Kirina - Que legal que você gostou. Aqui eu vou postar um capítulo por dia.
Bru - O Sev sofreu, tadinho, mas toda faca tem dois gumes. Foi bom para alguns homens verem o que as mulheres sofrem!
Capítulo 2
Alguns dias mais tarde, Snape recebeu mais visitas em seus aposentos. A princípio, assim que viu Draco Malfoy e Blaise Zabini em sua porta, pensou que se tratava de assuntos de sua casa. Mas eles logo foram esclarecendo:
– Professor, queríamos apenas conversar.
– Algum problema, Mr. Malfoy?
– Não, senhor. Mas nós soubemos o que aconteceu com o senhor. Sabe, os seus... ferimentos.
Snape tentou esconder a irritação, mas os hormônios ainda estavam fazendo festa em seu sangue. Os dois perceberam e se entreolharam. Draco se adiantou:
– Não contamos para ninguém. Minha mãe me contou, porque meu pai contou para ela antes do julgamento – Snape lembrou-se de ter sido informado sobre o julgamento de Lucius Malfoy: rápido, direto e eficaz. Ele foi jogado em Azkaban em tempo recorde – Queremos apenas prestar solidariedade.
Houve uma pausa, após a qual Snape disse:
– Agradeço o gesto. Mas não há motivo para preocupação.
– Senhor, com todo o respeito – interveio Zabini –, queremos que saiba que pode contar conosco para preservar seu segredo, se assim desejar. Podemos contar com a colaboração de todos em Slytherin. Sabemos que dificilmente os outros vão se importar com um dos nossos.
– Sim, Professor – concordou Draco – Pode contar conosco, se quiser conversar ou algo assim.
– Alguém mais sabe o que aconteceu? O que os alunos estão dizendo?
– Acho que ninguém sabe – disse Zabini – ou teríamos ouvido alguma coisa a respeito. Mas algumas pessoas falaram sobre sua aparência: o cabelo e a pele.
– E o seu humor – completou Draco –, mas isso não é novidade.
– Posso perguntar por que contou para Mr. Zabini, Mr. Malfoy?
– Bom, ele é meu namorado. Não daria para esconder isso dele. De qualquer forma, senhor, eu gostaria que soubesse que se precisar de alguém para conversar sobre o assunto e sobre o que aconteceu...
– Mais uma vez agradeço a oferta, senhores. Sei que posso contar com sua discrição.
Os dois sentiram que estavam dispensados e deixaram os aposentos de Snape. O mestre de Poções ficou intrigado com o gesto. Não era típico de um Slytherin, mas por outro lado, era uma casa que realmente cuidava de seus membros.
Nas semanas que se seguiram, porém, Snape já tinha com quem conversar: Harry Potter virou um freqüentador assíduo das masmorras à noite. Severus passou a esperá-lo com chá, e a manter as proteções abaixadas para ele se esgueirar, invisível, para dentro. Com o tempo, o agitado mar hormonal onde ele foi jogado parecia ter se acalmado um pouco. Interessante é que, por menos que ele quisesse admitir, as conversas com Harry tinham ajudado nesse aspecto.
– Você gosta de vir aqui todas as noites?
– É claro, ou então eu não viria.
– E o que seus amigos dizem disso?
– Eles não sabem. O que eles não sabem não pode feri-los.
– Verdade?
– Olhe, eles são legais, mas não entenderiam. Você e eu temos coisas em comum, às vezes eles não se dão conta disso – Harry o encarou – Eu estou atrapalhando?
– Claro que não, Potter, ou eu já o teria expulsado daqui.
– Poderia me chamar de Harry? Potter é o nome de meu pai.
– Se você prefere. Nesse caso, nada mais justo do que um tratamento recíproco. Sou Severus – mas apenas entre nós dois.
– Combinado. Você vai à cerimônia?
– Cerimônia?
– De comemoração da vitória sobre Voldemort. Não é possível que não tenha recebido o convite: você é um dos homenageados.
– Não estou muito disposto a comparecer.
– Muita gente vai ficar aliviada se você não for – ironizou Harry – Vai dar essa satisfação a essa gente?
Severus ergueu o canto dos lábios:
– Sutil, Pot – quer dizer, Harry. Eu só estou tentando evitar uma exposição.
– Tá, eu entendo que você queria manter sua condição em segredo, mas acredite: não dá para perceber só de olhar.
– Eu tento disfarçar ao máximo com roupas... e faixas.
– Pessoalmente, eu acho uma pena, mas entendo que você queria tentar se sentir confortável com seu corpo.
– Acha uma pena?
– Claro. Você é único, Severus. Isso é muito sensual. É intrigante e misterioso.
Ele se avermelhou:
– Sou apenas um motivo de curiosidade alheia. Uma aberração, um monstro.
– Não diga isso. Eu não penso assim. Além disso, sensualidade não se resume apenas a corpo ou a órgãos genitais. Por exemplo, sua voz é muito sensual, sabia?
– Agradeço por tentar elevar minha auto-estima, mas isso tudo é inútil. Ninguém me acha atraente. Ainda mais depois... disso.
– Isso não é verdade.
– Está me chamando de mentiroso?
– Não, só estou dizendo que não conhece a verdade. Há uma pessoa que o acha muito atraente: eu.
Severus ficou vermelho:
– Você?...
Harry se aproximou dele, sorrindo:
– Eu mesmo. Gostaria de dizer que isso é recente, mas não é. Quando o conheci melhor, durante o esforço de guerra, comecei a notar como é sexy e atraente. Achei que você nunca me daria uma chance de me aproximar, mas ultimamente até que nos tornamos bons amigos, não é? Eu gostaria de ser mais do que um amigo.
– Mas... – Severus estava espantando – Como... ? Eu sou... um mutilado...
– Severus, isso não é importante. O importante é saber se você também sente alguma coisa por mim.
– Mas... mesmo que eu sentisse, você é meu aluno!
– Está mudando de assunto. Repito: você sente alguma coisa por mim?
– Eu... gosto de sua companhia.
– E gostaria de ser mais do que isso?
A cabeça de Snape dava volta, tamanha sua surpresa com a situação. Harry o queria, e parecia sincero. Os sentimentos do garoto – não, do jovem, corrigiu – podiam explicar o tanto de tempo que tinham passado juntos nos últimos tempos. Severus jamais tinha imaginado que alguém como Harry poderia se interessar por ele. O máximo que ele esperava atrair era algum curioso com sua nova condição, mais interessando em explorar seu corpo deformado do que em dedicar genuínos sentimentos de afeição.
Não era o caso de Harry, claro. Desde o início, o rapaz estivera a seu lado e o apoiara num momento tão difícil. Severus sabia que Harry jamais o magoaria nem o humilharia.
Portanto, ele não sabia se os hormônios ainda estavam descontrolados em seu sangue ou se havia um outro motivo inconfessável – o fato é que para sua própria surpresa, ele respondeu:
– Harry, eu gostaria muito de ser mais do que seu amigo.
O rapaz sorriu, os olhos verdes brilhando na luz da lareira. Ele se aproximou ainda mais de Severus e pegou sua mão:
– Eu estou muito atraído por você. Mas compreendo se quiser ir devagar. Sabe, até que você se acostume com seu corpo e se adapte totalmente à nova situação.
– E você não sente... repulsa? Se preferir, podemos ter uma relação platônica. Eu – Severus abaixou a cabeça – já me conformei ao fato de que talvez eu nunca mais faça sexo na minha vida.
Harry usou um dedo para erguer-lhe o queixo e olhá-lo nos olhos:
– Nunca pense que eu não estou atraído também por seu corpo. Eu quero fazer sexo com você, e se pudesse, eu o agarraria agora mesmo e faria um monte de coisas com você aqui mesmo no chão. Mas eu não quero que seja assim, de repente, como um acidente. Afinal, você é muito especial. Seu corpo é único, Severus, e deve ser apreciado. Quero fazer amor com você, e considerarei uma grande honra que você me deixe conhecer os segredos e tesouros que esconde debaixo de suas roupas.
– Harry, eu já não era nenhum padrão de beleza antes, agora então...
Foi silenciado por lábios que avançaram contra os seus, um toque gentil, mas determinado. Ele sentiu seu coração se acelerar diante do beijo inesperado, mas logo se entregou à carícia, derretendo-se contra o corpo de Harry. O rapaz passou os braços em volta dele e puxou-o para si. Severus sentiu seus seios pequenos pressionados contra o peito plano de Harry, e seu corpo reagiu. Aquilo era inédito, e seus lábios se partiram com a sensação desconhecida. Harry aproveitou para explorar-lhe a boca.
O beijo se prolongou por mais alguns minutos até que eles se separaram, ofegantes, buscando ar. Harry sorriu:
– Pensei que quisesse ir devagar.
– Eu jamais disse isso;
– Tem certeza de que está tudo bem? Eu disse que posso esperar até você estar pronto.
– Eu tenho certeza, mas acho que você vai ter que esperar de qualquer forma.
– Por quê?
– Porque eu sou seu professor e as regras não permitem aproximação estudantes-professores. Segundo, porque precisamos de proteção, se é vamos mesmo fazer sexo. E ainda, porque vou precisar estar preparado para lidar com... minha parte feminina. Ela é intocada.
Os olhos de Harry se arregalaram:
– Você é virgem... Por Merlin.
– Não, eu só tenho um hímen. É diferente. De qualquer modo, entendo que defloramento pode ser delicado. Preciso preparar pomadas e poções.
– Virgem... intacto. Você tem idéia do quanto isso mexe comigo? Sev, eu te amo ainda mais agora.
Severus decidiu ignorar a última frase:
– Não adianta ficar esperançoso porque você ainda é meu aluno. As regras são claras sobre o envolvimento de professores com estudantes.
– Mas eu já tenho idade legal!
– Eu disse que os regulamentos são claros e não dão margem para dúvida. Eu perderia o meu emprego, você poderia ser expulso. Na minha condição, não posso me dar ao luxo de ficar desempregado. Ninguém contrataria alguém como eu.
O rapaz andou pelo quarto, nervoso:
– Eu não quero esperar até me formar. Vamos ter que dar um jeito nisso imediatamente. Acho que tenho um plano. Mas você vai precisar colaborar.
