Incógnitos

N/A – Jade: Estou tão feliz que você esteja lendo e gostando! Eu também gosto da Cara... e quem ia querer um Draco OOC? (N/T: signinifica 'out of character', um personagem 'fannon', ou seja, distorcido do que ele realmente é pelo autor da fic.) Ele é tão, hum, intrigante do jeito que é... estalando lábios

MetroDweller: Depois do livro 5, eu simplesmente não consigo imaginar Harry sendo tão bonzinho quanto ele era antes... No meu mundo maluco, Harry tem uma certa quantidade de problemas pra superar antes de ficar bem de novo. (Alguém aí sente o cheiro de pistas? Hehehe.)

Para todos os leitores: este capítulo contém o que na América é proibido, menores de idade bebendo, embora eu acredite que seja legal na Grã-Bretanha. De qualquer forma, não liguem isso é apenas uma história e parte do enredo.

Capítulo Vinte e Um – Percepções sob o Ogden

Draco não baixou a varinha; sua mão estava rígida e estável quando apontou entre os olhos de Potter. "O que você quer, Potter?", perguntou friamente.

O outro garoto pareceu ignorar o fato de que Draco tinha uma varinha apontada para ele – algo ao mesmo tempo muito corajoso e muito estúpido. Ao invés disso, ele se abaixou e se ergueu com um pacote em mãos, falando alguma coisa muito baixa para alguém ali atrás, depois empurrando e fechando a porta. Draco não se mexeu.

Potter pareceu olhá-lo sobre a fria escuridão da Torre de Astronomia, seus olhos faiscando no escuro. Por um breve momento, Draco sentiu sua cabeça começar a doer, uma pressão de denunciando atrás de seus olhos...

"O que diabos você está fazendo?", ele vociferou, os dedos apertando mais a varinha, ainda direcionada para o Garoto Maravilha.

Potter pareceu piscar, e então uma expressão cansada atravessou seu rosto antes que ele desviasse a vista. Draco permaneceu parado, seguindo o progresso do outro enquanto rolava sobre um banco próximo, sentando-se casualmente sobre ele, o pacote ainda perto dele.

"Você pode muito bem apontar isso pra lá, porque eu não vou sacar a minha", Potter disse brandamente, puxando uma garrafa pequena e grossa que parecia vagamente familiar, conseguindo retirar o lacre e levando-a aos lábios. Tomou um longo gole antes de baixá-la e a estender a Draco. Balançou-a um pouco diante do outro. "Imaginei que você poderia pegar um pouco disso, também."

A mente de Draco trabalhou furiosamente. Aquilo poderia ser alguma espécie de truque? O que Potter estava tentando arrumar ali?

Um canto da boca do outro garoto levantou-se num sorriso sádico e pouco característico dele. "Rony está de olho na porta, ninguém vai entrar aqui essa noite." Seu sorriso se torceu um pouco mais. "Hermione está o ajudando, embora eu ache que ela está até agora murmurando todos os efeitos colaterais do licor. Pobre Rony."

Draco ficou parado por mais um momento antes de, lentamente, baixar a varinha. Potter ainda segurava a garrafa estendida para ele. Outro momento se passou, e então Draco guardou a varinha no bolso, pegando depois a garrafa. Olhou de soslaio para esta na escuridão. O melhor Ogden. Bem, bem, bem, aparentemente o Potter Perfeito tinha um lado 'mau', afinal de contas. Levou o frasco aos lábios e tomou um grande gole. Queimou todo o caminho que percorreu em sua garganta, aterrissando em seu estômago com um baque que não foi mal vindo.

Devolveu a garrafa assim que sentou. "Eu ainda não gosto de você, você sabe.", disse.

Potter deu de ombros, tomando outro gole. "Eu também não gosto muito de você"

Draco aceitou a bebida de volta. "Onde você arrumou isso?", perguntou.

Potter riu desdenhosamente enquanto Draco bebia. "Rony conseguiu com um dos seus irmãos. Estava guardando para uma ocasião especial."

Draco fez uma careta ao repassar outra vez a garrafa. "Tantos malditos Weasleys", disse. "Eu não gosto deles, também."

Potter riu, erguendo a garrafa. "Eles também não são terrivelmente aficionados por você. Talvez ninguém seja, a não ser Cara ou a Professora Stone, na verdade."

Draco sacudiu os ombros e encarou o céu noturno. "É", murmurou.

Na hora seguinte, hora e meia, duas horas, passou no que tornou uma distorção crescentemente prazerosa de resmungos e bebidas. Ele e o outro garoto ao seu lado pareceram absortos em seus próprios pensamentos, seus próprios problemas.

E foi Draco quem, para sua própria surpresa. "Eu não posso continuar com Cara", disse, arrastando um pouco demais suas palavras.

"Ao menos você a teve", Potter resmungou. "Eu não posso ter ninguém. Desgraçado do Voldemort."

Draco riu asperamente e pegou mais uma vez a garrafa. "Todos que se misturam com um Malfoy não conseguem escapar sem alguma cicatriz. Eu aposto como Cara conseguiu algumas belezinhas agora." Tomou um gole comprido. Já havia parado de queimar sua garganta alguns litros de licor atrás.

Potter escorregou até que estivesse sentado no chão, encostado no banco, encarando o céu. "Ela te ama", disse lentamente, cuidadosamente.

Draco bufou e tomou outro gole. "E daí?", disse amargamente. Enquanto seu peito de erguia com um sonoro soluço.

Potter virou a cabeça para encará-lo no escuro. "Você não pode se livrar do amor", disse. E aqueles malditos olhos verdes brilharam mais sem luz. "Ele volta pra te dar uma boa mordida no traseiro." Estendeu a mão para a garrafa, e Draco a devolveu. "E Cara provavelmente vai te matar e deixar em pedacinhos antes que você consiga se livrar dela."

Draco percebeu-se vendo uma imagem mental de Cara entrando furiosa e sumindo com suas meias, e sua boca se curvou num sorriso admitidamente bêbado. Inferno, ele estava bêbado. "Ela fez minhas meias desaparecerem uma vez", disse.

Harry engoliu e sorriu afetado. "Provavelmente aprendeu com a Gina", disse. "Ela gosta de fazer isso com os seus irmãos." O sorriso se tornou melancólico, e Draco estava bêbado o suficiente para ficar curioso com isso. "Fez isso comigo uma vez, antes que as aulas recomeçassem."

"Você tem uma coisa por essa Weasley em miniatura", Draco percebeu com uma parte restante de seu cérebro, que não estava claramente funcionando como sempre.

Então foi a vez de Potter de soar amargo. "Não posso", ele disse. "Eu tenho que matar o desgraçado do Voldemort", atirou o nome num som largo e áspero. "As pessoas à minha volta morrem. Eu não posso ter ninguém."

Draco escorregou para ele próprio se sentar sobre o chão de pedra frio, sua cabeça girando um pouco ao fazer isso. Merda, ele bebera mais do que percebera. "Você não pode se livrar do amor", resmungou. "Ele volta pra te dar uma boa mordida no traseiro."

Potter gargalhou, o que acabou sendo um som explosivo, que ecoou na noite cálida e fria. "Isso é pra você. Quanto a mim, só resta ter um encontro com a porra do destino. Maldito Dumbledore."

"O quê, o pequeno Potter desdenhando seu herói?", Draco falou com malícia, embora seu tom tenha sido um pouco flácido, devido ao álcool.

"Eu sou o herói, você não sabia? Tenho que salvar toda a droga do mundo, ou será o inferno na terra. Ninguém se incomodou em me perguntar se eu queria a porcaria da profecia." Potter estava murmurando agora, e a cabeça de Draco recomeçava a doer, desta vez uma dor pulsante que continuava crescendo.

"Potter!", ele finalmente exclamou, esticando um pé e chutando o outro garoto nas canelas. "Pare, desgraça! Eu não sei o que você está fazendo, mas dói demais!"

A dor parou abruptamente, e Potter esfregou uma mão no rosto. "Estou bêbado", ele disse, baixando a mão e encostando para trás a cabeça. "Tenho menos controle assim. Desculpe."

"Apenas pare", Draco murmurou. A parte que ainda trabalhava de seu cérebro registrava que ele estava sentado, bebendo, e tendo uma conversa com Harry Potter, seu velho inimigo. "Por que o velho não pode fazer ele mesmo?"

Desta vez o riso foi alto e amargo. "A maldita profecia, aí está o porquê. Um não pode existir enquanto o outro viver. Matar ou ser uma droga de um morto." Potter apontou um polegar trêmulo para si mesmo. "Sou eu."

Draco fechou a boca. Ele esytava tendo problemas para processar tudo aquilo, e no momento não estava muito preocupado com isso. "A vida é uma droga", ele disse, e pegou a garrafa.

"É", Potter murmurou.

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Draco deveria ter dormido, ou apagado, ou qualquer coisa parecida, porque a próxima coisa de que lembrava era de estar sentado com uma pontada na nuca, e muito frio sob o fraco sol da manhã. Ele se contorceu sob a luz, resistindo ao impulso de grunhir. Merda, merda, merda. Ele já tomara um pouco do licor de seu pai, às vezes com companhia, às vezes sem. Dependia dele estar numa festa ou tentando afastar qualquer dor. Ele conhecia uma ressaca quando tinha uma.

Houve movimento a alguns passos de distância, e Draco virou a cabeça tão depressa, que teve que engolir algo que subiu por sua garganta. Potter grunhiu. "Desgraça, eu odeio a manhã seguinte", ele murmurou. O garoto dos cabelos pretos ergueu a cabeça e olhou para Draco, os olhos verdes estreitos através da luz.

Draco observou-o afetado. "Eu não gosto de você", resmungou entredentes.

Potter bufou e então recuou. "O mesmo comigo", disse, antes de respirar fundo e se empurrar sobre os pés. "Foda, foda, foda", ele murmurou, passando uma mão pela cabeça. "Espero que a Hermione não tenha ficado louca o suficiente pra não me arrumar algo pra essa ressaca."

Draco apenas ficou sentado e observou o outro fazendo seu caminho até a porta se empurrar, empurrando-a e vagarosamente começar a descer. "Potter", afinal disse, quando o garoto já estava no meio do caminho. Um olhar esverdeado encontrou o seu. Draco não podia dizer as palavras, não para a pessoa que fora seu pior inimigo, com a exceção de seu pai, por tanto tempo. Ao invés disso, ele apenas assentiu rigidamente, ignorando as reviradas de seu estômago.

Potter encarou-o por um momento, e então um canto de sua boca se curvou. "É foda-se você também, Malfoy", disse. E então desapareceu.

Draco permaneceu sentado e ficou olhando a manhã, através dos jardins frios e congelados de Hogwarts. Ele ficara bêbado com Potter na noite passada, admitira que amava Cara para seu pior inimigo. Embora ele não estivesse certo se poderia chamar o outro daquela forma agora. Você poderia dividir uma garrafa de whisky de fogo com alguém e continuar inimigo desse alguém?

Draco bufou para si mesmo. Com certeza, por que não, ele decidiu. Ele não ficaria amiguinho de Potter só por isso. Ele apenas poderia deixar de desejar sua morte dali por diante.

Franziu a testa diante de tal pensamento, as palavras da noite passada circulando em seu cérebro. Algo sobre matar... não conseguia se lembrar. O que ele poderia se lembrar de Potter falando sobre Cara...

Potter virou a cabeça para encará-lo no escuro. "Você não pode se livrar do amor", disse. E aqueles malditos olhos verdes brilharam mais sem luz. "Ele volta pra te dar uma boa mordida no traseiro." Estendeu a mão para a garrafa, e Draco a devolveu. "E Cara provavelmente vai te matar e deixar em pedacinhos antes que você consiga se livrar dela."

Draco grunhiu em voz alta daquela vez. Foda. Cara. Amor. Quando, em nome de Merlin, ele se perguntou sombriamente, as coisas tinham ficado tão complicadas? Um Malfoy não se apaixonava. Era uma regra não-escrita. Eles faziam casamentos entre sangues-puros com famílias saudáveis, tinham herdeiros apropriados, e mantinham sua linhagem limpa e fria. Ele encarou os jardins. Cara não era limpa e fria. Ela era confusa e selvagem e carinhosa e tão envolvente, de seu próprio modo genuíno.

Ele suspirou. O que acabaria fazendo?

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Cara despertou lentamente, e grunhiu ao perceber que estava toda dolorida e rígida como uma tábua. Maldição. Ela odiava as camas do hospital. Você pensaria que são as mais confortáveis da escola, desde que você já viesse bem miserável para se recuperar sobre elas, mas nããããããão...

Madame Pomfrey chegou tropeçando, e interrompeu seu processo de pensamento. "Bom dia, Srta. McDouglas.", disse com voz aguda. "Você acordou, bem na hora." Ela começou a misturar toda a sorte de líquidos num vidro. "Beba isto", ela ordenou.

Como esperado, era tão ruim e pegajoso que Cara engasgou, tentando engolir. Enquanto isso a enfermeira circulava por todo o lugar. "Você tem sorte, a Professora Stone conseguiu curá-la do pior dos seus ferimentos", ela estava dizendo. "Aquela poção contra a crucio, realmente, muito útil. O Sr. Malfoy pode sair logo à noite..."

A cabeça de Cara se ergueu a isto. "Draco está bem?", perguntou ansiosamente. A última coisa que ela conseguia se lembrar era de ter apontando a varinha de qualquer jeito para as costas de Bellatrix quando Draco caíra diante dela...

Madame Pomfrey fungou. "Muito bem", ela disse. "Imagino que ele apareça mais tarde para te ver, julgando pela maneira como tive que expulsá-lo daqui ontem". A enfermeira ainda estava murmurando ao passar por um cortinado e depois desapareceu.

Cara respirou fundo sobre a cama estreita e encarou as cortinas brancas que envolviam sua cama. Draco... Bellatrix estava ou morta ou na cadeira, decidiu. Estava acabado. Começou a sorrir antes que outro pensamento lhe ocorresse. Estava acabado, ela pensou de novo. Oh, Deus. Teve uma impressão desconfortável de que Draco fosse tentar afastá-la, a noite passada devia tê-lo assustado demais.

Pressionou uma mão sobre seu estômago dolorido, parte de seu cérebro se perguntando como aquilo acontecera, e respirou fundo de novo. Ela era uma grifinória. Ele podia correr, mas não podia se esconder, ela pensou determinadamente.

"Madame Pomfrey", ela chamou e empurrou as cobertas para o lado, fazendo uma careta a isto. "Eu gostaria de me levantar..."