Incógnitos

N/A – Meus queridos leitores: preparem-se, ainda há alguns pontos a esclarecer antes do fim. E outras coisas para se desenvolverem...

N/T – Perceberam? A fic está terminando! Só faltam o último capítulo e o epílogo, que eu devo terminar semana que vem. Falem a verdade... Eu fui muito eficiente nesta tradução! Logo devo começar a terceira também, não falta muito. Na verdade, eu queria ter publicado tudo hoje, mas tive que dividir meu tempo de computador com minha história original, que estou passando a limpo, e com os rascunhos de umas fics novas... Mais ou menos assim... Alguma DG... Mas isso fica entre nós!

Capítulo Vinte – O Resultado da Escuridão

McGonagall e Snape aparentemente haviam trazido uma Chave de Portal consigo, porque Draco descobriu-se tentando se firmar sobre os pés quando eles apareceram na enfermaria de Hogwarts.

"Traga-a até aqui, professora", Madame Pomfrey disse vivamente atrás dele. "Potter, Malfoy, McDouglas, vocês fiquem naquelas três camas e não se mexam até eu mandar."

Draco manteve a boca fechada, quando percebeu que aquela não era a melhor hora para chamar a atenção para si mesmo, e ao invés disso ajudou Cara até cama. Ela estava curvada pesadamente contra ele, e foi só com a ajuda de Potter que ele foi capaz de carregá-la até a cama mais próxima. Ele estava respirando com dificuldade quando a aconchegou sobre os travesseiros.

Potter logo se afastou, pegando uma cama do outro lado da sala, bem distante, ao invés daquela sobre a qual estava então Cara, de olhos de fechados. Draco supôs que fosse outro tipo de gentileza da parte do outro garoto, ao qual ele devia ser grato. Naquele momento, entretanto, ele estava muito ferido e muito cansado para ter qualquer porcaria de gratidão.

Madame Pomfrey estava murmurando coisas por cima da Weasley mais jovem conforme Draco se ajeitava sobre a estreita cama de hospital. Cada terminação nervosa em seu corpo ardia ao forçar seus músculos exaustos a se mexerem.

A porta irrompeu aberta e os leais lambe-botas de Potter vieram correndo. "Harry!", Granger exclamou, alcançando-o primeiro.

"Está bem, cara?", Rony disse, parecendo preocupado. "Nós encontramos a sua mochila no chão e..." sua voz falhou ao descobrir sua irmã. "Gina", ele disse, a voz enfraquecida.

Draco observou com certo interesse enquanto Granger o segurava pelo braço. "Espere, Rony", disse ela suavemente. "Madame Pomfrey está com ela." O corpo do outro estava tenso e praticamente forçando contra ela, mas Weasley não se mexeu. Apenas assentiu com firmeza e ficou parado, assistindo.

Granger olhou de volta para Potter, a mão ainda firme sobre o braço de Weasley. "O que aconteceu, Harry? Você está OK? A Gina está OK?"

"Acredito que todos gostaríamos de ouvir o que o Sr. Potter e o Sr. Malfoy têm a dizer", veio a voz da Professora McGonagall, severa e contida. "Entretanto, vocês dois terão que esperar sua vez. O Professor Dumbledore está os esperando em sua sala assim que Madame Pomfrey os liberar."

"Malfoy", Weasley disse, sua voz um devagar, lento, furioso murmúrio. Ele girou e viu onde Draco estava sentado, as sobrancelhas espremidas e juntas, e começou a andar na direção dele. "Que diabos você fez, seu filhote de..."

"Sr. Weasley! Linguagem!", McGonagall ralhou. Draco e o outro garoto a ignoraram, entretanto, ao fitarem um ao outro. Francamente, Draco estava um pouco cansado demais para o tipo de luta que Weasley claramente queria, mas ele se daria mal se recusasse a oferta.

"Eu, Weasley?", ele falou com voz arrastada, propositalmente o irritando. "Puxa, eu me sinto tão especial. Seu amigo Potter também estava nesta linda aventura, por que você não soca primeiro?"

Rony abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas McGonagall o interrompeu. "Já é o suficiente", ela sibilou. "Sr. Weasley! Srta. Granger! Para fora, os dois!" O dedo dela apontado diretamente para o rosto de Weasley fez o ruivo alto percebeu que estava prestes a arrumar uma briga na frente de múltiplos professores, e fez o que fora mandado. Não sem um último olhar assassino para Draco, claro.

Draco dispensou os dois de sua mente tão logo as portas da enfermaria se fecharam atrás deles, e olhou então para Cara. Ela estava deitada imóvel, bem onde ele a deixara, com apenas o movimento regular de subida e descida de seu peito, acusando que ela ainda estava viva. "Cara...", ele disse em voz baixa, precisando ter certeza de que ela ainda estava com ele, ainda desperta e não em qualquer estado de inconsciência como sua amiga.

Ela virou a cabeça ao som de seu nome, e suaves olhos escuros, cheios de dor encontraram os dele. "Ei", ela disse suavemente. "Está bem?"

Draco não pode conter um sorriso, tenro e morno, que escapou dele. "Estou", mentiu. "Não durma, certo? Fique acordada, deixe que Madame Pomfrey vai vir dar uma olhada em você."

A porta se abriu novamente, e ele ergueu os olhos para desta vez ver a Professora Stone entrando sem cerimônia. Os olhos dela percorreram o aposento, parando onde Snape estava inclinado sobre Gina Weasley com a curandeira da escola, antes de notar o resto deles.

Draco baixou os olhos quando os dela passaram por si. Não queria ver as reprimendas, o desapontamento que devia estar ali. Ele conseguira mandar quatro pessoas, incluindo ele próprio, para a ala hospitalar. Dois deles, duas garotas inocentes que agora estavam gravemente feridas.

Uma mão quente pousou em ombro e ele sobressaltou-se, surpreso em ver que a Professora Stone conseguira se aproximar dele sem ser notada. "A maldição crucio, Draco?", ela perguntou calmamente, e sem outra saída ele ergueu a vista para ela, temeroso do que veria.

E ao invés de recriminação, de culpa, ele viu preocupação, alívio e carinho suficiente para fazer algo estranho se formar em sua garganta. Conseguiu inclinar sua cabeça ligeiramente em resposta quando os dedos dela apertaram vivamente seu pulso, braço e nuca. Cada toque daquelas mãos mornas era como um atiçador quente para seus nervos inflamados e tudo que ele pode fazer foi fazer uma careta em resposta.

A Professora Stone finalmente suspirou, e puxou de seus bolsos uma garrafa de vidro azul escuro. "Tome dois goles disso", ela disse a ele, arrancando a tampa e pressionando-a sobre a mão dele. Draco estava ainda engasgado com aquele bolo na garganta, sendo que teve que se forçar a erguer o frasco até seus lábios. Obedientemente, tomou dois goles, e para sua surpresa sentiu uma mornidão deliciosa começar a percorrer sua pele, confortando suas pulsantes terminações nervosas. A Professora Stone, enquanto isso, estava murmurando feitiços de cura, emendando a pele partida a seu ombro, seu joelho, e suas mãos. E todos os lugares de que ele se esquecera.

"Cara precisa de um pouco", ele conseguiu dizer, uma nota áspera em sua voz. Houve então um toque suave na maçã de seu rosto e em seu cabelo antes que a Professora Stone se virasse para a outra cama. Draco apenas se sentou e focou sua atenção na súbita queimação em seus olhos. Ele não tinha motivo para se sentir daquele jeito, nenhum motivo para lutar contra lágrimas inesperadas.

"Severus, Poppy", a Professora Stone disse, sua voz mais alta e subitamente mais severa. "É melhor virem aqui."

Draco girou o rosto a isto, sem perceber que não havia mais dor e encarou a forma imóvel de Cara na outra cama. "Cara?", ele disse, um toque de pânico escapando em sua fala. Conteve este toque, com dificuldade, e engoliu em seco. "Cara?", disse de novo, com mais força.

A Professora Stone estava inclinada sobre ela, de varinha em mão, murmurando feitiços enquanto Madame Pomfrey se apressava até ali. A curandeira deu uma longa olhada e seus lábios se crisparam fortemente, antes que sua própria varinha estivesse à mão e as duas mulheres começassem a trabalhar ao mesmo tempo. Draco simplesmente assistiu, o peito cheio com medo.

Uma mão mais pesada pousou em seu ombro. "Dumbledore está nos esperando", disse a voz de Potter atrás dele.

"Dumbledore pode esperar", Draco atirou de volta, balançando as pernas para se levantar. Sem nunca tirar os olhos da figura inclinada diante de si. Ele não deixaria Cara, não quando ela estivesse deitada tão parada e pálida...

A mão apertou-o. "Eles não vão te deixar ficar", insistiu a voz de Potter. "Confie em mim, eu sei. Assim que você se levantar, eles vão se lembrar que você está aqui e te chutam pra fora." Houve uma profusão de amargura naquelas palavras. Draco continuou tenso e pronto para ir ao lado de Cara a qualquer momento. "McGonagall está esperando."

A mão se afastou, mas Draco não se mexeu. Nem achou que pudesse. "Sr. Malfoy", o tom estridente da professora de Transfiguração o cortou. "Agora, se não se importar."

A cabeça de Madame Pomfrey ergueu-se por um breve momento, de cenho franzido. "Vá, Sr. Malfoy. Você não pode fazer nada aqui, e desde que a Professora Stone já cuidou de você, você pode ir ver o diretor." E então ela baixou-se de novo, desta vez porque uma cortina estava magicamente girando para envolver a cama, desaparecendo totalmente da vista de Draco.

Draco trancou um punho. Maldição... teve que se forçar a ficar em pé, a andar até o portal onde McGonagall e Potter estavam esperando. Ele não lançou qualquer olhar para eles, passando direto. Ele sabia onde era o escritório de Dumbledore. Não iria esperar nenhuma droga de escolta, porque se esperasse, tinha plena certeza de que daria meia volta até aquela ala hospitalar e começaria a disparar feitiços de tiro a qualquer um que se metesse em seu caminho. E nada daquilo seria um movimento terrivelmente esperto de sua parte. Engraçado, ele se descobria fazendo várias coisas que não eram bem terrivelmente espertas desde Cara...

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Dumbledore estava quieto, contente em se sentar e ficar olhando para ele e para Potter. Draco não disse uma palavra, apenas se sentara chafurdado na confortável poltrona que aparentemente o estivera esperando. Era peculiar, saber que ele estava pensando a mesma coisa que o Garoto Maravilha.

Conseqüentemente, foi o velho atrás da escrivaninha que primeiro quebrou o silêncio. "Draco", ele disse, a voz gentil, os olhos azuis e estranhamente gentis. "Por que você não começa. Fale-me sobre Bellatrix."

Draco não se mexeu. Não estava terrivelmente inclinado a dividir a história com ninguém, nem mesmo o diretor. Ele podia não desprezar mais o homem da mesma forma como fazia em seus primeiros, mas tampouco era seu fã. Estava vagamente impressionado pelo poder, idade e controle que o velho bruxo emanava.

Dumbledore continuou a olhá-lo daquele jeito, entretanto, e finalmente se descobriu abrindo a boca.

"Bellatrix passou o verão na Mansão Malfoy", disse depressa. "Ela disse que ia me matar pelo que aconteceu no ano passado... com meu pai", forçou-se a dizer.

"Por que ela não te matou durante o verão?", perguntou o diretor. Os olhos ainda gentis.

Draco bufou, quase instintivamente. "Ela gosta de caçar", disse, gelo em suas palavras.

Dumbledore assentiu levemente. "Bellatrix sempre foi uma garota esperta e perspicaz", ele disse. "Mesmo quando aluna, ela se deliciava mais com a antecipação de algo do que com o próprio evento." Na outra poltrona, Potter suspirou sem se conter. Potter estava categoricamente sendo deixado de lado por algum motivo, Draco percebeu. Interessante.

E por algum motivo, saber que o Garoto Maravilha estava inquieto fez Draco relaxar só um pouco. "Ela me informou, através de cartas, de suas intenções de continuar e concluir o jogo depois que eu chegasse a Hogwarts." Continuou com frieza. "Ela também inseriu Cara McDouglas em suas ameaças."

Dumbledore assentiu de novo. E então olhou para Potter. "Harry?", perguntou, voz regular.

"Eu estava tendo sonhos sobre Bellatrix", Potter disse, as palavras contidas e curtas. "Então também recebi uma carta. Eu avisei Draco hoje, mais cedo." Hmmm... Draco pensou curiosamente. Potter estava sendo tremendamente ríspido com o diretor. Interessante.

"Por que nenhum de vocês foi até um dos professores, ou eu mesmo, com todas essas informações?", Dumbledore finalmente disse, os olhos inquisitivos.

Potter foi quem falou primeiro. "Não era da sua conta", disse em tom inflexível.

Dumbledore ergueu as sobrancelhas. "Como diretor, tudo que afeita o bem estar de um aluno é da minha conta". Potter bufou baixinho sob aquele argumento e Draco se descobriu ficando muito, muito curioso sobre o que seriam todos os fatos incógnitos correndo entre aquela sala. Entre ele mesmo, o Menino-Que-Sobreviveu, e o velho bruxo atrás da mesa, havia muita tensão preenchendo o ar. Muito mais do que ele imaginara. Claramente, havia algo que ele não sabia acontecendo.

"Talvez os alunos não sintam a necessidade de comunicar cada pequena coisa com pessoas que não demonstram nada da mesma cortesia em retorno", Potter sibilou, raiva escapando de seu tom.

Dumbledore apenas olhou para Potter por um longo momento, e então se voltou para Draco. Ele pensou ter captado uma certa tristeza nos olhos do homem. "Como se passaram os eventos desta noite?"

"Bellatrix plantou uma Chave de Portal de única ida", Draco falou, inflexível, não muito diferente de como Potter fizera mais cedo. "Gina Weasley aparentemente a ativou por acidente. Cara a seguiu. Potter e eu fomos atrás delas."

Dumbledore tentou arrancar mais de ambos os dois, mas nenhum estava inclinado a contar em grandes detalhes a luta daquela noite. Finalmente o diretor suspirou, seus olhos azuis tristes e exaustos. "Está tarde, e ambos os dois tiveram uma noite difícil. Sugiro que vão para suas camas, e eu falarei com vocês pela manhã."

Potter se levantou rapidamente e deu um frio aceno de despedida antes de sair. Draco, logo atrás dele. Estava exausto e preocupado e tão logo desceu as escadas do escritório do diretor, tomou o rumo da ala hospitalar. Ele veria Cara, nem que tivesse que enfeitiçar tudo em seu caminho para isso, ele pensou sombriamente.

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Draco encarou o gelado céu noturno. As estrelas estavam brilhantes e a temperatura baixa parecia fazê-las estalar mais do que o usual. Sentou-se sobre o mesmo banco da Torre de Astronomia que ele e Cara haviam estado da última vez, e apenas continuou encarando as estrelas.

Madame Pomfrey o pegara tentando invadir a ala hospitalar, e claramente o expulsara dali, quase dando-o um tapa nas orelhas. Coisa essa que o fez endireitar a coluna e resmungar algo furioso para a mulher. Um Malfoy não era tratado como uma criança sem rumo, por ninguém.

Mas ela mencionara durante o processo que Cara estava dormindo E que ela ficaria bem, assim que amanhecesse. E então ela ficou tentada a mudar de idéia e deixá-lo entrar na enfermaria para passar a noite sob observação, e ele então sumira. Não ficaria na enfermaria. Era muito... inseguro para que pudesse dormir adequadamente. E desde que soubesse que Cara ficaria bem, estava livre para vagar e arrumar um canto escuro tranqüilo para pensar.

E era o que ele estava fazendo agora, pensando. Revivendo momentos do verão passado, e dos anos anteriores. O ódio, a violência, as várias vidas que haviam minguado com a sua. A escuridão que pervertera sua família e a qualquer um que tocasse. Mesmo que ele tivesse conseguido arrastar Cara para aquelas trevas, apesar da sua intenção de fazer o oposto. Agora, graças a ele, ela estava adormecida e ferida num lado distante do castelo.

Continuou observando as estrelas, sem vê-las. Como ele poderia seguir, com aquela nuvem negra que pairava sobre ele e sobre seu próprio nome... Ele nunca estaria livre daquilo, e qualquer pessoa que se ligasse a ele também nunca ficaria livre dela...

Ele foi subitamente arrancado de seus devaneios pela abertura da porta de empurrar. Instintivamente pegou sua varinha, apontando-a para a cabeça que surgiu. Não se mexeu até que a pessoa aparecesse e se revelasse a ele.

"Olá, Draco", Harry Potter disse friamente.