Recordações
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Recordações - Fase: Fotos - Capítulo V – Partindo para o ataque
No capítulo Anterior Milo relembrou sua amizade com Hyoga e Helena, enquanto Kamus lembrava-se da primeira vez que sentira algo pelo amigo. A preocupação tomava conta dos pensamentos do francês.
Recordações - Capítulo V – Partindo para o ataque
Kamus levantou-se da cama. Sentia o peso do mundo em seus ombros.
Desde pequeno se esforçara muito para aprender os ensinamentos para um cavaleiro e usar seus poderes adequadamente. Seu treinamento em particular consistia em desenvolver uma técnica perfeita aliada a um grande poder de concentração.
Durante sua trajetória como cavaleiro enfrentou vários desafios, os quais conseguiu vencer aplicando as técnicas aprendidas. A perfeita utilização das mesmas estava diretamente ligada ao grau de poder que conseguia armazenar dentro de si e depois expandi-lo contra seu oponente. Uma batalha só podia ser ganha se a concentração fosse tal, que pouco importasse contra quem era a luta, vencer dependia tão somente da intensidade do golpe que conseguiria aplicar.
Baixar a temperatura de um ambiente através do poder não era uma tarefa simples, mas Kamus tinha se empenhado muito.
Nos treinamentos e nos combates, aprendera que ao destituir suas lutas de sentimentos, seu grau de concentração aumentava e isso era bom. Na verdade, significava que não ter que se importar em "sentir" o outro fortalecia o francês, porque o deixava livre para que sua preocupação fosse única e exclusivamente armazenar poder para aplicar seus golpes.
Tudo isso fez com que se tornasse o Mestre do gelo da água, porém tanto treinamento tinha afetado também o seu psicológico. O Aquariano passou a utilizar na sua vida as mesmas técnicas que aprendera, passando a imagem de um homem firme, por preocupar-se apenas com o âmago do problema, sem se envolver com as pessoas ou com a atmosfera que os cercavam.
Às vezes era chamado de Homem de Gelo, por demonstrar extrema calma e frieza perante grandes desafios.
Até os cavaleiros mais velhos e experientes o respeitavam por perceberem o discernimento e a coerência com que respondia às diversas questões da vida. Talvez fosse esse o motivo de Saori escolhê-lo para tomar conta das finanças da empresa. O francês era muito regrado e quando entrava para discutir qualquer negócio, sempre estava munido de informações para a tomada da decisão. Fosse em uma luta, em seu trabalho ou em sua vida, Kamus era o reflexo da sensatez.
Até que Milo invadiu sua vida.
Parecia que o Escorpiniano o tinha virado pelo avesso. Coisas que eram fúteis passaram a ser importantes e coisas que tinham valor, passaram a serem deixadas de lado. Quando estava sozinho com o grego mostrava-se sem pudor, às vezes agindo até como um adolescente.
O que antes acreditava ser sua própria personalidade, agora achava que era falsidade. Tinha a impressão que ficava o tempo todo usando uma máscara para se apresentar aos outros, escondendo seu verdadeiro EU atrás de todo controle, sensatez e equilíbrio. Puro fingimento.
Mas isso não acontecia quando estava com Ele.
Nos momentos em que os dois estavam juntos, o francês mostrava-se tal como era, sem falsidades, sem mentiras, sem máscaras. Com o grego, Kamus era apenas Kamus.
Era justamente essa dualidade de personalidades que estava em conflito dentro do Aquariano.
Kamus sempre tratava os outros com uma certa distância, sem se envolver muito. Mesmo com os amigos mais chegados, Aioria, Shaka e Milo, não costumava demonstrar muitos sinais de carinho. Gostava deles, e para o francês isso era suficiente. Não precisava sair gritando isso para o mundo.
"Tudo ia bem em meu mundinho até o dia em que encontrei Deba e Milo na escadaria e tive que levar o Escorpiniano bêbado até sua casa..." pensava depois parou.
Refletiu melhor sobre o ocorrido e balançou a cabeça em negativa. Talvez não tivesse sido no momento em que viu o amigo completamente nu que a confusão de sentimentos despertasse. O grego sempre o tratara muito bem e diferente do Aquariano, Milo era muito carinhoso com seus amigos, demonstrando preocupação, querendo saber o que fizeram quando saíram, com quem saíram, onde foram, se haviam se divertido.
O fato é que Kamus sempre admirara a personalidade do Escorpiniano e a maneira com que o grego se relacionava com os outros. Por que Milo fazia amigos tão facilmente ? Provavelmente nem Ele próprio sabia, mas uma coisa o Aquariano sabia: o jeito expansivo do amigo era cativante.
"Foi isso" pensou. "Eu sempre o admirei e sufoquei isso dentro de mim por anos. Quando o vi nu, todo o sentimento veio de uma vez e me dominou. Eu que treinei tanto o autocontrole, que treinei tanto a concentração, que sempre me afastei de um envolvimento de doação, sucumbi por minha própria fraqueza. Eu fiz uma fortaleza de concreto em base de areia" refletiu. "Como fui tolo achando que conseguiria resolver o problema se fingisse que ele não existia..."
Kamus lembrou-se da atitude que tomara, tempos atrás, para resolver o problema do seu contínuo interesse por Milo: tinha arrumado uma namorada.
Saiu várias vezes com uma garota, na esperança de se envolver com ela. A menina era interessante e muito boa de cama, mas não conseguia fazer com que tirasse o grego da cabeça.
Certa vez, os dois estavam em um motel e o francês tinha pedido para que ela ficar de quatro. Depois que a garota obedeceu, Kamus tentou convencê-la a deixar que a penetrasse por trás. Na verdade o que queria era saber se isso realmente o excitava. Se tal coisa não ocorresse, poderia esquecer o grego, pois se não se entendessem na cama, não daria certo.
A menina acabou cedendo e ele começou a penetração. Como previra, não tinha ficado apenas excitado, mas sim extremamente excitado e pior, não parava de pensar como seria se fosse o amigo quem estivesse ali. Ficou tão entregue, que chamou a garota pelo nome do amigo. Ainda bem que não chegou a falar o nome dele todo, dissera apenas Mi, mas o desastre já estava feito.
Ele e a garota brigaram feio. Kamus ainda tentou acalmá-la, mas não teve jeito. A menina achava que o francês a traia com outra só porque ela não tinha "dado o rabo antes". Ele argumentou que não era nada disso, mas aí a garota pediu para que olhasse em seus olhos e dissesse que era com ela que queria ficar. Claro que o francês não conseguiu. Acabou levando um tapa na cara e nunca mais viu a menina.
Pelo menos para uma coisa a "falsa namorada" tinha servido. Milo tinha ficado quase enlouquecido quando viu uma marca no pescoço de Kamus logo no começo do "namoro". Neste dia o francês tinha ficado contente, pois teve certeza a que o Escorpiniano tinha ao menos algum interesse por Ele. Brincara com o amigo, falando que o "showzinho" que o grego dera, atacando a menina com palavra, era por ciúmes. Milo tinha ficado bem bravo.
Refletindo depois com calma, o francês viu que tinha agido da pior forma possível. Ele próprio tinha sido o causador do interesse do Escorpiniano por si, por se insinuar ao grego. Se não tivesse se oferecido, era o que pensava, Milo não teria feito "aquela" massagem e Ele nem precisaria ter tomado a decisão que tomou.
De qualquer forma, a situação ficou insustentável depois da massagem que o grego fez e como depois disso não conseguia mais parar de pensar Nele, tivera como única saída fugir.
Kamus aceitara uma viagem proposta por Saori para discutir assuntos comerciais no exterior e aproveitou para pedir à deusa que o deixasse partir duas semanas antes para tirar umas férias. A menina aceitara porque achava o Aquariano um profissional muito esforçado, além de achar que ele merecia depois do que tinha passado no reino de Hades.
Obviamente o francês não tinha comentado que indo duas semanas antes, estaria longe exatamente no aniversário do Escorpiniano. Era melhor assim. Não suportaria vê-lo lindo, sorridente e deliciosamente sensual em sua festa sem pensar em tê-lo em sua cama. Além disso, tinha medo de Milo lhe entregar o do Mestre dos Desejos e sucumbir não à vontade do grego, mas à sua própria.
O francês voltou os pensamentos para o grego. Poderia fingir para os outros, mas não para si próprio. Desejava-o ardentemente e não poderia estar no Santuário no aniversário do amigo ou não resistiria. Era capaz até de sugerir um Mestre dos Desejos de entrega total ao Escorpiniano.
"Mestre dos Desejos..." pensou enquanto se lembrava da brincadeira.
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Quando crianças Milo e Kamus costumavam brincavam de Mestre dos Desejos no dia dos seus aniversários. A brincadeira consistia em escrever em um papel, uma vontade ou desejo, possível de ser realizado. O aniversariante escrevia em um papel e o amigo em outro. No dia do aniversário, os dois papéis eram abertos e o aniversariante escolhia uma das sugestões. Se a sugestão do amigo não fosse aceita, valia a que o próprio aniversariante tinha escrito. Claro que eles tinham muito cuidado para fazer as sugestões, já que o outro poderia querer "dar o troco" no dia do seu aniversário.
Ainda eram adolescentes na última vez que brincaram.
No dia do aniversário do Escorpiniano, Kamus abrira os dois papeis dos desejos. No do amigo estava escrito para o Aquariano fazer com que Camila, uma garota que todos os garotos cobiçavam, desse um beijo de língua na boca do grego.
O francês tinha sugerido em seu papel ser um escravo temporário por quatro horas e tinha ficado muito bravo quando Milo recusou, dizendo que preferia beijar a menina.
Nesta época, Kamus estava quase conseguindo um beijo da garota e o grego sabia disso, mas teve que mudar seu discurso e fazer a propaganda para o Escorpiniano. O Aquariano fez tão bem seu papel, que o grego não só beijou a menina como garantiu uns bons amassos também.
Mas o pior de tudo foi Milo ter dito à garota, apesar de negar até a morte que fez isso, que Kamus só queria se aproveitar dela. Claro que a garota sumira e nunca mais falara com o francês. O Aquariano esperou pacientemente e no seu aniversário, soube dar o troco.
Tinha escrito uma coisa bem mais simples. Milo precisava apenas ficar ao menos quatro horas debaixo de uma certa árvore, quase sem folhas, sem se mexer nem trocar de roupa e a cada meia hora colocar a mão em um saco com grãos e jogá-los para os pássaros. Passado o período, ele tinha que ir até o refeitório, no horário em que todos estavam reunidos para almoçar e gritar "Feliz aniversário, Kamus" bem no meio do salão. Milo tinha sugerido conseguir junto ao Mestre um dia de folga extra para o francês, mas o amigo recusou. Preferia que o grego alimentasse os pássaros.
Milo tinha tirado muito sarro do Aquariano e dito que este desejo era muito bobo e que a folga valia mais. Kamus tinha sorrido de leve e disse que o esperaria no salão. O Escorpiniano aceitou sem recusa, achava um pedido muito fácil.
Na hora combinada, o refeitório estava cheio e Milo adentrara o salão, muito pxxx da vida. Kamus riu assim que o viu. Estava frio, mas vários pássaros continuavam na região aguardando a chegada do calor. A distribuição de comida de graça tinha atraído vários deles, que chamavam a atenção de muitos outros. Enquanto esperavam a próxima distribuição de grãos, as aves que ficavam na árvore tinham defecado no grego quase todo. Milo tinha limpado o rosto e os cabelos, que estavam grudentos e fedidos, mas como não podia trocar de roupa, estava em um estado lastimável. Muitos correram horrorizados com a figura do grego enquanto outros saíram para vomitar, tamanho era o fedor. Milo ainda conseguiu gritar "feliz aniversário", mas acabou ficando de castigo.
Naquele ano, Milo e Kamus não tinham brincado no aniversário do grego, mas o Escorpiniano vivia dizendo ao francês que ele ainda devia um Mestre dos Desejos para ele e ia utilizar o mesmo papel do Aquariano, exigindo dele quatro horas de servidão.
-o-
O medo que tinha não era pelo que Milo poderia lhe exigir, mas sim por desejar ardentemente que o amigo lhe impusesse quatro horas de prazer. Não era certo pensar ou querer isso, era um cavaleiro, eram dois homens, etc, etc. Mas Kamus não estava conseguindo resistir aos próprios desejos. E depois da massagem, que pensara ser uma prévia do castigo, não sabia do que Milo seria capaz para puni-lo.
Tinha viajado no final de outubro e retornara logo depois da virada do ano, mas tinha gelado quando Milo apareceu, cobrando seu presente de aniversário. Não conseguiu resistir.
Durante todo o tempo que passara fora tinha organizado os pensamentos. Meditara. Era um cavaleiro, não podia se entregar a um simples desejo. Era um dos administradores da Fundação Kido, tinha que se comportar como um homem de negócios e não como um adolescente que não consegue controlar seus hormônios.
Tinha falhado. Achava que não era digno da posição que ocupava, tanto como cavaleiro quanto como homem de negócios. Estava sendo duro consigo mesmo, mas precisava disso. Precisava decidir não só seu futuro, mas o futuro do relacionamento com o amigo também.
Milo olhava para a última foto.
Estavam todos de preto, da esquerda para a direita, Shiryu, Shunrei, Milo, Aldebaran, Hyoga, Helena, Seiya, Saori, Kamus, Ikki, June e Shun.
O Escorpiniano riu muito ao se lembrar deste dia que tinha sido REALMENTE engraçado. Também tinha jogado pesado com Kamus. "Foi um ataque e tanto" pensou sorrindo maliciosamente.
-oOo-
Recordações – Fotos: O Lual do Terror
Milo foi até a décima primeira casa. Kamus estava sentado no sofá tomando chá.
- E aí Kamus ? Amanhã tem lual, você vai ?
- Não.
- Por quê ?
- Porque estou cansado.
- Ah, Kamus ! Não acredito que eu vou ter que falar para Atena que os cavaleiros que ELA escolheu para escoltá-la não querem ir.
- Como assim, falar para Atena que os cavaleiros que ELA escolheu, não querem ir ?
Milo jogou-se no sofá e olhou para o amigo.
- Bem, amanhã vai ter o lual e ela quer ir, então ela pediu para que eu chamasse você e o Aldebaran para acompanhá-la. Claro que ela vai ficar MUITO chateada em saber que você não pode, mas tudo bem, eu falo para ela que...
- Tudo bem, se ela pediu, eu vou. Vai demorar muito ?
- Caramba, Kamus ! Nem foi e já está pensando na volta ?
- Se você estivesse sentindo a dor de cabeça que eu estou, você COM CERTEZA iria querer que este tal lual terminasse logo.
- Duvido, mas ok, bom que você vai. Só para lembrar, o traje é todo preto. Para entrar no clima.
- No clima ?
- Claro. É o Lual do Terror !
- Sério mesmo que eu vou ter que participar disso ? – disse desanimado.
- Claro. Todos.
- Droga ! E como é essa porcaria ? – falou um pouco aborrecido.
- Vamos lá, contamos umas histórias de terror, as meninas dão uns gritinhos, os meninos ficam com os olhos arregalados, depois enchemos a barriga de bolos e doces que as meninas vão trazer e voltamos para casa para dormir felizes.
- Gostei da parte do "voltamos para dormir felizes". Acho que estou precisando descansar um pouco.
- Cxxxxxx ! Que humor ! Vou nessa antes que seja contagioso. Tchau. Boa noite. – Milo cumprimentou Kamus e saiu.
O Escorpiniano saiu da casa do francês cantando. Estava feliz. Na verdade Saori tinha pedido para chamar apenas o Aldebaran, mas o francês não precisava saber disso.
Milo subiu rapidamente até o templo da deusa. Escreveu um bilhete e entregou ao servo que guardava a entrada do local. A menina talvez já estivesse dormindo, mas não podia correr o risco da garota desmentir que chamara o Aquariano bem na cara do amigo.
No outro dia, o grego foi até a casa de Kamus chamá-lo. O amigo parecia estar pior que na noite anterior.
- Caramba Kamus, parece que você está morrendo !
- Se eu morrer você promete que me deixa em paz ?
- Pxxx xxx xxxxx, Kamus ! Que humor mórbido !
- Não entendi. Não é o lual do terror ? Por que eu não posso ser mórbido ? – falou tentando sorrir.
- Bom, pelo menos você está sorrindo, se é que isso é um sorriso. – disse debochando - Vamos se não nos atrasamos.
Os dois desceram as escadarias até a segunda casa. Aldebaran os esperava.
A galera do lual chegou na praia por volta das oito. Tinham ido de van para caberem todos. Milo tinha ido de moto, pois prometera à Princesa que a levaria em casa depois.
Dois servos estavam no local e já tinham montado a barraca e forrado o chão. Era um espaço razoavelmente grande, onde de um lado havia uma mesa comprida e do outro alguns pequenos pufes e almofadas para se sentarem.
Antes de tirarem toda a comida das mochilas, Helena tinha pedido a um dos servos que tirasse uma foto deles de recordação.
Depois da foto, as meninas ficaram arrumando as guloseimas na grande mesa.
- Oba ! Bolo de chocolate ! – o Escorpiniano disse já quase com a mão em um pedaço.
- Nada disso, senhor Milo ! A comilança ainda não foi aberta. Pode ir tirando sua mãozinha daí. – disse June bloqueando a ação do grego.
- Ei June. – falou Aldebaran chamando a atenção da amazona. – Se eu fosse você tomava cuidado com o Milo. Por um pedaço de bolo de chocolate, ele é capaz até de tirar a roupa. – o brasileiro disse e começou a rir.
Saori e Kamus lembraram-se da história e começaram a rir também.
- Que história é essa ? – perguntou Seiya curioso.
- Eu sabia ! Já estão me desmoralizando ! Não foi nada assim como você está falando, Deba. – disse Milo se defendendo.
- Ah é ? E como foi ? – questionou o Taurino.
- Acho que eu não conheço esta história. – falou Ikki.
- Conta para a gente. – pediu Shun.
- Ok. Eu conto, até porque, se eu não contar, fico com fama de depravado. Coisa que eu NÃO sou.
Todos começaram a rir.
As meninas pegaram as almofadas e os pufes e distribuíram entre todos. Sentaram-se em um círculo e ficaram olhando para Milo, esperando a história.
- Tudo começou quando eu estava indo até a casa do Aioria pegar umas revistas de música emprestadas. No caminho eu encontrei com o Mu que estava subindo as escadarias com um pote na mão e então a gente começou a conversar.
"Oi Mu. E aí, onde é que você está indo ?"
"Oi. Estou indo até a casa do Shaka. Eu ganhei dois pedaços de bolo de chocolate e vou dar um para ele."
"Sei. Legal." eu falei, mas já pensando em alguma forma de pegar um pedaço do bolo. Quem me conhece sabe que eu ADORO chocolate.
"Ainda tem algum pedacinho na sua casa ?" eu perguntei
"Desculpa Milo. O meu pedaço eu dividi com o Deba e o do Shaka eu já dei um pedaço para o Kanon."
"Mas Mu, eu acho que o Shaka não vai querer o bolo, ele é um cara assim... TÃO natural e light que acho difícil ele querer comer doce." falei ainda insistindo.
Vários dos presentes riram da situação. Milo continuou o relato.
"Olha Milo, se você quiser um pedaço, é melhor você falar com o Shaka, porque eu falei com ele telepaticamente e ele pediu para eu trazer. Se ele resolver te dar um pedaço do bolo, por mim tudo bem."
"Ok." eu disse, me despedi do Mu e fui até a casa do Aioria.
- O Aioria não estava e eu fiquei uns vinte minutos esperando por ele. Como ele não apareceu, decidi voltar depois. Claro que eu não podia ir para casa com o pensamento do bolo na mente e me dirigi ao templo de Virgem.
- Você não presta, Milo. – comentou Aldebaran.
Shun e Hyoga riram. O grego fez que não ouviu e continuou.
- Bom, eu entrei na casa do Shaka e chamei, como ele não respondeu, continuei entrando e o encontrei com uma toalha na mão.
"Oi Shaka, tudo bem ?"
"Tudo. O que você está fazendo aqui ?"
"Bom, eu estava passando... e encontrei o Mu... e ele me disse que estava vindo aqui te trazer um pedaço de bolo de chocolate e... como eu sei que você NÃO É fanático por doce, achei que talvez você não quisesse o bolo."
"Ah, entendi. – ele disse inicialmente – Você está me propondo uma troca."
"Como assim, uma troca, Shaka ?"
"Uma troca. Você faz uma coisa para mim e eu te dou o bolo"
"Justo. O que você quer ?"
"Bom Milo – ele começou – hoje é o dia do meu relaxamento corporal e acho que você pode me ajudar nisso."
- Você aceitou ? – perguntou Ikki.
- Cara, ele tinha o bolo, é CLARO que aceitei. Até porque eu não sabia que diabos de relaxamento corporal era ou o que eu tinha que fazer.
- Era difícil ? – perguntou Helena.
- Você nem faz idéia ! – falou Milo lembrando-se do dia – Primeiro ele me fez fazer massagem nas costas dele e em toda a região lombar.
- Você quer dizer na bunda dele ? – perguntou Ikki abertamente.
- IKKI ! – exclamou Saori.
- Qual é ? Todo mundo tem bunda. Por que esta besteira de "região lombar" ?
Milo começou a rir da entonação do jovem, os meninos riram também. Hyoga ficou sério.
- Por que a "região lombar" não se restringe somente à bunda, seu ignorante. – reclamou o russo.
- Que é, Pato ? Já vai encrencar comigo ?
- Vocês dois parem. Vamos ouvir a história. – disse Shiryu repreendendo os dois.
- Bem, depois disso – continuou Milo- ele me deu um óleo e tive que fazer massagem nos pés dele. Claro que eu já estava de saco cheio, mas como queria o bolo, valia o sacrifício. Até que ele me deu um creme para espalhar no corpo dele e massageá-lo enquanto ele ficava deitado de costas.
- Eu não sabia que o Shaka era tão aproveitador. – falou June.
- Aproveitador ? – questionou Milo – Você ainda não ouviu nada. EU tive que ficar QUASE UMA HORA fazendo massagens nele. Enquanto ele quase dormia, a MINHA MÃO já estava dormente. E pior, o creme começou a me dar alergia e eu comecei a espirar. Vocês acreditam que ele não deu a mínima e ainda falou:
"Calma Milo, só mais dez minutos de massagem e você fica livre do creme"
Todos começaram a rir.
- Oh, coitadinho do Escorpiãozinho ! Fazendo massagem no Shaka por pura bondade, sem interesse algum. Fala sério Milo ! Tudo bem que o Shaka te sacaneou, mas você não estava lá por pura benevolência. – o francês se manifestou.
- E você ainda se diz meu amigo Kamus ? Muito obrigado !
Mais risadas. Milo continuou a narrativa.
- Aí, quando se passaram os dez minutos, eu achei que ficaria livre e poderia levar o bolo embora. Ledo engano. O canalha não só me fez seguí-lo até a banheira, como eu tive que fazer novas massagens nas costas e nos ombros dele com um tal de óleo de caule de calêndula ou coisa assim, que tinha um cheiro horrível.
Riram mais ainda.
- Vocês riem porque não foi com vocês. Eu saí de lá todo molhado porque tive que entrar um pouco na banheira para fazer a massagem. Como saldo final eu estava cansado, ensopado, com a mão doendo, com alergia, enjoado com o cheiro da calêndula e pior, sem o bolo.
Todos riram bastante.
- Como assim, sem o bolo ? – perguntou Shiryu, parando com dificuldade de rir.
- Eu estava quase vomitando no banheiro e quando o Shaka me liberou, eu só queria sair correndo daquele lugar. Sai com tanta pressa que esqueci do bolo.
Aí que os garotos riram mais ainda.
- Não acredito, Milo ! – disse Hyoga.
- Não acredita ? Isso não é nem o começo.
- Tem mais ? – perguntou Shun.
- Se tem ! Antes de sair de lá, eu tinha falado que ia até a casa do Aioria pegar umas revistas e o Shaka me deu um potinho com um chá de jasmim para entregar ao Leonino. Descer as escadas foi fácil, mas mais uma vez o miserável do Aioria não estava em casa e só de pensar em subir as escadas de volta, já me dava desânimo. Aí é que eu fiz a burrada.
- O quê ? – perguntaram alguns curiosos.
- O pior que eu podia fazer. Como eu e o Aioria somos muito amigos, achei que ele não se importaria se eu descansasse um pouco no quarto de hóspedes antes de subir até minha casa. Só que antes de ir para o quarto, eu deixei o tal pote de chá em uma mesinha, escrevi um bilhete e deixei em baixo do pote. Cheguei no quarto, tirei a roupa, para não molhar o lençol, pois eu estava encharcado e deitei só de cueca, que estava mais ou menos seca. Não se passaram dez minutos e eu ouvi vozes. Uma era do Aioria, mas a outra era da Marin.
- Da Marin ? – perguntou Seiya sem acreditar.
- É. O Aioria queria que ela visse alguma coisa no quarto dele e levou ela para lá. Claro que se ela me visse lá seria BEM difícil de explicar, então eu achei melhor sair de mansinho. Peguei minha roupa e fique esperando eles entrarem no quarto para eu ir embora. O problema é que antes de entrar no quarto ela achou o pote de chá. – falou e ficou quieto.
- Não entendi o problema. – perguntou Shunrei até então quieta.
- O problema é que eu tinha escrito no bilhete "De um viadinho para outro, como amor" para tirar um sarro do Aioria, mas eu NÃO sabia que a Marin veria o bilhete.
A risada foi geral.
- Ela leu o bilhete e perguntou ao Aioria o que significava aquilo. No começo ele ficou mudo, depois falou somente o que não poderia ter falado "Ah, esta letra é do Milo, deve ser alguma brincadeira dele". Só que a Marin pegou o pote e de um lado estava escrito "chá de jasmim" e do outro "chá afrodisíaco". Vocês imaginam o tamanho da desgraça ?
Ikki não se agüentou e caiu do pufe. Segurava a barriga que estava em espasmos de tanto que ria.
- Claro que quando eu vi os dois distraídos, tentei sair de fininho, só que eu fiquei olhando para eles e não para frente. Conclusão: esbarrei em uma estátua e ela foi ao chão, se espatifando.
Alguns não conseguiam nem respirar de tanto que riam.
- Quando a Marin me viu, só de cuecas, na casa do Leonino, saindo do quarto de hóspedes, ficou louca. Virou para o Aioria e perguntou: "Era isso que você queria me mostrar ? Você é viado e está tendo um caso com o Milo, seu pilantra ?". Ela nem deixou o Aioria falar e deu um tapa na cara dele, que cara, uhhh – o grego fez uma cara de dor - doeu até em mim.
Ikki já estava deitado no chão e nem conseguia levantar, com dor na barriga, de tanto rir. Seiya também acabou caindo do pufe. Todos ficaram rindo bastante.
- E você ? – perguntou Seiya, falando com dificuldade de tanto rir.
- Eu ainda estava sem reação depois do tapa que o Aioria levou, mas quando ele virou para mim e disse "Eu vou te matar, desgraçado". Eu larguei toda a roupa no chão, pulei os destroços da estátua e saí correndo porta afora.
Aldebaran e Shun se engasgaram de tanto rir.
- Peraí, ainda tem mais !
- Mais ? – perguntou Shyriu chorando.
- É, os olhos do Aioria ficaram vermelhos e vi que tinha que fugir. Minha única chance era ir até o Shaka e fazê-lo explicar tudo o que aconteceu, só que logo na saída de Leão, estavam o Aldebaran e o Shura, que vinham descendo e eu dei de frente com o brasileiro aí. Como o Deba é uma muralha, imaginem só... eu ricocheteei e acabei caindo, só de cueca, em cima do Shura.
Ninguém mais se agüentava e seguravam a barriga que doía de tanto rir. Até os servos estavam dando risada.
- O Shura ficou muito bravo com o Milo e disse que ia matá-lo, - começou Aldebaran - aí a gente viu o Aioria completamente alterado e a Marin saindo correndo de dentro da casa e chorando. O Milo se levantou e subiu correndo as escadas. O Shura queria ir atrás dele, mas quando eu disse que a Marin estava chorado, ele foi comigo até ela. Ela disse que os dois eram viados, me abraçou e continuou chorando. O Shura ficou louco. Ele disse "Eu sabia que aquele puto era viado ! Estava com o Aioria e ainda QUIS se aproveitar DE MIM." – o Taurino parou a narrativa, pois já estava chorando de rir, todos acompanharam o brasileiro – Aí o Shura falou... "Ele não merece mais ser cavaleiro.", virou e subiu que nem uma bala atrás do Milo. – Aldebaran voltou a rir. - Então estavam – tomou fôlego para continuar - o Milo na frente, o Aioria logo atrás e o Shura chegando perto.
- E aí Mi ? – perguntou a Princesa rindo bastante.
- A minha sorte é que esta garota divina – disse apontando para a Saori – tinha proibido o uso do poder dos cavaleiros nas casas e escadarias e disse que QUEM destruísse qualquer coisa teria que se explicar a ela. Se não fosse assim, eu teria recebido uma Pata do Leão que eu não quero nem imaginar.
Aldebaran teve acesso de riso e ninguém conseguia fazer ele parar. Depois disso, ninguém mais segurava as lágrimas. Somente após um bom tempo é que pararam, com dores na barriga.
- Ai, Milo, chega ! – disse o Aquariano quase sem se agüentar – você é MUITO inconseqüente.
- Inconseqüente, Kamus ! Poxa, eu nem tive TANTA culpa assim !
As risadas voltaram.
- Mas isso ainda não é tudo. – Milo falou fazendo com que alguns voltassem a perder a respiração de tanto rir, esperando por mais.
- Bem, continuando, eu consegui chegar na casa do Shaka e corri até o salão onde ele costumava ficar. Ele estava em posição de lótus e eu me joguei em cima dele. Ele era a minha única chance de defesa.
- Você se "jogou" ? – Shun perguntou.
- O Aioria estava quase me pegando, não tinha outro jeito, só que com o susto, o Shaka abriu os olhos.
Os cavaleiros de bronze fizeram silêncio imediatamente.
- E aí ? – perguntou Seiya um pouco temeroso.
- Aí a gente sentiu uma forte rajada de energia, mas isso não foi nada. O pior é que faltavam apenas DOIS DIAS para o Shaka completar CINCO MESES de olhos fechados e ele queria toda essa energia para treinar um golpe com os discípulos dele. Conclusão, eu fxxx tudo. Ops, desculpem o palavrão. – disse pondo a mão na boca.
Todos novamente caíram na risada.
- Qual foi o saldo final da história ? – perguntou Hyoga ainda rindo.
- O Shaka acabou explicando a história e eu consegui contar o que aconteceu depois que o Deba chegou.
- O Aioria e o Shura já tinham dado uns bons socos no Milo, mas eu ainda consegui salvar o que restou do Escorpião. – explicou Aldebaran.
- O Shura ficou me acusando pelo que eu fiz com o Aioria e por ficar com atitudes infantis, incompatíveis com um cavaleiro, etc, etc. Mas o pior de tudo foi o Aioria ter ficado chateado comigo. Cara, nós sempre fomos amigos, falar com ele e ver que ele não respondia me partiu o coração.
- Que triste. – comentou June.
- Mas como eu fiz a bagunça, tinha que consertar. Eu fui falar com a Marin e explicar tudo.
- E ela te perdoou ? – a Princesa questionou.
- Perdoou, mas com um soco, que por DOIS dias eu achei que NUNCA mais poderia ser pai.
As risadas voltaram.
- Só depois disso o Aioria me perdoou também.
- Além disso, eu deixei o Milo de castigo por quatro dias sem poder sair à noite, incluindo o final de semana, para ele pensar mais nas conseqüências dos atos dele. – completou Saori.
- Ué, ela também é pentelha com vocês ? Eu pensei que fosse só com a gente – Ikki deixou escapar.
- Eu não acho que ela foi pentelha, Ikki, acho que foi até muito compreensiva pela confusão que eu causei.
- Ah é ? Imagina só se a Atena estivesse no Santuário no dia em que exibiram a foto que você subiu as escadarias pelado, o castigo que você ia levar.
- PELADO ? Milo, explique-se – ordenou Saori.
- Isso mesmo, Deba ! Joga o pouco que resta da minha moral na lama. – disse o Escorpiniano, fingindo indignação.
- Estou esperando, Milo.
- Desculpe Atena. Antes que alguém pense o contrário, eu NÃO sou exibicionista.
Todos voltaram a rir, inclusive Saori.
- É sério. Na verdade foi sacanagem do Aioria. Eu, ele, o Mu e o Shaka tínhamos combinado de jogar strip-poker e...
- Vocês ficam jogando strip-poker no MEU Santuário, na MINHA ausência ? – perguntou Saori se levantando.
Milo fez cara de quem disse uma grande bobagem e se arrependeu.
- Bem... é... não é só na sua ausência... mas a gente já passou por tantas batalhas... e dificuldades que também não somos de ferro... e gostamos de sacanear os amigos um pouquinho... só de vez em quando. – tentou explicar Milo com jeito de coitadinho para tentar convencer a deusa que já estava com cara de fúria.
- Ok. Continue – disse a menina, sentando-se.
- Bom o Kamus foi até a minha casa e eu o convidei para participar e ele aceitou e...
- Peraí Milo ! Quando você me convidou, eu não sabia que era para jogar strip-poker.
- Verdade. Então o Kamus chegou na minha casa e eu perguntei se ele queria jogar com a gente. Já suspeitando o que ia acontecer, eu dei um outro par de meias para ele e...
Milo contou a todos a história do strip-poker, omitindo apenas a parte em que contaram aos amigos que Kamus tinha ficado excitado com o toque do grego. Achou que era muito pesado para as meninas. Também não contou que percebera o carinho entre Mu e Shaka.
No final da história vários deles estavam chorando de tanto rir.
- Caramba Milo, você é um livro de piadas ambulante. – comentou Ikki
- Ei, mais respeito pelo seu instrutor ou você vai sentir algumas picadas. – replicou o grego, levantando-se e fingindo que ia dar um golpe no jovem.
- Tudo bem, tudo bem, calma. – disse Ikki entrando no jogo e correndo para o outro lado.
- Hora do lanche ! – anunciou June.
Todos foram comer.
- Atena, você se importaria que apenas o Milo e o Aldebaran ficassem com você ? Eu estou um pouco cansado e gostaria de ir para casa. – pediu Kamus.
- Claro Kamus, mas você não quer esperar só até acabarmos de comer ? Acho que vamos todos embora.
- Não precisam ir por minha causa.
- Não. Já está ficando tarde e já ouvimos duas histórias. Se for começar outra pode acabar bem tarde e também acho que o clima de terror nem vai rolar mesmo. – completou Saori.
- Eu faço uma massagem em você. Tenho certeza que vai se sentir melhor. – sugeriu Milo.
- Massagem ? – perguntou o francês desconfiado.
- Tem bolo de chocolate na sua casa, Kamus ? – perguntou o Taurino.
- Não.
- Então aceita, você não tem com o quê se preocupar. – e começou a rir, seguido dos outros que ouviram a conversa.
- Ok. – disse Kamus ainda rindo. – Posso tomar um banho antes ?
- Por favor ! Não quero ter que tirar nenhuma roupa molhada na casa dos outros, nem ter que descer a escadaria seminu com alguém correndo atrás de mim para me matar. – brincou piscando para o Taurino que riu mais ainda.
Todos começaram a se despedir. Kamus chegou perto do Escorpiniano novamente.
- Você vai mesmo até em casa fazer massagem ?
- Claro. Isso é, se eu não chegar lá e você estiver dormindo.
- Duvido. Quando estou muito cansado não consigo dormir logo.
O francês realmente estava com uma cara péssima. A princípio Milo teve pena de se aproveitar do amigo em uma situação como essa, depois, achou que aquele dia era o dia D, ou fazia isso agora, ou ia ficar se lamentando pelo resto da vida. Achou melhor fazer.
- Ok. Vou levar a Princesa em casa e depois eu passo lá.
- Tá. Quando você chegar, pode entrar.
- Tudo bem Kamus. Tchau galera, valeu pela noite. - Milo falou virando-se para os outros.
Despediu-se de cada um e levou a menina até sua casa. Os outros foram para o Santuário de van. O Escorpiniano voltou literalmente voando, parando apenas em uma farmácia para comprar duas bolinhas macias para massagem corporal.
O grego ainda passou em casa para tomar um banho rápido. Queria chegar na casa do Aquariano cheiroso. Depois de uma ducha, colocou uma calça de moletom fina e uma camiseta e usou um pouquinho do seu melhor perfume. Não queria parecer oferecido, mas queria estar "desejável".
Chegou na casa do amigo e entrou. O quarto estava às escuras. A única luz acesa era a da suíte. Ele estava deitado de lado, atravessado na cama, vestindo uma camiseta e um short.
Milo acendeu a luz da luminária que ficava sobre a cama e virou-a para a parede. A luminosidade era boa e deixou o quarto à meia-luz, em um tom amarelado. A pele branca do amigo ganhou um novo colorido e seus cabelos ficaram brilhantes. O grego começou a ficar excitado, mas se conteve, não podia se deixar dominar TÃO CEDO pelo desejo.
Tirou os travesseiros da cama, deixando-a completamente livre. Aproximou-se do francês e tocou suavemente o ombro do amigo.
- Kamus. - sussurrou em seu ouvido.
- Oi.
- Está tudo bem ? - continuou falando baixinho
- Está. Só estou com um pouco de dor de cabeça.
- Posso deixar a luz assim ?
Kamus virou-se e sentou-se.
- Não vai te atrapalhar ? – perguntou ao grego.
- Não. Agora relaxe. - disse ainda em tom baixo.
Milo pegou a barra da camiseta do Aquariano e levantou devagar, mas com as mãos tocava o corpo do francês. Kamus levantou os braços para que o amigo pudesse despi-lo. O grego passou a mão pelos cabelos do amigo e notou que estavam bem úmidos. Foi até o banheiro e pegou uma toalha e o pente. Tirou os sapatos e ajoelhou-se na cama, atrás do francês. Secava-lhe os cabelos em ritmo lento, fazendo-o relaxar. Terminou e penteou-os devagar.
Deixando os objetos de lado, puxou Kamus para que se encostasse no seu peito. Fez uma leve massagem nas têmporas do Aquariano e desceu a mão pelo rosto, apenas dedilhando. Podia ouvir a respiração do francês ficando mais suave. Quando chegou no pescoço, o corpo de Kamus estremeceu e Milo percebeu que os pêlos do braço do amigo ficaram arrepiados. Subiu suavemente os dedos até as orelhas do francês e um novo tremor se seguiu. A respiração de Kamus aumentou. Antes que o amigo reclamasse ou não o deixasse prosseguir, empurrou-o um pouco e sentou-o novamente, perdendo o contato corpo a corpo.
- Kamye, vou deixar a toalha e o pente no banheiro e já volto.
O Aquariano apenas assentiu com a cabeça. Milo sorriu. Tinha conseguido descobrir um dos pontos fracos do amigo.
Voltando do banheiro, apagou a luz da suíte e colocou-se na frente do francês que continuava sentado na cama. O grego notou que o outro estava com os olhos fechados.
- Kamus ? - perguntou suavemente.
- Sim ? - disse abrindo os olhos.
- Deite-se para que eu possa começar.
Obedecendo, deitou-se de costas. Milo pegou na cintura do amigo e deslizando suas mãos até o short, começou a tirá-lo. Kamus sentou-se de uma só vez.
- Milo, o que você está fazendo ? - disse assustado.
- Calma. Eu não vou tirar sua roupa toda. - disse enquanto empurrava suavemente os ombros do amigo, forçando-o a se deitar novamente. Recomeçou a tirar-lhe o short. - Apenas relaxe e aproveite.
O francês pareceu ficar mais relaxado depois da explicação e soltou um longo suspiro. Milo subiu na cama e empurrou-o levemente, fazendo-o ficar de bruços. Puxou-o um pouco para o lado, de forma que ficasse em diagonal na cama, para que tivesse mais espaço.
Subiu sobre o francês e sentou com cuidado sobre suas coxas para não machucá-lo. Levantou-se um pouco e com as duas mãos pressionou os ombros do Aquariano, que gemeu um pouco. O Escorpiniano continuou no mesmo ritmo por toda a extensão do ombro.
Levantando um pouco a mão, apertou o punho sobre as costas do amigo, massageando a área da omoplata. O francês soltava uma mistura de gemidos e suspiros enquanto o grego descia as mãos até a região lombar.
Ter o corpo do francês em contato com o seu, deixava-o bem excitado, mas não se demorou muito em apenas uma parte daquele corpo tão desejado para que o dono não lhe descobrisse as más intenções.
Subiu novamente para os ombros e empurrava a pele com os polegares, deslocando um pouco o amigo do lugar. Kamus continuava a deixar escapar alguns gemidos, o que deixava o Escorpiniano quase louco.
Fechou as mãos e com os nós dos dedos pressionava o corpo do Aquariano, iniciando nas costas, descendo até abaixo da cintura.
- Ai, Milo. Como isso é gostoso. - Kamus falou com voz manhosa.
A respiração do Escorpiniano já há muito alterada, parou. Seu coração acelerou mais ainda e mal conseguia se conter. Levantou-se um pouco e abaixou-se sobre o corpo de Kamus, quase se deitando sobre ele. O suave perfume que saia dos cabelos do amigo entraram em suas narinas e o excitavam mais ainda. Deslizava as mãos pelo corpo branco e torneado do francês, enquanto fazia movimentos circulares, apertando um pouco.
Quando chegou na cintura, desceu as mãos para a lateral e enfiou-as embaixo de Kamus, apertando-lhe um pouco a barriga. Foi descendo e executando a mesma seqüência, tocando-lhe a virilha.
O francês gemia mais e Milo viu que o corpo do amigo estremeceu umas duas vezes durante esta massagem. Sorriu. Continuou a percorrer a área da virilha, mas sem tocar diretamente no sexo do amigo com as mãos, depois parou a massagem e levantou-se.
- Já acabou ? Agora que estava ficando bom. - Kamus reclamou.
Adorou o comentário do francês. Sabia que estava excitando o amigo, mas não queria que ele percebesse suas intenções e pedisse para parar. Tinha que fazer tudo calmamente, sem levantar suspeitas.
- Não, eu apenas comecei. Vou só pegar as bolinhas de massagem para ajudar.
- Para que é isso ?
- Para relaxar mais ainda. Não se preocupe, você vai gostar.
Respirou fundo para controlar a excitação. Ainda bem que nem a calça nem a camiseta eram coladas no corpo ou não teria como esconder seu desejo.
Pegou as bolinhas massageadoras e voltou. Subiu novamente em cima do amigo. Com uma bolinha em cada mão, fazia movimentos circulares por todo o corpo do Aquariano, relaxando-o mais ainda. Depois, pegou as pernas de Kamus e separou-as um pouco. Sentou-se de costas para o francês e paralelo a seu corpo, deixando os joelhos flexionados e colocando uma das pernas entre as pernas do amigo.
- Kamye, levante o pé esquerdo.
O Aquariano obedeceu e Milo começou a massageá-lo. Arrancou alguns gemidos e suspiros do amigo.
- Nossa Milucho. Agora eu sei porque o Shaka alugou você por tanto tempo. Sua mão é deliciosa.
- Você ainda não viu nada. – disse maliciosamente, mas sem deixar que o amigo percebesse.
Depois de algum tempo, levantou-se e sentou-se do outro lado, perto da cabeceira e pediu-lhe o outro pé.
Terminou a massagem nos pés de Kamus e preparou-se para "Le Grand Final". Planejara tudo mentalmente. O amigo em breve estaria completamente entregue em suas mãos. Logo seria uma presa fatal do Escorpião. Virou-se na cama, chegando perto do rosto de Kamus e afastando-lhe os cabelos para falar-lhe ao ouvido.
- Kamye ?
- Hum ?
- Quero que fique com os olhos fechados e relaxe bem agora.
- Hum, hum.
- Foi o Shaka quem me ensinou esta massagem e ela é uma massagem terapêutica. – olhou todo o corpo do amigo e mordeu os lábios de desejo.
- Hum, hum.
Tinha sido realmente Shaka quem havia ensinado Milo, mas a massagem não tinha nada de terapêutica. Mas isso, Kamus não precisava saber.
- Eu vou fazer uma massagem em TODO o seu corpo enquanto falo com você, ok ?
- Hum, hum.
- É necessário que nós dois fiquemos concentrados para que a massagem seja absorvida em sua totalidade, você está entendendo ? – passou a mão pelos cabelos do amigo, fazendo um carinho nele.
- Hum, hum.
- O que eu quero dizer, é que talvez a massagem possa parecer um pouco estranha às vezes, mas no final você vai ver como ela é... – sentiu o próprio sexo enrijecer mais ainda - ...relaxante – continuou.
- Hum, hum.
- E isso também significa, que eu NÃO vou parar até finalizá-la, ok ? – perguntou suavemente.
- Ok.
- Não se preocupe, não vou machucá-lo, vou apenas deixá-lo mais à vontade, tudo bem ?
- Tudo. – Kamus disse com uma voz quase sumida.
- Ótimo.
Os olhos de Milo brilharam de contentamento. O Aquariano era todo seu e aproveitaria completamente esta oportunidade.
Levantou-se e virou a luminária um pouco mais para a parede, deixando o quarto um pouco mais escuro.
Subiu novamente em cima do amigo e começou a apertar-lhe todo o corpo, iniciando pelas mãos e passando pelos braços, têmporas, orelhas, pescoço, ombros, costas e região lombar. Enquanto apertava o corpo do Aquariano, falava-lhe suavemente.
- Massageio as mãos para livrar a exigência que elas sofrem o dia inteiro por nos ajudarem a externar nossas emoções afagando, tocando ou socando... os braços para eliminar a tensão colocada em ambos por sustentarem as mãos e as unirem ao corpo... a cabeça para diminuir o stress do uso constante e para aliviar as sensações que a consciência capta... o pescoço... – sentiu que Kamus se arrepiava novamente ao tocar-lhe na nuca. Sorriu. - ...para diminuir o peso de sustentar os pensamentos e a inteligência... os ombros para retirar toda a carga que eles carregam... as costas para aliviar o peso da responsabilidade que colocamos nela... a cintura, muito exigida por servir de sustentação e unir a firmeza e mobilidade dos membros inferiores com o tronco...
Parou de falar. Olhou para o francês e viu que estava bem entregue. Sorriu satisfeito. Desceu da cama e reiniciou pelos pés, subindo pela panturrilha e coxas.
- Massageio os pés para aliviar a tensão e o compromisso de sustentar todo o corpo... as batatas da perna que auxiliam na sustentação... as coxas que ajudam na movimentação, dando a liberdade de ir e vir...
Quando apertou a parte interna da coxa de Kamus, bem próximo ao sexo do amigo, o francês levantou um pouco o corpo, ficando apoiado nos cotovelos. Sua respiração estava descompassada quando falou.
- Milo ? Isso é necessário ? – disse olhando para frente, mas de costas para o Escorpiniano.
O grego sorriu com prazer ao constatar que o todo o corpo de Kamus estava arrepiado. Tinha descoberto mais um ponto fraco.
- É claro Kamye. Eu já te expliquei que é uma massagem indiana e pode parecer estranha, mas é para relaxar. Você pode perguntar para o Shaka depois.
O Escorpiniano sentiu um pouco de tensão. Estava mentindo para Kamus. Se Ele falasse com Shaka, descobriria que a massagem fazia parte do rol de massagens preliminares sugeridas pelo Kama Sutra e estaria perdido. Mas contava que o francês ficasse satisfeito apenas com a menção do nome do Virginiano.
- Ok. Desculpe. Não estou duvidando de você.
Milo relaxou e sorriu.
- Ok. Posso continuar ?
- Pode.
Kamus usava uma cueca branca estilo short, o que deixava Milo extremamente excitado, pois cobria tudo, deixando-o louco de curiosidade. Apertou a bunda do francês com vontade. Sabia que depois da parada, o Aquariano não iria protestar logo em seguida.
- ... e a região do prazer que é deixada em segundo plano pela correria do dia a dia.
Pegou novamente cada parte do corpo que apertara e dava leves sacudidas.
- Exigimos tudo do corpo durante o dia e ele pede alívio... pede descanso... pede para descarregar as tensões... pede para ficar relaxado... e poder aproveitar... poder sentir prazer... para estar pronto para o dia seguinte.
Parou. Pegou o amigo suavemente e virou-o de frente.
- Kamye, agora é muito importante uma total concentração, ok ? – disse baixinho.
- Hum, hum. – respondeu o outro lentamente e com os olhos fechados.
- Isso significa que esta parte da massagem é extremamente sensível e será responsável pelo relaxamento total. Você está entendendo ?
- Hum, hum.
- Então, para que faça todo o efeito, ela precisa ser finalizada ou pode acabar relaxando uma parte do corpo e a outra que ainda ficou tensa contaminar a primeira. Está ouvindo ? – perguntou ainda falando baixo.
- Hum, hum.
- Para isso eu quero a sua concordância que eu vou começar e não vou parar. Tudo bem ?
- Tudo. – disse bem lentamente.
- Ok. Continue com os olhos fechados e relaxe.
Milo subiu no amigo e começou a tocar-lhe, dedilhando um pouco mais forte o tórax, fazendo pressão por onde passava.
- Massageio o tórax que guarda a respiração e o coração que nos mantém vivos...
Ao falar, colocou o dedo indicador e o polegar e pressionou os mamilos de Kamus, que enrijeceram ao contato. O grego percebeu que o sexo do amigo se mexeu dentro da cueca.
- Chega Milo ! – disse e sentando-se.
- Kamus, você não acabou de concordar ?
- Milo, esta massagem é um tanto... esquisita.
- Mas isso eu já tinha te falado. Agora se você me fez vir até aqui para me fazer de palhaço, era só ter me avisado antes, que eu teria ficado em casa descansando. – falou bem irritado.
- Tudo bem, desculpa.
- Desculpa, o cxxxxxx. Pxxxx, fica me fazendo de otário. Qual é ! – saiu da cama bem bravo e pegou as bolinhas massageadoras para ir embora.
- Espera Milo. E se eu deixar você terminar a massagem e não interromper mais ? – sugeriu.
O grego veio até bem perto do amigo e disse-lhe apontando o dedo.
- Eu vou continuar, mas se você me interromper mais UMA vez, eu vou tomar medidas BEM drásticas. – falou ameaçadoramente.
Kamus engoliu seco e deitou-se.
- Desculpa. É que eu fico um pouco sem graça. Dá para escurecer mais o quarto ?
- Claro Kamye. – Milo sorriu e voltou a falar com suavidade.
Sua armadilha tinha funcionado.
O Escorpiniano foi até a suíte, acendeu a luz e fechou a porta deixando apenas uma fresta de luz. Voltou ao quarto e apagou a luminária.
- Não se preocupe, mon ami. Apenas relaxe, que eu tomo conta do resto.
Milo reiniciou a massagem no tórax e desta vez se demorou mais nos mamilos, sentindo-os bem endurecidos. Depois que se acostumou mais com a semi-escuridão, podia ver Kamus completamente e viu que projetou a cabeça para trás enquanto deixava escapava um gemido. Falava mais pausadamente ainda.
- Massageio o tórax... que encerra a respiração e o coração... por onde passa todo o sangue que nos mantém vivos... o abdômen... que guarda o estomago... que recebe o alimento que nos mantém ativos... – dizia fazendo movimentos circulares com as pontas dos dedos, no abdômen e na cintura. Ouviu outro gemido – os joelhos... que nos permite uma combinação de posições... – falou dobrando os joelhos de Kamus e afastando lhe as pernas. Começou a passar a mão em um vai e vem por toda a extensão desde o joelho até a parte interna da coxa. O francês estremecia todo o corpo a cada toque. - as pernas... que é a última parte de sustentação... – apertou a parte interna da coxa, fazendo com que o amigo arqueasse a cintura e soltasse um gemido mais alto. Seu sexo começava a despontar pela cueca.
O grego abaixou as pernas de Kamus e fechou-as um pouco. Subiu nelas e recomeçou a massagem.
- E a região do prazer... – Milo fez movimentos mais suaves para tocar o sexo de Kamus, que gemia e respirava desconexamente – ...que suplica por atenção... – dizia enquanto deslizava a mão por seu membro enrijecido.
Milo colocou a mão na cueca e foi baixando-a suavemente até tirá-la por completo. A mão do grego subia e descia por toda a extensão do sexo endurecido, fazendo o Aquariano gemer e sacudir o corpo em espasmos de prazer - ...que suplica poder sentir... – o grego tocou-lhe levemente os testículos e enquanto os massageava apertou-lhe mais o membro e começou a masturbá-lo - ...que suplica poder se libertar...
O Escorpiniano respirou profundamente para se controlar. Já estava quase gozando com a masturbação que fazia em Kamus. Depois que aumentou o ritmo, o Aquariano passou a gemer mais ainda em sua mão. O grego sentiu, então, uma leve umidade nos dedos. Em breve o francês iria gozar.
- ...que suplica por...
- SAIA DAQUI AGORA.
Kamus se levantou de uma só vez e empurrou Milo, jogando-o para fora da cama. O Escorpiniano caiu sentado no chão e logo reclamou.
- Ai Kamye ! Isso machuca. – disse ainda sentado, passando a mão na bunda.
O Aquariano ficou sentado com as pernas flexionadas e os braços em volta delas. Milo podia ouvir a sua respiração pesada.
- Vá embora.
- Kamye, não precisa ficar assim, isso é perfeitamente normal, somos amigos e...
- Vá embora. – Kamus disse pausadamente.
- Talvez eu tenha me excedido um pouco, mas você não estava nada bem, precisava liberar esta tensão interna, você não está se sentindo melhor ?
- Milo, vá embora. Não fale mais comigo, não me pergunte mais nada, apenas vá. – o francês suplicou sem olhar para ele.
O grego ficou quieto. Achou melhor obedecer, não queria brigar com Kamus.
- Ok. Espero que a massagem tenha sido boa e você...
- Por favor não fale mais nada.
O Escorpiniano respirou fundo e assentiu com a cabeça. Levantou-se
- Posso acender a luz para pegar as boli...
- NÃO.
- Ok. Me desculpa.
- Por favor, vá. – pediu suplicante.
Virou-se e saiu. Ainda bem que estava escuro, ou Kamus teria visto que a roupa do grego estava molhada.
Começou a descer a escadaria pensativo. Em menos de duas semanas faria aniversário. Já sabia o que pediria ao amigo.
Nos três dias seguintes não tinha encontrado com o francês e decidiu ir até a casa dele.
O décimo primeiro templo estava vazio. Pela hora, já era para Kamus estar em casa. Subiu até o templo da deusa, onde havia uma grande sala que o amigo dividia com Shura e Saga para tratar dos assuntos do Santuário e da Fundação.
Apenas Shura estava na sala.
- Oi Shura, tudo bem ?
- Oi Milo, tudo. – disse cumprimentando o Escorpiniano.
- O Kamus ainda está por aqui ?
- O Kamus ? Não. Ele viajou ontem cedo para a Europa. Vai tirar umas férias e depois ficar uns dois meses fora para tratar de assuntos da Fundação.
- Dois meses !
- É. Ele só volta depois do Reveillon. Era só com ele ?
- Era sim, mas não é importante. Obrigado.
Saiu arrasado. Mais uma vez o Aquariano estaria fora em seu aniversário e desta vez era proposital. Esperaria Kamus e cobraria o Mestre dos Desejos quando ele voltasse e ele não teria como negar.
-oOo-
- É Kamus, você me sacaneou muito naquele dia, mas valeu a pena esperar. – disse sorrindo.
Levantou-se, juntou todos os objetos e colocou novamente na caixa, deixando-a sobre o móvel. Foi até o banheiro e olhou-se no espelho. O machucado já estava melhor e o corte era quase imperceptível.
Resolveu sair e se distrair um pouco. Falaria com Kamus no dia seguinte e pediria desculpas por tê-lo chamado de viado. Trocou-se, mas por via das dúvidas, deixou um bilhete para Kamus, dizendo onde estaria. Não iria fazer nenhuma cena de ciúmes ao amigo e voltaria cedo para casa, era melhor assim.
Pegou a chave da moto e saiu.
No templo de Aquário, os pensamentos de Kamus estavam desordenados e já não podia contar com sua consciência que o culpava a todo instante, dizendo que era exclusivamente SUA a culpa pelo Escorpiniano dizer que o amava. Se não tivesse ficado excitado no dia em que o levara completamente bêbado para casa, isso não teria acontecido. O grego não teria se interessado por ele e nem estaria passando por essa tortura mental agora.
"Como pude ser tão canalha com você, Milo ?" pensou recriminando-se "Eu deixei que sentimentos adormecidos aflorassem e utilizei-os como uma arma de sedução contra você. A culpa de você ACHAR que me ama é toda minha. Se eu tivesse sido mais controlado nada disso teria acontecido." - condenava-se mais ainda.
"Eu te amo" parecia poder ouvir novamente a voz do amigo falando-lhe suavemente no ouvido. Sua consciência o culpou novamente. Isso era péssimo. O sentimento tornava o relacionamento de ambos mais frágil, pois agora era mais fácil que os outros descobrissem, pois com certeza, mais cedo ou mais tarde, acabariam se descuidando e demonstrando o que deveria ficar oculto.
A prova disso já tinha ocorrido durante a semana, quando Saga tinha encontrado o grego em sua cama. Tudo bem que foi uma situação até leve, porém, Kamus tinha certeza que se tivesse ocorrido um pouco mais tarde, não poderia dizer se Milo ainda estaria vestido.
As conseqüências disso eram terríveis. Kamus não conhecia casos anteriores no Santuário, mas a condenação podia ser a pior possível. Talvez fossem condenados à morte.
O francês já não se importava em ter que ir para o inferno novamente. Porém tinha uma coisa que temia mais que a morte. O Aquariano poderia até ser exilado, perder seu cargo e posição como cavaleiro, ser condenado à morte, mas temia o que aconteceria com Milo.
Via o quanto o amigo tinha mudado depois que Atena lhe dera o cargo de instrutor. Via como o grego amava o que fazia e como tinha prazer em ensinar os jovens aprendizes, sobretudo as crianças.
Sabia quanto os viados não eram respeitados. Isso ficava claro no tratamento que todos davam Afrodite. Nunca tinha uma atribuição de muita responsabilidade. Parecia que todos achavam que o Pisciano não seria capaz de nada.
Repentinamente uma lembrança o deixou extremamente abatido. Certa vez Milo dissera que as crianças são muito puras e quando gostam de alguém gostam de verdade. Tinha dito que quando chegava na Fundação, elas vinham correndo abraçá-lo e completara dizendo que os outros podiam até arrancar-lhe o coração, mas se um dia, ao chegar à Fundação, recebesse desprezo das crianças, sua vida não teria mais sentido e nem a morte o confortaria.
Desprezo. Não tinha certeza, mas se descobrissem sobre os dois poderiam impedir Milo de ver as crianças, ou pior, contar a elas que o instrutor tão querido amava outro homem e convencê-las que isso era feio, sujo e mau.
Kamus não podia deixar isto acontecer. Sabia o quanto Milo amava aquelas crianças. O futuro da felicidade do grego estava em suas mãos.
Uma lágrima escorreu pela face. Pela segunda vez na vida, tinha decidido entregar a alma. Na primeira vez havia sido por orgulho. Não podia deixar que esmagassem seu pupilo como se fosse uma formiga. Teve que atiçar a ira em Hyoga para conseguir o sétimo sentido do russo como resposta. O francês pagou caro, como a própria alma. Porém se alguém tinha que morrer pelas mãos do pupilo, este alguém tinha que ser realmente Kamus.
Era a segunda vez que iria se entregar e se anular, porém desta vez o sentimento era mais nobre. Morreria, mas por amor.
- Fim da fase Fotos –
No próximo capítulo, inicia-se a fase Lembranças. Milo lembra-se do primeiro beijo que deu em Kamus e o Aquariano luta contra si mesmo, para colocar em prática uma das decisões mais difíceis de sua vida, quando os dois finalmente se encontram depois da última briga.
Nota da autora – Gente, vocês não sabem como fiquei feliz com os comentários que recebi esta semana. Teve sugestão, crítica (sempre construtiva, é claro) e comentários variados.
As amantes de Hyoga e Shun, por favor me perdoem por ter separado estes dois fofinhos, mas achei melhor não misturar muito a sintonia nesta fic que é mais voltada ao cavaleiros de ouro. Aproveito para agradecer especialmente a Cardosinha, que me meu uma nova linha de motivação e estou começando a pensar em escrever outra fic só sobre os dois. Estou amadurecendo a idéia.
Obrigada também a Ia-Chan e Ilia-chan que comentaram e me animaram a entregar logo o capítulo. Obrigada à Anjo Setsuna que fez comentários e me chamou atenção, pois a fic não estava aceitando comentários anônimos. Eu fiz o ajuste.
Brigadinha Senhorita Mizuki, por me permitir mencioná-la.
Beijinhos e até o próximo capítulo. Obrigada também a todos que leram o capítulo, não comentaram, mas estão aguardando o próximo ansiosamente.
