Patty - Tá aqui, mais um capítulo. Espero que você goste.

Vale um alerta para linguagem nesse capítulo - há palavrões. Também vale alertar que esse capítulo é bem acelerado, portanto se segurem!

Capítulo 8

Imediatamente a barreira apareceu, e Harry a combateu por pouco tempo para entrar numa cena que ele já sabia que acontecera: o episódio do Shrieking Shack. Sirius – jovem, bonito, antes de Azkaban – atraíra Severus para seguir Lupin e James Potter o interceptara, salvando sua vida da morte certa nas garras de um lobisomem.

Harry acompanhou toda a frustração de Severus ao ver que seus agressores tinham escapado apenas com uma advertência e detenções, depois de terem ameaçado sua vida. Sentiu-se injustiçado e deu o troco em seguida.

Nova barreira mental se ergueu diante de Harry, uma semi-sólida. Harry ficou intrigado: não era segredo que seu pai e os amigos judiavam de Severus, então por que a barreira? Ele se concentrou e logo a barreira se desfez.

Severus andava apressadamente num dos corredores de Hogwarts, o vento frio balançando suas vestes. De repente, ao dobrar o corredor, foi agarrado, arrastado e jogado dentro de uma sala de aula vazia antes que pudesse reagir. Uma vez no chão, cercado por três dos Marauders, ele puxou sua varinha, mas Sirius o impediu:

– i Expelliarmus /i !

A varinha voou para o lado. Ainda no chão, ele olhou seus captores.

– Longe de seus amigos Slytherins, não é, Snivellus? – James o rodeou, varinha a postos – Ninguém pode salvá-lo agora. Nem Evans vai ajudá-lo agora.

Os olhos de Severus viajavam rapidamente entre a varinha e os três Gryffindors que o rodeavam. Num pulo, ele quase agarrou a varinha, errando por milímetros. Sirius não perdeu tempo:

– i Immobulus /i !

Imediatamente Severus ficou com seu corpo imóvel no chão. Os olhos destilavam ódio contra os seus atormentadores.

– Você é uma coisinha teimosa, não é, Snivellus? Sempre querendo nos prejudicar.

– Acho que ele nunca vai aprender, Prongs. Ele tem idéias muito más. Acho que precisamos i levantar /i o nível de suas idéias.

Com um toque da varinha de Sirius, Severus foi erguido no ar a quase um metro e meio, suspenso como uma marionete por cordas invisíveis, ainda imóvel, sempre tentando combater o feitiço. Peter Pettigrew riu-se, encolhendo-se todo como um roedor.

– Para mim, ele não tem jeito, Padfoot. Ainda mais agora que ficou claro que ele é uma bicha nojenta.

– É, seu viadinho, você achou que ninguém iria descobrir? Imagino que os membros de sua casa adoraram saber disso. Agora você virou a favorita de Slytherin. Aposto como você deixa qualquer um enfiar em você e adora, né, sua vadia?

– Não sei se ele é a alegria do batalhão, Sirius – disse James, com um sorrisinho – Tá na cara que ele é a puta do Malfoy. E olha que o cretino se formou no ano passado.

– É, Malfoy não deixaria ninguém pegar o que é dele. E você, Sniviadinho, é propriedade dele. Por acaso ele colocou uma marca em você, tipo uma tatuagem escrito "Propriedade de Lucius Malfoy"? Hum, eu digo que sim. – Risos generalizados – Quem sabe a gente procura? Tem que estar aqui em algum lugar.

James apontou a varinha desta vez:

– i Desvestium /i !

As roupas de Severus saíram de seu corpo, e ele ficou nu em pêlo em pleno ar, a pele muito branca, quase amarelada, como se fosse uma planta que não pegasse sol. Os três se riram demoradamente, circundando-o.

– O quê? Malfoy trepa com i isso /i ? Sério, pensei que estes adeptos da supremacia racial tivessem gosto mais apurado.

– Parece uma garota feia – disse Peter, torcendo o nariz.

– Não tão depressa, gente – Sirius apontou para o meio das pernas de Severus – Olha só o tamanho daquele pinto. Snivellus! Quem diria, você é bem-dotado!

– Ah, agora deu para entender o que o Malfoy viu nele.

– Mas de que adianta ter um pau desses se só o que o Malfoy usa é a bunda? – Novas risadas – Porque Malfoy nenhum vai ser putinha de um Snape qualquer.

– Vai ver que ele é bom de boquete.

– Está curioso, é, Peter? – Sirius ria maliciosamente.

– Dizem que os viados são os melhores do boquete. Aquela Lucy Stevenson era horrível! Me machucou todo!

– Você quer experimentar e ver se Snivellus é melhor do que ela?

Peter parecia tentado a seguir a sugestão de Sirius. Harry sentiu o estômago embrulhar.

– Você também vai, Sirius?

– Eu? Nem pensar. Não quero nem ouvir falar de homem perto de mim. Especialmente esse aí – não encosto nele nem com uma vara de três metros!

– Solta ele.

– i Enervate /i !

Severus foi ao chão, seu corpo fazendo um baque oco ao se chocar contra o solo de pedra de Hogwarts. Ele tentou se esticar para pegar a varinha no chão, mas seus músculos ainda não estavam totalmente recuperados, dando tempo a Sirius de posicionar-se entre Severus e sua varinha, ameaçando:

– Nem pense, Snivellus!

Severus olhou em volta, tentando esconder sua apreensão:

– O que vocês vão fazer?

Harry estava imaginando a mesma coisa. Eles não podiam fazer o que ele estava pensando que fariam. Não, não, era impensável!

– Peter está interessado em experimentar um pouco, Snivellus – disse Sirius – Você é bom no boquete?

Severus xingou pesadamente, mas Sirius só se riu:

– Você não me xingaria de metade dessas coisas se conhecesse minha mãe. – Os outros riram também – Agora fique de joelhos! Vamos!

– Sirius – chamou James, que não estava mais sorrindo – Não.

– Ora, James, o que tem de mais? Peter só vai se divertir um pouco e acho que a bichinha vai até gostar.

– Não, Sirius – insistiu James – Peter, não faça isso.

Houve uma pausa e os três trocaram olhares significativos. Pettigrew deu de ombros:

– Eu não ia fazer de qualquer jeito. Era capaz de essa bicha me morder.

Sirius parecia frustrado:

– Estraga-prazeres! Foi por isso que não trouxemos o Remus. Ele ia falar a mesma coisa.

– Vamos embora, está quase na hora do jantar. – insistiu James.

– Mas pelo menos vamos levar as roupas dele, não vamos? – negociou Sirius.

James sorriu:

– Mas é i claro /i que vamos levar as roupas dele!

Severus voltou a xingar os três enquanto a cena se desfazia e Harry rapidamente sentiu a sala onde ele aprendia Legilimência se refazer ao redor dele. Severus estava de pé, adiante, a cabeça baixa.

– Eu sinto muito – Harry conseguiu dizer.

– Não se iluda, Harry – alertou Severus – Esse tipo de incidente ocorre até nos dias de hoje. E em qualquer idade.

– Nunca imaginei que meu pai fosse homofóbico. O que ele diria de mim? Eles... fizeram isso outras vezes?

– Se eu responder a isso, estarei prejudicando suas lições de Legilimência. Se quiser saber, terá que procurar isso na minha mente – suspirou – Mas não agora. O dia foi longo.

Harry concordou com o sentimento, pois estava exausto. Ambos terminaram indo para cama cedo. Contudo, algo perturbava Harry terrivelmente. Ele rapidamente descobriu a fonte de sua perturbação, e foi uma descoberta que o deixou muito impressionado.

Por conta disso, demorou a dormir. E estava quase pegando no sono quando sentiu uma euforia grande, e começou a ver – dentro de sua mente – o quarto onde estava. Observou tudo como se estivesse vendo aquilo pela primeira vez, e então se deu conta de que estava vendo aquilo pela primeira vez, porque aquele pensamento não era seu.

Havia outro alguém dentro de sua mente. E só poderia ser uma pessoa.

A reação foi instantânea:

– SAI DE MINHA CABEÇA, VOLDEMORT!

Num esforço mental movido a uma grande dose de adrenalina, ele conseguiu expulsar a presença intrusa de sua mente e sentiu que caía da cama. O impacto o retornou completamente à consciência e ele abriu os olhos para ver Severus de pé, em seu camisolão preto, de varinha em riste. Tudo estava embaçado porque Harry estava sem óculos, suando, ofegante.

– Voldemort! – explicou, vendo o outro reagir ao nome – Ele tentou entrar na minha mente...! Eu... consegui expulsá-lo...

Severus ajudou-o a se levantar:

– Você está bem?

– Sim, tudo bem.

– Quer uma poção?

– Não, prefiro não – Harry mordeu o lábio – Posso... pedir uma coisa? Vai ficar bravo comigo?

– Do que se trata?

– Posso dormir com você?

Severus ia responder imediatamente que não, é claro, mas algo apareceu nos olhos verdes, um misto de carência, medo e exaustão, e naquele momento Harry pareceu-lhe ter cinco anos de idade. O menino realmente devia estar se sentindo péssimo para admitir tal fraqueza a ele, de todas as pessoas. Por algum motivo que ele preferiu não reconhecer no momento, ele não teve coração de negar o pedido.

– Traga seu travesseiro.

Os olhos verdes brilharam, e Severus acrescentou:

– Mas só se tomar a poção. Nós dois precisamos dormir um pouco.

Harry obedeceu alegremente, e Severus deixou que o rapaz se enfiasse debaixo do lençol primeiro. Após murmurar "Nox", ele se deitou, evitando olhar para o lado e para o companheiro de cama. Era muito tentação, ainda que ele fosse perfeitamente capaz de resistir. Droga, ele estava se deixando levar de novo por aqueles sentimentos.

Foi uma noite turbulenta.

Sem surpresas, Severus descobriu que Harry dormia de maneira agitada, virando-se muito, chegando perto dele. E quanto mais perto Harry chegava de Severus, menos agitado ficava. Por sua vez, Severus, claro, não conseguia dormir, devido à incomoda ereção que começava a se formar.

Mal amanheceu, Severus decidiu sair da cama e ir ao banheiro cuidar de seu problema. Sentiu-se culpado por usar a imagem do garoto desse jeito, mas isso não o impediu de chegar ao clímax imaginando os lábios rosados de Harry em volta de seu pênis.

Quando retornou ao quarto, o rapaz estava sentado na cama.

– Acordou cedo.

Ele se dirigiu ao armário, disposto a mudar de roupa.

– Tenho poções para fazer – uma meia mentira.

– Quer ajuda?

– Você tem que terminar o jardim.

– Depois posso ajudar nas poções?

– Se terminar o seu trabalho a tempo e a contento.

Pausa.

– Eu... queria falar com você.

– Aconteceu alguma coisa?

Harry se levantou da cama e se aproximou dele:

– Eu acho que estou me apaixonando por você.

Severus sentiu o impacto dessas palavras quase como se fossem físicas. Por um lado, ele estava exultante e maravilhado: jamais imaginou que isso pudesse ser possível, mas Harry estava interessado nele!... Contudo, ele logo se deu conta de que o mais provável era que isso fosse mera curiosidade de adolescente, ou influência da proximidade forçada que eles usufruíam nas últimas semanas. Por mais que ele quisesse acreditar no garoto, aquilo não era real.

Portanto, só o que ele podia dizer era um amargo:

– Você não sabe o que está dizendo.

Harry procurou seus olhos:

– É a verdade.

Severus tinha que esmagar seus sentimentos e agir com responsabilidade e sensibilidade. Afinal, era um adolescente diante dele, um com sentimentos frágeis.

– Harry – ele começou – Isso provavelmente é uma atração passageira. Acontece muito com figuras de autoridade, mas dura pouco e não leva a nada.

– Você não me quer?

– Não é nada disso, é...

O rapaz abaixou a cabeça.

– É por que eu sou feio?

Severus arregalou. Como Harry poderia pensar que era feio?

– Por que está dizendo isso?

Ele continuou de cabeça baixa, a voz miúda:

– Meus tios sempre me disseram isso, que eu era feio e ninguém nunca iria me querer por perto. Eu uso óculos, sou muito magro, e tenho uma cicatriz horrível. É por isso?

– Harry, você é um rapaz jovem, inteligente e atraente. E os óculos só dão charme a você.

– Então é porque eu sou um aluno de Hogwarts?

– Você há de convir que isso me coloca numa posição muito delicada. Muitos podem presumir que eu estou forçando você a fazer o que não quer.

– Mas eu nem sou seu aluno! Estou fora da turma de Poções.

– Ainda assim, Harry, um romance entre um professor e um aluno abala a confiança dos pais dos outros alunos em achar que a escola é um ambiente seguro para seus filhos.

– Ninguém precisa saber. Podemos namorar escondido.

– Harry, isso simplesmente está fora de questão. Tudo isso é muito impróprio. Eu sou uma pessoa... inadequada para ser companheiro de alguém como você. Outras pessoas...

– Eu não ligo para o que os outros pensam.

– Nem para os seus amigos? – O rapaz arregalou os olhos – O que você acha que eles diriam?

Harry não deu o braço a torcer:

– Eles vão entender. Vão i ter /i que entender. Severus, eu não estou brincando.

– Não, eu sei que não está. Mas tudo isso é altamente impróprio. Você só está influenciado por nossa intimidade forçada e está vendo coisas onde na verdade elas não existem.

– Não é nada disso.

– Acredite, Harry, você deve reservar esses sentimentos para alguém de sua própria idade. Não acha que alguém assim seria companhia muito mais adequada para você do que um velho professor com ligações mais do que duvidosas?

Harry amargamente acusou:

– Você está me tratando como uma criança, e você jamais faz isso. Gente da minha idade não faz idéia do que se passa comigo. Eles não podem me entender, Severus. Você, sim, tem condições de entender. Você sabe sobre Vold – quero dizer, Você-Sabe-Quem. Você entende dor.

Severus teve que admitir que nesse ponto o rapaz estava certo. Eles efetivamente tinham coisas em comum.

– Pode até ser, Harry. Mas ainda digo que isso é apenas passageiro. De acordo com minha experiência, esse tipo de afetuosidade não dura mais do que duas semanas.

– E se eu provar que você está errado? E se depois de duas semanas eu ainda estiver apaixonado por você?

Severus o encarou. Inadvertidamente, ele tinha mencionado um prazo, e Harry tinha se aproveitado disso. Mas havia outros fatores em risco...

– Nesse caso, voltaremos a conversar. Não prometo que isso vá me fazer mudar de idéia. E até lá não quero mencionar esse assunto novamente.

– Tudo bem – Harry se virou para sair, mas mudou de idéia e voltou – Por um acaso esse prazo de duas semanas tem alguma coisa a ver com o fato de meu aniversário ser na semana que vem?

– Indiretamente.

– Como assim?

– Na semana que vem, você completa sua maioridade – Severus ergueu uma sobrancelha – E este é o meu ponto.

Harry sorriu, maroto, e deixou o quarto com o coração acelerado. Ainda havia esperança!