frente, dentro de seu suco de abóbora, ela pulou.
Gina parou o processo de construção de sua obra de arte para olhá-la curiosamente. "O que é isso?", ela perguntou, quando Cara pegou o papel com as pontas dos dedos e tentou secar a carta.
Esta observou o envelope. Sem remetente. "Eu não sei", ela disse, definitivamente curiosa. Era um dos seus defeitos, aquela porcaria de curiosidade. Era o motivo de ela ter caído do teto da cozinha quando tinha quatro anos, porque ficara curiosa para saber aonde estava indo a fumaça do forno.
Abriu o envelope com uma das facas sobre a mesa, e puxou um único pedaço fino de papel, também preto. Ela o desdeobrou para encontrar uma nota pequena, de letras brancas e finas.
Cara,
Diga ao meu querido sobrinho que o verei logo.
B.
"Então?", disse Gina, mexendo em seu "celeiro".
Cara franziu a testa. O que era aquilo, uma piada? "Ei, Rony", ela virou-se para o irmão de Gina. "Você não está tentando me castigar por estar saindo com Draco, não é?", Rony ficara um pouco mais do que desconcertado em saber que a melhor amiga de sua irmã estava, bem, "envolvida" com Draco Malfoy. Foram necessários Hermione, Harry, Gina e mais várias ameaças da própria Cara para acalmá-lo.
Rony balançou a cabeça, tomando o cuidado de não falar com a boca cheia de aveia. Gina estendeu uma mão. "Deixe-me ver", disse ela, e Cara a entregou a carta. Gina fechou a cara ao lê-la. "Quem é o sobrinho?", perguntou.
"Eu não sei", Cara falou. Talvez outra pessoa qualquer da escola estivesse fazendo uma brincadeira. Rony se inclinou para ler a carta, e Harry, tendo que mudar de assento, quase quebrou o pescoço para conseguir ver. Cara estendeu a mão e Rony devolveu a carta. "Talvez Draco tenha uma idéia", ela disse, lançando um olhar para a mesa da Sonserina.
Enquanto dobrava a carta e a colocava de volta no envelope, flagrou Harry franzindo um pouco as sobrancelhas, e olhou-o curiosamente. Seus olhos se encontraram, os dele de um verde brilhante, e por um momento a cabeça dela doeu. Depois ele fechou mais o rosto, e voltou o olhar para sua gosma de café da manhã.
Cara afastou a sensação incômoda que se alojara no fundo de seu estômago quando guardou a carta nos bolsos. Os dois monitores chefes estavam passando pelas mesas, e entregando anúncios aos monitores. Gina se debruçou sobre o irmão enquanto tentava ler por cima de seus ombros. "Então?", Gina perguntou, tentando ver.
Rony empurrou-a para o lado. "Visita a Hogsmeade semana que vem", ele disse, olhando irritado para ela.
Gina sorriu largamente. "Ótimo. Eu preciso de mais penas de açúcar", Cara também sorriu. Talvez ela pudesse convencer Draco a ir com ela e quem sabe ter um... encontro?
Pensando isso, abandonou seu café nada apetitoso e tomou o rumo das escadas. Ela veria Draco à noite e veria o que achava. A carta em seu bolso se amassou enquanto ela ia, e fez uma anotação mental de mostrá-la a ele mais tarde. Afinal de contas, ele era bastante esperto, e talvez tivesse uma idéia sobre de quem seria.
Draco estava esperando por Cara naquela noite, despreocupadamente examinando sua Poção Mata-Nervos. A Professora Stone dissera que estava excelente, e sugeriu que ele tentasse adaptar o seu uso a animais diferentes. Aquilo requereria a descoberta de qual era a quantidade certa para cada espécie, e a magia contida em cada uma também afetaria todo o processo. Era um desafio interessante, e outro que se encaixava nas mesmas linhas de seu próprio esperimento secreto.
Ele testara seu frasco mais cedo, aquela mesma tarde, derrubando algumas gotas no braço e esperando pelo resultado. A pele ficara dormente, e continuara assim quando ele espetou um alfinete no lugar. Claro, o efeito passara muito depressa, o que o fez concluir que deveria aumentar a dose de dedaleira na poção.
Ergueu os olhos quando a porta da sala de aula se abriu e Cara entrou saltitando, parecendo alegre e sorridente e... um pouco suja. Resistiu ao impulso de sorrir com malícia. Ficou-se perguntando se ela teria pulado dentro de uma lata de lixo, dados os traços em seu rosto e a poeira no cabelo.
"Ooh", ela exclamou, jogando a mochila pra baixo. "Você sabia que há uma armadura encantada guardando o atalho da Torre de Astronomia agora?"
Draco ergueu uma sobrancelha. "Não", disse.
Ela fez uma careta. "Eu tive um pequeno imprevisto", ela disse, esfregando o rosto e tirando a sujeira.
Draco não conseguiu resistir. Era uma oportunidade boa demais. "Aqui, você está fazendo tudo errado", disse sombriamente, e estendeu uma mão. Usando um polegar, ele lenta e deliberadamente limpou a poeira, deixando as pontas dos seus dedos passearem pela pele macia, suave. A bochecha sob sua mão esquentou-se quando ela enrubesceu, exatamente como ele queria. Ele deu outro sorriso muito malicioso, e escorregando a mão para a parte de trás da cabeça dela, não resistiu a aproveitar a oportunidade de outro beijo ricamente satisfatório.
Deixando-a ir alguns momentos depois, desfrutou a visão de olhos delicados e até mesmo zonzos, antes de recuar relutantemente. "Esta noite você precisa terminar sua Poção de Regeneração", ele disse, voltando a sua cadeira. "E pelo amor de Merlin, não esqueça o pó de flor de nós moscada."
Ela olhou com raiva para ele, mesmo quando seus olhos continuavam suaves. "Cale a boca", ela disse. "Não é exatamente que eu queira ficar inteira roxa."
Ele ergueu uma sobrancelha esquelética, deliciando-se até com o modo como ela mostrava a língua pra ele. Fazia-o pensar em outras coisas, muito mais prazerosas; entretanto, voltou a se enterrar em seu dever de Herbologia.
Escutou quase distraidamente enquanto ela se movia para lá e para cá, cantarolando sem nexo como costumava fazer. "Oh!", ela exclamou alguns minutos depois. "Eu quase esqueci, você ouviu dizer que semana que vem vai ter uma visita a Hogsmeade?"
Draco ouvira. Ignorara a informação, entretanto, sabendo que não tinha nenhum plano de ir. "E daí?", ele perguntou friamente, sem erguer os olhos. Não queria ficar distraído de novo.
"E daí...", ela hesitou por um momento. "Eu estava, hum..." Foi quando ele realmente ergueu a vista, estreitando os olhos. Ele não ouvia Cara soar tão incerta havia já algum tempo. Ela olhou-o e ficou vermelha, antes de baixar os olhos para seu caldeirão. "Eu estava esperando que nós pudéssemos ir e ter, hum, algo como um encontro", ela finalmente murmurou.
Draco encarou-a, sentindo algo morno espalhar-se em seu peito. Era aquela mesma "coisa" que começava sempre que ela sorria para ele, ou enrubescia depois que ele a beijava. Ela queria ser ligada a ele publicamente. Ela honestamente não se importava se ele era Draco Malfoy, que a maioria da escola o odiava até as tripas. Ele sabia que ela acabara arrumando algumas provocações, algumas indiretas de suas colegas de Casa sobre os rumores de seu envolvimento com ele, mas querer aquilo tão público?
Ele se levantou, não inteiramente certo sobre o que dizer, e estava prestes a se inclinar para tocá-la, quando ela se mexeu e um envelope preto escorregou seu seus bolsos. Draco baixou os olhos e franziu a testa. Parecia familiar...
"Onde você conseguiu isso?", ele perguntou, abaixando-se e pegando-o. Tão logo pegou-o, ele soube. E o calor transformou-se em gelo.
Cara olhou o papel, e também franziu o cenho. "Ah, eu ia mesmo te perguntar se você tinha alguma idéia do que isso poderia ser", disse. "Eu recebi no café da manhã, hoje." Ela deu de ombros. "Provavelmente outra piada."
Severamente, ele puxou o papel e desdobrou-o, lendo a mensagem em silêncio. E também em silêncio, ele atravessou a sala e derrubou o papel na lareira, observando-o queimar. Maldita Bellatrix. Maldita.
"Draco?", Cara disse atrás dele, soando confusa. "O que diabos...?"
Ele girou para encará-la. "Você não vai para Hogsmeade", ele disse curtamente. "E nem eu."
O queixo dela caiu e por um momento ela engasgou. "O quê?", disse.
"Você me ouviu", ele disse friamente, esforçando-se para esmagar a mistura perigosa de dor e fúria e raiva de sua tia dentro de si.
As sobrancelhas dela se cerraram. "Olhe, você pode me dizer que não quer um encontro, tudo bem. Mas não me diga o que posso ou não posso fazer." Parecendo furiosa então, atirou pra dentro da bolsa uma colher e jogou a mochila sobre os ombros. "Estranhos, os nervos" ela continuou. "Você beija o cara algumas vezes, e ele já pensa que é o rei do mundo."
Draco agarrou o braço dela, tentando ter certeza de que ela entendera. Que ela faria como ele dissera, que ficaria em segurança dentro do castelo e longe de Bellatrix com seus planos infelizes. Cara afastou-se, entretanto, e ele se endireitou, rígido. "Você não vai", ele sibilou. "E ponto final."
Ela resmungou algo para ele, e girando, irrompeu para fora da sala. Draco deixou um suspiro escapar entre os dentes, sentindo-se enfraquecer com a ausência dela e amaldiçoando-se. Ele era fraco. Seu pai já o teria esmagado no chão àquela altura, se o velho bastardo não estivesse morto.
"Inferno sangrento", ele grunhiu, e erguendo sua própria mochila, tomou o rumo de seu dormitório.
Sonora saiu do escuro de seu escritório quando a porta da sala de aula bateu fechada pela segunda vez. Observou o lugar onde Draco estivera, profundamente confusa sobre o que acabara de acontecer. O que o garoto estava pensando?
Olhou para a lareira. O que quer que ele jogara ali já estava às cinzas. Será que algo estava errado, ela se perguntou. Ela via uma certa suavidade em Draco, que não enxergava ali antes de Cara. Não parecia certo a ele ficar dando ordens para a garota que fizera tudo aquilo.
Ainda de testa franzida, ela voltou para sua sala. Severus estava numa reunião com Dumbledore. Ela o perguntaria se tinha visto algo de errado em Draco, ela decidiu. Porque seus instintos a diziam que era alguma coisa, e ela não tinha intenção de perder um garoto que se esforçara tanto para tirar do lado das trevas.
