O sentido do amor...
Beta: Bella Lamounier
Autora: Annah Lennox
"Hana
ga mebuku sugata to ka kawari yuku machi dato ka
Zutto ki ni
tomenai de ita ki ni kakeru yoyuu mo naku"
Arigatou no Uta-V6
Janeiro de 1994...
Sakura sentiu o sabor da liberdade quando a brisa fresca tocou o seu rosto, deixando a ponta do nariz vermelha de frio. Não era a primeira vez que se sentia tão bem, mas aquela sem dúvida era especial. Nunca estivera no campo e a visão que tinha não era nada como a que sua avó descrevia. Era tudo bonito, vivo, espetacular.
O que a deixava triste era o fato de não poder compartilhar aquele momento com ninguém. Dificilmente Utada prestaria atenção em suas palavras sonhadoras que criavam asas, pois jamais se tornariam realidade.
Não podia andar... Não podia, como Haruna, a filha da auxiliar de cozinha da mansão, caminhar sobre as folhas da árvore de cerejeira que resplandeciam até mesmo quando estavam subjugadas no chão. Nunca poderia subir numa árvore e, como uma criança travessa, colher os frutos. Jamais sentiria o toque da sola do pé no solo úmido. Podia imaginar... Podia sentir em seus sonhos, bastava fechar os olhos. Mas nem sempre a imaginação fértil alimentava-lhe a alma.
"Olha Saki! Eu posso voar."-gritou Haruna, correndo pela campina e imitando um avião.
Sakura sentiu um leve aperto no peito e, por alguns segundos, invejou a pobre criança. Queria ser livre como ela... Aproveitar tudo o que a natureza poderia lhe oferecer.
Gostaria muito de poder voar como uma borboleta, ter as pernas fortes e pode caminhar pela campina verdejante. Porém estava presa a si mesma, o que era pior do que não poder movimentar as pernas.
"Olha, Saki."-falou novamente a garota, apontando para o pastor alemão que corria em direção ao bosque. -"É o Toby!"-completou a menina, já empurrando sua cadeira na direção em que o cão seguira.
"Haru, é melhor voltamos..."
"Não, eu quero ver o que o Toby está fazendo."
"Mas não é o certo... Utada deixou bem claro..."
"A sua avó é uma bruxa."-resmungou a garota, correndo cada vez mais.-"Ela não te deixa fazer nada. Te trata como um bebê... Não é porque você tem um problema que não pode se divertir."
"Eu sei, eu sei. Contudo esse bosque é perigoso."
"Eu conheço esse lugar como a palma da minha mão."-falou concisa, mostrando-se segura de sua capacidade. O que não podia negar era que aquela menina tinha coragem, algo de que Saki era completamente desprovida.
Mas, como descobriram minutos mais tarde, Haru não conhecia o bosque e Toby havia sumido sem deixar rastro. Sakura só podia chegar à conclusão de que estavam perdidas.
O bosque era de mata fechada, tão fechada que nem a luz solar ultrapassava as folhas das milenares seringueiras. Os sons vindo das profundezas da mata as aterrorizavam. Cada movimento desordenado era um sobressalto.
"Eu falei, Haru."
"Vamos continua andando, Saki."-ordenou à menina de 14 anos, voltando a empurrar a cadeira. "Acho que estamos próximas da cabana de caça do senhor Li".
"Você acha?"-perguntou, sarcástica. -"A essa hora devem estar à nossa procura."
Utada nunca mais a deixara sair do quarto, pensou Sakura revoltada, conhecedora da personalidade instigante da avó. Sabia que aquela travessura não ficaria impune. Como explicaria a ela que não fora idéia sua se embromar no meio do matagal? Ela certamente pensaria mal dela, julgando-a sem ao menos lhe dar uma chance para se defender.
"É por isso mesmo que devemos procurar um lugar para nos abrigarmos."
"Você tem a sorte de não poder me movimentar, Haru, caso pudesse nunca a deixaria me guiar para o meio do mato."-resmungou ela, empurrando por conta própria à cadeira, sem se preocupar com os obstáculos que encontrava pelo caminho.-"Essa maldita aventura pode custar bem mais do que alguns simples arranhões."
"Eu sei... Eu sei... Não adianta ficar reclamando, Sakura. "
A voz da menina foi apenas um sussurro perante o gemido de terror de Sakura. A selva, já escura pela falta de claridade e abafada a ponto de dificultar a respiração, ficou de repente mais úmida e pesada.
Sakura estava tensa, tensa demais para explicar o que via. Os músculos de sua face se contraíram e a única coisa que conseguia focalizar era a serpente que rastejava em sua direção.
"Ai, meu Deus!"-foi a única coisa que Haru conseguiu pronunciar antes de cair dura no chão.
OoooO
Shoran limpava a velha arma com tanto carinho que era assustador assistir. Era um jovem amante da caça... E a velha espingarda, sua querida companheira. Aos quinze anos, já se considerava um veterano na arte de atirar. Não era por menos, já que praticava o esporte desde a mais tenra idade.
Não tinha com o que se preocupar, a vida era tranqüila em Kimura... Tranqüila e cálida. Um pedaço do céu que os seus antepassados construíram com muito suor e luta. Era fácil falar sobre o império Li, mas o que poucos sabiam é que por detrás de tanto dinheiro havia uma família que priorizava a cultura do país de origem e que o dinheiro pouco importava a quem tinha tanto conhecimento.
Seu bisavô jogara com a sorte quando clandestinamente entrara no Japão. Não era só pelo risco de ser deportado e consecutivamente morto pela imigração, mas como também arriscar o pouco que tinha num terreno irregular e inóspito. Numa mata sem vida cheia de serpentes e seringueiras.
Tsing havia sido um homem de visão, que não temera e por isso havia colido os frutos da prosperidade.
Sentando no banco de madeira de duas pernas, Shoran desenrolou um pequeno cajado de fumo. Em seguida enrolou o conteúdo escuro em um pequeno papel branco e acendeu, sugando avidamente a droga. O fumo era o seu vício, por mais que soubesse sobre os malefícios dele, não conseguia parar. Fumava às escondidas, pois a simples menção dele deixava a sua querida mãe horrorizada.
O passado de sua família se misturava com a sua sina. Não queria viver a mando do passado e muito menos seguir o mesmo caminho que o pai. O dinheiro não o atraía, queria apenas ser reconhecido pelo seu talento e não pelo seu nome. Não queria depender para sempre deles e muito menos queria trabalhar para eles. Queria apenas ser Shoran e não um Li.
Aquele era um sobrenome pesado demais para ser carregado. Era apenas um adolescente, que tinha o seu destino entre os dedos. Agora só dependia dele.
Apagando o fumo, Shoran observou o fiel amigo se aproximar com uma chinchila morta na boca. Por alguns segundo pensou em repreender o cachorro, porém mudou de idéia. Não podia brigar contra o instinto do animal. Toby era um cão dócil, contudo fora criado para aquilo. Caçar! Sem dúvida a morte daquela chinchila não fora em vão. O inverno estava próximo e a pele do pequeno mamífero seria bem aproveitada pelos comerciantes locais.
Acariciando o amigo, Shoran deu-lhe com recompensa o biscoito amanteigado que Utada tinha preparado pela manhã. Toby era louco por aqueles biscoitos, ao contrário dele, que fazia de tudo para não comê-los. Odiava manteiga, era uma pena que apenas Utada não percebia isso.
"Bom garoto!"-falou, pegando a Chinchila de pêlos cinza-claro. Sem dúvida era um presente de Deus e da capacidade de Toby, pois aquele mamífero era ágil, poucos animais podiam se comparar a ele em matéria de rapidez.
Jogando o pequeno roedor na sacola de couro de avestruz, Shoran observou a atitude estranha do cachorro. Ele cheirava o chão e erguia as orelhas, como se tivesse escutando algum ruído.
"O que aconteceu Toby?"-pergunto,u indo até o cachorro.-"Escutou algum som estranho?"
O cachorro abanou o rabo e latiu apontando na direção do penhasco. Coçando a cabeça, Shoran pegou a espingarda. Virando na direção do cão ordenou:
"Fique aqui e vigie. Qualquer movimentação estranha ataque ou corra ao meu encontro."-o cachorro latiu, como dizendo que ficaria ali a mando dele. Sorrindo, Shoran deixou vários biscoitos para o amigo.-"Logo estou de volta. Não deve ser nada..."
OooooooooO
Sakura lutava contra o desespero que queria tomar conta de seu ser. Já estava histérica, a serpente estava em posição de ataque, com a cabeça erguida e os olhos vermelhos cintilantes escurecidos pela a raiva. Sem querer, ela e Haru tinha entrando num ninho de serpentes. Para onde olhava havia cobras.
Será aquele era sua sina? Morre picada por dezenas de cobras? Não, não podia ser. Queria sair correndo dali, mas como se não conseguia acordar Haru e a sua cadeira estava atolada na lama?
Sakura começou a rezar o salmo 3, que tinha aprendido com a sua mãe quando ainda podia andar e era uma criança feliz. Porém, nunca em toda a sua vida aquelr salmo fora tão importante.
"Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! Muitos se levantam contra mim."
Sakura sentiu uma dor profunda não mão direita... Havia sido picada por uma segunda cobra. Com os olhos cheios de lágrimas, viu a morte espreitando cruelmente.
"Muitos são os que dizem de mim: Não há socorro para ele em Deus."
Batendo na perna sem vida, Sakura desejou mais do que nunca poder caminhar. Mas para ela, como no salmo, não havia socorro... Não havia ajuda... Nunca haveria salvação.
"Mas tu, Senhor, és um escudo ao redor de mim, a minha glória, e aquele que exulta a minha cabeça."
Não havia escudo... Apenas dor e sangue. Havia sido picada pela segunda vez no braço e ficava cada vez mais difícil de resistir.
"Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde."
Clamava em vão... Chorava, gritava, mas nem Deus a ouvia. Sentiu ódio daquela menina burra que fora. Deixara uma criança irresponsável sujeita à morte.
"Não tenho medo dos dez milhares de pessoas que se puseram contra mim ao meu redor."
Estava com medo...
"Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu! pois tu feres no queixo todos os meus inimigos; quebras os dentes aos ímpios."
A serpente inimiga deu o bote em sua perna morta, nada sentiu, nada saiu, mas o veneno estava lá. Chorando, Sakura bateu, socou novamente as pernas.
"Porque? Porque você me abandonou?" Perguntava em um desespero levado pela dor. Já não sentia mais a mão... Aos poucos o veneno penetrava na sua circulação e em questão de minutos estaria morta.
Não, não! Isso não aconteceria!
" A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção."
Sakura, imersa em sua própria dor, não percebeu os passos que se aproximavam. Apenas escutou três disparos e, logo em seguida, a serpente estava morta aos seus pés. Com o rosto inchado, Sakura apenas visualizou o corpo forte do seu salvador, pois logo foi tomada por uma imensidão escura que a levou para o paraíso.
OoooO
Três dias depois...
Shoran olhava para a menina que dormia tranqüilamente na cama do hospital. Não se cansava de vê-la, não se cansava de comparar cada traço dela com os da mais perfeita ninfa.
Sakura, esse era o nome dela. Era perfeita como uma rosa, de tão linda chegava a ser mais bonita do que uma flor de cerejeira. E em pensa que quase a perdera... Sim, por bem pouco ela não tinha morrido. Tinha muito veneno pelo corpo e até agora tinha. Porém o seu estado de saúde estava sob controle. Não havia mais risco.
"Serei eternamente grata a você, meu filho."-falou a velha Utada em pranto. -"Não sei o que seria de mim sem a minha menina."
"Não é preciso me agradecer, Utada."-rebateu, constrangido e intrigado.-"Se não fosse a perspicácia de Toby jamais teria encontrado a sua neta."
Estava intrigado pelo fato de nunca ter sabido sobre a existência da neta de Utada. Está certo que não vivia na fazenda, mas tinha a mais plena confiança de que conhecia todos ali. Como nunca tinha notado a presença de Sakura? Estava cego? Só podia ser. Ela era tão bonita que nesses três dias a única coisa que fizera era pensar nela.
"Eu não conhecia a sua neta Utada... Para mim foi uma surpresa saber que você é avó dela. "
A velha senhora não respondeu, muito menos deu satisfação, o que o intrigou ainda mais.
"Por que a senhora a escondeu de todos?"-perguntou, conciso.
Utada ficou quieta, limitando pegar apenas na mão da neta.
"Responda, Utada..."
"Não há o que responder, menino."
"Você tem vergonha por ela ser inválida?"
"Claro que não!"-respondeu, sobressaltada.-"Eu... Eu apenas tento protegê-la...Não quero que ela sofra."
"Escondê-la do mundo não vai resolver o problema dela, Utada."-falou, compreensivo.-"A medicina evoluiu e quem sabe Sakura não pode voltar a andar..."
"Não... Não, Sakura é frágil, Shoran. Não quero que ela..."
"A senhora não quer vê-la feliz, Utada. Por isso a prende como se fosse um passarinho indefeso."-falou, sentando ao lado de Sakura.-"No fundo, Utada, você não a ama, apenas a cria para não deixá-la viver."
Pegando a mão de Sakura, Shoran depositou um beijo e em seguida se retirou, deixando Utada para repensar as suas atitudes. Queria apenas o melhor para Sakura... E nada mais.
Continua...
Bem, essa fic começa no presente e volta para o passado e acaba no presente. O próximo capítulo será como o namoro começou e como terminou, e próximo o desfecho da serie. Não pense que Shoran e Sakura vão ficar juntos, muito água vai rolar por debaixo desse rio.
Agradecimentos...
Rêchan: Olá Renata! Bem, pode ter certeza de que Sakura não vai sofre... No final ela vai ser feliz. Eu sei que esse capítulo foi tanto dramático, coitada ser picada três vezes deve ser horrível. Mas creio eu que o próximo capítulo vai ser lite, embora ocorra uma separação. Obrigada pela review! Beijos!
Sue: Olá Sue! Nem demorei muito! Pode espera que o próximo capítulo vai sair rapidinho. Obrigada pela review! Beijos!
Line: Oie Line! Faz tempo que não nos falamos! Bem, fiquei feliz com a sua review. Pode ter certeza de que Saki não vai sofre tanto, não como choram vai sofre. No final eu vou dar uma felicidade sem precedentes a ela. Beijos! Obrigada pela review!
Nathoca Malfoy: Ola Nathoca! Eu sou má mesmo. Sakura vai sofre muito na minha mão. Ela já foi tudo, mas na minha cabeça ela vai ser sempre pior. Não muito perfeita, mas também não má. Shoran vai ser o salvador de Sakura. Você vai ler. Obrigada pela review! Beijos!
MeRRy aNNe: Olá tia!Não demorei viu! Pretendo ser mais agiu com ela. Obrigada pela review! Beijos!
Yuri Sawamura: Ai, Yuri, me desculpa! Nunca foi a minha intenção não te responde. Fique sabendo que sempre leio a suas reviews, e gosto bastante de todas elas. Juro que vou repara esse mal. Eu ás vezes sou desligada mesmo...tanto que o meu apelido aqui em casa "aluada". Continue enviando reviews, eu juro que vou responde, e se não responder você pode chamar a minha atenção novamente. Obrigada por ter gostado da historia! Beijos!
Analu: Oie Analu! Você foi a primeira a falar que riu com essa fic. Juro que não foi a minha intenção, mas que Shoran vive em TPM nessa fic isso é verdade. XD Fico feliz por sabe que você gostou dela! Obrigada! Beijos!
Bella Lamounier: Olá Bellinha! Eu sei que não sou uma boa filha. Sou rebelde, não te obedeço, mas juro que vou melhorar. No próximo capítulo esse assunto vai ser mais bem trabalhado...tem muitas pessoas que desistem de tudo pelo bem da família. XD Obrigada por tudo! Beijos!
Cam: Não te deixei na mão viu sua boba! Amanhã é o seu dia de trabalhar no blog. Vê se não vai sumir. Beijos!
Dulce: Obrigada Dulce! O que você escreve deu um UP nessa fic! Você foi uma das maiores responsáveis por esse capítulo ter saído. No fundo Shoran vive em TPM. O menino complicado. XD Beijos!
Lili-chan: Oie querida! Bem, como já falei por e-mail o ta de brincadeira comigo e com todo mundo. Vamos vê se agora eles resolvem esse problema. Eu não me esqueci da fic de SXM que te prometi. Obrigada! Beijos!
Anaisa: Olá Anaisa! Foi bom espera por sua review! Fico muitíssimo feliz por você ter gostado dessa fic. Obrigada!Beijos!
Espero por criticas, sugestões, elogios, mas não deixem de dá a sua opinião.
Beijos!
Anna
