Recordações

Recordações - Fase: Cartas - Capítulo IV – A última carta

No capítulo anterior Kamus violou a correspondência do grego, lendo uma carta endereçada ao amigo e ficou muito magoado ao descobrir o que o Escorpiniano já havia pensado dele. Em outra carta lê que o amigo pensara em se suicidar e decide sair à sua procura antes que seja tarde. Milo acaba experimentando drogas e sucumbe ao ataque dos gêmeos, acabando a noite na cama do novo amigo francês.

... Ian subiu na cama e puxou o moreno um pouco para o lado.

- Não se preocupe Mon Ange.

O francês se abaixou, aproximou-se da boca do outro e o beijou.

- Vou cuidar de você direitinho. - disse deslizando a mão pelo corpo bronzeado do grego.

Capítulo IV – A última carta

Kamus chegou até o alto do monte, parou o carro, desceu correndo e foi até a beirada.

Não havia nenhum barulho além das batidas que o mar violento dava nas pedras. Não tinha ninguém ali em cima.

O Aquariano voltou no carro e pegou uma lanterna. Procurou em volta e no mato, qualquer sinal de uma moto shadow negra, mas não encontrou.

O guardião da décima primeira casa sentou-se aliviado no capô do carro. Milo estava vivo.

O francês não sabia onde o outro estava, mas ia descobrir. Voltando para o carro e guiou até a região dos barzinhos.

O Aquariano passou por vários bares e estacionamentos, procurando o grego ou sua moto.

Ao final de quase duas horas, não tinha encontrado nada. Não havia sinal do amigo. Era como se tivesse evaporado.

Tinha ido a todos os bares que já tinham freqüentado e nem uma pista que o levasse ao Escorpiniano.

Kamus repassou mentalmente todos os lugares onde procurara o grego. Realmente tinha ido a todos.

De repente, sua mente deu um estalo. Milo tinha comentado uma vez de um bar que havia freqüentado com o Pisciano e até brincou com o francês dizendo que se um dia quisesse se esconder do amigo, iria para lá, pois com certeza o Aquariano detestaria ir até este local.

Ele não sabia onde era o bar, mas precisava descobrir.

Ligou para a casa de Afrodite, mas só dava sinal de ocupado. Passou por mais alguns bares que nunca tinha ido. Tentou novamente. Ocupado de novo. Mais dois bares. Nova tentativa.

- Cxxxxxx ! O que este viado tanto faz no telefone ?

Milo valia a viagem, Kamus deu a volta no carro e dirigiu-se para o Santuário, mais especificamente, para a décima segunda casa.

O Aquariano entrou impetuosamente na casa de Afrodite e o chamou. Não teve nenhuma resposta. Foi até seu quarto e acendeu a luz. Vazio. Foi até a sala e viu o motivo do sueco não atender. O telefone estava fora do gancho.

- Mxxxx ! – reclamou colocando o telefone no gancho.

Foi até o salão das pilastras. Silêncio.

O francês concentrou um pouco o cosmo. Afrodite estava em casa.

Kamus seguiu seu cosmo até a saída do templo. Sentia-o no jardim, mas não o via pela escuridão. Acendeu a luz pálida do ambiente que dava para a saída do templo. A luminosidade não era suficiente. Havia alguns interruptores na parede, o francês não sabia qual era o do jardim, por isso passou a mão acendendo todos.

Afrodite deu um gritinho de susto com a claridade. O que Kamus viu o deixou mudo.

Tinha um banco no meio do jardim, onde já tinha visto o Pisciano sentado algumas vezes. O sueco estava completamente nu e atrás dele, penetrando-o, estava um outro cavaleiro, o cavaleiro da casa de Câncer.

Kamus estava em estado de choque. Permaneceu boquiaberto e não conseguia parar de olhar. Tentou falar alguma coisa, mas não saiu som nenhum da sua boca.

Afrodite se abaixou, forçando o outro a seguí-lo e quando se levantou tinha uma peça de roupa na frente do corpo.

- APAGA ESSA LUZ, KAMUS !

O francês apagou imediatamente. Se Afrodite tivesse pedido para enfiar uma faca no coração, Kamus certamente teria obedecido pelo tanto que seus pensamentos ficaram desordenados com aquela visão.

Os dois se aproximaram do Aquariano, que deu passagem ainda de boca aberta.

- Você tinha razão Amore. O aracnídeo não contou mesmo. Pela cara do Geladinho parece que ele soube agora.

- Vocês estão... você e o Afrodite...

- Estamos Kamus. Estamos juntos assim como você e o Milo.

O Aquariano deixou o corpo cair na parede.

- Como é que você sabe ? – perguntou arregalando os olhos.

- Desde o dia em que você deixou o seu namorado ficar andando por aí pelado. Mas o que você está fazendo aqui ? – perguntou irritado e mudando de assunto.

- Eu só vim... falar com o Afrodite.

- Então fala e cai fora. Estamos ocupados.

O Canceriano era realmente muito educado.

- Eu preciso saber onde é o bar que você e o Milo foram... – disse se virando para o Pisciano.

- Por quê ? - Máscara da morte questionou, já de cueca.

- Porque... eu... nós terminamos e preciso encontrá-lo.

- VOCÊ TERMINOU COM ELE ? – Afrodite perguntou agressivo.

- TERMINEI, mas me arrependi. Preciso encontrá-lo, por favor. – pediu suplicante.

- Não sei Kamus, talvez ele queira ficar sozinho.

- Você não entende ? – perguntou pegando o sueco pelos braços e implorando por ajuda – Eu menti para ele. Falei que não tinha nenhum sentimento envolvido e que era APENAS SEXO e ele acreditou. Eu preciso encontrá-lo. Tenho que falar com ele hoje, por favor.

O Aquariano odiava ter que implorar por alguma coisa. Era muito orgulhoso para isso. Odiava mais ainda ter que implorar para o Pisciano, mas Milo valia qualquer sacrifício.

- Fale com ele amanhã, deixa o garoto curtir uma fossa hoje. – sugeriu Máscara da Morte.

- Eu tenho que falar HOJE, o mais rápido possível. – afirmou irritado.

- Do que você está com tanto medo, Kamus ? – o Canceriano perguntou.

- Medo ?

- É. Parece até que você está achando que o grego tá fxxxxxx com alguém em algum motel.

Kamus ficou paralisado com a declaração.

- Desculpe o Máscara, Kamus, ele odeia ser interrompido.

O italiano apenas deu os ombros e sentou-se no sofá.

- Qual o problema se você não achar ele hoje ? Fale com o menino amanhã.

- Tem que ser HOJE.

- Por quê ? – perguntou o sueco.

- Eu... Se ele não voltar...

- Ele vai voltar. – Afrodite falou com segurança.

- Como você sabe ? – o francês perguntou desconfiado.

- Ele me prometeu. - o Pisciano fazendo uma referência à conversa que teve com o grego, só que Kamus desconhecia esta conversa e ficou aborrecido.

O Aquariano não sabia porquê o amigo tinha se comprometido com Afrodite. Só não surrava aquele viado idiota porque Máscara da Morte estava junto e teria que lutar contra ele também e não tinha tempo.

Seu coração se encheu de ódio e ciúme. Se pudesse, estrangulava o Pisciano ali mesmo. Lembrou-se que em um certo dia de tempestade, o grego dormira na casa do sueco e ficou mais irritado ainda.

- Onde fica a pxxxx do bar ?

- Calma. Tem três. Vou anotar para você.

O sueco escreveu em um papel e entregou a Kamus.

- Obrigado. – falou entre os dentes e virou-se para sair.

- Ei Kamus, - o Canceriano o chamou antes que saísse – vê se segura a onda do seu namoradinho para ele não ficar vindo tanto assim na casa do meu amor. – falou puxando o Pisciano para junto de si – Eu sou muito ciumento.

Afrodite riu do comentário.

Kamus olhou para os dois e mostrou o dedo. Saiu muito aborrecido.

O francês estava tão irritado que se desse um soco em algum templo era capaz de destruí-lo em um só golpe. Cerrou os punhos tentando se controlar.

- Quando eu te achar, você vai me explicar d-i-r-e-i-t-i-n-h-o PORQUÊ aquela bicha tem TANTA certeza que você vai voltar, Escorpião.

Um dos bares ficava do outro lado da cidade. Entrou no carro e partiu com velocidade.

Kamus procurou pelos dois bares que Afrodite escreveu. O outro ele já tinha ido antes de ir até o templo de Peixes. Milo também não estava lá.

"Será que..." afastou o pensamento da cabeça. Não queria nem imaginar que seu lindo Escorpiãozinho pudesse estar em um motel, nos braços de outro.

- Mon Ange, cadê você ?

Dirigindo de volta para o Santuário, Kamus teve um estalo. Quase deu um cavalo de pau com o carro.

Deu a volta e retornou ao monte onde pulavam de asa delta. Não queria perder o grego naquele lugar.

Estacionou o carro e desceu correndo. O lugar estava tal como estava antes, sem ninguém.

Kamus respirou profundamente e entrou novamente no carro. Voltou a dirigir para o Santuário.

As esperanças recomeçaram a voltar. Já era bem tarde e no outro dia o Escorpiniano tinha que trabalhar era possível que já tivesse voltado.

O francês estava com muita pressa. Não tinha tempo de manobrar até o estacionamento dos cavaleiros. Achou um espaço entre o muro e o ônibus que trazia os servos que não dormiam no Santuário e deixou o carro lá.

O Aquariano entrou correndo no oitavo templo. Já tinha concentrado o cosmo e percebido que o outro não estava no Santuário, mas queria ver com os próprios olhos.

Foi direto para o quarto. De fato, o amigo ainda não estava em casa.

Sentiu-se derrotado. Sentou novamente na poltrona e ficou pensando.

Lembrou-se da última carta.

"Talvez tenha alguma pista" pensou.

Pegou-a. Dentro tinha uma foto do francês, sorrindo. Tinha ficado muito bem na foto. Lembrou-se do dia em que Milo tinha tirado. O Escorpiniano, Kamus e os outros cavaleiros de ouro tinham ido para um acampamento, meses depois que o francês voltara da Sibéria e ficaram um dia inteiro lá. Tinham contado histórias, jogado vôlei, feito piquenique, brincaram até de mocinho e bandido, usando os seus poderes. Tinha sido um dia muito legal. Provavelmente Milo estava na fase de amor-e-ódio com o Aquariano, mas se estava, o francês nem desconfiou.

Pegou novamente a carta e começou a ler.

-oOo-

Recordações – Cartas: A última carta

"Kamus,

Não sei que tipo de influência você teve nos últimos acontecimentos e se for assim, não sei se te agradeço ou te odeio.

Perdão. Odiar não. Eu jamais conseguiria te odiar de verdade.

Talvez você venha a me odiar pelo que vou contar agora, mas peço que veja com olhos piedosos, pois na maioria dos momentos, eu estava fora de mim.

No dia seguinte que escrevi a última carta, eu deixei tudo pronto para a minha partida.Dei uma geral no meu templo e desci as escadarias pela última vez.

Como eu era o último cavaleiro, nem precisei subir para me despedir de ninguém.

Só não fui até a sua casa, porque não tive coragem de olhá-lo uma última vez naquele caixão. Não era esta lembrança que eu queria levar do mundo dos vivos.

Passei pela casa do Aioria. Eu não ia contar a ele, ia apenas dar uma desculpa qualquer para vê-lo, mas ele não estava em casa.

Passei na casa do Shaka e conversamos algumas banalidades. Ele me perguntou porque eu estava com o cosmo tão carregado. Esse loiro é fxxx, mesmo de olhos fechados, ele enxerga tudo. Eu menti falando que estava preocupado com um possível ataque de inimigos. Ele entendeu. Ou fingiu que entendeu.

Eu passei pelas outras casas e fui direto ao templo de Touro.

Aldebaran. Deste eu ia sentir falta. O cara é demais. Pena que não tivemos tanto tempo para melhorar a nossa amizade.

Assim que me viu, o Deba me deu um abraço daqueles que você conhece. Pensei até em pedir para ele me abraçar mais umas cinco vezes, tenho certeza que eu morreria, mas isso seria muita sacanagem com ele.

Ele combinou de sair comigo no sábado. Eu não podia recusar para não levantar suspeitas. Esperava que ele me perdoasse depois.

Me despedi dele e fui até a casa do Mu. O Aioria estava lá. Nos falamos um pouco e eu disse que precisava ir, pois tinha umas coisas para fazer. Acho que este foi o meu erro.

Eu disse "Adeus" e você sabe que o Aioria também é grego. Ele soube interpretar bem o sentido da palavra que eu falei.

Fui até a garagem e peguei a moto vermelha. Ela estava um pouco detonada porque eu tinha batido recentemente. Ela ainda andava, mas fazia uma barulheira...

Eu peguei a estradinha que leva até lugar onde o pessoal pula de asa delta. Eu realmente tinha planejado tudo, porque fui até lá no período da tarde, quando eles evitam o vôo. Era um dia ideal, pois ventava bastante de todos os lados, mais um motivo para o lugar estar vazio.

Eu estacionei a moto e me aproximei da beirada. O mar estava bem violento aquele dia. Olhei para as pedras pontiagudas lá em baixo e senti um frio na barriga, mas eu não podia recuar.

Eu estava tão concentrado em meus pensamentos que não percebi que uma outra moto tinha parado.

Pensei nos vários momentos que passamos juntos e isso me deu coragem para prosseguir.

Mal dei um passo para frente e senti uma mão segurar o meu braço. Era o Aioria.

Eu pedi para ele me soltar, mas ele não me obedeceu. Pelo contrário, me puxou da borda e me jogou no chão. Me perguntou o que eu estava fazendo. Eu falei que não devia explicações a ele e nós brigamos e rolamos pelo chão.

Só não usei meus poderes, pois eu não estava a fim de começar uma batalha de tantos dias. Eu não tinha este tempo todo.

Ele conseguiu me prender embaixo do corpo dele e disse no meu ouvido que não importava o que eu estivesse sentindo, mas que eu era importante. Falou que talvez eu não fosse importante para mim, mas era importante para ele e não ia deixar me deixar fazer nenhuma bobagem.

Eu chorei. Chorei muito com o que ele falou. Nos abraçamos no chão e fiquei chorando enquanto ele me consolava.

Ele perguntou o que estava acontecendo, mas eu não podia contar a verdade. Disse apenas que me sentia inútil e desprezível. Falei ainda que eu me sentia culpado por sua morte e queria ter ido em seu lugar.

Ele tentou me convencer que com a chegada de Atena no Santuário tudo ia ser diferente, mas eu não queria escutar.

Eu argumentei que tínhamos perdido cinco cavaleiros na última batalha e que todo mundo estava indiferente, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Ele me abraçou mais forte e falou no meu ouvido que também sentia a sua falta, Kamye.

Eu não pude segurar as lágrimas, elas vinham sem nenhum esforço. Meu corpo se sacudia com os soluços. Eu olhei para o Aioria, entre lágrimas, e disse que não suportava mais a sua falta.

Ele enxugou as minhas lágrimas e disse que você tinha morrido porque tinha escolhido morrer e qualquer coisa que eu fizesse não ia mudar isso.

Eu parei de chorar, mas fiquei como um zumbi. Eu não queria ouvir que você tinha ido porque queria. Eu sabia que era verdade, mas não queria ouvir.

Deitei no colo do Aioria e fiquei quieto, com as lágrimas caindo. Ele ficou passando a mão no meu rosto e nos meus cabelos e depois de um tempo me levantou.

Disse para eu esquecer aquela bobagem toda e continuar a vida.

Aí eu me dei conta que ele sabia que eu tinha tentado me matar e que isso era o pior dos erros de um cavaleiro.Era uma traição à deusa, pois quem se mata, deserta.Eu seria um traidor, um desertor.

Acho que o Aioria adivinhou o que se estava passando na minha mente. Ele me abraçou forte e me disse que não ia me deixar passar o que o irmão passou.

Fizemos um pacto de nunca contar a ninguém o que tinha acontecido.

Você sabe as implicações que uma revelação destas teria. Eu seria condenado à morte e apesar de ser o que eu queria, o Aioria me convenceu a não contar, dizendo que se eu fosse condenado como o irmão dele, eu teria para sempre o estigma do cavaleiro traidor.

Era um peso grande demais para carregar e eu sucumbi.

O Aioria deve ter percebido que me entreguei à tristeza e me abraçou novamente.

Segurou o meu rosto, para que eu olhasse para ele e disse que sabia de alguém que podia me ajudar a tirar os pensamentos tolos da cabeça.

Ele insistiu para que eu subisse na garupa da moto dele e voltamos para o Santuário. Ele me levou direto no templo de Virgem.

Chamou o Shaka e disse que eu estava muito abatido porque achava que você tinha morrido por minha causa.

Em nenhum momento o Aioria comentou que eu tentei me matar.

O Shaka me entregou uma toalha, me levou até o banheiro e começou a encher a banheira para mim. Pediu para eu tomar um bom banho que ele ia me esperar no quarto das almofadas.

Quando eu saí, ele ainda estava conversando com o Aioria. Estavam rindo.

O Shaka veio e me pegou pela mão. Disse para o Leonino que ia demorar, mas você sabe como o Aioria é teimoso, ele disse que esperava.

Então o Shaka me levou para o quarto das almofadas e me fez deitar. Apagou as luzes e deixou apenas uma luz roxa, bem fraca,acesa.

Ele me explicou que ia fazer uma massagem indicada pelo Kama Sutra para liberar as tensões.

Eu perguntei porquê tinha que ser do Kama Sutra e ele falou que era uma massagem completa porque pegava a totalidade, não só a carne, mas a mente também.

Eu só aceitei fazer porque o Aioria tinha me levado lá e achei que também seria sacanagem com o Shaka, já que ele tinha se disponibilizado a ajudar.

Ele pediu para eu ficar de costas e tirou a minha toalha. Ficava falando enquanto passava a mão pelo meu corpo. Quando ele passou para a parte da frente, depois que eu virei, eu levantei e falei que não queria mais. Falei que aquilo não era massagem, era putaria.

Ele chegou a tocar o meu sexo !

O Shaka se ofendeu, mas eu ainda mostrei o dedo para ele e o mandei para o inferno. Eu não podia admitir que ele me tocasse daquela forma. Ele podia ser meu amigo, mas não era você.

Coloquei a toalha de novo e com todo este bate boca, o Aioria entrou no quarto.

Ele pediu desculpas para o Shaka e disse que depois vinha falar com ele.

Virou para mim e falou que tinha tomado a linha de pensamento errada, mas que ia consertar.

Ele me levou para a casa de Escorpião só de toalha. Entramos no meu quarto e ele abriu o meu guarda-roupa e me ajudou a escolher uma roupa. Eu me troquei e passamos em Leão. Ele tomou banho, se trocou e fez algumas ligações. Fomos até o estacionamento.

Ele entrou a chave da moto para um servo e pediu para buscar a outra moto lá no monte.

Entramos no carro e ele dirigiu até a praia. Ficamos esperando uns dez minutos e apareceram três garotas muito bonitas. Ele pediu para eu passar para o banco de trás e sentei com uma menina de cada lado.

Reconheci as duas, uma era a Camila, uma amiga do Aioria, acho que você vai lembrar, uma morena de cintura fina e bunda grande e a outra era a Karen, uma loirinha que o Shura vivia dando em cima. Elas não paravam de se esfregar em mim.

O Aioria dirigiu até um lugar que eu não conhecia.Era um motel novo com o nome de Sete Pecados e a gente podia escolher o quarto pelo computador. Era engraçado porque cada quarto tinha o nome de um dos sete pecados capitais.

Ele sugeriu o quarto Inveja Era um quarto muito grande e bonito.

Mal entramos e as meninas já tiraram a roupa As três ficaram se beijando e passando a mão uma na outra, me deixando bem excitado.

Transamos a noite toda. Eu confesso que olhei algumas vezes para o corpo perfeito do Aioria e te imaginei.

Tudo bem que não dá para comparar, até porque você é muito branquinho, mas eu admito que me deu vontade. Acho que se o Aioria quisesse, eu teria cedido. Nem tocamos neste assunto. Transamos apenas com as meninas.

Por duas vezes ele ficou perto de mim, com o corpo ao meu alcance, mas não tive coragem de tocá-lo. Não seria correto e não era ele que eu queria.

Tinha três camas no quarto e duas eram praticamente coladas, só que uma mais alta que a outra. Foi aí que dormimos.

Eu dormi na cama de cima com duas meninas e o Aioria na de baixo. Quando acordei, olhei para o Leonino, ressonando, de costas para mim, com o braço sobre o corpo da garota.

O Aioria é muito bonito, mas acho que o negócio dele é mesmo mulher. Alguns dias depois, ele me disse que só tinha aceitado ficar com outro homem no mesmo quarto porque era eu e ele sabia que eu estava precisando disso, senão, nunca teria feito.

Acho que isso acabou de vez com as minhas esperanças, se é que elas existiram.

Creio que o que eu senti pelo Aioria foi um misto de atração com carência pela sua ausência, mas foi só naquele dia no motel. Agora já não sinto mais nada por ele, a não ser uma consideração muito grande por sua amizade.

Hoje eu já estou mais controlado, graças à teimosia do Leonino em me seguir naquele dia.

Te peço perdão por ter te traído no motel com ele. Te juro que não encostei nele um dedo sequer, mas os pensamentos que tive me denunciam. Enquanto eu transava com uma garota, eu desejei ardentemente que ele me tomasse.

Espero que compreenda que hoje tenho a certeza que tudo não passou de uma mera atração passageira e o único que eu gostaria que me tocasse, era você.

Como eu gostaria que você estivesse aqui.

Peço que me perdoe, mas não vou mais te escrever porque isso me faz mal.

O Aioria veio outro dia aqui em casa e me falou que você ficaria muito triste se soubesse que eu estou sofrendo assim.

Acho que foi a gota que faltava. Caí em mim e vi que não adiantava me martirizar tanto. Você está morto, mas tenho os bons momentos para me lembrar de você.

Eu deixei a foto que mais gosto aqui dentro da carta. Você lembra deste dia ?

Você, o Aioria e o Deba se sentaram juntos para conversar. Você estava tão lindo, deitado no chão, apoiando a cabeça com o braço e brincando com um matinho na outra mão.

Quando eu te chamei, apontando a câmera, você olhou para mim, sorriu e eu apertei o botão da máquina.

Eu adoro esta foto. É exatamente assim que te levo na minha lembrança.

Saiba que depois de tudo o que aconteceu, ainda te amo. Aliás, nada vai mudar. Vou te amar o resto da minha vida. Espero que quando eu morrer, lutando bravamente, eu ainda possa te encontrar e quem sabe possamos começar o que eu nunca tive de você enquanto estivemos vivos.

Desculpe, tenho que parar. As lágrimas já estão tentando descer.

Aconteça o que acontecer saiba uma coisa, Kamus,

Eu te amo.

Milo"

Assim que terminou a leitura, Kamus abraçou a carta. As lágrimas rolavam suavemente por seu rosto.

Agora conseguia compreender. Algumas coisas estranhas que Milo tinha falado, agora estavam claras.

O Escorpiniano tinha medo que o francês soubesse que tinha tentado se matar e o achasse um derrotado. Talvez por isso nunca tenha mencionado este acontecimento. O Aquariano não se importou com isso. Jamais acharia o grego um fracassado.

Foi novamente para a última folha da carta e leu. "Eu te amo". Tudo o que Milo tinha suportado era por amor.

Kamus ficou mais tranqüilo. Se o amigo o amava, não ia fazer nenhuma grande besteira, pelo menos era o que o Aquariano esperava.

Afrodite tinha afirmado que o grego voltaria. Tinha percebido no refeitório que tinham combinado de conversar. Talvez Milo tivesse dito alguma coisa a ele que o francês não soubesse.

Era melhor esperar.

Depois de algum tempo ficou com sono. Encostou a cabeça na poltrona e adormeceu, ainda abraçado com a carta.

Milo estava sonhando que Kamus tinha sido chamado para ser o novo Mestre do Santuário e agora que ficava em outro templo, não podiam mais se ver. O grego tinha invadido o templo onde ele ficava e tinha fugido com ele de moto. Era uma moto bem velha e barulhenta, o barulho era tão grande que não conseguia mais guiar...

Despertou ainda sonolento. Tinha uma moto bem embaixo da janela. Milo virou um pouco o corpo e tentou dormir. No outro dia tinha que trabalhar.

A moto continuava a fazer barulho.

"Mas que droga !" pensou "Por que o Kamus deixa estas motos subirem até aqui ?"

No mesmo instante ficou paralisado. O corpo gelou completamente. As motos não subiam as escadas no Santuário ! Mas o Escorpiniano lembrava-se de estar na décima primeira casa. O que estava acontecendo ?

Colocou a mão de lado e tocou em um corpo quente.

- Kâ ? Acho que tem alguma coisa muito estranha acontecendo. – falou para o outro.

Ian esticou o braço e alcançou a luz do abajur.

A claridade revelou que o Escorpiniano estava em outra cama. Sentiu como se um raio o tivesse atravessado. Com o susto afastou-se um pouco do francês e o lençol o descobriu. Milo estava nu. Puxou o lençol de volta, cobrindo a sua nudez.

Como um flash, as lembranças da noite anterior passaram por sua cabeça. O grego colocou a mão no rosto em desespero.

- ESSA NÃO ! O QUE FOI QUE EU FIZ ?

-oOo- Fim da fase Cartas -oOo-

Próximo capítulo - No próximo capítulo o Escorpiniano vai à procura do Aquariano e não o encontra. Com o coração em pedaços, toma uma decisão desesperada.

Nota da autora – Agradecimentos.

Agradeço a todos que têm acompanhado a fic e em particular:

Cardosinha – Que pediu urgência na publicação dos próximos capítulos antes que sofra um ataque de ansiedade. (Só para esclarecer, tem só mais dois, além deste último das cartas. E se prepare (e me ajude com reviews !), semana que vem sai o meu primeiro capítulo de Hyoga & Shun. Por favor quem gosta dos dois fofinhos, acompanhe para me ajudar nos reviews também)

Anjo Setsuna – Que elogiou o Ian (Eu também imaginei o novo amigo do Milucho bem gatinho .) e espera por atualizações rapidamente (Bem, finalmente saiu a verdade sobre Aioria e Milo saiu. E o porquê da massagem do Kama Sutra também. Ufa !).

Ia-Chan – Que foi muito má achando que o Kamye merecia sofrer pelo que fez com o Milucho (Tadinho do Kâ. Bem, explicando a história do beijo do Shaka, não pense mal do Escorpiãozinho, ele estava sob efeito de drogas e acabou confundindo o gêmeo, que também era loiro, como o Shaka. Espero ter limpado a barra do grego agora (rsrsrs))

Ilia-Chan – Que está esperando por minha fase EXTREMAMENTE má (estas meninas estão muito malvadas com o Kamye) e riu bastante com a atitude de 'bicha-louca-desvairada' do Ian, quando teve um piti por causa do Milo (Pode apostar que me diverti muito escrevendo também. Quanto à fase extremamente má. Aviso a todos que no próximo capítulo eu estarei IMPOSSÍVEL !. E neste capítulo ainda teve o Dido !)

Fallen Angel – Que me manda uns e-mails muito legais com histórias curtinhas do casalzinho mais fofo do Santuário (desculpem as amantes de Dido & MM e Shaka & Mu e que vai me deixar pobre mandando a conta dos lencinhos de papel para a minha casa. Ela também é mais uma adepta do sofrimento do francês. Será que não tem ninguém para defender o pobrezinho ? Agora, se vcs quiserem descontrair e rir um pouco, acessem o site Casa dos Fics e vejam a fic Uma Peça no Santuário e mandem reviews para ela continuar com a fic logo)

Nota da autora: contato.

Podem me contatar via e-mail no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com ou via review neste site.