Capítulo 22

Algo pulava em cima de si. Sem querer abrir os olhos, ele o fez. O fez para deparar-se com um garoto, que ainda pulava sobre ele. Odiava essa mania do menino. Mas hoje, Julien pulava mais insistentemente ainda. Era o aniversário do garoto. E todos os anos era a mesma coisa, mas pior. O garoto estava mais pesado a cada ano

Julien agora sentara-se, olhando-o ansiosamente. Irritado, ele o pegou e o pôs a seu lado da cama. Angel curiosamente não estava ali. Enquanto pensava no que fazia, Julien pôs o rosto a poucos centímetros do seu, um brilho ansioso no olhar. Empurrou o menino para que pudesse se sentar na cama.

Correu os dedos pelo cabelo. Alguns fios caíram novamente por sobre seus olhos. Encarou o menino. O queixo pontudo. O nariz afilado. O porte inconscientemente orgulhoso. Igual a ele. O que o irritava. Já bastava lembrar-se de Lúcio Malfoy ao olhar-se no espelho. O que podia evitar. Mas não podia evitar o menino.

Bom dia pai!

Bom dia Julien. Feliz aniversário.

Nunca chamara Julien de filho. Nunca. Era sempre Julien. Sempre seu irmão. Nunca seu filho. Tolerava, por Angel, que Julien o chamasse de pai.

Onde estava Angel? Ela tivera mais um daqueles pesadelos dos quais acordava extremamente enjoada: Foi até o banheiro. Enquanto erguia a mão para a maçaneta, a porta abriu-se.

Angel saiu abatida do banheiro, os cabelos desgrenhados. No entanto, os olhos castanhos brilhavam.

Outro pesadelo?

Ela apenas assentiu. E o abraçou, enterrando a cabeça no ombro dele. Ele estava ficando preocupado com ela. Mas ela dizia que não havia motivos para se preocupar. Ele a pressionou contra si. Mas logo foi forçado a separar-se dela. Julien enfiara-se no meio deles, abraçando a mãe.

Angel abaixou para ficar da mesma altura do filho.

Feliz aniversário, anjinho!

Ele achou melhor deixar os dois sozinhos. Foi para a cozinha. Pôs-se a olhar pela janela da cozinha, apoiado na bancada da pia, observando a propriedade. Decidiu fazer café. Enquanto levava a água para ferver, o antebraço enrijeceu-se, ao mesmo tempo em que dor começava a estraçalhar seus nervos. A jarra de água caiu no chão, sendo seguida por ele, que caiu de joelhos e em seguida sobre os cotovelos, apoiando a cabeça nas mãos. Ele sentia a carne de seus joelhos e cotovelos sendo cortada pelos cacos de vidro no chão. Mas não se importava. Queria apenas que seu pai o esquecesse. Que o deixasse em paz.

Ouviu ao longe passos leves correndo para a cozinha. Antes que Julien pudesse entrar na cozinha, seguindo sua mãe, ele ouviu a porta batendo e uma chave girando na fechadura. Ele sentia o cheiro de sangue. Sangue diluído em água.

Ele agora sentia apenas os cotovelos e joelhos lacerados pelo vidro, enquanto tentava controlar a respiração. Ele tremia sem perceber. Percebeu apenas quando Angel o ajudou a levantar-se.

Ela fez com ele se sentasse em uma cadeira que ela conjurara. Então, ela voltou-se para o sangue, água e vidro no chão. Com um aceno da varinha, não havia mais nada. Apenas o piso gelado. Então ela ajoelhou-se à sua frente e rasgou a calça que usava, nos joelhos, para que pudesse examiná-los. Com um floreio de sua varinha, ela tirou os cacos que haviam mergulhado em sua pele. Outro floreio e os cortes haviam fechado, sem uma cicatriz sequer. Fez a mesma coisa com os cotovelos. Finalmente, restaurou as roupas rasgadas.

Sentindo-se tonto, ele levantou-se e cambaleou até a pia, amparado por ela. Abrindo a torneira, jogou água gelada em seu rosto, molhando também os cabelos. Fizera isso para retirar o suor frio de seu rosto.

Você está bem?- a voz dela disse baixinho, perto de sua orelha.

Ele apenas assentiu, vagarosamente. Agora ele conseguia ouvir as batidas na porta. As batidas cessaram. Agora, ouvia vozes distantes, rindo.

Ele se esquecera. Os irmãos dela. Ele reprimiu um gemido.

Você consegue ir até o quarto?

Ele assentiu vagarosamente, ainda um pouco tonto.

OK. Então eu vou até a sala e você vai para o quarto. Você só sai de lá quando me convencer de que está realmente bem.

Se não estivesse tão tonto, ele teria rido. Ela abriu a porta da cozinha e voltou à pia, ajudando-o a ir até onde seus caminhos divergiam.

Gina?- uma voz gritou, da sala.

Já vou, Rony!

Ela se foi, caminhando apressada até a sala. Ele foi até o quarto, apoiando-se nas paredes. O corpo doía. O mundo girava. Finalmente alcançou a cama. Jogou-se nela e simplesmente dormiu.

Ao acordar, sentiu-se muito melhor. O mundo não rodava mais. Apenas sentia o antebraço dolorido e levemente fraco. Provavelmente pelo sangue que perdera.

Vestiu uma calça jeans preta e uma camisa cinza grafite, de mangas compridas. A hora do almoço já havia se passado. Pelas vozes altas, os irmãos dela ainda estavam lá. Provavelmente, seus sobrinhos estariam correndo pela propriedade. Pelo que conseguia distinguir, Molly Weasley implicava com a filha caçula, dizendo que estava muito pálida.

Vejam quem resolveu aparecer!- Guilherme Weasley foi solenemente ignorado.

Gina! Você tem se alimentado direito? Parece abatida! Qual é o problema?

Não é problema nenhum, mãe! É só que...

Que o quê?

Molly Weasley ficou sem resposta. Ao vê-lo, ela foi em direção a ele. Ao ser indagado, em um sussurro baixo se estava melhor, ele assentiu.

Com licença, eu vou até a cozinha, almoçar.

Tem almoço?- Rony perguntou, sarcasticamente.

Tem, não tem?- ele voltou-se para ela.

Tem...Mas é que o Julien não queria que o almoço fosse servido antes que você aparecesse.- ela corou.

Bem, eu já apareci. Então vamos almoçar.

Finalmente!

Rony levantou-se e foi até a varanda, onde pôs-se a gritar a plenos pulmões pelas crianças, que logo apareceram.

Julien, ao vê-lo, pulou para seu colo, ofegante e levemente corado pela corrida. Ele quase cambaleou sobre o peso do menino. Pôs o menino rapidamente no chão novamente. Julien olhou para ele, desapontado.

O almoço foi repleto de risadas e brincadeiras. A família dela era bastante barulhenta. Ele divertiu-se enquanto Molly enchia o prato da filha repetidamente, sob os protestos dela. Finalmente, Arthur Weasley decidiu intervir. Ela agradeceu, aliviada, ao pai. Já era a quarta vez que Molly enchia o prato da filha.

oOo

A noite caíra. Ele estava sentado na cama, as costas apoiadas contra a cabeceira, mas levemente inclinado para a frente, as pernas relaxadas. Ele lia os relatórios de seu império em crescimento. Lutava para compreender a letra de Carlinhos Weasley, em um pergaminho levemente queimado nas bordas. Todos os relatórios relativos ao estudo de dragões que ele financiava por toda a Europa chegavam assim.

Ele ouvia a água batendo no piso do banheiro. Angel estava tomando banho. Voltou a concentrar-se nos relatórios. Terminou o de Carlinhos e atirou-o para o chão, em uma pequena pilha que se formara.

O relatório seguinte era o de Guilherme Weasley. Antes de se deixar absorver por ele, recostou-se na cabeceira, esfregando os olhos. A letra de Carlinhos acabava com eles. Era garranchada demais. Algumas vezes, tinha de chamar Angel para que ela lhe dissesse o que estava escrito em alguns trechos.

Inclinando-se novamente para a frente, ele apanhou o relatório de Guilherme. Totalmente absorvido pelo texto leve e descontraído, apesar de ser o que era, ele apenas voltou à realidade quando teve o relatório arrancado de suas mãos e Angel aninhando-se entre suas pernas, pousando as costas em seu peito. Suspirando, ele a abraçou. Ela começou a roçar as unhas por seu antebraço, mais precisamente sobre a mancha negra em sua pele descoberta pela ausência da camisa do pijama.

O que você tem para me contar?- ele perguntou.

Por que você acha que eu tenho algo para te contar?

Porque quando você começa a fazer isso,- ela parou, por um momento, de roçar as unhas em seu antebraço.- é porque você tem algo a me contar.

Bem, a família vai ganhar mais um membro.- ela disse, após alguns minutos de silêncio.

Ao ouvir isso, ele percebeu vagamente, antes de ser arrastado em um turbilhão de pensamentos, que ela cessara os movimentos em seu braço. Mais um Malfoy. E aquele sim seria seu. Não seu irmão. Mas seu filho.

Ao retornar do turbilhão, ele olhou nos olhos castanhos dela, que se virara e sentara sobre os calcanhares. Os olhos dela brilhavam em expectativa. Os lábios entreabertos. Ela era a linda filha do outono. Inclinou-se para frente, mergulhando os dedos no cabelo sedoso dela até atingir a nuca. Então, puxou-a suavemente para si. Sentiu o gosto suave dela enquanto era tragado pelas sensações que somente ela despertava, quando os lábios se encontravam, quando as línguas se roçavam.

Quando quebraram o beijo, ela pousou sua testa delicadamente na dele. Ele começou a brincar com uma mecha do cabelo ruivo e perfumado. Ainda estava recebendo o impacto da informação quando ela quebrou o silêncio.

Alex?

Hm?

Você gostou?

Ele não respondeu. Não com palavras. Apenas beijou-a novamente. Mergulhando novamente em sensações que apenas ela despertava. Ela agora enterrara os dedos em seu cabelo. Adorava quando ela fazia isso. Desviando os lábios, foi até o pescoço dela, afundando o rosto nos cabelos dela. Sendo inebriado pelo perfume que deles emanava.

Ele afastou-se gentil e lentamente. Ela encostou-se ao seu peito. Escorregou na cama, deitando-se, com ela parcialmente em cima dele. Ela já dormia, o rosto mergulhado em seu pescoço. Ele sentia a respiração morna dela em sua nuca. Acomodando-se cuidadosamente, sem desalojá-la, ele dormiu, sentindo o peso morno dela em seu peito.

N/A

voltei! cap fluffy, eu sei, mas aproveitem enquanto podem, a angst ainda volta com tudo, podem esperar!

Milla Malfoy: o Julien tem cinco anos agora, nesse cap. Vou ver se entro mais nu msn. Jinhus

Pat: bom, parte da resposta está no cap em q ele fala com a Gina sobre a Marca, entaum, como ele tah, "preso" nisso, qdo o pai dele fika puto cum ele pq ele naum fez o que tinha q ter feito, ele tem essas crises. Se ficou confuso, eu ainda vou explicar na história, qdo o Lucio aparecer. Jinhus

Mary: oba! leitora nova! q bom q estah gostandu da fic! eu tbm achu dificil escrever assim, naum combina mto comigo, mas toh conseguindo. Jinhus

Mimi Granger: bom, eu pensei em abrir pelo e-mail, mas aih vieram fazer uma pressão suave e nada sutil pra eu sair da internet, entaum...Eu achu q o ff. net naum pos a quebra de página...por issu ficou confuso, mas a segunda parte do cap eh qdo elis jah voltaram da italia. Jinhus

Ana Bya Potter: opa, ingrata naum! agora eu consegui abrir, viu? Q bom q gostou desse cap! Jinhus

miaka: q bom que gosta da fic! fico mto feliz cum issu (eh seriu). Jinhus

G.W.M.