Todos pararam em frente a um túmulo que parecia abandonado. Longe dali ouviram o barulho de duas pessoas duelando.

Artur fez questão de ir em frente, mas Moody segurou seu braço.

"Espere. Ouça."

Ouviram os passos do que pareciam ser várias pessoas, indo exatamente para onde os membros da Ordem estavam.

"Nós podemos tentar acabar com alguns agora." - disse Quim.

"Mas depende de quantos forem."

"Se todos estiverem se aproximando por esse lado, é capaz de algum escapar e contar para Voldemort que estamos aqui." - murmurou Remus. - "E isso talvez acabe com as chances de Dumbledor."

"Nós temos que saber se todos estão desse lado." - disse Tonks. - "Já sei."

E sem dizer mais uma palavra, ela se afastou do grupo.

"Tonks! Tonks, volta aqui!" - murmurou Remus, sem coragem de falar mais alto.

Eles ficaram apreensivos por um momento, até ela voltar correndo sem fazer barulho.

"Os comensais, pelo visto, vão cercar Dumbledor e Voldemort. Estão vindo por norte, sul, leste e oeste. Nós temos a chance de acabar com esse lado, o oeste. E com sorte, pegar o sul também, que está escondido atrás de algumas criptas, lá atrás."

"Tem criptas aqui?"

"Sim. E das grandes."

"Talvez isso nos dê alguma chance." - disse Moody, pensando. - "Bem, então vamos acabar com o Oeste, antes que mais alguma coisa aconteça."

Os cinco foram andando cautelosamente em direção aos Comensais. Por sorte, também havia cinco comensais. Cada um escolheu o seu, e murmurando vários feitiços atrás de algumas árvores, eles caíram sem nenhum estardalhaço.

"Ótimo. Sul, agora." - disse Moody, e eles se afastaram.

Deram uma grande volta para poderem ver a parte de trás das criptas. Havia sete comensais, pelo o que eles podiam enxergar na escuridão.

"Vamos acertar nas costas deles."

Mais uma vez eles acertaram os Comensais sem que eles pudessem reagir. Tonks estava dividida, enquanto acertava dois comensais com vários feitiços. De uma certa forma era melhor que eles tivessem conseguido atingir o lado Oeste e Sul sem que ninguém os visse. Mas ela sabia que a sorte não iria agüentar por muito tempo. Não tinham como atingir o lado Leste nem o Norte sem que não fossem vistos.

E de repente ela viu. A cripta menor tinha algo que ela se lembrava.

"Que tal nós nos escondermos em uma dessas." - sugeriu Artur, apontando para as grandes construções. - "Nós conseguimos ver a batalha, e quando chegar o momento, vamos atingir os Comensais que faltam."

Tonks murmurou algo desfavorável, mas todos já estavam se dirigindo exatamente a cripta menor. Relutante, ela entrou junto com eles. Era como uma grande sala escura, com vários archotes com velas já derretidas. No canto direito havia uma escada que descia até os caixões.

O lugar já era apavorante. Mas ela sabia que havia algo ali que poderia a assustar mais ainda.

Os homens murmuravam planos, mas ela não estava preocupada com isso. Foi perto da janela empoeirada. Do seu lado direito havia várias teias de aranha, mas ela não se preocupava com o lado direito, mas sim com o lado esquerdo. Desceu a mão devagar, pedindo que não houvesse nada ali. E de repente sua mão parou.

"Meu Deus."

Um adesivo colado com os dizeres "Lumus, sua melhor opção." Era uma marca de velas para trouxas. Ao lado dos dizeres, um vulto encapuzado com olhos vermelhos.

E ela se lembrou. Todos corriam para a cripta. Ela parava exatamente ao lado da janela. A escuridão estava muito grande, e então ela olhava para o adesivo, e iluminava a sala com Lumus. Belatriz imobilizava Quim e Moody. Artur já estava tombado do lado de fora. Só estavam Remus e Tonks juntos com Belatriz. Ela descia até o chão, Remus se aproximava, possivelmente querendo vingança e...

"Não!" - exclamou ela, baixo demais para alguém ouvir. Afastou-se da janela, sentada. Não tinha percebido que havia sentado. Artur se aproximou dela, percebendo o quanto ela estava abalada com algo perto do chão.

"Tonks, o que foi?" - disse ele, se abaixando do lado dela.

Ela sentiu várias lágrimas escorrerem pelo rosto, enquanto soluçava baixinho.

"O adesivo... o adesivo..."

Ele viu o adesivo trouxa, sem entender o desespero de Tonks.

"O que tem o adesivo?"

"Meu sonho, Artur. Tinha essa cripta, e esse adesivo, e vocês..."

A expressão do homem ficou rígida.

"Eu vou falar com os outros. Remus, vem aqui um pouco." - chamou ele, se levantando. Remus se abaixou do lado de Tonks, e viu o quanto ela estava desesperada.

"O quê foi, Tonks?" - murmurou ele, a abraçando a afagando seus cabelos como havia feito tantas vezes antes.

"Remus, você se lembra do meu sonho, daquele..."

"Em que eu morro."

Ela balançou a cabeça, segurando um grande soluço.

"Era aqui, Remus. Nessa cripta. E tinha esse adesivo, e eu estou com tanto medo, tanto medo que aconteça alguma coisa hoje que eu não sei o que fazer... eu quero ir embora."

Ele pareceu perceber o quanto o sonho era preocupante. Já tinha visto pessoas sonharem com vários fatos, mas nunca com um lugar que realmente existisse e que a pessoa nunca tivesse ido antes.

"E eu me lembro, me lembro bem que era Quim, Moody e Artur que estavam conosco."

Ele acariciou os cabelos dela lentamente, tentando dominar o pânico que inchava seu peito.

"Olha, Tonks, a gente precisa salvar Dumbledor..." - murmurou ele.

"Remus, eu sei o que eu sonhei... e eu sei que pode acontecer hoje."

Eles ficaram em silêncio durante um tempo. O único barulho que se ouvia era dos três homens atrás deles, conversando.

"Eu quero que você saiba de uma coisa." - disse ela.

"Pode dizer."

"Eu quero dizer..." - ela tomou fôlego, mas mesmo assim falava sussurrando. - "Que eu nunca amei uma pessoa como eu te amo agora. E que eu estou tão desesperada porque eu não quero que nada de ruim aconteça. E que se eu puder, eu dou minha vida em troca da sua. Eu faria qualquer coisa por você. Minha vida não tem a menor importância se você não está nela."

Ele sentiu o pânico sair de seu peito como o ar que sai dos pulmões quando se respira. Agora, seu sentimento era de alegria, ou de medo, ou de vontade de esquecer aquela missão e sair com Tonks dali, ou também de timidez.

Nenhuma mulher havia falado aquele tipo de coisa para ele.

"Eu também te amo, Tonks. E eu queria esquecer isso, esquecer Dumbledor, esquecer que existe uma missão atrás de tudo isso, e queria te levar daqui. Porque eu também tenho medo que algo aconteça. E eu também daria minha vida por você. Eu também faria qualquer coisa por você."

Ele falou em um murmúrio, olhando nos olhos dela.

I can't take my mind of you.

Ela o abraçou com força. Desejou nunca ter tido aquele sonho, nunca ter pensado tudo aquilo.

"Pelo menos se acontecer alguma coisa, eu sei que eu falei o que precisava falar." - disse ela, com a voz embargada, em um tom que deveria parecer descontraído.

"É." - disse ele, se surpreendendo com as lágrimas que também lavavam o seu rosto.

Eles se beijaram brevemente, e continuaram abraçados.

"Nós decidimos o seguinte." - disse Artur, se abaixando para ficar na altura dos dois. - "Assim como eu, eles acham que é melhor prevenir do que remediar, então decidimos sair daqui e fechar a cripta. E não vamos voltar aqui, certo?"

Mesmo que não fosse uma solução real, Tonks se sentiu mais segura com a idéia que a cripta iria estar fechada.

"Certo." - disse Remus, se levantando e ajudando Tonks a levantar. - "Agora vamos."

Artur concordou com a cabeça e também se levantou.

Os cinco saíram da cripta, fechando a porta ao passar.

E o que viram no cemitério iria compensar qualquer tipo de surpresa que eles poderiam ter tido.