PT 7 - CINCO ANOS
Passaram-se 5 anos desde que estive em casa. Cinco anos se passaram e as
únicas coisas que continuam a me conectar ao meu passado são as memórias, e
as poucas e às vezes cartas curtas que eu mando para minha mãe, Matt ou
Kari. Passaram-se 5 anos, e ainda... Eu ainda tenho que encontrá-lo... Mas
os Takenouchi não são conhecidos por serem desistentes. Especialmente por
quando o que estamos lutando é algo de grande importância, como normalmente
é... Mesmo procurar um par de meias pode trazer grande determinação à minha
família. Mas minha meta não é caprichosa e levemente insignificante, e
tenho certeza que você deve saber disso. Mas eu encontrei meu sentimento
muito duro para colocar e eu não entendo completamente.
Eu deixei a casa que abraçou minha infância, e deixei o que foi uma grande
tristeza que tirou toda minha coragem e força para não voltar. Olhando de
volta nesses anos passados, eu não acho que normalmente eu teria sido capaz
de fazer isso tão longe. Eu ainda tenho que ir para casa para um
aniversário ou para feriado. Eu sinto falta daquelas épocas do ano onde
tudo que importa é a felicidade em estar com as pessoas que ama. Eu acho
que sinto falta delas...
Se eu pudesse fazer tudo de novo, eu acho que poderia ter me explicado para
os outros antes de partir como eu fiz. Estou certa que Matt tentou seu
melhor para me defender, e estou certa que sua tentativa de esclarecer as
razões pelos meus atos foram sinceras, mas eu não acho que muitos deles
entenderam, não importa o quão duro eles podem ter tentado.
Kari estava muito brava comigo. Ela sabia que seu irmão partiu por causa da
dor que eu causei a ele. Mas nas minhas cartas e e-mails para ela, eu
expliquei isso. Kari queria vir comigo, e eu sabia que ela estava machucada
também, mas eu lhe disse que isso era algo somente entre Tai e eu, e que
ela ainda tinha coisas, ou devo dizer pessoas, que precisavam dela. Ela
entendeu completamente bem que eu precisava encontrar Tai, e que eu
precisava fazer isso sozinha. Eu fiz ela prometer não contar a nenhum dos
outros Digiescolhidos sobre nosso contato entre nós, nem mesmo para Tk. Eu
sei que ainda é duro para ela, e eu quero vê-la mais que tudo, mas Kari me
encorajou mais que ninguém a continuar com a minha 'Busca por Amor', era
como ela gostava de chamar.
Então, aqui estou. Cinco anos mais tarde e eu ainda tenho que encontrar uma
pista de Taichi. Minhas aventuras tão longas têm sido muito excitantes. O
primeiro lugar que eu fui depois de procurar pelo Japão inteiro foi o sul
para Austrália. De Brisbane a Sidney e, e então o oeste para Port Hedland,
minha jornada através do continente era incrível. Eu fui abençoada, em
qualquer lugar que eu vou, eu encontro algumas das pessoas mais
fantásticas. Todas elas entenderam minha situação e uma pessoa em
particular foi inspirada em mim para escrever uma pequena história sobre
mim na sua revista. A 'Pequena História' não ficou só de Port Hedland a
Madagascar porque eu recebi um e-mail de Kari me dizendo sobre um artigo
que ela leu numa de suas revistas adolescentes. Eu rapidamente comprei a
revista e estava pasmada com o que eu lia. Eles mencionaram que a autora do
artigo não foi capaz de me usar pessoalmente para escrever, mas meus amigos
da Austrália estavam felizes também. Não estava brava, eu estava muito
feliz por mim mesma. Eu posso ter me tornado uma garota estranha que vem
tão rapidamente como ela veio para alguns, mas eu sabia que isso
significava que estava fazendo algo certo. Eu estive trocando cartas com a
revista e agora tenho minha própria página onde leitores são cadastrados
todos os meses.
Além de ser normalmente reconhecida pelas pessoas na rua, eu tenho me
apreciado muito. Quando eu penso em viajar como eu fazia, eu começo a
pensar na escola. Eu ainda tenho que ir à faculdade. Não é minha
prioridade. Certamente parece assim, não é? Mas quando eu penso, e eu
planejo em fazer, eu decidi que mesmo que eu não saiba o que quero fazer
com minha vida, sobre e além de procurar Tai, tão longe como viajei, ta bem
para assim.
Eu viajei pela América do Sul e não o achei (eu não achava que ia), então
agora eu me encontro em Nova York. Eu queria que Mimi estivesse vivendo
aqui ainda, mas depois que ela se formou no ano passado, estando longe de
Izzy por tanto tempo, então ela precisava re-planejar seu dia. Então eu a
perdi por ano.
Sim. Estive morando em NYC por um ano inteiro. Não sei porque, eu nunca
fiquei numa cidade tanto inteiro antes. Talvez sejam as pessoas... Não, não
pode ser isso. Os nova-iorquinos podem ser muito... Ah... Prudentes, se eu
dissesse por mim mesma. Todos exceto minhas duas melhores amigas com quem
eu morava e dividia o aluguel, Alyssa Johnson e Mia Kerman.
Eu recentemente trabalho numa dessas lojas de desenhistas de alta-classe
com Alyssa. Ela é uma desenhista enquanto eu só trabalho no departamento de
vendas, embora eu tenha sido conhecida por ajudar seu 'projeto' quando ela
tinha... Humm... Blocos de projetos. Mia trabalha numa livraria. Ela
principalmente trabalha no restaurante e então nós sempre vamos lá para
tomar café. Ela consegue bebidas de graça dependendo de quanto ela vende. É
uma loja muito ocupada com clientes muito cansados e Alyssa e eu não
pagamos pelo café há muito tempo.
Agora mesmo estou sentada no nosso porche, recordando os dias de eventos.
Eu acho que as coisas estão finalmente começando a fazer sentindo...
******
Eu acabei de ajudar um cliente que não conseguia decidir que saia pegar: a
preta ou a vermelha. Elas tinham o mesmo desenho, então não entendendo
direito o trauma de pegar uma saia, eu tentei minha prática em vendas nela.
"Posso sugerir que compre esse lindo top sem manga? É todo branco e iria
maravilhosamente com as duas saias, e eu acredito que cada combinação
realçaria o azul de seus olhos...".
Ela olhou muito lisonjeada e corada pelo meu cumprimento, mas se eu falasse
de mim mesma, eu acho que foi muita inteligência minha. Deve ter sido
perfeitamente astuto porque ela comprou todas as três. Eu observei ela sair
pelas imensas portas da frente e pensei comigo, 'Ela provavelmente usa
lentes de contato coloridas...'.
"Aquilo foi de fato delicado de sua parte, Srta. Takenouchi".
"Não tem que quê, Sr. Ward". Eu respondi com um sorriso gentil no meu
rosto.
Se você não percebeu, Sr. Ward é meu chefe. Ele é um homem muito gentil,
considerando seu dinheiro. Mas ele tem uma família em casa que parece
manter seus pés no chão. Tanto Alyssa quanto eu somos muito sortudas em
sermos capazes de trabalhar com ele. Todos seus empregados são. Nós temos o
13o e os bônus anuais. Ele me deu um olhar severo que nós vemos
normalmente.
"Eu gostaria de te ver no meu escritório por um momento, por favor".
"Tudo bem...".
Não tenho medo de admitir que estava muito assustada em seguí-lo até seu
escritório. Espero que ele não pense que o que eu acabei de fazer fosse uma
coisa ruim. Eu não menti para a mulher, talvez seus olhos fossem realmente
azuis!
Quando eu entrei no seu escritório, fiquei surpresa em ver Alyssa lá
também. Mas eu fiquei mais surpresa em ver o desenho que ele tinha sobre
sua mesa...
Era uma foto colorida de um vestido de noite. Quase todo azul escuro, o
vestido tinha um colo pequeno que tinha uma leve curva para ele. Curto, mas
confortável na cintura, e depois caindo até o chão num lindo derramamento
que me fez querer recitar poesia lá mesmo naquele lugar, até se eu falhasse
naquele semestre como iniciante de inglês. Foi minha culpa que Shakespeare
era tão confuso. Embora eu gostasse de Romeu e Julieta... Até a parte onde
eles se mataram... Aquilo foi tão não romântico... Eu me lembro de pensar.
Mas o colo estava atordoante. E eu percebi porquê tanto Alyssa quanto eu
estávamos presentes. Eu ajudei Alyssa a desenhar aquele colo. Nós ficamos
acordadas a noite inteira comendo biscoitos até nossos estômagos doerem,
tentando decidir a cor e o comprimento e todos aqueles detalhes. Eu sabia
que iríamos ser demitidas. Eu não tinha o direito de ajudar uma
desenhista...
Eu fui trazida de volta à realidade quando o Sr. Ward tossiu e então me
pediu para sentar. Hesitantemente pegando meu lugar, eu olhei rápido para
Alyssa e notei que ela deve ter percebido porque estávamos aqui. Eu
murmurei um 'me desculpe' antes de voltarmos nossa atenção para nosso
chefe.
"Estou certo que vocês duas entendem porque eu as quero aqui, então eu
quero chegar direto ao ponto o mais rápido possível, eu tenho que levar meu
filho para uma festa de aniversário de noite. Mas eu quero perguntar umas
perguntas primeiro. Vocês duas reconhecem esse vestido de noite?".
"Sim...". Nós respondemos timidamente.
"Esse é um dos seus vestidos, certo Srta. Johnson?".
"Sim, é sim, senhor". Ela disse.
"Eu tenho o direito de acreditar que você não é a única responsável por
isso?".
"...".
"Bem?".
"Eu não pretendia Sr. Ward!". Eu repentinamente gritei. "Eu só estava
ajudando ela, eu não pretendia".
"Eu sabia que tinha algo haver com isso, Srta. Takenouchi".
"Me desculpe".
"É por isso que estarei promovendo você!".
"Foi só um erro, eu nã... O quê? Promovida?!".
"Sim, você me ouviu direito. E eu tenho uma tarefa muito importante que eu
quero que as duas façam. Eu devo estar mandando duas das minhas mais finas
desenhistas para trabalhar para o escritório central em Londres, Inglaterra
no novo empreendimento Ballroom Inc. Eu gostaria muito que vocês fossem as
duas para ir".
"Inglaterra!". Nós duas dissemos.
Eu ainda estava em choque com o fato que eu fui promovida, e agora ele
queria que fôssemos para a Inglaterra?! Eu acho que ele viu o olhar na
minha face, e considerando o fato que ele é um homem muito simpático, ele
disse:
"Te darei cinco dias para pensar nisso, mas eu quero uma resposta o mais
rápido possível. Eu sei que será perfeita para o trabalho, Sora. Eu devia
ter feito isso há muito tempo atrás...".
******
"Eu sempre quis ir a Londres!". Mia disse entusiasmadamente. "Especialmente
depois de ler o novo Harry Potter! Digo, eu sei que lá provavelmente não há
coisas como mágicos e bruxas, e meu sonho de jogar quadribol nunca vai se
realizar, mas uma garota pode sonhar... mesmo se eu tiver vinte e três".
Nós estávamos todas sentadas numa mesa na esquina no restaurante e tínhamos
acabado de contar a Mia sobre minha nova promoção e nossa nova tarefa. Ela
estava muito feliz.
"Eu só queria poder ir...".
"Mia, Sora não sabe nem se ela quer ir ainda ou não. Essa é uma grande
mudança para ela, você sabe".
"Talvez eu devesse ir. Eu não estive em nenhum lugar novo nesse tempo. Eu
não quero ficar presa aqui e me arrepender. Eu não procurei na Inglaterra
ainda, ainda que ele nunca tenha sido bom em elegância e maneiras".
"Huh?". Respondeu Mia.
"Você lembra, Mia. A principal razão de Sora estar aqui em primeiro lugar,
tão longe do Japão. Ela esteve procurando por... aquele garoto de cinco
anos atrás. Você sabe... 'Aquele que fugiu'...?".
Eu contei a elas sobre Tai, é claro, mas eu nunca falei seu nome a elas. Eu
nunca disse a ninguém seu nome, só fotos e histórias.
"Ah, certo. Greg".
"Greg?!". Eu respondi, confusa.
"Bem, você nunca nos disse seu nome, então eu achei que eu podia pôr um
nome nele, só assim eu não ficaria confusa".
Às vezes eu me preocupo com ela. Mas eu acho que seus livros a mantém mais
sensata possível.
"É, bem", Eu disse, "Eu quero muito encontrá-lo, mas não tenho certeza...
Já se passou muito tempo".
"Você acha que ele ainda pensa em você o quanto você pensa nele?". Alyssa
perguntou.
"Eu espero que...".
"Ah, isso está me deixando triste, garotas. Olhem, nós recebemos esse novo
livro hoje. Eu o li hoje durante a minha hora de almoço. Eu não conseguia
parar! É a coisa escrita mais bonita que eu já li! Se você for para
Londres, você pode ler isso no avião".
"Sobre o que é?". Eu perguntei tristemente.
"Bem, é uma autobiografia sobre a infância do autor e seu melhor amigo e
tudo que eles passaram crescendo juntos. É tão fofo! Juro que ele é como
você, Sora. Ele tem a melhor memória do mundo, porque ele tem grandes
detalhes e você sente como se pudesse sentir suas emoções. É isso ou seu
melhor amigo, que era uma menina, era muito importante para ele, porque
ele, também, se apaixonou por ela... suspiro".
"O quê, isso é de algum cara velho que só escreveu todas as memórias porque
ele lentamente está escorregando para a insanidade e quer escrever tudo
isso antes de ele morrer?". Zombou Alyssa.
"Não... na verdade é escrito por um garoto da nossa idade. É bem triste, na
verdade, ele nunca conseguiu dizer a ela como ele se sente. É claro que ele
nunca fala o nome dela. Isso me faz pensar que ele está com tanto desgosto
que não consegue nem escrever o nome dela...".
Eu ouvia Mia enquanto continuava a falar do livro. Aquilo me lembrou da
minha vida. Acho que não sou a única...
"Então, qual é o nome dele?". Alyssa perguntou. "Se ele vier aqui para
autografar os livros vocês podem me apresentar a ele, ele parece muito
maduro. E eu acho que é lindo para um cara escrever sobre algo tão íntimo e
importante para ele".
Mia tirou o livro de sua bolsa e olhou para a capa.
"Hei, Sora! Eu acho que ele é japonês também. Nós podíamos te apresentar a
ele, ao invés de mim".
"Gee... valeu". Eu disse.
"Taichi Kamiya. Parece sexy".
O tempo gelou. Esse podia ser ele? Eu finalmente encontrei uma pista para
encontrá-lo? Meu coração estava batendo mais rápido do que eu já senti
bater. Eu peguei o livro da mão dela e o segurei entre as minhas mãos.
"Sua Cor Favorita por Taichi Kamiya".
Lágrimas rolaram pelas minhas bochechas pela primeira vez desde que saí de
casa. Desde que ele me deixou. Todos os sentimentos que eu guardava dentro
de mim sobre desistir e voltar para o Japão escoava dos meus olhos. Isso
era exatamente o que estive procurando. Isso me trouxe a Nova York e me
trouxe esses amigos, e esse trabalho... Meu trabalho...
Eu teria que sair do meu trabalho então eu poderia procurar pelo Tai
novamente. Agora que eu tinha a esperança e desejo para ver ele, não
importa a dor ou a briga, eu sabia que ficaria bem. Mas a promoção é a
melhor coisa que aconteceu para mim ainda. Sentia falta de viajar muito, e
sentia falta de Taichi mais... O que eu faria?
"Tudo bem, Sora? O que há de errado?". Perguntou uma Mia aflita.
"Esse é ele. Taichi Kamiya. Mia... É Greg".
"Não, não brinca!".
"Sim, é verdade. Eu finalmente o verei...".
"Onde ele mora?". Perguntou Alyssa, lágrimas quase caindo de seus olhos
também.
Eu abri o livro pelo fim, onde a biografia dos autores normalmente fica.
Havia uma foto dele... Seu cabelo estava cortado e eu sorri para ele, meio
que sentindo falta da bagunça incontrolável, mas ainda estava meio que
grande e pontudo. A foto era colorida, e eu olhei direto nos olhos dele. Os
mesmos marrons chocolate que eu amava. E seu sorriso. Eu vi a tristeza, mas
eu também vi a força... Eu respirei fundo e li o parágrafo embaixo dela:
Taichi Kamiya nasceu no Japão e morou lá até ele se formar do colegial. Ele
toca guitarra acústica e faz shows quando não está escrevendo. Essa é sua
primeira novela. Ele mora com seus dois cães pretos num flat em...
Eu olhei da página para os dois pares de olhos ansiosos das minhas melhores
amigas. Elas começaram a sorrir quando viram o sorriso que estava no meu
rosto agora. Eu não sorria assim há muito tempo.
"Nunca vão saber onde ele mora...".
"ONDE?". As duas disseram, recebendo olhares de outras pessoas perto da
livraria.
"Alyssa... nós definitivamente VAMOS para Londres!".
******
Irônico... Não é?
"Se eu pudesse achar você agora, as coisas ficariam melhores. Podemos
deixar essa cidade e correr para sempre...".
(Música - Ocean Avenue, Yellowcard)
Passaram-se 5 anos desde que estive em casa. Cinco anos se passaram e as
únicas coisas que continuam a me conectar ao meu passado são as memórias, e
as poucas e às vezes cartas curtas que eu mando para minha mãe, Matt ou
Kari. Passaram-se 5 anos, e ainda... Eu ainda tenho que encontrá-lo... Mas
os Takenouchi não são conhecidos por serem desistentes. Especialmente por
quando o que estamos lutando é algo de grande importância, como normalmente
é... Mesmo procurar um par de meias pode trazer grande determinação à minha
família. Mas minha meta não é caprichosa e levemente insignificante, e
tenho certeza que você deve saber disso. Mas eu encontrei meu sentimento
muito duro para colocar e eu não entendo completamente.
Eu deixei a casa que abraçou minha infância, e deixei o que foi uma grande
tristeza que tirou toda minha coragem e força para não voltar. Olhando de
volta nesses anos passados, eu não acho que normalmente eu teria sido capaz
de fazer isso tão longe. Eu ainda tenho que ir para casa para um
aniversário ou para feriado. Eu sinto falta daquelas épocas do ano onde
tudo que importa é a felicidade em estar com as pessoas que ama. Eu acho
que sinto falta delas...
Se eu pudesse fazer tudo de novo, eu acho que poderia ter me explicado para
os outros antes de partir como eu fiz. Estou certa que Matt tentou seu
melhor para me defender, e estou certa que sua tentativa de esclarecer as
razões pelos meus atos foram sinceras, mas eu não acho que muitos deles
entenderam, não importa o quão duro eles podem ter tentado.
Kari estava muito brava comigo. Ela sabia que seu irmão partiu por causa da
dor que eu causei a ele. Mas nas minhas cartas e e-mails para ela, eu
expliquei isso. Kari queria vir comigo, e eu sabia que ela estava machucada
também, mas eu lhe disse que isso era algo somente entre Tai e eu, e que
ela ainda tinha coisas, ou devo dizer pessoas, que precisavam dela. Ela
entendeu completamente bem que eu precisava encontrar Tai, e que eu
precisava fazer isso sozinha. Eu fiz ela prometer não contar a nenhum dos
outros Digiescolhidos sobre nosso contato entre nós, nem mesmo para Tk. Eu
sei que ainda é duro para ela, e eu quero vê-la mais que tudo, mas Kari me
encorajou mais que ninguém a continuar com a minha 'Busca por Amor', era
como ela gostava de chamar.
Então, aqui estou. Cinco anos mais tarde e eu ainda tenho que encontrar uma
pista de Taichi. Minhas aventuras tão longas têm sido muito excitantes. O
primeiro lugar que eu fui depois de procurar pelo Japão inteiro foi o sul
para Austrália. De Brisbane a Sidney e, e então o oeste para Port Hedland,
minha jornada através do continente era incrível. Eu fui abençoada, em
qualquer lugar que eu vou, eu encontro algumas das pessoas mais
fantásticas. Todas elas entenderam minha situação e uma pessoa em
particular foi inspirada em mim para escrever uma pequena história sobre
mim na sua revista. A 'Pequena História' não ficou só de Port Hedland a
Madagascar porque eu recebi um e-mail de Kari me dizendo sobre um artigo
que ela leu numa de suas revistas adolescentes. Eu rapidamente comprei a
revista e estava pasmada com o que eu lia. Eles mencionaram que a autora do
artigo não foi capaz de me usar pessoalmente para escrever, mas meus amigos
da Austrália estavam felizes também. Não estava brava, eu estava muito
feliz por mim mesma. Eu posso ter me tornado uma garota estranha que vem
tão rapidamente como ela veio para alguns, mas eu sabia que isso
significava que estava fazendo algo certo. Eu estive trocando cartas com a
revista e agora tenho minha própria página onde leitores são cadastrados
todos os meses.
Além de ser normalmente reconhecida pelas pessoas na rua, eu tenho me
apreciado muito. Quando eu penso em viajar como eu fazia, eu começo a
pensar na escola. Eu ainda tenho que ir à faculdade. Não é minha
prioridade. Certamente parece assim, não é? Mas quando eu penso, e eu
planejo em fazer, eu decidi que mesmo que eu não saiba o que quero fazer
com minha vida, sobre e além de procurar Tai, tão longe como viajei, ta bem
para assim.
Eu viajei pela América do Sul e não o achei (eu não achava que ia), então
agora eu me encontro em Nova York. Eu queria que Mimi estivesse vivendo
aqui ainda, mas depois que ela se formou no ano passado, estando longe de
Izzy por tanto tempo, então ela precisava re-planejar seu dia. Então eu a
perdi por ano.
Sim. Estive morando em NYC por um ano inteiro. Não sei porque, eu nunca
fiquei numa cidade tanto inteiro antes. Talvez sejam as pessoas... Não, não
pode ser isso. Os nova-iorquinos podem ser muito... Ah... Prudentes, se eu
dissesse por mim mesma. Todos exceto minhas duas melhores amigas com quem
eu morava e dividia o aluguel, Alyssa Johnson e Mia Kerman.
Eu recentemente trabalho numa dessas lojas de desenhistas de alta-classe
com Alyssa. Ela é uma desenhista enquanto eu só trabalho no departamento de
vendas, embora eu tenha sido conhecida por ajudar seu 'projeto' quando ela
tinha... Humm... Blocos de projetos. Mia trabalha numa livraria. Ela
principalmente trabalha no restaurante e então nós sempre vamos lá para
tomar café. Ela consegue bebidas de graça dependendo de quanto ela vende. É
uma loja muito ocupada com clientes muito cansados e Alyssa e eu não
pagamos pelo café há muito tempo.
Agora mesmo estou sentada no nosso porche, recordando os dias de eventos.
Eu acho que as coisas estão finalmente começando a fazer sentindo...
******
Eu acabei de ajudar um cliente que não conseguia decidir que saia pegar: a
preta ou a vermelha. Elas tinham o mesmo desenho, então não entendendo
direito o trauma de pegar uma saia, eu tentei minha prática em vendas nela.
"Posso sugerir que compre esse lindo top sem manga? É todo branco e iria
maravilhosamente com as duas saias, e eu acredito que cada combinação
realçaria o azul de seus olhos...".
Ela olhou muito lisonjeada e corada pelo meu cumprimento, mas se eu falasse
de mim mesma, eu acho que foi muita inteligência minha. Deve ter sido
perfeitamente astuto porque ela comprou todas as três. Eu observei ela sair
pelas imensas portas da frente e pensei comigo, 'Ela provavelmente usa
lentes de contato coloridas...'.
"Aquilo foi de fato delicado de sua parte, Srta. Takenouchi".
"Não tem que quê, Sr. Ward". Eu respondi com um sorriso gentil no meu
rosto.
Se você não percebeu, Sr. Ward é meu chefe. Ele é um homem muito gentil,
considerando seu dinheiro. Mas ele tem uma família em casa que parece
manter seus pés no chão. Tanto Alyssa quanto eu somos muito sortudas em
sermos capazes de trabalhar com ele. Todos seus empregados são. Nós temos o
13o e os bônus anuais. Ele me deu um olhar severo que nós vemos
normalmente.
"Eu gostaria de te ver no meu escritório por um momento, por favor".
"Tudo bem...".
Não tenho medo de admitir que estava muito assustada em seguí-lo até seu
escritório. Espero que ele não pense que o que eu acabei de fazer fosse uma
coisa ruim. Eu não menti para a mulher, talvez seus olhos fossem realmente
azuis!
Quando eu entrei no seu escritório, fiquei surpresa em ver Alyssa lá
também. Mas eu fiquei mais surpresa em ver o desenho que ele tinha sobre
sua mesa...
Era uma foto colorida de um vestido de noite. Quase todo azul escuro, o
vestido tinha um colo pequeno que tinha uma leve curva para ele. Curto, mas
confortável na cintura, e depois caindo até o chão num lindo derramamento
que me fez querer recitar poesia lá mesmo naquele lugar, até se eu falhasse
naquele semestre como iniciante de inglês. Foi minha culpa que Shakespeare
era tão confuso. Embora eu gostasse de Romeu e Julieta... Até a parte onde
eles se mataram... Aquilo foi tão não romântico... Eu me lembro de pensar.
Mas o colo estava atordoante. E eu percebi porquê tanto Alyssa quanto eu
estávamos presentes. Eu ajudei Alyssa a desenhar aquele colo. Nós ficamos
acordadas a noite inteira comendo biscoitos até nossos estômagos doerem,
tentando decidir a cor e o comprimento e todos aqueles detalhes. Eu sabia
que iríamos ser demitidas. Eu não tinha o direito de ajudar uma
desenhista...
Eu fui trazida de volta à realidade quando o Sr. Ward tossiu e então me
pediu para sentar. Hesitantemente pegando meu lugar, eu olhei rápido para
Alyssa e notei que ela deve ter percebido porque estávamos aqui. Eu
murmurei um 'me desculpe' antes de voltarmos nossa atenção para nosso
chefe.
"Estou certo que vocês duas entendem porque eu as quero aqui, então eu
quero chegar direto ao ponto o mais rápido possível, eu tenho que levar meu
filho para uma festa de aniversário de noite. Mas eu quero perguntar umas
perguntas primeiro. Vocês duas reconhecem esse vestido de noite?".
"Sim...". Nós respondemos timidamente.
"Esse é um dos seus vestidos, certo Srta. Johnson?".
"Sim, é sim, senhor". Ela disse.
"Eu tenho o direito de acreditar que você não é a única responsável por
isso?".
"...".
"Bem?".
"Eu não pretendia Sr. Ward!". Eu repentinamente gritei. "Eu só estava
ajudando ela, eu não pretendia".
"Eu sabia que tinha algo haver com isso, Srta. Takenouchi".
"Me desculpe".
"É por isso que estarei promovendo você!".
"Foi só um erro, eu nã... O quê? Promovida?!".
"Sim, você me ouviu direito. E eu tenho uma tarefa muito importante que eu
quero que as duas façam. Eu devo estar mandando duas das minhas mais finas
desenhistas para trabalhar para o escritório central em Londres, Inglaterra
no novo empreendimento Ballroom Inc. Eu gostaria muito que vocês fossem as
duas para ir".
"Inglaterra!". Nós duas dissemos.
Eu ainda estava em choque com o fato que eu fui promovida, e agora ele
queria que fôssemos para a Inglaterra?! Eu acho que ele viu o olhar na
minha face, e considerando o fato que ele é um homem muito simpático, ele
disse:
"Te darei cinco dias para pensar nisso, mas eu quero uma resposta o mais
rápido possível. Eu sei que será perfeita para o trabalho, Sora. Eu devia
ter feito isso há muito tempo atrás...".
******
"Eu sempre quis ir a Londres!". Mia disse entusiasmadamente. "Especialmente
depois de ler o novo Harry Potter! Digo, eu sei que lá provavelmente não há
coisas como mágicos e bruxas, e meu sonho de jogar quadribol nunca vai se
realizar, mas uma garota pode sonhar... mesmo se eu tiver vinte e três".
Nós estávamos todas sentadas numa mesa na esquina no restaurante e tínhamos
acabado de contar a Mia sobre minha nova promoção e nossa nova tarefa. Ela
estava muito feliz.
"Eu só queria poder ir...".
"Mia, Sora não sabe nem se ela quer ir ainda ou não. Essa é uma grande
mudança para ela, você sabe".
"Talvez eu devesse ir. Eu não estive em nenhum lugar novo nesse tempo. Eu
não quero ficar presa aqui e me arrepender. Eu não procurei na Inglaterra
ainda, ainda que ele nunca tenha sido bom em elegância e maneiras".
"Huh?". Respondeu Mia.
"Você lembra, Mia. A principal razão de Sora estar aqui em primeiro lugar,
tão longe do Japão. Ela esteve procurando por... aquele garoto de cinco
anos atrás. Você sabe... 'Aquele que fugiu'...?".
Eu contei a elas sobre Tai, é claro, mas eu nunca falei seu nome a elas. Eu
nunca disse a ninguém seu nome, só fotos e histórias.
"Ah, certo. Greg".
"Greg?!". Eu respondi, confusa.
"Bem, você nunca nos disse seu nome, então eu achei que eu podia pôr um
nome nele, só assim eu não ficaria confusa".
Às vezes eu me preocupo com ela. Mas eu acho que seus livros a mantém mais
sensata possível.
"É, bem", Eu disse, "Eu quero muito encontrá-lo, mas não tenho certeza...
Já se passou muito tempo".
"Você acha que ele ainda pensa em você o quanto você pensa nele?". Alyssa
perguntou.
"Eu espero que...".
"Ah, isso está me deixando triste, garotas. Olhem, nós recebemos esse novo
livro hoje. Eu o li hoje durante a minha hora de almoço. Eu não conseguia
parar! É a coisa escrita mais bonita que eu já li! Se você for para
Londres, você pode ler isso no avião".
"Sobre o que é?". Eu perguntei tristemente.
"Bem, é uma autobiografia sobre a infância do autor e seu melhor amigo e
tudo que eles passaram crescendo juntos. É tão fofo! Juro que ele é como
você, Sora. Ele tem a melhor memória do mundo, porque ele tem grandes
detalhes e você sente como se pudesse sentir suas emoções. É isso ou seu
melhor amigo, que era uma menina, era muito importante para ele, porque
ele, também, se apaixonou por ela... suspiro".
"O quê, isso é de algum cara velho que só escreveu todas as memórias porque
ele lentamente está escorregando para a insanidade e quer escrever tudo
isso antes de ele morrer?". Zombou Alyssa.
"Não... na verdade é escrito por um garoto da nossa idade. É bem triste, na
verdade, ele nunca conseguiu dizer a ela como ele se sente. É claro que ele
nunca fala o nome dela. Isso me faz pensar que ele está com tanto desgosto
que não consegue nem escrever o nome dela...".
Eu ouvia Mia enquanto continuava a falar do livro. Aquilo me lembrou da
minha vida. Acho que não sou a única...
"Então, qual é o nome dele?". Alyssa perguntou. "Se ele vier aqui para
autografar os livros vocês podem me apresentar a ele, ele parece muito
maduro. E eu acho que é lindo para um cara escrever sobre algo tão íntimo e
importante para ele".
Mia tirou o livro de sua bolsa e olhou para a capa.
"Hei, Sora! Eu acho que ele é japonês também. Nós podíamos te apresentar a
ele, ao invés de mim".
"Gee... valeu". Eu disse.
"Taichi Kamiya. Parece sexy".
O tempo gelou. Esse podia ser ele? Eu finalmente encontrei uma pista para
encontrá-lo? Meu coração estava batendo mais rápido do que eu já senti
bater. Eu peguei o livro da mão dela e o segurei entre as minhas mãos.
"Sua Cor Favorita por Taichi Kamiya".
Lágrimas rolaram pelas minhas bochechas pela primeira vez desde que saí de
casa. Desde que ele me deixou. Todos os sentimentos que eu guardava dentro
de mim sobre desistir e voltar para o Japão escoava dos meus olhos. Isso
era exatamente o que estive procurando. Isso me trouxe a Nova York e me
trouxe esses amigos, e esse trabalho... Meu trabalho...
Eu teria que sair do meu trabalho então eu poderia procurar pelo Tai
novamente. Agora que eu tinha a esperança e desejo para ver ele, não
importa a dor ou a briga, eu sabia que ficaria bem. Mas a promoção é a
melhor coisa que aconteceu para mim ainda. Sentia falta de viajar muito, e
sentia falta de Taichi mais... O que eu faria?
"Tudo bem, Sora? O que há de errado?". Perguntou uma Mia aflita.
"Esse é ele. Taichi Kamiya. Mia... É Greg".
"Não, não brinca!".
"Sim, é verdade. Eu finalmente o verei...".
"Onde ele mora?". Perguntou Alyssa, lágrimas quase caindo de seus olhos
também.
Eu abri o livro pelo fim, onde a biografia dos autores normalmente fica.
Havia uma foto dele... Seu cabelo estava cortado e eu sorri para ele, meio
que sentindo falta da bagunça incontrolável, mas ainda estava meio que
grande e pontudo. A foto era colorida, e eu olhei direto nos olhos dele. Os
mesmos marrons chocolate que eu amava. E seu sorriso. Eu vi a tristeza, mas
eu também vi a força... Eu respirei fundo e li o parágrafo embaixo dela:
Taichi Kamiya nasceu no Japão e morou lá até ele se formar do colegial. Ele
toca guitarra acústica e faz shows quando não está escrevendo. Essa é sua
primeira novela. Ele mora com seus dois cães pretos num flat em...
Eu olhei da página para os dois pares de olhos ansiosos das minhas melhores
amigas. Elas começaram a sorrir quando viram o sorriso que estava no meu
rosto agora. Eu não sorria assim há muito tempo.
"Nunca vão saber onde ele mora...".
"ONDE?". As duas disseram, recebendo olhares de outras pessoas perto da
livraria.
"Alyssa... nós definitivamente VAMOS para Londres!".
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Irônico... Não é?
"Se eu pudesse achar você agora, as coisas ficariam melhores. Podemos
deixar essa cidade e correr para sempre...".
(Música - Ocean Avenue, Yellowcard)
