Havia no mínimo uns trinta Comensais, andando pelas sombras e cercando o lugar onde Dumbledor e Voldemort duelavam.
"Sabia que vocês não iam demorar, caros Comensais. Nunca me decepcionariam." - disse Voldemort, e deu uma risada fria e sem alegria. - "E você, Dumbledor? O que tem? Está sozinho contra mim e contra os melhores Comensais."
Houve um murmúrio considerável entre os vultos encapuzados, que ficaram felizes com a idéia de serem um dos melhores.
"Ora, Tom, isso não me preocupa realmente. Já te disse que existem coisas piores que a morte."
"Você que é muito nobre, Dumbledor. Mas eu conheço a profecia."
Dumbledor piscou algumas vezes, lentamente.
"O que fez com Sibila?"
"Nada do que eu pudesse me arrepender. Na verdade eu não fiz o serviço sujo, mas sim o leal Rabicho." - disse ele, apontando para um encapuzado baixo, que balançou a cabeça fervorosamente.
"Onde ela está?"
"Olhe." - disse Voldemort, apontando para uma sepultura trás de Dumbledor. Ele deu dois passos receosos em direção a sepultura.
"Por Deus, Tom."
Sibila Trelawney estava com as mãos amarradas para trás, com uma expressão de dor. Com certeza estava morta.
"Por fim, agora eu sei que eu não preciso ter nenhum medo de você. Porque mesmo que quisesse, você não pode me matar, Dumbledor. E nesse momento Potter já deve ter tido uma visão sobre mim e você. Falta pouco agora, para a grande vitória."
Moody segurava Artur e Quim. Remus segurava Tonks. Os três estavam atrás de uma daquelas grandes placas onde são registrados cumprimentos ao morto.
"Não ainda." - murmurou Moody.
"Então quando?" - perguntou Artur, temeroso.
"Espere, só mais um pouco."
"Harry não virá. Snape está o ajudando nisso." - disse Dumbledor, deixando Sibila de lado e indo encarar Voldemort.
"Tem certeza, Dumbledor? Tem certeza que seu leal Snape não voltou ao berço, a quem o criou?" - perguntou Dumbledor.
"Ele não voltaria."
Voldemort deu um sorriso cínico.
"Talvez por livre e espontânea vontade não, mas com um bom Imperio..."
"Você enfeitiçou Snape?"
"Como você deve saber, ele tem uma pequena queda pelo Malfoy aqui. Não foi difícil convence-lo a ir se encontrar com ele. Assim como não foi difícil lançar um Imperio em suas costas."
"Isso é covardia." - murmurou Tonks. - "Vamos logo, Moody."
Ela esperava um grande não, mas Moody se levantou.
"Vamos. Mas vamos para trás daquelas árvores."
Os cinco andaram devagar até chegarem as árvores escuras. Voldemort e Dumbledor continuavam conversando.
"Quando eu disser agora. Murmurem vários feitiços para acertar os mais próximos. Depois disso nós saímos daqui para enfrentar os outros."
"Bem, enquanto o Potter não chega, acho que eu posso me divertir um pouco com você, Dumbledor." - disse Voldemort, erguendo a varinha.
"Agora." - murmurou Moody, e os cinco lançaram vários feitiços. Vários comensais caíram.
"Lord, olhe!" - exclamou Belatriz, apontando para os Comensais que caiam.
"O quê é isso?" - perguntou Voldemort. Moody, Artur, Quim, Remus e Tonks saíram de trás das árvores.
Dumbledor deu um sorriso de satisfação.
"Ahh, então é a sua Ordem." - ironizou Belatriz. Tonks apertou a mão de Remus.
"Que também se prova incrivelmente útil." - disse Dumbledor, caminhando até eles sem ser parado. Juntos, eles começaram uma batalha com os Comensais. Voldemort se retirou junto com Belatriz, parecendo assustado com a rápida movimentação deles. Ao perceber isso, Dumbledor foi atrás deles.
"Dumbledor, você não pode fazer nada!" - exclamou Tonks.
"Mas não posso deixa-lo fugir, também. Harry está seguro?"
"Sim. Todos estão cuidando dele."
"Certo." - disse o velho diretor e saiu.
Em poucos minutos a maioria dos Comensais da Morte já estavam rendidos. Artur estava desmaiado, mas não gravemente ferido. Quim quebrou dois dentes e estava sob um feitiço que o fazia sentir dores para respirar. Moody tinha alguns cortes, mas nada grave. Remus conseguiu um corte profundo no braço e na testa, e Tonks conseguiu um corte na boca. Mas todos pareciam razoavelmente bem para quem havia acabado de sair por uma luta em um cemitério.
"Onde está Dumbledor?" - perguntou Quim, olhando em volta.
Ouviram o barulho de dois homens discutindo perto das criptas. Sem pestanejar, os quatro saíram correndo para ajudar o diretor.
Voldemort e Dumbledor se atacavam com feitiços. Mas Moody viu que em um canto se escondia Belatriz Lestrange, que parecia escolher o melhor momento para entrar na luta.
"Olhem." - apontou Moody, agora que os quatro também estavam escondidos.
"Nós temos que alcançar Belatriz, e depois Voldemort." - comentou Quim.
"Se nós dermos a volta por trás dessas arvores, alcançamos a mulher do outro lado." - disse Tonks.
Os outros concordaram e começaram a dar a volta. Mas não foram rápidos o suficiente. Belatriz viu e começou a jogar vários feitiços.
"Vamos!" - exclamou Moody, também jogando vários feitiços em cima dela. - "Nós somos quatro, ela é só uma!"
"Andem, preguiçosos!" - atiçou ela, correndo em direção as criptas. - "Seu diretorzinho não percebeu que vocês estão enrascados!"
"Muito menos o seu lordezinho." - disse Tonks.
Ela correu para uma cripta, explodindo a porta ao passar.
No calor de destruir aquela mulher, Tonks não percebeu que ela havia se dirigido exatamente à cripta do seu sonho. Moody, Quim e Remus entraram na frente, e Tonks entrou depois, piscando os olhos.
"Muito escuro... muito escuro..." - resmungou ela, indo em direção a janela que estava fracamente iluminada. Um adesivo brilhava no escuro. "Lumus, sua melhor opção".
E então ela percebeu. Sentiu os pêlos da nuca se eriçarem. Havia entrado no seu sonho bizarro. Mas também lembrava das conseqüências, e sem querer seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
"Vamos embora! Vamos!" - exclamou ela, tentando chegar a porta, às cegas.
"Tonks, acenda a sua varinha!" - exclamou Quim.
Ela começou a soluçar de desespero.
"Está com medinho, é? Não gosta do escuro?" - a voz cínica de Belatriz ecoou na cripta.
"Lumus." - ela disse, e a ponta da varinha se acendeu. No mesmo momento Quim foi jogado ao lado de Moody, ambos desacordados. Remus estava em um canto, acompanhando tudo com o olhar.
Tonks correu até ele, soluçando.
"Meu sonho, vai acontecer, está acontecendo, Remus, vamos embora!" - murmurou ela, desesperada.
Ele acariciou os cabelos dela levemente, mas internamente ele estava em pânico.
"Simples." - disse Belatriz, se sentando a frente da porta. - "Ou vocês morrem ou vocês morrem. Quero ver qual vai ser o primeiro idiota a tentar passar."
Os dois se abraçaram, e ficaram lado a lado por um longo tempo.
"Espere Remus, isso é loucura!" - exclamou Tonks, ao ver que o homem fazia menção de se aproximar da mulher encapuzada.
"Vai dar tudo certo, Tonks."
Mas ela não estava mais ouvindo. Caiu de joelhos no chão.
"Então é você. Ótimo."
Remus tentou jogar vários feitiços nela, mas ela conseguiu se desviar, mesmo sentada no chão. Por fim, ela jogou um feitiço que o fez cair de joelhos.
"Pense em alguma coisa boa, porque vai ser a última coisa que você vai pensar." - disse Belatriz, parecendo se divertir, sentada.
Ele se virou lentamente e viu Tonks em um canto da sala, de joelhos, com o rosto escondido nas mãos, soluçando baixinho, as lágrimas escorrendo através de suas mãos e molhando o chão.
"Eu te amo." - disse ele, em um murmúrio que Belatriz não ouviu.
"Boa, pensar na namoradinha. Agora adeus." - ela levantou a varinha. - "Avada Kedavra!"
Ele caiu no chão, sem tempo para um último suspiro. Quase no mesmo momento, Dumbledor invadiu a cripta. Passou menos de meio minuto olhando Quim e Moody desacordados, Tonks soluçando no chão e Remus morto.
"Vocês dividiram pessoas demais nessa noite." - murmurou ele, e lançou um feitiço para imobilizar Belatriz.
