Capítulo 16

Ele caiu sentado na poltrona. Chocado. Imagens corriam por sua mente. Sons ecoavam em seus ouvidos. Ele era invadido por lembranças. Lembranças que sufocara. Lembranças que vinham à tona. Ele lembrava-se de quando ouvia os gritos e soluços nas masmorras. Tudo fazia sentido. Os gritos na Mansão Malfoy. O medo que ela tivera dele. As reações que ela tivera quando ele a tocara enquanto ela estivera inconsciente no hospital

Ela o tirou de seu transe.

-Alex?

Ainda perdido em memórias, ele emitiu algo em resposta.

-Você está bem?

-Estou. Apenas um pouco confuso. É um menino?

-É.

Ele levantou-se. Sentou-se ao lado dela na cama. Precisava de resposta. Não queria que seus temores fossem confirmados. Mas sabia que seriam.

-Esse menino...Ele tem direito de sangue ao nome Malfoy, não tem?

Lágrimas escorriam pelo rosto dela. O bebê mexeu-se suavemente. Erguera um pouco as pálpebras. Depois, ele as cerrara novamente. Mas ele vira o suficiente. Os olhos da criança eram da cor da prata. Como os dele. Como os de Lúcio Edward Malfoy. A criança não negava ser um Malfoy. O cabelo ralo que possuía era loiro platinado. Alguns traços do rosto. Não havia dúvida alguma. Era um Malfoy. E era seu irmão.

Ela tinha a cabeça baixa. As lágrimas ainda caíam. Ele ergueu o rosto dela. Enxugou as lágrimas dela com os polegares.

-Não chore. Apenas tente me contar o que aconteceu. Não quero detalhes.

-Ele me prendeu nas masmorras. Me forçava a escrever para casa dizendo que eu estava bem. Ele me...Ele me...- ela chorava convulsivamente.

-Não precisa terminar. Já entendi.

Ele a abraçou. Ela pôs a testa em seu ombro. Ainda soluçava. O bebê dormia. Alheio ao que acontecia. Ele lutava para sufocar o ódio que se avolumava dentro de si. Não conseguiu. O vaso cheio de flores que estava na mesa de cabeceira se desfez em pedaços. Ela ergueu a cabeça assustada.

-Não se assuste. Não acontecerá de novo. Prometo.- ele tentava tranqüilizá-la.

Ela voltou a esconder o rosto em seu ombro. Estava se acalmando. Após alguns longos minutos, ela voltou a erguer a cabeça. Apenas o observava.

-Como você vai chamá-lo?- ele perguntou, tentando afastar as lembranças de ambos.

-Eu tinha pensado em Christopher Julien.

-É um ótimo nome. Christopher Julien Weasley-Malfoy. Posso ir registrá-lo?– ela assentiu.- Tente dormir OK? Você deve estar cansada. Deixe que eu cuido dele.

-Só fique até eu dormir, por favor.

-Eu ficarei. Não se preocupe.

Ele ficou. Seu desprezo por Lúcio Malfoy acentuava-se. O ódio também. Pensar que Lúcio Malfoy estava no mesmo prédio aumentava a ambos. Ele fechou os olhos. Não queria que algo se desfizesse. Quando conseguiu subjugar o ódio e o desprezo, abriu os olhos. Sabia que eles não estavam a faiscar. Haviam voltado a mostrar apenas o brilho insano habitual. Ela já dormira. Um anjo. Um anjo arrancado do paraíso e atirado ao inferno por Lúcio Edward Malfoy. Julien estava adormecido em seu colo. Ele levantou-se cuidadosamente. Não queria acordar o menino.

Voltou à sala de espera. Precisava perguntar onde ficava o cartório do hospital. Os Weasley ainda estavam lá. A senhora levantou-se ao vê-lo.

-É ele? Tem que ser. É tão parecido com você. Não tem quase nada dos Weasley. Mas talvez os olhos sejam castanhos...

-Pelo que vi, são cinzentos. Acho que continuarão assim.

-Bem, quem sabe o temperamento...

-É, quem sabe...E a senhora é...?

-Mas que indelicadeza a minha! Molly Weasley. Arthur, venha cá.- o senhor levantou-se e foi até eles. Esse é...

-Draco Malfoy, eu sei.- Arthur interrompeu a esposa.

-Ah, então você já o conhecia, Arthur?- Molly perguntou.

-De nome, apenas.- ele viu que o senhor evitava mencionar o incidente ocorrido anos antes, na livraria Floreios e Borrões.- Seu nome foi bastante mencionado no Ministério esses dias.

-Ah sim?

-Claro, nos interrogatórios...

-Mas isso já foi encerrado, Arthur. Você mesmo disse.- Molly interrompeu.- Bem, agora vamos ao resto da família. Aquele rapaz ali, de cabelos compridos, é o Gui. O rapaz ao lado dele, mais robusto, é o Carlinhos. Depois, temos o Percy, mas ele cortou relações com a família. Acho que você já o viu, foi monitor em Hogwarts. Há também os gêmeos Fred e Jorge, você também deve tê-los conhecido. Do lado de Jorge, acho que aquele é o Jorge, está o Rony. O Rony foi do mesmo ano que você em Hogwarts, mas foi da Grifinória. E a caçula Gina, um ano mais nova que Rony...

-Ora, ora, se não é Malfoy!- Rony se aproximara e interrompera a mãe.- Onde você está levando meu sobrinho? Vai abandoná-lo...AI!

Molly o beliscara.

-Ronald Weasley!

-Desculpe, mamãe, mas é que ele é um Malfoy, nunca se sabe.

-Por favor, desculpe-o...

-Está tudo bem, sra Weasley. Depois de sete anos convivendo com ele nas aulas de Poções estou acostumado.- Rony bufou.- Agora, quanto à sua pergunta, Weasley, estou levando meu filho até o cartório do hospital para registrá-lo.

-Ah sim?- Molly perguntou.- E como vai se chamar?

-Christopher Julien Weasley-Malfoy.

-Bom nome.

-A mãe que escolheu. Agora com licença. Quero levá-lo de volta antes que acorde.

-Sim, claro.

Finalmente, ele conseguiu perguntar onde ficava o cartório. Depois de perambular pelo labirinto de corredores, encontrou o local.

-Pois não?- o tabelião o atendeu.- Deseja registrá-lo?

-Sim.

-Qual o nome da criança?

-Christopher Julien Weasley-Malfoy.

-Malfoy?

-Isso. Malfoy.

-Quem diria...Nome da mãe?

-Virginia Angélica Weasley

-Nome do pai?

-Draco Alexander Malfoy?

-O filho de Lúcio Malfoy? O Lúcio Malfoy Comensal?

-Não. O outro Lúcio Malfoy. Claro que é esse Lúcio Malfoy.- ele estava ficando irritado.

-Desculpe-me. Aqui está a certidão.

Ele voltou ao quarto dela. Ela ainda dormia. Ele sentou-se na poltrona. Deitou Julien em seu colo.

Julien era seu irmão. Era difícil de acreditar. Lúcio Malfoy pagaria por aquilo. Mas por que ele a libertara? Por que não a matara no fim? Por causa de Lúcio, ela tentara tirar a vida. E ele não deixara.

-Alex?- a voz dela estava sonolenta.

-Hm?

-Como ele está?

-Bem. Está dormindo, mas acho que deve estar acordando.

-Deve ser porque está com fome. Fique com ele. Não vou saber o que fazer se ele começar a chorar.

Ele passou Julien para o colo dela. Ele voltou a sentar-se na poltrona. Em minutos, ele acordara e agora mamava avidamente. Ele os observava. A noiva e o irmão.

Uma hora mais tarde, Julien dormia novamente.

-Quando vocês vão poder ir para casa?

-Me disseram que amanhã.

-Eu e seu irmão tivemos uma pequena discussão. Nada muito sério.

-Com qual deles?

-Aquele que vivia atrás do Potter...

-O Rony?

-Esse mesmo.

-É, eu imaginei. É que quando eu disse que o Julien era seu filho, ele disse que ia tomar um café e saiu do quarto. Mas as orelhas dele não confirmavam a história. Então, mamãe foi atrás dele. O que aconteceu?

-Não aconteceu muita coisa. Eu apenas tive um encontro com a parede e ele teve um encontro com o chão. Nada de mais.

-Porque não deu tempo, não é mesmo?- ela sorriu.

-Não...

-Mas o que ele fez para ir para o chão? Você é tão difícil de aceitar provocação.

-Me chamou de doninha.- ele respondeu mordaz.

-Essa foi fundo...

-Foi mesmo. E você sabe como eu reajo.

-Digamos que seja seu ponto fraco.

-Exatamente. Então, um pouco de magia e ele foi pro chão. Foi aí que sua mãe chegou.

-E os outros?

-Bem, seu pai foi um pouco hostil, nada que eu não esteja acostumado. Seus irmãos ficaram me olhando com ódio e seus pais precisaram acalmá-los.

-É o que dá ser a caçula de seis irmãos. Cinco, na verdade. Percy não conta. Você o conheceu?

-Você está brincando, não? Percy, o insuportável monitor chefe da Grifinória? Vivia rondando os corredores das masmorras. Era um chato se você me permite.

-Na verdade, todos eles têm seus perigos.- ela ignorou o último comentário dele.- Carlinhos trabalha com dragões, então fisicamente não está nada mal...

-Percebi...

-O Gui é desfazedor de feitiços no Gringotes, então sabe montes de feitiços. Fred e Jorge têm uma loja de logros, então, se você não tomar cuidado, pode virar cobaia deles.

-Muito promissor...

-Aí, sobra o Rony. Ele jogou quadribol, você sabe, e tem um temperamento terrível.

-E sobra você...

-A mais singela e doce pessoa que você já conheceu.

-Claro. Isso significa que eu posso me considerar morto?

-Entenda como quiser. Mas veja bem: é só saber lidar com eles. Você pode dizer para o Carlinhos que realmente acha que os dragões são fascinantes. Nada abaixo disso. Para o Gui, você pode dizer que odeia os duendes do Gringotes.

-E os outros?

-Bem, ainda não descobri.

-Ótimo. Eu continuo me considerando morto.

Ela riu.

-Não seja dramático. É só você ganhar a simpatia do Gui e do Carlinhos.

-E por que os dois?

-Primeiro, porque são os mais velhos. E os mais ciumentos também. Mas também porque o Gui não hesita em estuporar alguém. É impressionante. Claro, tem algumas exceções. Eu, meus pais e a Fleur.

-Fleur...Quem é essa?

-É a esposa dele. Acho que você já a viu. Ela foi campeã de Beauxbatons no torneio Tribruxo.

-A Delacour? Aquela que tem ascendência veela?

-Como você sabe?- ela indagou.- Ela te contou?

-Ciúmes?- ele sorriu, apenas um dos lados.

-Eu? Não. Que idéia.

-Eu finjo que acredito. Mas qualquer idiota percebe que ela tem sangue veela.

-É, até o Rony percebeu...Mas, voltando, o Carlinhos estalando as juntas dos dedos cala qualquer um. É fácil.

-Realmente, é tão fácil que estou até chocado.

Uma curandeira interrompeu as risadas dela, entrando no quarto.

-Sinto muito mas o horário de visitas acabou. O senhor é o acompanhante dela?

-Não.

-Como não?- Angel indignou-se.

-Deixe que sua mãe fique aqui com você. Você ficou meses longe dela. Eu fico na sala de espera. Qualquer coisa, sua mãe vem me chamar, está bem?- ela assentiu.

-Posso chamar a senhora Weasley então?- a curandeira perguntou.

-Sim.- ele respondeu.- já estou saindo.

A curandeira saiu.

-Fique bem, OK?-ela assentiu novamente.- Eu não saio daquela sala de espera de jeito nenhum.

Ele a beijou rapidamente nos lábios. Assim que ergueu-se, uma batida soou. Molly Weasley batia na porta.

Ele deixou que Molly entrasse e então saiu.

N/A

voltei!! Mistério resolvido!!! O Julien é filho do Lúcio! Eu sei, eu sei, muita maldade minha. Mas é a história.

Quanto ao diálogo do Draco com a Molly, a parte que ele fala que acha que os olhos do Julien vão continuar cinzas, tem explicação: a cor do olho só se define aos três meses de idade.

Infelizmente, eu acho, na viagem não saiu quase nada, só dois míseros parágrafos...

eu queria sabertrês coisinhas: tem algum problema se eu fizer algumas NC-17? Se alguém tiver problemas, eu faço duas versões de um mesmo capítulo, sem problemas. Mas respondam, por favor. Outra coisa, vcs preferem que a fic seja dividida em várias ou fique só sendo uma? E, por último: o q vcs acham de eu fazer a mesma história, mas do ponto de vista da Gina? Mas aí teria spoilers da Anjos, claro. RESPONDAM, PLEASE!

agora, vamos às reviews!

Youko Julia Hagami: pronto, taí, e não, não é filho do Voldy, e sim do tio Lúcio.

Centaura:O filho não eh do Draco, nem do Harry, mas do Lúcio, como vc viu. Pode deixar, eu vou colocar no 3 vassouras.

Miri: segunda alternativa!!! Sorry, não me matem por isso!!!

Danizilda: bem, está aí o capítulo. Vlw pelos elogios!

Pequena Kah: se vc diz...Tá, eu acredito. Foi maldade. É q as vezes tenho acessos de sadismo, sabe como é?

Ronnie Wheezy: vlw pelos elogios, viu?

Miaka: lamento informar, mas seu palpite foi furado...

PatHG: ficou bom o capítulo? Espero q goste. E a sua curiosidade foi saciada, não?

Dark Bride: e aí, morreu de curiosidade ou não foi dessa vez?

bem, fui!!! Bjinhus

G.W.M.

PS: só pra deixar bem claro, a Gina foi violentada pelo Lúcio.

PSS: quem quiser falar cumigu no MSN, é ginamalfoy arroba