Sentidos...

Beta: Bella Lamounier

Autora: Annah Lennox

"Ushinatta mono wa minna minna umete ageru

Kono boku ni ai wo oshiete kureta nukumori

Kawaranai asa wa chiisana sono mune angel heart"

Lion Heart - Smap

Do que valia beleza para aquele que não pode vê-la? Do que valia um belo para de pernas para aquele que não sabia usá-las? Do que valia a vida quando não se sabia viver? Durante anos se perguntara diariamente o motivo para ser assim...tão melancólico e frio, muitas vezes insensível e calculista, quando se tinha tudo o que o dinheiro poderia comprar.

Carros, mulheres, festas, viagens, amigos, mansões e beleza.

Era capa do Times que o apontava como um dos maiores empresários da historia do capitalismo contemporâneo.

E só tinha vinte e sete anos... Um menino comparado ao seu avô, que só foi fazer a sua fortuna quando já estava no fim da vida. Tinha carisma, uma personalidade marcante, uma mente brilhante, porém no vazio de seu quarto enfrentava o seu pior inimigo, que era a solidão.

As prostitutas de luxo já não o satisfazia mais como antes. Era apenas alguns minutos de prazer e nada mais. Logo depois disso voltava a ser o mesmo ser mesquinho e rancoroso.

Tinha ódio da vida...Do mundo.

Sentia falta de uma família.

Uma família que jamais tivera, e que possivelmente jamais teria.

uuuuuuuu.uuuuuu

"Sakura não!"-gritou a senhora já de idade.

Saki, como era chamada pelos os amigos mais íntimos, não se intimidou com o grito quase perverso da avó, desde pequena escutava diariamente os sonoros "não!" da velha mulher. Não a culpava, muito menos sentia rancor, apenas tinha pena de mente tão pouco evoluída que ainda pensava que só fato dela não pode caminhar e com as outras pessoas era uma invalida sem motivo para viver e sorrir.

"Vovó posso muito lavar o chão."-falou ela com a máxima calma.-"A senhora não esta mais na idade de lavar o chão..."

"Não vou morre de tanto trabalhar, querida. Apenas não quero que você passe por uma situação..."

"Eu já sei essa ladainha de cor, vovó".-cortou sorrindo de forma desdém."-Se não aceita a minha ajuda, vou chamar Ayu para ajudá-la.-falou empurrando a cadeira de rodas na direção do telefone."

"Não é preciso, querida." -falou concisas ao tirar o aparelho da mão da neta.

"Por quê?"-perguntou preocupada, contudo não obteve resposta, sua avó estava pálida e de cabeça baixa, uma atitude normal quando faltava dinheiro. O que era constante. Sua pensão era pouco e juntada com a aposentadoria da avó não dava quase nada, ainda tinha o seu problema físicos e caros remédios que ela tomava... se sua avó não fosse tão teimosa poderia procurar um serviço, porém a velha não concebia a idéia de vê-la trabalhando. Para ela como para tanto ser uma deficiente física a tornava burra e sem utilidade nenhuma.-Responda vovó...

"Não tenho um vintém sequer para pagar a Ayu."-confessou envergonhada."-E já estou devendo para ela..."

"Mas vovó..."

"Eu sei querida...sei que sou uma burra, mas a nossa situação é essa. Não sei como sobrevivemos ainda com a esmola que o governos nós dá."

"Não seria necessário, se a senhora me deixasse trabalhar."

"Não adianta insistir nessa loucura, Sakura."-olhou para ela com censura.

"Eu quero me senti útil..."

"E eu quero protegê-la."

"Mas eu tenho vontade de viver..."

"Viver nem sempre é fácil."

"Mas não custa tentar."

Era sempre a mesma batalha verbal. Sua avó não mudava de opinião...a queria proteger a trancando numa redoma de vibro, onde só era aberta a porta para ir na igreja e nada mais. Entretanto aquela situação teria que mudar...ela teria que viver.

oooooooooo

"COMO ASSIM ELA PEDIU DEMISSÃO, MARIE?"-perguntou Shoran visivelmente alterado. A uma veia pulsava nos pescoço quando gritava.

"Ela simplesmente disse que não podia mais conviver com as suas crises de "TMP", LI."-respondeu a velha inglesa, que fora sua preceptora é agora era seu braço direito e esquerdo na firma.

"Como assim minhas "crises de TMP"? Eu sempre fui educado com aquela lerda."

"Educado?"-perguntou ela dando um meio sorriso."-Você quase matava a bichinha de tanto gritar com ela."

Andando de um lado para outro sem olhar ao seu redor, apenas xingando a bendita mulher que o deixara na mão justo no dia que teria um jantar importantíssimo o com o dono de uma multinacional australiana.

"Ela não fazia nada certo."

"Ela era apenas tímida, Li."

"Uma relações publicas jamais pode ser tímida, Marie Sarah."

"Talvez o seu porte físico tenha deixado um tanto intimidada."

"Eu gritava com ela, mas jamais a ameacei fisicamente."

"Ora, mas não custava ser amigo dela?"

"Não sou amigo de meus funcionários."

E não era mesmo, desde pequeno sabia que ser um bom patrão e respeita o assalariado era uma das primeiras normas para se ter um carreira bem-sucedida, porém ser amigo de seus rebaixados não o atraia. Esse conceito piorava quando o "assalariado" em questão era uma mulher. No futuro a "amizade " poderia virar em um processo de assedio sexual que poderia lhe custa mais do que alguns míseros milhões.

Não, definitivamente não era companheiro dos seus empregados. E era feliz assim...

'Isso o deixa em desvantagem..."

"A concorrência não me assusta."

"E se a jovem começa a espalhar..."

"Ela não faria isso."-falou sarcástico."-Ela não seria maluca de comete tamanho erro, já não basta ter perdido o emprego."

Shoran não passava de um menino assustado, pensou Marie olhando para o homem forte e determinado a sua frente. Era apenas aparência...no fundo era um homem amoroso que adorava orquídeas e era apaixonado pelo ovira-lata chamado Sebastian. Ele necessitava de uma mulher forte a seu lado, e infelizmente essa mulher estava cada vez mais distante.

Pobre Sakura...ela sim era mulher para ele, mas o preconceito dos pais dele o fizera enxergar a bela menina como um pobre coitada sem futuro e incapacitada de gerar um herdeiro. Mas sabiam eles que estava destruindo a vida de Shoran para sempre.

"Você teve noticias dela?"-perguntou ele nervoso.

Ela sabia que ele perguntava sobre Sakura, porém nos últimos dez anos Saki era apenas "dela" ou "ela" para ele.

"Sim. Ontem falei com Saki."

"E ela está bem?"-perguntou novamente odiando ter que se preocupar com a única mulher que poderia ter mudado a sua vida.

"Como sempre enfrentando problemas financeiros."

"Não é por menos. "-sussurrou sentida a testa enrugar de preocupação. "–Orgulhosa do jeito que é só poderia está passando necessidade."

"E o que você queria que ela fizesse?"-perguntou visivelmente curiosa.

"Ora, que aceitasse a pensão que o meu pai ofereceu a ela."

Às vezes desconfiava que o seu querido menino não tivesse noção do que estava acontecendo ao seu redor, que ainda não tinha deparado com a verdade da vida e que ainda pensava que o dinheiro resolvesse tudo. Pobre criança... Ainda não tinha se dado conta do que havia perdido ao trocar uma menina tão boa por outra que não lhe dava nada apenas status.

"Morgana ligou hoje."-avisou virando a pagina da agenda."-Disse que as nove horas em ponto estará na sua casa para ir ao tal jantar."

O silencio tomou conta da sala. Shoran nada tinha para comentar... sua mente estava em outro canal, concentrado no passado, na sua adolescência quando tudo parecia ser tão simples e seguro. Como era inocente...romântico talvez... Fora errado se relacionar com uma menina inferior a ele em tantos sentidos. Contudo esses momentos foram de tamanho significado que jamais deixara de estar presente em sua vida.

"Preciso falar com ela."

"Com ela quem?"-perguntou sorrindo. "-Morgana! Bem, ela acabou de falar que desligaria o celular, pois não queria que ninguém atrapalhasse o seu "momento da beleza"."

"Não! Não quero falar com Morgana."

"Então com quem, Li?"-indagou ela sem o mínimo de esperança de ouvi o nome de Sakura, durante anos de esperar esse não parecia ser o momento mais propício.

Estava dando um passo decisivo em sua vida ao procurar novamente Sakura. Ela poderia ter mudado e não ser mais aquela pessoa dócil que conhecera, contudo já não podia mais esconder de si próprio que ainda sentia algo profundo pela a japonesa. Um sentimento maluco que o perseguia ao ponto de não deixá-lo viver.

"Sakura, Marie."-falou com voz fraca."-Eu quero rever Sakura."

ooooo

Saki lia o jornal como aquele que não sabia entender as palavras. As paginas falavam sobre a felicidade de alguém que a magoou ao ponto de tira o pouco de paz que tinha dentro de si.

Ainda sentia o toques dele...a forma que ele olhava pedindo pelo o pouco que realmente podia lhe dar. Porém Shoran tinha vergonha de quem era ela, tinha medo de enfrenta a sua enfermidade e por isso fugira levando um pedaço dela.

Agora estava noivo... Se casaria com uma mulher da sua estirpe. Rica, bonita, educada, perfeita. Uma mulher que ela jamais seria. Doía ter que admiti que não era a mulher certa para Shoran, pois no fundo do seu coração, por mais que não quisesse admiti, ainda amava aquele homem que lhe tanto fez sofrer.

Olhando para foto percebeu que ele também (a sua maneira, por certo) não era feliz. Sorria, mas não tinha vida. Enquanto ela sorria por que a vida era boa, porque simples ato de sorrir fazia-lhe bem, tirava toda a carga negativa de sua alma, e era feliz assim. Só faltava ter a liberdade que tanto queria que era trabalhar e dá uma vida melhor a sua maltrata avó.

Sakura jogou longe o jornal, e empurrando a cadeira foi até a mesinha que ficava o telefone e seu velho computador. Era ali, naquela mesa de mogno já velha e maltrata que passava grande parte de seu dia. Era divertido, conhecia pessoas iguais a ela que a incentivavam a lutar e não se entregar a dura realidade que lhe era imposta. Não nascera invalida, não era uma invalida, era jovem e tinha muita gana de trabalhar e ter a sua própria renda. Por uma infelicidade do destino acontecera aquele triste acidente, que não levou apenas a sua capacidade de se locomover, mas também a sua infância e a sua família.

Contudo não se entregara e continuaria lutando, cada vez mais... Isso era viver. Era pena que nem todos tinham essa meta na vida.

ooooooo

Era ali! Naquela casa pobre, sem portão, com a pintura descascada e com pinxações por todas as partes que Sakura morava? Não podia para acreditar... Sabia que ela tinha poucos recursos, mas mora naquele antro era o fim da picada.

Porque ser tão orgulhosa? Ele poderia auxiliá-la com uma pensão mensal, e ela viveria com o mínimo de dignidade, bastava apenas ela engoli o maldito rompante e estender as mãos. Uma mera pensão não o deixaria menos rico.

Era o seu dever ajudá-la. Repara um pouco do mal que fizera a ela a sua avó...por causa dele e de seu amor cego e impulsivo Utada perdera o emprego na mansão de seus avós. Isso já fazia anos, mas ainda o perseguia... aliás como todos os fantasma que tinha relação com seu passado, com Sakura.

oooooo

Sakura escrevia sem parar no seu diário virtual. Era ali que descria a os seus momentos de extremo êxtase e também o de profunda tristeza. Era fácil desabafa os seus medos a um estranho do que sentar e confessar com a idosa avó. Ela não entedia, ou melhor, não queria entender que também precisava viver.

Utada, era rígida e fria. Não era má apenas antiga demais. Ainda era do tempo em que o radio era vitrola e o cinema mudo. Não podia lutar contra aquele tipo de pensamento, pois aprendera que viver do passado era um excelente escudo para o presente.

Ainda se lembrava com perfeição dos momentos vividos ao lado de Shoran. Não momentos românticos, amorosos, carinhosos, e sim de companheirismo e amizade.

Fechando os olhos, Sakura voltou ao passado... a um passada que estaria sempre presente em sua memória.

Continua...

Mais uma obra dessa mente insana e inquieta. Desta vez Sakura não vai sofre tanto...um pouquinho talvez. Hahahaha

A fic terá mais dois capítulos. Espero que gostem!

Beijos!

Anna