Capítulo 24

Os anos haviam passado rápido demais. Esse foi seu pensamento ao ser acordado pelo choro de Eilan Catherine Weasley-Malfoy, sua filha mais nova.

Cath, como era chamada, tinha os olhos prateados, os cabelos dourados, em uma mescla perfeita de loiro platinado e ruivo e os traços delicados de Angel.

Julien completara dez anos seis meses antes. Theo estava prestes a completar seis anos e Cath tinha quase oito meses.

Bicadas se fizeram ouvir na janela do quarto. Levantou-se logo após Angel, que fora ver a filha. Ele foi até a janela, onde uma coruja o aguardava para lhe entregar o jornal. Pôs as moedas prateadas na bolsa de couro atada à pata da ave, que logo levantou vôo.

Angel levara Cath para a cama e agora brincava com ela. Ele voltou para a cama, ainda entorpecido de sono e abriu o jornal. A manchete em letras garrafais na primeira página d'O Profeta Diário dispersou seu sono assim que foi lida. Ele levantou-se impetuosamente, enchendo-se de fúria e ódio. Lutou para recuperar o controle ao ouvir o grito assustado de Angel e o choro de Cath quando a vidraça da janela se espatifou.

Ainda lutando para acalmar-se, ele apoiou-se na parede e deixou-se escorregar para o chão. Finalmente Lúcio Edward Malfoy decidira agir. Ele sentira que não demoraria mais muito. Afinal de contas, Lúcio estivera remoendo seu desprezo por ele, Draco Alexander Malfoy, muito mais freqüentemente nos últimos dias. Agora só lhe restava esperar para ver o que Lúcio faria.

Abrindo novamente o jornal, deparou-se com uma foto. Uma foto de Lúcio. Os cabelos loiros platinados desgrenhados e cheios de sujeira. Mas o que mais o enfurecia eram os olhos. Aquele brilho insano que esperara nunca mais ver.

Sentindo-se inundar novamente de fúria, ele levantou-se e saiu do quarto, deixando o jornal no chão.

Minutos mais tarde, ele disparava com o garanhão negro pela propriedade, em um galope alucinante. Ele lutava para sentir apenas o vento chicoteando seu cabelo e para ouvir apenas as batidas ritmadas dos cascos do cavalo e o vento rugindo ao seu redor.

Ele guiava o cavalo para o mar cinzento da Cornualha. Fez com que o cavalo galopasse na orla marítima, sentindo o cheiro de sal, a maresia grudando em sua pele. Subiu em meio galope o caminho rochoso que ligava o mar ao resto da propriedade. Atiçou o cavalo novamente, fazendo com que o animal saltasse os obstáculos. Finalmente atingiu o descampado que lhe servia de refúgio.

Puxando brusca e violentamente as rédeas, fazendo com que o cavalo empinasse alto e então parando, ele desceu do cavalo. O capim alto atingia os seus joelhos. Caminhou em meio ao capim alto, puxando o cavalo até chegar na faia localizada no lado oposto do pequeno vale. Uma árvore que se erguia, altaneira, solitária e orgulhosa em meio ao nada.

Soltou o cavalo, que se afastou alguns metros e sentou-se sob a sombra da árvore, apoiando-se nela. Observando o negro de seu garanhão contrastando com o verde pálido ao redor.

Tudo o que ele queria era deixar a fúria e o ódio o implodirem por dentro. Mas não podia. Tinha que esperar. Esperar até que a hora do confronto com seu inferno chegasse. Não sabia quando. Nem onde. Sabia apenas uma coisa: não se deixaria arrastar novamente.

Para sufocar a fúria e o ódio, pensou nos últimos anos. Em Théo. E em Cath. Seus dois herdeiros. Em Angel. O anjo que, ao cair, o resgatara. Apenas deixava as memórias daqueles anos felizes o inundarem. As memórias eram como um bálsamo para ele.

Mas outras memórias insistiam em tentar subjugá-lo. Uma afiada pedra verde engastada em um anel de prata o atingindo em uma bofetada em meio à penumbra. Olhos de prata na escuridão. Duelos onde sua vida estivera em jogo.

Angustiado, correu os dedos pelos cabelos, apertando a cabeça, como se isso fosse impedir as memórias.

Inconscientemente, ele escorregara para o chão. Agora ele olhava o céu através das folhas da árvore. Fechou os olhos, ainda com os dedos enterrados no cabelo, tentando interromper o fluxo de lembranças amargas.

Conseguira. Após horas, ele jazia no chão, apenas contemplando o céu, onde uma tempestade se armava. Um dos poucos elfos domésticos que possuía materializou-se com um estalo a seu lado.

Ele ergueu a cabeça. O elfo torcia nervosamente o pedaço de pano que o cobria. Ele apenas esperou, enquanto o elfo hesitava em falar. Acima de sua cabeça, o céu tornava-se cada vez mais negro.

O...O...Menino...Malfoy...- ele sentou-se, preocupado.

Theo?

N...Não...- o elfo gaguejava.

Quem então?

O...O menino Julien, mestre...

Que que tem ele?

Ele...ele...sumiu...

Aquele maldito! Ele se sentou. O inferno se manifestara. O belo garanhão estava a pouco passos. Ele disse rispidamente ao elfo que voltasse para a cozinha antes de montar o cavalo, que agora pateava nervosamente o chão.

Atiçando o cavalo, fez com que o animal disparasse em um galope desenfreado. O maldito ia usar Julien para atingi-lo. Provavelmente porque achava que Julien era seu filho mais velho. Ele reprimiu uma gargalhada insana. E quem seria atingido não seria ele, mas sim Lúcio.

Seus pensamentos se voltaram para Angel. Ela devia estar ensandecida pelo sumiço do filho. Com isso em mente, ele inclinou-se sobre o cavalo, fazendo com que o animal aumentasse a velocidade.

A tempestade começara a uivar ao seu redor. Os pingos de chuva fustigavam seu rosto e ensopavam seus cabelos. Os relâmpagos que riscavam o céu e os trovões faziam com que o cavalo se sobressaltasse e continuasse a correr.

Ao atingir a casa, saltou do cavalo, mergulhando as botas na lama e chapinhando até o interior. Adentrou a casa, não se importando com as manchas de lama que deixava no chão ou com a água que escorria dele para o chão.

Encontrou quem estava procurando. Ao vê-lo, Angel atirou-se contra ele, as mãos espalmadas contra seu peito, soluçando. Ele a envolveu com força, esquecendo que estava ensopado, enlameado e com frio. Ela afundara a cabeça contra seu ombro e agora agarrava o suéter ensopado que ele vestia.

Ela ergueu a cabeça. Ele segurou o rosto dela, enxugando as lágrimas que escorriam pelo rosto delicado.

Eu o quero de volta, Alex...- ela pediu. Uma lágrima fugiu de seus olhos castanhos.

Eu o trarei de volta.

Promete?- ela o olhava, o desespero em seu olhar.

Eu juro.

Ele então percebeu que tremia de frio. Ela voltara a afundar a cabeça em seu ombro, quase em seu pescoço. Com um movimento, ele fez com que ela passasse as pernas em torno de si. Com ela no colo, foi até o quarto. Deixou-a delicadamente na cama. Sob o olhar dela, ele secou suas roupas com a varinha. Então, foi até o closet e apanhou sua capa, jogando-a sobre os ombros.

Beijou-a, apenas um roçar de lábios, como despedida, e endireitou-se. Sabendo que estava prestes a enfrentar o que o atormentara durante de anos, ele se foi com um estalo.

N/A

voltei! E sim! Tio Lúcio voltou! Mas não se preocupem, não se preocupem! Só uma pessoa vai se dar mal.

Falando em preocupação, queria pedir para vcs não se preocuparem com o Julien, vai terminar bem pra todo mundo (todo mundo mesmo!) a fic, o que significa (olha o q vcs fizeram! Tô entregando parte do final!) que o Draco vai deixar de isolar o Julien depois que...Ah, chega! o resto, vcs lêem, tah?

Bem, como todas as reviews expressavam basicamente a mesma coisa (revolta com relaçaum ao Julien) e como jah foi explicado parte do rolo acima, eu, excepcionalmente, naum vou responder review por review, OK?

Obrigada para todos que mandaram reviews! Todos mesmo!

Jinhus

G.W.M.