Notas: a bela citação do capítulo primeiro ("Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia/ Cadáver adiado que procria?") é de Fernando Pessoa, de seu poema "Mensagem". Pessoa é um de meus poetas favoritos.
Agora só falta mais um pequeno epílogo, que devo postar amanhã.
Respostas às reviews do capítulo anterior:
Youko Julia Yagami: Mais um pouquinho de Sev bêbado pra você! A gente faz cada coisa com ele, não?
DarkAngelAngst: Não costumo revelar minha idade, talvez porque seja muito velha :) Se estás mesmo muito curiosa, posso dizer-te que tenho entre 30 e 50 anos. Espero que gostes deste capítulo.
Capítulo 3
Severus parou no meio da escada, sentou-se e puxou Harry para o seu colo. Uma onda de desejo pulsou pelo corpo de Harry. Severus se inclinou para a frente e capturou-lhe os lábios em um beijo ávido. Os lábios de Severus eram quentes e macios. Oh, Severus sabia beijar, mesmo que cheirasse a Firewhisky. Harry estava derretendo em seus braços; ele sempre sonhara com aquele momento. Entretanto, por mais que o beijo o deixasse excitado, não seria sensato transar com Severus na escada... Harry lutou muito para ser sensato e, a muito custo, arrastou Severus para baixo.
O corredor foi percorrido em ziguezague, e às vezes Severus ficava tão desorientado que ameaçava voltar sobre seus próprios passos.
— Aqui, Severus.
— Harry, você não vai me deixar outra vez, vai?
— Não, Severus, não vou.
— Porque... Escute, onde é que você está me levando?
— Para o seu quarto.
— Você vai ficar comigo?
Harry suspirou.
— Vou, já disse que vou.
— Você... é tão bonito... — Severus comprimiu Harry contra a parede. — Eu nunca pensei que pudesse querer um outro mago assim. Eu quero você... inteirinho.
Harry o abraçou de novo.
— Então vamos para a cama, Severus.
Como se Severus fosse uma criança, Harry tomou-lhe a mão, e ele se deixou conduzir. Enfim, chegaram ao escritório. Harry fechou a porta com cuidado, enquanto Severus tentava agarrá-lo.
— Vamos para o seu quarto — disse Harry, segurando Severus pelo ombro. Severus passou o braço ao redor dos ombros de Harry.
Como todas as portas de Severus haviam sido ensinadas a reconhecer Harry, este não teve dificuldade para abrir a porta do quarto de Severus e puxar Severus para dentro. Severus, por sua vez, puxou Harry com força, e os dois caíram sobre a cama.
Apesar da excitação, Severus estava mais do que bêbado, e Harry o viu ficar literalmente verde.
— Severus... você está se sentindo bem?
— Eu vou... — Severus se levantou e caminhou, trôpego, na direção do banheiro. Harry o amparou. Severus ainda chegou a tempo de vomitar no vaso.
Harry ajudou-o a lavar o rosto na pia e o levou de volta para a cama.
— Maldição, tudo está girando...
— Fique aí quietinho. Eu vou buscar aquela sua poção contra ressaca.
Por sorte, Harry lembrava-se bem de onde Severus guardava a milagrosa poção. Serviu um copo com água e levou-a para Severus. Encontrou Severus ainda muito pálido e trêmulo.
— Beba, Severus.
Severus se sentou na cama e levou as mãos ao rosto.
— Ah, Harry, faça o mundo parar de girar.
Harry sorriu.
— Infelizmente não sou tão poderoso assim.
— Não? Eu nunca vi um mago tão poderoso quanto você. Nem Albus, nem o Lord das Trevas.
Harry estendeu o copo novamente a Severus.
— Então acredite em mim: beba e se sentirá melhor.
Severus bebeu tudo e depois escorregou para baixo dos lençóis. Harry achou melhor deixá-lo dormir com suas vestes. Já Harry estava com vestes de gala, e achou que seria muito desconfortável dormir com elas. Tirou-as, tirou também os óculos e, só de cuecas, entrou debaixo das cobertas ao lado de Severus.
Afinal, ele havia prometido que ficaria com Severus.
A consciência foi retornando devagar, bem devagar. Um gosto forte de Firewhisky na boca, o cheiro de Firewhisky em seu próprio hálito, a garganta seca.
Então quase morreu de susto. Havia alguém em sua cama. Sentia a presença, não precisava nem ver. Aliás, havia uma perna roçando na sua.
Virou-se na cama.
Oh, não. O que Harry Potter...
A lembrança caiu sobre ele como uma tina de água gelada. Severus se levantou de chofre e foi para o banheiro. Abriu a torneira para encher a banheira, decidido a se afogar.
Como é que iria conseguir encarar seus colegas depois daquilo? Mas... o que exatamente ele havia feito? Lembrava-se vagamente de ter entrado no meio da festa e se jogado em cima de Harry. Oh, humilhação.
Mas o que havia feito depois? Lembrou-se de ter vomitado, e de Harry lhe dando a poção. Mas eram apenas imagens vagas. Será que ele e Harry... Não, se tivessem feito isso, ele não estaria com suas vestes, estaria?
Tirou as vestes e entrou dentro da água planejando não sair nunca mais.
— Severus! Você está bem?
Severus não iria responder. Nem que o Lord das Trevas ressuscitasse e aparatasse ali.
— Severus, por favor, me responda!
Que o pirralho se esgoelasse lá fora. Severus não queria nem saber.
— Se você não me responder eu vou entrar.
Maldito Harry Potter.
— O que é, Potter?
Dessa vez foi Severus que ficou esperando pela resposta.
Impaciente, Severus saiu da água, enxugou-se e vestiu um roupão verde.
— O que é, Potter, não se pode mais tomar um banho em paz nessas masmorras?
Harry estava ali, diante dele, só de cuecas e, em vez de enfrentá-lo, pareceu encolher-se todo. Aquele que era o mago mais poderoso do universo parecia desmoronar diante de Severus.
— N-não faça isso. Por favor.
— Isso o quê? — perguntou Severus, não acreditando que Harry pudesse realmente estar com medo dele.
— Não me mande embora outra vez.
Tão frágil, tão vulnerável. Severus não tinha como não se comover. Estendeu os braços para ele e puxou-o para si.
— Harry...
— Eu já resisti duas vezes. Não tenho forças para resistir a mais uma. Nunca mais me mande embora, está bem?
Ah, era tão bom, o corpo de Harry contra o seu, o cheiro de Harry...
— Você foi embora. Você não foi me procurar depois da guerra — desabafou Severus.
— Eu achei que você não me quisesse.
— Eu não podia. Eu estava aterrorizado. E você era meu aluno. — Severus segurou-lhe os ombros com firmeza. — Você não entende?
— Achei que era só uma desculpa sua, porque você não me queria.
Severus baixou a cabeça e começou a beijar-lhe o pescoço. Harry virou a cabeça para o lado, para dar-lhe acesso.
— Ah, você não faz idéia... Esse tempo todo... você não faz idéia. Você me deixa louco.
— E eu? O que você acha que eu senti quando você me expulsou porque achou que eu estava com Remus?
— Eu não achei nada, você estava com ele.
— Mas não do jeito que você pensou.
— O que você queria que eu pensasse? Ele estava na sua cama!
— Er, Severus, não vamos brigar, tá?
Severus passou um braço pelas costas de Harry e o outro à altura do traseiro e, pegando-o no colo, depositou-o sobre a cama. Harry estendeu as mãos para o cinto de Severus e o puxou, abrindo-lhe o roupão. Severus, ainda de roupão, deitou-se sobre Harry.
Só com a ponta dos dedos, Severus tocou o rosto de Harry. Harry separou os lábios, e Severus fechou os olhos. Baixou o rosto e apenas tocou os lábios de Harry com os seus. Harry ergueu a cabeça, talvez em busca dos seus lábios, mas Severus já estava saboreando-lhe a pele macia sob a orelha.
Severus não tinha pressa. Escutou o coração de Harry batendo acelerado, e continuou acariciando-lhe o rosto com os lábios, roçando-lhe a pele com tanta leveza como se fosse uma pluma. Quando Harry agarrou-lhe o rosto para puxá-lo para seus lábios, soube que estava só esperando por esse convite.
Severus colou os lábios aos de Harry. Eram tão macios. Severus provou-os com a língua, contornando-os devagar, e então recuou. Emitindo um leve murmúrio de impaciência, Harry abriu os olhos.
— Não vai me beijar nunca?
— Pensei que era isso o que estava fazendo. Impaciência não vai levar você a lugar algum.
— Seu torturador! — exclamou Harry — Hmm, seu cabelo está molhado, e você está cheirando a...
— Uma mistura de ylang ylang, canela, vetiver e almíscar.
— É delicioso — murmurou Harry, segurando-lhe o pescoço, puxando-lhe o rosto para si e grudando os lábios aos seus.
A língua de Harry buscava pela sua, e a de Severus foi ao seu encontro, entrelaçando-se a ela. Harry gemeu sob ele, e Severus rolou um pouco para o lado, para poder acariciar-lhe o corpo. Suas mãos foram descendo pela pele macia do mago mais novo até chegarem aos quadris estreitos. Os dedos se firmaram e se cravaram com força nos tendões e músculos.
— Oh, Severus... Faça amor comigo.
— Pensei que era isso o que estava fazendo — repetiu Severus, sem conseguir conter o sorriso irônico.
Harry tentava arrancar-lhe o roupão. Severus o ajudou, livrando-se do único tecido que havia sobre seu corpo. Mas Harry ainda estava de cuecas. Essa situação precisaria ser remediada... em breve. Severus não queria fazer nada de modo apressado. Mergulhando a mão nos cabelos revoltos, apossou-se dos lábios de Harry. Desta vez não era mas o beijo sutil e provocante de antes. Agora sua língua procurava e invadia, ávida e impiedosa a um só tempo, preenchendo a boca do jovem amante, possuindo-a. Harry gemia e se contorcia, puxando-o contra si, roçando o membro contra suas coxas. Severus começou a distribuir beijos molhados pelo pescoço de Harry, enquanto as mãos contornavam-lhe os mamilos. Então desceu os lábios para tomar um mamilo ereto em sua boca. Harry cravou as unhas em suas costas e gritou. Severus ergueu a cabeça para fitá-lo. Harry também estava com os olhos fixos nos seus. Fixos e turvos de desejo, pensou Severus. Sem tirar os olhos de Harry, Severus passou a ponta da língua pelo mamilo. A expressão de Harry nesse instante encheu Severus de uma emoção indescritível.
Ele me quer. Esse garoto, o mago mais poderoso do universo, o filho de James Potter, me quer. E isso só não é mais estranho do que o fato de que eu o quero mais do que a própria vida.
Devagar, Severus foi descendo uma das mãos até tocar-lhe a parte interna da coxa. Harry arqueou-se todo. Severus sorriu.
— Severus, por favor.
— Quer que eu o toque? Aqui? — perguntou Severus, cobrindo o pênis de Harry com a mão, por sobre o tecido.
Harry mordeu o lábio inferior.
— Oh...
Severus se ajoelhou a seu lado e baixou-lhe a cueca, revelando o belo pênis ereto do jovem amante. Severus aproximou o rosto dele, como que atraído irresistivelmente para aquela carne aveludada.
— Vai me deixar sentir seu gosto, Harry?
Harry arqueou os quadris em sua direção, mas disse:
— Uh, eu queria você dentro de mim em nossa primeira vez.
Severus se deitou novamente sobre ele, meio de lado para não esmagá-lo com seu peso.
— Você está se revelando um amante muito autoritário.
— Você... teve muitos amantes?
Severus o olhou de esguelha.
— Não muitos, para falar a verdade — respondeu Severus, afastando os cabelos do rosto de Harry. Fitou Harry intensamente, para ver qual seria sua reação diante do que iria dizer. — O Lord das Trevas exigia exclusividade.
Harry ergueu o tronco de imediato, apoiando-se no cotovelo.
— O quê!
Severus riu por dentro. Se Harry soubesse a verdade...
— Eu estava brincando. Pelo visto, consegui esfriar o seu entusiasmo.
Harry suspirou e se deitou novamente.
— Esfriar meu entusiasmo? Eu gelei total. Não faça mais isso.
— Vai continuar me dando ordens desse jeito?
— Escute, é que eu sempre imaginei que seria assim, nossa primeira vez: você dentro de mim. Eu... tive um namorado na Bulgária. Mas eu nunca deixei que ele... sabe como é... ficasse "por cima". Porque eu não conseguia me imaginar sendo possuído por outro que não você.
— Um namorado... Você estava com ele... e pensava em mim? — Severus o puxou para si, fazendo com que seus membros eretos roçassem um no outro.
— Não seja cruel. Eu não conseguia evitar. Pensava em você todos os dias, todas as noites, o tempo todo.
Severus fechou os olhos e mergulhou o nariz nos cabelos de Harry, mordendo-lhe o lóbulo da orelha.
— Se é assim que você quer, é assim que será, meu Lord — sussurrou-lhe ao ouvido.
Quando ergueu a cabeça, viu o sorriso de Harry. Beijou-o novamente antes de se ajoelhar na cama para abrir a gaveta da mesa de cabeceira e pegar o lubrificante.
Depois de espalhar bastante lubrificante em seus dedos, Severus, entre as pernas de Harry, passou a mão pela leve curva de seu traseiro, em busca da fenda. Começou a traçar círculos ao redor daquela região sensível com a ponta do dedo ao mesmo tempo em que lhe acariciava os testículos.
Sentindo Harry suficientemente relaxado, Severus inseriu o dedo médio. Notou que Harry reteve a respiração por um instante, mas depois a soltou, e seus músculos se acomodaram ao redor do dedo, que iniciava um movimento de entrada e saída. Tão quente, tão apertado... Severus introduziu um segundo dedo e roçou a face no pênis de Harry.
— Oh Deus — gemeu Harry. — Assim eu vou gozar antes que você entre em mim.
Severus afastou o rosto e brincou mais um pouco com os dedos dentro de Harry, fazendo "tesourinha", depois curvando-os de leve. Seu próprio pênis doía de tão rígido e ereto. Não dava mesmo para esperar mais.
Severus retirou os dedos do calor de Harry, espalhou bastante lubrificante sobre seu pênis, separou as pernas de Harry e as apoiou sobre seus ombros.
— É assim que você quer? De frente?
Harry fez que sim com a cabeça. Severus também não queria outra coisa. Posicionou-se entre as nádegas do jovem mago e penetrou-o com uma estocada firme. Sentiu Harry ficar tenso a seu redor, e tentou se conter. Sabia que aquele lubrificante mágico era muito bom, e esperava que não houvesse dor para Harry, apenas um desconforto inicial. Era uma sensação inacreditável, estar totalmente envolvido pelo calor de Harry, por aqueles músculos firmes. Severus buscou o rosto de Harry com os olhos, e o encontrou tranqüilo e confiante. Quando Harry impulsionou-se em sua direção, Severus não conseguiu conter um gemido gutural, e respondeu lançando-se contra Harry com a mesma intensidade. De repente, Severus estava todo dentro de Harry, seus testículos roçando-lhe as nádegas. Oh Deus, aquilo era o paraíso. Severus começou a imprimir um ritmo, e viu o rosto de Harry ficar corado e o suor banhar-lhe o corpo. Mais uma vez, maravilhou-se de como Harry era bonito.
Sem conseguir mais se controlar, Severus agora se rendia ao ritmo alucinante de seus próprios corpos. Harry se projetava contra ele, arfando, e Severus não sabia mais de onde vinham os gemidos que escutava, se dele próprio ou de Harry. Quando viu Harry arquear todo seu corpo convulsivamente, seu sêmen jorrando, uma alegria intensa o invadiu, e ele pôde também se entregar ao clímax que já o fazia pulsar incontrolavelmente.
Instantes depois, Severus recuperou a consciência. Ergueu a cabeça do peito de Harry e deitou-se a seu lado, passando o braço possessivamente ao redor de sua cintura.
— Foi muito melhor do que eu havia imaginado que seria — sussurrou-lhe Harry.
— Você nunca me deu o devido crédito — reclamou Severus. Em resposta, Harry beliscou-lhe o traseiro, e Severus estapeou-o com o travesseiro. — Foi a minha primeira vez com um homem.
— O quê? — Harry empalideceu e parecia a ponto de desmaiar de surpresa.
— Verdade.
— Como assim? Você não é... não era...
Severus deu um de seus sorrisos maliciosos, e Harry cerrou os punhos. Severus levou o dedo aos lábios do jovem amante.
— Eu só havia transado com mulheres antes. Não sei se isso faz de mim bissexual, ou se agora mudei minha orientação. Esses rótulos todos são inúteis.
Harry fez uma careta.
— Mulheres?
— Não vá me dizer que você é misógino!
— Não, mas... que mulheres?
— Posso lhe assegurar que sua mãe não foi uma delas, se está preocupado com isso.
Severus viu Harry relaxar e soltar a respiração.
— Quem, então?
— Você não tem direito de me perguntar isso.
— Não é justo. Eu lhe contei sobre Anton.
— Bem, de qualquer modo, a única que você conheceu foi Narcissa.
— Ugh, aquela...
Severus estapeou-o com o travesseiro outra vez.
— Saiba que ela é uma mulher extraordinária.
— Ela traía Lucius com você?
— Oh, Lucius tinha uma amante por noite. Ele não prestava atenção no que acontecia na casa dele. Além de amante, Narcissa era minha informante. Em troca, eu protegia Draco.
— Você ainda se encontra com ela?
Severus sentiu um nó na garganta ao ver Harry trêmulo e inseguro outra vez.
— Claro que não, menino tolo. Ela foi para a França ainda durante a guerra, não se lembra? Ela precisava afastar Draco de seu pai, senão Draco iria virar um Comensal da Morte. E não estaria vivo hoje.
— Er, Draco não é seu...
— Não seja absurdo! Ele não é a cara de Lucius?
— É que, depois de um susto como esse, não sei mais o que esperar de você. Você ainda gosta dela?
— Eu sou monógamo, Harry. Se eu estou com você, estou com você até o fim, e só com você — disse Severus, fitando o fundo dos olhos de Harry.
O sorriso voltou aos lábios do mago mais jovem.
— Agora entendo melhor porque... porque você levou tanto tempo para...
— Oh, vamos tomar café, sim? Não sei se você se lembra de que não jantei ontem. Estou morrendo de fome.
continua...
