Ainda Há Esperança
Por Ayame N. Yukane
Capítulo 5
Uma Nova Aliança
— Sesshoumaru! — exclamou InuYasha intrigado. — O que está fazendo aqui?
Diferentemente de InuYasha, aquele homem de cabelos prateados e vestes brancas era um youkai-completo. Eles eram irmãos, filhos de mães diferentes—Sesshoumaru era filho de mãe youkai e InuYasha de uma humana.
— Por que está tão assustado InuYasha? — perguntou calmamente em tom zombatório para o meio-irmão. — Não te matarei hoje, se é isso que te preocupa. Tenho coisas mais importantes a fazer do que se preocupar com você.
— Você acha que consegue me matar? — desafiou InuYasha, emitindo um som de irritação. — E você diz que não se preocupa com meio-youkais, mas ao que me consta você anda com um garotinha humana...
As acusações de InuYasha, entretanto, não surtiram efeito, uma vez que Sesshoumaru não estava mais escutando. O youkai andou calmamente na direção de uma clareira, na qual encontrava-se um youkai-lagarto e uma espécie de dragão com duas cabeças, que carregava a pequena garota humana a qual InuYasha delatou.
— Jaken, fique aqui com Rin.
— Sim, senhor Sesshoumaru — disse o youkai-lagarto prolongando os "s" da frase, falando como uma cobra.
Na Era Feudal, era comum ouvir dizer que Sesshoumaru era um youkai cruel, que considera humanos mais baixos que insetos—mas, se era tudo isso realmente verdade, o que aquela menina humana estava fazendo com ele?
Sesshoumaru caminhou lentamente até Naraku, que assistia a cena sem fazer nada—e ao que constava, InuYasha de tão descrente que estava, esqueceu-se completamente do inimigo.
O youkai-cão desembainhou uma das espadas que carregava na cintura. Ao perceber o que estava acontecendo, InuYasha barrou o caminho do meio-irmão colocando Tessaiga na frente de Sesshoumaru.
— Sesshoumaru! Quem vai matar esse maldito sou eu! — bradou com irritação.
Em instantes, Sesshoumaru desaparecera da vista de InuYasha; o youkai reapareceu, porém agora estava frente a frente com Naraku, com sua espada apontada para ele.
InuYasha tentou usar Tessaiga contra Sesshoumaru, tentando impedir que ele matasse Naraku, mas ele novamente desapareceu.
Agora Sesshoumaru estava atrás de InuYasha.
— Detestável irmão, eu venho aqui para matar um maldito que você também deseja a morte e vem tentando me atingir com a Tessaiga, meio-youkai imundo? — perguntou ele friamente, apontando sua espada para InuYasha. — Você quer que eu te elimine primeiro?
— Não sou eu quem você veio aqui para tirar a vida, Sesshoumaru — retrucou InuYasha em um tom espantosamente calmo, embora seu sangue estivesse fervendo. — Há outro meio-youkai aqui que você deseja a morte muito mais do que a minha — disse InuYasha olhando com desgosto para Naraku.
— Um meio-youkai, hein? — disse Sesshoumaru com desprezo olhando para Naraku. — Que nojento! Não terei piedade de você. Acabarei com um só golpe para não sujar minhas mãos com seu sangue imundo. Morra!
Sesshoumaru tentou desferir um golpe único em Naraku, mas ao invés do som de carne sendo cortada, ecoou um som de metais se chocando. InuYasha havia defendido o golpe do meio-irmão com sua própria espada.
Impreterivelmente, Sesshoumaru achou o ato odioso, e começou a lutar com o meio-irmão.
— InuYasha! Sesshoumaru! Parem! Vocês estão aqui por causa do Naraku! E não pelo ódio que sentem um pelo outro! — pediu Miroku, tentando acalmá-los, mas só piorando a situação. O ódio mútuo dos irmãos parecia crescer quanto mais tempo passavam juntos.
Sesshoumaru desferia uma seqüência de ataques em InuYasha, que por sua vez defendia impossibilitado de atacar pela rapidez do irmão.
Kagome tinha em mãos uma flecha—a que havia usado anteriormente contra Naraku, quando ele havia se esquivado. Ela a encaixou no arco e mirou. Entretanto, logo parou ao olhar o meio-youkai de cabelos negros novamente.
Enquanto os meio-irmãos brigavam, Sango agora estava frente a frente com Naraku.
A moça enfaixada ameaçava pegar o "Osso Voador"; encostou primeiro as pontas de seus dedos nele, e em seguida segurou-o com firmeza. Com um movimento brusco e rápido, a exterminadora atirou sua arma em forma de bumerangue. Ele cortou o ar velozmente, chamando a atenção de todos; InuYasha e Sesshoumaru pararam de se atacar para observar o ataque.
Naraku foi atingido de raspão—mesmo estando preparado para o ataque, seus ferimentos o impediam de realizar uma esquiva rápida o bastante. O "Osso Voador" retornou para Sango com o antebraço de Naraku.
Sango arrancou o pedaço do braço do meio-youkai do "Osso Voador" e jogou-o no chão, olhando-o enojada. A exterminadora preparou novamente sua arma para um ataque e a atirou.
Desta vez, Kanna surgiu na frente de Naraku. Com esse ato, o espelho que ela carregava foi ativado, fazendo com que Sango fosse atingida brutalmente por sua própria arma e jazesse imóvel no chão.
— Sango! — chamou Kagome, correndo em direção à garota caída no chão.
— Kanna! — Kagura gritou pasma. — Por que você...!
O semblante de Naraku estava pálido. Kagura nunca o vira tão assustado—se Kagome o atingisse com suas flechas espirituais seria o fim dele. Sem dúvida ele também sabia desse fato, por isso o espanto.
Kagome, porém, no desespero de ajudar a amiga ferida, esqueceu suas flechas e seu arco no lugar em que estava anteriormente.
Naraku também percebeu isso—ele deu uma risada abafada, abrindo um enorme sorriso ao ver que a garota corria em direção à amiga sem seu arco-e-flechas. Um sorriso demente. Um breve brilho passou por seus olhos e Kagura teve certeza de que ele planejava algo.
Conforme a garota do futuro chegava mais perto de Sango, aproximava-se conseqüentemente de Naraku também. A julgar que Kagome corria cada vez mais rápido, seu destino estava prestes a ser alcançado.
Ela cessou a corrida abruptamente, porém, quando Miroku a segurou.
— Me solta, Miroku! — gritou ela, olhando para a amiga caída, desespero em sua voz. — Sango vai acabar se ferindo mais!
— Olhe bem. O que tem ao lado dela?
Kagome olhou e arregalou os olhos, a coloração do rosto sumindo aos poucos.
— O braço de Naraku — constatou assombrada.
— Então, você já sabe, não é? Se você for ao encontro dela, será absorvida.
O sorriso débil de Naraku murchou e o brilho dos olhos desapareceu.
— Mas... A Sango... — ela falou pausadamente. — Ela... Ela tem os mesmos riscos de ser absorvida quanto eu! Deixe-me ir até ela Miroku! — suplicou Kagome.
Mas a conversa deles foi interrompida por uma outra conversa, entre duas irmãs, há poucos metros de distância.
— Kanna! — exasperava-se Kagura. — Eu ainda não entendo! Por quê, Kanna? Por quê!
— Naraku possui em mãos nosso destino. Nossa vida... E nossa morte.
Naraku virou sua atenção para a conversa das duas. Ele deu uma breve risada e materializou um pequeno objeto em sua mão direita. Ele apertou a estranha estrutura.
Kanna soltou um grito longo e agudo. Foi a primeira vez que os presentes o viram emitindo uma emoção—seu rosto demonstrava dor. Ela colocou a mão em seu próprio peito antes de cair para o lado direito. O espelho que ela carregava estava quebrado. Ela estava morta.
— Naraku! — bradou Kagura, investindo contra ele com lágrimas nos olhos.
Aquela estrutura que antes estava na mão de Naraku desapareceu. No lugar dela, apareceu outra. Ele a apertou com igual força.
Kagura colocou a mão no próprio peito, um pequeno grito escapando de seus lábios rubros.
— Que pena, Kagura... Se você tivesse sido um pouco mais leal... — ele deu um sorriso e apertou mais um pouco o coração.
Kagura fez uma expressão que demonstrava que ela não conseguiria agüentar mais.
— Kanna... Ela era leal! — disse ela com dificuldade.
— É verdade... — disse ele apertando mais um pouco o coração da mulher, fazendo que Kagura soltasse um grito. — Mas a irmã mais velha tem de pagar pelos atos da mais nova... Você sabia que eu possuía o coração de vocês. Mas você simplesmente não deu importância! Agora que está finalmente percebendo que sua hora chegou resolve se preocupar com sua irmã? Você nunca demonstrou preocupação com Kanna... Sempre ficou presa à liberdade que tanto desejava. Como se sente com tudo o que fez agora, Kagura?
— Cale essa sua boca nojenta! — ordenou ela fracamente, mas ainda sim mantendo sua postura resistiva.
Naraku apertou com mais força o coração de Kagura. Mas ela não gritou; nem ao menos fez expressões de dor. Ela estava em sua postura normal, como se a dor tivesse sumido, mas respirava alto e com dificuldade.
Sua postura recomposta era devido a Kagome, que havia buscado sua flecha e atirado-a contra Naraku. A flecha cortou o ar velozmente em direção ao meio-youkai.
Naraku, em uma tentativa frustrada de se esquivar, foi atingido no braço direito. Como aquela era uma flecha espiritual, fez um assombroso estrago no membro superior de Naraku.
Furioso, o meio-youkai partiu a flecha em dois pedaços desproporcionais e tirou-os do próprio braço, fazendo com que a chaga sangrasse mais.
A carne de Naraku regenerou-se lentamente; a grande ferida desapareceu quando o processo terminou. Sobrara apenas um pequeno buraco que estava aos poucos recuperando sua forma original.
Ele estendeu o braço na direção de InuYasha; o membro logo se alongou e os dedos de Naraku tentaram alcançar o meio-youkai de cabelos prateados.
InuYasha desembainhou Tessaiga e cortou o braço de Naraku que se esticava em sua direção.
Um grito ecoou pelo local—um grito vindo de Kagome. Ela estava sendo segurada no ar pelo outro braço de Naraku.
O meio-youkai de cabelos negros havia tentado atacar InuYasha para distrair a todos enquanto capturava Kagome com o outro braço.
InuYasha investiu a toda velocidade contra o braço de Naraku que segurava Kagome e Sango, na tentativa de cortar o membro, atirou seu "Osso Voador".
Mas InuYasha chocou-se com a arma em forma de bumerangue, pois Naraku trouxe o braço e Kagome para perto de si.
O meio-youkai de cabelos prateados começou a correr em direção a Naraku, mas foi parado pelo meio-irmão Sesshoumaru.
— Sesshoumaru! — gritou InuYasha enfurecido.
— Se você for até lá, a humana morrerá — disse o youkai indiferente.
Naraku sorriu maliciosamente.
— Muito bem! Escutou, InuYasha? A vida de Kagome está em minhas mãos.
Sem saber o que fazer em seguida, InuYasha simplesmente olhava encolerizado para Naraku, tentando pensar em algum plano para tirar a humana de perto do inimigo.
Da mão de Naraku que não estava segurando a garota do futuro, surgiram enormes garras. O meio-youkai de cabelos negros levantou os olhos para ver a reação de InuYasha—o rapaz encarava a humana com uma expressão aflita, o ódio dos olhos praticamente desaparecera e dera lugar ao desespero.
Naraku cravou suas garras no ventre de Kagome em seguida. A garota arregalou os olhos conforme viu seu sangue espirrar, embora nada tivesse sentido a princípio. Seus sentidos pareciam deixar seu corpo. Não conseguia sentir dor; não sentia o gosto do sangue que invadia sua boca; não via mais nada além de borrões brancos se mexendo vagarosamente na paisagem negra; o cheiro de terra molhada dera lugar a um aroma metálico que a intoxicava... E não conseguira ouvir mais nada além de InuYasha gritando seu nome.
C.O.N.T.I.N.U.A.
N/A: Olá!! Gostaram do capítulo? Um pouco mais movimentado, agora que temos o Sesshoumaru.
Muito obrigada a todos! Espero reviews!
Beijinhos!!
AyaNayru
