Capitulo VII – Fora da Compreensão

NT: ponto de vista do Harry

Harry não conseguiu convencer Ron a procurar Hermione, pois a amiga tinha agido de forma muito estranha no almoço. Não que ele não a achasse doida, mas ela nunca agira daquela forma antes. Não era atitude de Hermione.

Ao sair do Salão Principal sozinho, para encontrar e interrog�-la, ficou indeciso para onde ir, pois tinha quatro caminhos alternativos: a Sala Comunal, a Biblioteca, o banheiro das meninas e a sala de Transfiguração, já que esta seria a próxima aula.

Tomado por um impulso foi caminhando vigorosamente para a sala comunal, quando ouviu uma voz conhecida atrás dele.

- Um momento, Harry.

Harry parou e por cima do ombro viu a figura de um homem alto, magro, cabelos e barbas longas e prateadas, era o prof. Dumbledore.

- Professor, que bom vê-lo! – exclamou Harry, com um sorriso – Realmente eu precisava falar com o senhor.

- Sim, sim! Eu imaginei que precisasse falar – disse Dumbledore, olhando por cima dos óculos meia-lua, mas fixando o olhar no ombro do garoto – Venha ao meu escritório, Harry – no mesmo instante em o menino abria a boca para comentar algo, mas achou melhor esperar.

Harry esqueceu-se completamente de Hermione e seguiu Dumbledore.Caminharam silenciosamente até o gárgula de pedra que bloqueia a entrada do escritório do diretor.

- Diabinho de Pimenta. – disse o professor.

Imediatamente o gárgula ganhou vida e pulou para o lado expondo a escada de pedra rolante. O diretor fez sinal para Harry entrar e subir primeiro.

O escritório estava tão bonito e exótico como das últimas vezes que esteve l�, mesmo tendo quebrado quase todos os objetos de prata no ano passado, o que trazia para a Harry um sentimento misto de culpa e vergonha.

- Não se culpe, Harry – murmurou Dumbledore, como se estivesse lendo sua mente – Objetos materiais podem sem recuperados facilmente – completou com um sorriso bondoso.

- Me desculpe, professor não queria... – retrucou Harry meio sem jeito, sentindo sua garganta secar.

- Já disse para não se culpar. Veja bem, eu errei em não lhe contar sobre o seu passado... sobre a profecia... Portanto, se tem alguém que deve pedir desculpas, esse alguém sou eu.

Por alguma razão Harry não se sentiu menos culpado.

- Harry – continuou o diretor, sentando-se em sua cadeira , por favor sente-se – apontando para uma cadeira acolchoada em sua frente.

Não foi preciso pedir duas vezes ao garoto, este se sentou prontamente, estava ansioso para contar o que ouvira de Trelawney e saber qual era a opinião de Dumbledore.

- Muito bem. Ouvi alguns alunos falarem sobre um incidente na sala de Adivinhação, você saberia me dizer o que era? – perguntou à Harry, olhando para o sapato do garoto.

- Foi uma profecia... eu acho... – respondeu apreensivo.

- E o que dizia a profecia? – perguntou calmamente, como se aquilo fosse normal.

- Eu não entendi muito bem, a professora Trelawney pronunciava palavras vagas, mas não fazia sentido algum – respondeu ainda mais apreensivo.

- Não importa, não importa. Estou aqui para escut�-lo, Harry. Conte-me todo o ocorrido – disse Dumbledore, com os olhos cintilando.

Harry contou todos os detalhes que ocorreram naquela aula, desde a rajada de vento até os ferimentos na mão de Ron.

Após toda a explicação Dumbledore levantou a cabeça e com os olhos fechados, suspirou lenta e profundamente como se buscasse paz interior.

- Professor? – perguntou, quebrando o silencio nauseante.

- Sim? – respondeu, permanecendo, ainda, na mesma posição.

- O que significa tudo isso? – perguntou Harry, com certa impaciência. Não gostava que o ignorassem quando contava algo importante.

Novo silêncio.Dumbledore começou a passar a mão suavemente por sua longa barba prateada e ao pousar a outra mão na escrivaninha, abriu os olhos e respondeu:

- Infelizmente está fora da minha compreensão, eu suponho – sua voz embora transparecesse calma, estava diferente, com se escondesse algo – Mas, talvez haja uma pessoa que possa saber...

O diretor percebendo a desconfiança e curiosidade do garoto, sorriu.

- Está praticando Oclumência, Harry? – perguntou Dumbledore.

- Desculpe? Quero dizer... – respondeu desconcertado com a pergunta inesperada - ... um pouco... – mentiu.

Não havia treinado nenhuma vez nas férias. Desde que Snape pegara Harry mergulhado em suas lembranças, o professor de poções negara-se a ensin�-lo novamente.

- É importante que aprenda a fechar a mente. Portanto, sugiro que comece a levar a sério às aulas – afirmou Dumbledore.

- O prof. Snape... ele... – gaguejou, não sabia como contar que não estava mais tendo aulas de Oclumência.

- Já falei com o Severo e ele concordou em lhe dar novamente as aulas – sorrindo para o garoto.

- Ah, obrigado – respondeu com um sorriso forçado ao mesmo tempo em que tentava disfarçar o seu espanto. "Será que Snape contou a Dumbledore que eu bisbilhotei, novamente, a penseira?" indagava-se.

- Harry, sinto dizer, mas gostaria que voltasse para suas atividades. Preciso refletir sobre a profecia de Sibila. Creio que seja realmente importante. – disse Dumbledore, com uma expressão séria.

- Ok! – respondeu Harry irritado, levantando e saindo da sala, mas antes que fechasse a porta por completo, viu o diretor se dirigir a Fawkes e murmurar algo perto da ave. Imediatamente, a fênix com um estampido e um clarão avermelhado, desapareceu.

Caminhando para a sala comunal, uma vez que perdera metade da aula de transfiguração e sabia perfeitamente que a profª. McGonagall iria lançar aquele olhar severo e cobri-lo de deveres extras, ficaria em paz por algum tempo. Poderia, enfim, descansar um pouco, embora estivesse aborrecido com o diretor, pois Harry contara com os mínimos detalhes que lembrava do "evento" para, no final, receber um "Infelizmente está fora de minha compreensão..." .

Desconfiava que Dumbledore escondia algo mais. E que o Fawkes fora fazer? Será que Harry não era digno de confiança? Porque ele me obriga a ter aulas com Snape? Poderia ser o próprio diretor a dar-lhe as aulas de Oclumência, mas não... tinha que ser Snape.

Passou o resto da tarde se atormentando, enquanto observava atentamente um buraco no tapete em frente à lareira.

Voltou de seu devaneio quando ouviu os alunos atravessarem o quadro de entrada. Todos conversavam e gritavam felizes. "Porque não posso ser feliz também?" pensava Harry amargurado.

Neste momento, entraram duas pessoas com o ânimo igual ou pior do que o dele.

Ron se sentara do lado direito de Harry e Hermione do lado esquerdo, ambos bufando exasperados.

- Não estão se falando ainda? – exclamou Harry, irritado – Vocês devem ter batido o recorde mundial da briga. Já no primeiro dia de aula e não se falam mais, ou pelo menos, nunca mais – acrescentou com deboche.

- Não sou eu que não está falando – disse Ron indignado e irritado, olhando para a amiga.

Hermione agiu como se não estivesse escutado a exasperação do amigo.

- Porque não foi na aula de Transfiguração? – indagou olhando para Harry.

O garoto apenas bateu com os ombros e não disse nada.

- Bem... de qualquer forma, a prof. McGonagall pediu que lhe entregasse o dever de hoje e mandou que fizesse mais um trabalho extra para semana que vem – continuou Hermione, entregando a Harry alguns pergaminhos enrolados.

- Ótimo, mais essa ainda – resmungou.

Ron sorriu para o amigo, mas logo depois fechou a cara. Harry percebeu imediatamente que Hermione lançara a Ron um olhar reprovador, igual ao da prof. McGonagall quando está com raiva.

- Vou guardar a mochila para podermos jantar – disse Ron secamente, enquanto subia para o dormitório dos meninos.

Harry acompanhou o amigo com o olhar e assim que desapareceu pela escada se virou para Hermione.

- O que deu em você? – perguntou sussurrando – O Ron não fez nada e você sabe disso.

Hermione encarou o amigo como se ele estivesse dizendo coisas absurdas e sem sentido, mas não respondeu.

Harry irritado com o silêncio continuou:

- Então, vai pedir desculpas? Vai fazer as pazes?

- Só se ele pedir desculpas primeiro – disse Hermione, com um ar superior.

Por um instante Harry teve vontade de bater na amiga com os rolos de pergaminho. Achava que não existia ninguém mais cabeça-dura do que o Ron, mas havia se enganado... Hermione era pior.

- Mione, seja razoável... ele não fez N-A-D-A ... – retrucou desesperado com a teimosia da garota – E do jeito que conheço o Ron, ele não vai pedir. Desse modo, vocês vão ficar velhos caquéticos e ainda não estarão se falando.

- Se é assim... que assim seja – respondeu em um tom de voz forte e incrivelmente superior, pondo-se de pé ao mesmo tempo que Ron descia as escadas, aparentemente de melhor humor.

- Vamos logo, estou morrendo de fome – disse Ron, dirigindo-se para a saída da sala comunal.


Dedessa Shermie: Obrigado pelo elogio. Fico contente que esteja gostando. E em relação a Hermione, ela ficou um pouquinho alterada (resposta no capitulo "Sonhos")... acho que se fosse com qualquer outra pessoa, ela não ficaria assim tão estressada... ser�?

Pati G W Black: Pati, você sempre me deixa corado. Obrigado pelo comment.

Bjos a todos.

E obrigado a todos que lêem e acompanham a FIC.