Pt 9: De Volta Para Cá

Eu não estava correndo tanto, mas eu já podia sentir os músculos nas minhas pernas ficando mais e mais fracos a cada passo que eu dava. Eu estava tendo um colapso emocional, e não tinha medo de admitir. A voz de Tai ficava ecoando na minha cabeça, assim como ficou cinco anos atrás. Ele estava me chamando para voltar, mas minhas pernas ainda me levaram para mais e mais longe.

Não tinha certeza porque eu corri dele, ainda não, mas enquanto eu estava correndo, eu tive o maior sentimento doloroso no meu peito. Por todo meu corpo inteiro na verdade. Eu queria ver Tai mais do que qualquer coisa no mundo todo. Eu senti dores por sua presença, por seu toque, e por seu sorriso constantemente, e agora que eu o encontrei, eu me tornei uma covarde e rápida. Você deve pensar que sou louca, e eu tenho sabido agir um pouco fora do normal, mas meu coração estava me dizendo que na livraria não era o lugar para me reunir com a única pessoa que eu já me apaixonei.

Eu parei abruptamente, completamente sem fôlego. Não tinha certeza onde eu estava e eu sabia exatamente que fugir não era apenas um jeito bobo de agir sobre meus sentimentos, mas era também extremamente inseguro. Eu olhei ao meu redor, e para minha surpresa, eu me vi no meio de um parquinho. Eu tinha corrido para um parque sem notar. Pessoas estavam olhando para mim e de repente me senti muito boba, correndo por aí como uma idiota. Que jeito de causar uma impressão na minha nova casa. Ao meu redor estavam todos os diferentes tipos de brinquedos, macacos, balanços e a gangorra. Havia um número de brinquedos abandonados na grama e na caixa de areia, também. Mas havia uma única coisa que realmente chamou minha atenção.

O escorregador. Ficava no canto do parquinho, sozinho. Haviam ervas e arbustos crescendo ao redor dele. O jeito que a lua iluminava sua superfície prateada quebrou meu coração. Estava tão lindo, embora era aparente que não era brincado há muito tempo. Os degraus no topo do escorregador estavam enferrujados e os degraus pareciam esqueletos, caindo aos pedaços. Eu sorri tristemente enquanto eu sentava no fundo do escorregador.

Eu procurei nas profundidades da minha memória para religar o momento que eu encontrei Tai da primeira vez. Eu achei isso facilmente e parecia que só aconteceu ontem. Eu estava solitária e nenhuma das outras crianças brincaria comigo. Eu nunca tive amigos antes de Tai, e eu nunca tive um amigo como ele desde então. Eu estava quase a ponto de chorar quando eu senti uma bola de futebol rolar entre meus pés. Levemente confusa, eu olhei para cima para ver de onde a bola tinha vindo. Havia um jogo de futebol acontecendo no campo na minha frente, mas certamente aqueles garotos não me pediriam para jogar com eles. Eu fui encontrada com um par de olhos marrons intensos.

Aqueles olhos seguraram tanta emoção.

Eles olhavam para mim, e eu sabia que esse garoto não era como os outros. Eu sabia que ele se importou desde o começo. E antes que eu soubesse, ele me pegou pela mão e correu comigo para um pequeno espaço de grama, deixando seus amigos, onde ele me ensinou as alegrias do futebol, e as alegrias da amizade. Tai é tudo para mim, e eu não podia fugir dele.

Quando eu estava prestes a levantar e decidida a achar meu caminho de volta para a livraria, eu ouvi uma voz muito familiar, e segundos depois, uma bola de futebol rolou entre meus pés.