N.A 1 É, vamos em frente...
ESPADA DOS DEUSES
EPISODIO III: SAARA
—Capítulo 42—
RealidadeKione entrou no palácio correndo, ainda com os olhos molhados, e rindo sem conseguir parar. No salão estavam alguns empregados e Templários junto de Sirius e Lupin. Ela veio correndo e chamando por Giafar:
- Giafar! Giafar! Eu consegui! Eu consegui!
À medida que as pessoas reparavam que ela agora estava com a coroa de Aïsha, eles se ajoelhavam. Os Templários fizeram o mesmo. Kione foi saltar no pescoço de Giafar, mas ele também se ajoelhou, e ela quase passou direto.
- Na caverna, nossos pais! São eles! Eles me conheceram, eles...
Ela olhou em volta, sem entender. De pé apenas ela, Sirius – comendo uma banana – e Lupin.
- Uau. – comentou Sirius, mastigando. – Acho que você ficou importante. Que se passa?
Kione ficou completamente constrangida:
- Oh, Giafar... Parem, parem! Levantem-se. por favor...
Giafar ergueu o olhar, sorrindo orgulhoso:
- Não podemos. Você é mesmo Aïsha. Não é de nosso direito manter a cabeça mais elevada que a de vossa majestade.
Lupin sorriu, enquanto Kione ficava vermelha.
- É um sinal de respeito. Eles estão te reverenciando. – sorriu o europeu.
- Eles estão te chamando de baixinha. - comentou Sirius, terminando de comer a banana e procurando um lixo próximo.
- Sirius... – riu Lupin. – Ela pode ordenar que arranquem suas vísceras.
- Não, não. - disse, desistindo de procurar um lixo e deixando a casca da banana num vaso de palmeira. – Ninguém abre minha barriga assim. Se alguém pôr minhas tripas pra fora antes da Leah, ela briga comigo. Não quero alguém desequilibrado como ela de mau humor na minha cabeça; agradeço.
Kione respirou fundo, indignada:
- Certo, então... Quero que todos se levantem... agora.
As pessoas se olharam.
- Eu não mandei? – resmungou virando os olhos, um pouco encabulada.
As pessoas se levantaram. Giafar sorriu.
- Vai ter de se acostumar... irmãzinha.
- Não vou não. – disse, erguendo o braço direito sem saber se estava mesmo fazendo a coisa do jeito certo. – Bem... Eu sou a rainha, não sou? Então... vou dar minha primeira ordem. Ahm, ordem oficial. Um... decreto! Isso, meu primeiro decreto oficial! Isso! Vou fazer um decreto!
- Que bom que não moro aqui. – comentou Sirius, cruzando os braços. – Viver uma vida inteira com uma rainha tapada dessas deve ser horrível...
- Sirius... – riu Lupin. – Pelo menos ela é jovem, bonita... Podia ser pior, ela podia ser uma rainha gorda e cheia de pelancas.
- É... um lado positivo de olhar a coisa.
- Imagina se ela fosse a Umbridge. – sorriu, suspirando. Sirius ergueu as sobrancelhas, rindo:
- Verdade. Quero morar por aqui mesmo. Bretanha, nunca mais!
- Prestem atenção. – pediu Kione, tentando se embaraçar o mínimo possível. – Eu não quero que ninguém mais se ajoelhe ou outras babaquices quando eu passar, certo? Isso, eu proíbo toda e qualquer pessoa de se achar inferior e fazer isso. Ninguém aqui é melhor que ninguém. Entenderam? Ótimo.
- Você vai dar trabalho. – comentou Giafar, se erguendo.
- Nasci escrava, Giafar, jamais me sentirei uma rainha. Jamais vou aceitar ser tratada como alguém superior. Todos nós somos iguais. – murmurou, olhando o irmão de esguio.
- Sim, ela vai dar trabalho, Giafar. – sorriu Sirius. – Muito bem, podemos ir ver Gina e Draco?
- Oh, claro...
Os bruxos tomaram seu caminho, junto deles, Kione.
- Suas pedrinhas... sumiram. – comentou Lupin.
- Ah, é. – disse Kione, passando a mão no cordãozinho. – Parece que aquelas pedrinhas... "diziam" que eu era... essa Aïsha.
- Interessante...
Eles andavam por um corredor, no jardim, indo em direção à "ala hospitalar".
- Giafar... posso te fazer uma pergunta? – pediu Kione.
- Hum... Você já fez uma. – riu. – Mas pode fazer outra, sim.
- Bom... Todos que moram aqui em Theron, não podem mudar para o mundo... "real", podem?
- Não, nós temos um determinado tempo de estada por lá. Temos de voltar pra Theron, como se tivéssemos que "recarregar" as energias. Mas só quando o portal entre os dois mundos estão abertos. Como agora.
- Mas... alguém de lá pode mudar pra c�?
- Bom... Depende.
- Depende?
- Você é a rainha. – resmungou, meio azedo. – Pode tudo.
- Gostaria de trazer... uma pessoa, pra ficar comigo...
Kione abaixou a voz. Giafar fez cara de bravo, Sirius e Lupin sorriram. A jovem continuou:
- ...Posso ir buscar Nura?
Os três bruxos pararam de repente e se olharam, para cair na risada. Kione se assustou.
- HAHAHAHAHAHAHA, ela quer a tia, Giafar! – riu Sirius. – Estávamos achando que era o Rony, hahahahahaha...
- Eu também pensei nele. – riu, desconcertado.
- ...Não! – exclamou Kione, injuriada. – Não estou falando dele, é que... Foi Nura quem cuidou de mim, ela me criou... É como uma mãe pra mim.
Giafar respirou aliviado:
- Claro que pode, minha irmã. Claro que pode.
Nisso Anme, um Templário jovem, de bigode e um chapéu quadradinho chegou, aflito:
- Giafar, Giafar! Aïsha! Perdoem-me...
- Pois não, Anme- perguntou Giafar, olhando o Templário. – Algum problema?
- É Ooki.
- O que houve?
- Ele e o Cavaleiro do Fogo foram levados para Morada do Sol. Por Moredin Ali e seus homens.
- O quê? – exclamaram os bruxos, quase ao mesmo tempo.
- Ele está bem?
- Não sabemos, mas o tempo dele é curto.
- Temos de busc�-los. – murmurou Giafar.
- Eu vou. – disse Kione.
- Como?
- Eu vou. – repetiu, virando-se para ele. – Vou buscar Nura, trago os dois de volta.
- Mas você acabou de chegar... – murmurou Giafar, olhando-a de cima a baixo. - Ainda não está bem ambientada para voltar ao mundo bruxo.
- É só alguns Templários virem comigo... – emendou. - Se você achar melhor...
Giafar não sabia se deixava.
- Por favor, levo alguns Templários junto...
- A entrada de Theron está diminuindo... O tempo daqui não é o mesmo de l�, você só chegará amanhã de manhã...
- Não me importo. Por favor, deixe-me ir. Prometo ir e voltar em segurança.
Um silêncio se fez.
- Ela disse "por favor". – comentou Sirius. – Não "eu ordeno".
- Leve isso em conta. – disse Lupin, também com cara de quem tenta convencer alguém.
Giafar pensou, pensou:
- Tudo bem... Você vai com alguns Templários, Kione. Vou arrumar a caravana. Aprontem-se, então... o quanto antes...
Uma das novas empregadas de Moredin levou café até o quarto de Rony, mas ele sequer tocou nele. Disse para a menina levar de volta, mas ela não deu confiança. Provavelmente por não entender sua língua, ou por ordem de Moredin. Continuou olhando o horizonte, da janela. Viu uma movimentação dos homens de Moredin, e sentiu uma sensação estranha. De repente era como se algo grande estivesse pra acontecer: algo muito grande.
Uma tempestade de areia varreu Morada do Sol. Os comerciantes e transeuntes se abrigaram como puderam. E, dela, surgiram os vultos dos Templários. 7 deles, a cavalo, e, ao centro, Aïsha. Ao entrarem na cidade ela desmontou seu cavalo, e entregou as rédeas para um dos homens, que também desmontavam. E assim eles entraram na vila.
Os moradores pararam ao reconhecer Kione, e o espanto pareceu tão grande que sequer fugiram dos Templários. A jovem usava uma roupa pérola, sandálias, os cabelos soltos e o cordão de Aïsha. Atrás dela Anme, Yoru, Yasa – um grandão pouco maior que Ooki – Zen, os irmãos Ten e Kaminari, e Yume, um rapaz novinho e de turbante.
O povo ficou confuso. O que tinha acontecido, para tamanha afronta aos "bons costumes"? Os mais novos não entendiam o que significava aquilo tudo, mas os mais velhos pareciam não acreditar: conheciam as histórias dos templários e de Aïsha, e agora eles estavam ali, na frente deles. Sim, Aïsha não só existia como aparentemente estava de volta ao trono de Theron. A escrava que Moredin tentou executar em praça pública era Aïsha, e agora quem estava os vendo implorava silenciosamente para que os Deuses não lembrassem que, um dia, haviam humilhado-a. Nenhum dos moradores de Theron pareceu se importar: continuaram sua marcha para a mansão de Moredin.
Ao chegarem na casa a trombeta tocou, mas ninguém apareceu. Rony ergueu-se da janela, sentindo a espinha gelar. Seriam Gina, Sirius, Lupin, Snape e Draco?... Foi quando escutou uma voz que o fez parar de sentir o próprio corpo. Alguém da porta da mansão gritou pelo comerciante. Apesar da voz ter saído um tanto firme, ele reconheceu o natural tom, que tantas vezes lhe pareceu tão medrosa de sair:
- Morediiiiiiiiiiiiin!
Nada.
-Morediiiiiiiiiiin!
Rony deu um salto, sentindo o coração e a garganta se apertarem:
- ...Kione?
- Morediiiiiiiin!
Rony saiu da janela e correu para fora do quarto:
- Kione! Kione!
Os homens de Moredin cercaram a entrada da mansão. Um tanto medrosos, mas cercavam.
- Mored - Moredin apareceu. Não muito feliz ao ver Kione inteira, bem vestida, incrivelmente bem cuidada e pior – chamando-o como ele a chamava.
Ele olhava sua ex-escrava com o olhar carregado de ódio. Kione retribuía o olhar sem expressão alguma. Esperava alguma reação dele, que não teve. Então ficaram trocando olhares. Moredin se deu por vencido:
- Como se atreve a vir até minha casa e olhar em meus olhos, mulherzinha impura?
Os templários sentiram uma ponta de decepção: Kione ainda tremia levemente a voz ao falar com Moredin. Perdoável para a primeira vez:
- O senh... Você sabe o que eu vim fazer aqui.
- Viemos buscar nossos amigos. – rosnou Yoru. Yasa deu um sorriso e bateu de leve no ombro do amigo, pedindo calma.
- Onde estão Ooki e Rony? – perguntou Kione. – E Nura também.
Moredin sorriu e não respondeu. Zen se concentrou pra sentir a presença do amigo, e o achou.
- Ooki está embaixo... numa masmorra. Preso, abafado. Precisamos tir�-lo de lá. – murmurou, olhando os colegas.
- Vai ficar entulhando o caminho? – rosnou Yoru, sacando a varinha.
- Vão me matar? – perguntou Moredin, cínico.
- Não sem a ordem de Aïsha. – disse Anme, sorrindo.
- Aïsha? Quem é...
O comerciante parou o olhar em Kione. Ele riu. Os Templários se ofenderam com o deboche.
- Ah, seu...
- Yoru. – disse Kione, sem tirar os olhos de Moredin. – Não se ofenda. Vamos, temos de buscar o pessoal... e as bagagens deles. Estamos de mudança.
Eles subiram as escadas e entraram no salão. Moredin não reagiu.
- Não vão me matar por tudo que eu já fiz?
- Não. – disse Kione, firme. – Ninguém tocará em um fio de cabelo seu. A menos que eu ordene.
- Que droga. – resmungou Yoru.
Kione parou onde deveria estar a mesa de banquetes, onde sempre dançava para os convidados de Moredin. Olhou dos lados.
- Onde é mesmo a masmorra...? Ah, sim, é ali.
Yume deu um 'oh' e foi até a estátua de uma mulher com um vaso e esperou Yasa removê-la. Uma escadaria apertada apareceu, escondida debaixo da grande estátua. Eles, junto de Zen, desceram atrás de Ooki. Anme e os gêmeos ficaram.
O silêncio tomou conta do lugar após a descida dos Templários, mas depois de alguns instantes ele foi quebrado por passos apressados descendo da mansão. Era Rony, que ao chegar no salão parou bruscamente, respirando fundo. Olhou os Templários assustado. Ten e Kaminari riram ao vê-lo.
- Cavaleiro do Fogo! Você está bem! – exclamou Kaminari.
- Aïsha, Aïsha- chamou Ten, puxando a barra da saia de Kione e apontando Rony. - o seu pintadinho!
Kione olhou por cima dos ombros, e viu Rony. Ele travou no mesmo lugar ao vê-la. Impossível. Não podia ser Kione. Ela abriu um largo sorriso – que fez Moredin resmungar baixinho – e disse suavemente pra Rony:
- Habib...
Yume e Yoru quebraram as correntes de Ooki, ferido e exausto. Zen segurou o rosto do amigo nas mãos:
- Estamos aqui, irmão de fé. – sussurrou. – Está tudo bem, agora.
As mãos dele brilharam e Ooki recobrou os sentidos, mas ainda cansado.
- O que... houve?
- Shhh... – pediu Yume. – Yasa vai te carregar, grandão. Vamos para casa, todos nós.
- Aïsha está aí. – disse Yasa, colocando o amigo nas costas. – Poxa... Você sem energia fica leve, heim? Podia ficar assim mais vezes...
- Pronto. Vamos pra casa?
- Vamos...
Rony estava travado, olhando Kione. Suas pernas estavam duras no mesmo lugar, e sua boca não se fechava. Era um sonho? Ela estava ali, na sua frente. Ela tinha morrido em seus braços. Agora ele deveria levar para sempre a morte dela nas costas. Ou não? Os Templários estavam ali, com Kione. Não sabia como, mas estava. Seus olhos se encheram de água.
- Ki... Kione... É você mesma?
Ela sorriu, com os olhos brilhando ao ver a incredulidade dele:
- Não sabe o quanto esperei pra te ver de novo, habib...
- ...Mas como...? Você... nos meus braços...
- É uma longa história. No caminho eu te conto. Precisamos ir.
Rony mordeu os lábios com força, e não se importou em começar a chorar na frente de todo mundo.
- Vamos... pra onde?
- Theron, a Cidade dos Deuses. Todos estão te esperando. Sua irmã, seus mestres... e eu. – concluiu, encabulada.
Os Templários chegaram com Ooki, e se prepararam pra sair.
- Onde está Nura? – perguntou Kione.
Moredin deu uma gargalhada de satisfação:
- Atrás da velha bruxa peçonhenta?
Kione fechou a cara.
- Onde ela est�?
- HAHAHAHAHAHA Nura me desonrou também. Teve de pagar por isso.
Kione gelou: ele não podia...
- O que você fez com ela? – murmurou. Moredin gargalhou mais alto ainda.
- Ela está no mesmo lugar que você a deixou! No mesmíssimo lugar.
O desespero tomou conta de Kione, ele não podia ter feito aquilo. Não com Nura.
- Ninguém desonra Moredin e sai impune.
Kione deu as costas e disparou para fora da mansão. Os Templários – e Rony – a seguiram apressados, deixando Moredin rindo satisfeito.
- Não- pensava Kione, subindo a ladeira em direção á praça – ele não fez isso. Ele não pode. Não com ela. Não agora.
A praça ainda era a praça de execuções, afinal, fazia pouco tempo que Kione tinha escapado da execução. Ela se aproximou perto o suficiente para ver o tronco, as correntes e o sangue escuro no chão. E Nura, presa no exato lugar onde ela, Kione, esteve. A jovem sentiu um enjôo, os olhos se encherem de água e a respiração travar.
Moredin, logo após a 'fuga' de Kione, decidiu que não pagaria um mico tão grande e decidiu que alguém ia pagar pelo que Kione fez. E lógico que a escolhida foi Nura, que chorava de felicidade ao ver Kione simplesmente desaparecer da execução.
A pobre mulher agora estava presa ás correntes, seu corpo tombado, sujo de terra e sangue, quase esquartejado. Sua burca toda rasgada, mostrando seu rosto velho e judiado. Ela estava ali desde que fora executada, e provavelmente ficaria ali até apodrecer.
- Não... – murmurou Kione, mordendo os lábios e começando a chorar sem parar. – Nura... Isso... não pode ter acontecido... Não com você...
Ela foi até o corpo da sua 'mãe de coração' e caiu de joelhos. Tentou erguer o queixo de Nura delicadamente com a mão, mas seu corpo já estava rígido. Não havia dúvidas: era ela mesma, morta. Kione começou a chorar mais forte. Os Templários chegaram.
- Acorde Nura- implorou Kione, empurrando-a pelos ombros. – por favor... Eu vim buscar você... Você tem que ir embora comigo...
Kione continuava a chorar cada vez mais forte, e se abraçou à mulher:
-Eu ia... te levar pra casa, pra minha casa... Pra longe... longe de tudo isso...
Os Templários se olharam um tanto desanimados. Rony suspirou:
- Tadinha da tia... Aquele porco imundo...
Zen agachou-se ao lado de Kione, e passou a mão em suas costas:
- Aïsha... Moredin Ali não aceitou ver você ser libertada. Ele precisava arranjar uma maneira de atingir-lhe depois disso. Atacar Nura é atacar você. Não deixe que ele vença.
Kione afastou o rosto, com Nura ainda em seu colo:
- ...Sendo rainha de Theron... – sussurrou, soluçando. – eu posso... viajar pelo tempo... não posso?
Zen esperou alguns momentos:
- Sim. Pode. Voltar, avançar, paralisar o tempo. É a rainha de Theron. Você pode tudo no tempo e espaço.
- O que eles estão cochichando? – perguntou Rony, curioso.
- Não sei. – respondeu Yoru. – Mas espere...
- Hum...
Kione respirou fundo, sem tirar os olhos de Nura:
- Eu posso... voltar e evitar isso tudo, Zen, não posso?
- Respeitosamente, minha rainha... pode fazer o que quiser... Mas... não devemos alterar a ordem da vida, do destino... respeitosamente... majestade.
Kione olhou Nura, em seu colo. Passou os dedos delicadamente em seu rosto, pensando, sem parar de chorar:
- Eu... posso lev�-la assim... comigo, para Theron? Pelo menos...
Zen afagou a cabeça de Kione e sorriu, confortante:
- Claro, minha rainha. Levaremos Nura conosco. Ela será enterrada em Theron, como membro da família real. Ela agora é parte de você também.
Kione passou a mão no rosto e se levantou, respirando fundo e tentando parar de soluçar.
- Então... vamos pra casa...
Os Templários tiraram o corpo de Nura do tronco e a enrolaram nas suas capas negras. Zen olhou a praça, sorrindo, antes de irem embora:
- Essa praça era mais bela da outra forma.
Ele abaixou a cabeça e juntou as mãos, como se rezasse. Sua energia saiu de seu corpo e percorreu pelo chão, tomando conta da praça, que lentamente se transformou, deixando de ser a dura e triste praça de execução para voltar às plantas, flores e fonte de água. Em pouco tempo não haviam mais traços do antigo lugar de execuções.
- Assim é melhor... – suspirou Kione, sorrindo para Zen, com o rosto ainda molhado.
- Muito melhor. Ah, sim... Tem mais alguém que espera ansiosamente pelo seu sorriso.
Kione virou-se, quando Zen indicou com a cabeça. Era Rony, parado num canto da praça, olhando pra ela, mas ainda sem reação com tudo acontecendo tão rápido. Ela sorriu e passou as costas da mão no nariz:
- Vamos pra casa, habib...
Rony começou a chorar – de novo! – e Zen riu.
- Acho que seu cavaleiro ainda não acredita que está de volta.
Ela deu uma risada de leve e correu até Rony, pulando em seu pescoço e abraçando-o com força. Ele agarrou-se à ela, não deixando de chorar. Será que estava ficando doido?
- ...Como pode...? – dizia, abraçando Kione, sem acreditar que estava de novo sentindo seu corpo, sua temperatura morna, seu perfume doce. – Eu devo estar enlouquecendo nesse maldito sol...
Kione recuou o rosto e limpou as lágrimas de Rony, sorrindo.
- Vim buscar você. Nós vamos pra Theron, encontrar seus amigos. – Rony fez um sim com a cabeça. Agora que ela estava de volta, ia até o raio que o parta. Ela lhe deu um apertado beijo, para depois olhar o fixamente pra seu '"Cavaleiro do Fogo" e dizer, aliviada - ...Eu amo você...
- ... – Rony fungou e começou a chorar de novo, olhando Kione. – Aí, ó! Olha o que você fez...
- Muito bem... – suspirou tem. – Vamos pra casa.
- É... – completou Kaminari. – Vamos sair desse lugar horrível.
Todos tomaram caminho rumo à saída da cidade. Mas no meio do caminho reencontraram Moredin, de novo. Kione o olhou carregada de ódio.
- Vai mandar seus amiguinhos me matarem agora? – perguntou, cínico.
- Ai, ai... – suspirou Anme. – Eu acho que ele está pedindo...
- Então vai ficar querendo. – murmurou Kione, sem tirar os olhos de Moredin. – Agora não morre por birra minha.
Moredin continuou com a cara de cinismo. Yoru não agüentou, rosnou e no instante seguinte metia um murro no meio do estômago do comerciante, fazendo-o cair de joelhos, tossindo.
- Você é cheio de merda. – cuspiu Yoru. Kione se aproximou.
- Deixe-o aí.
Moredin ergueu o olhar, ainda tossindo. Ela estreitou o olhar, e perdeu completamente o medo de lhe dirigir a palavra:
- Eu tenho... pena de você. É isso, eu tenho pena de você, Moredin. Vai passar o resto da sua miserável vida assim, perdendo tudo o que tem. Você ainda vai ter um fim muito triste. Muito dolorido... e triste.
O comerciante ainda riu do chão.
- É isso que deseja pra mim... garota?
- Não. Eu desejo que os Deuses lhe perdoem. Eu só desejo isso, que eles também tenham pena de você e o perdoem. – em seguida olhou os Templários – Agora vamos pra casa.
O grupo cruzava o deserto: Ten, Kaminari e Yoru iam em uma carroça, levando Ooki. Em outra Anme, Yasa e Yoru, levando Nura. Zen ia num cavalo, puxando um camelo, que levava as bagagens, já que Kione tinha resolvido ir na garupa de Rony, agarrada em sua cintura e com o queixo em seu ombro.
- Habiba... - gemeu Rony, passando a mão sobre os braços apertados de Kione. – Você está me apertando demais...
A resposta foi apertar mais ainda.
- Aaaaaaaai...
- Acho que Aïsha... Quer dizer, Kione sentiu sua falta, Cavaleiro do Fogo. – comentou Zen, sorrindo.
- Pode ter certeza. – falou Kione, apertando Rony de novo e lhe dando um barulhento beijo na nuca.
- Eu que o diga... – disse Rony, sorrindo satisfeito. – Vocês tiveram o tempo todo ao lado dela, e eu que a vi morrer e depois não vi mais... Ahm... É mesmo... Boa pergunta: Kione, você não... morreu?
- Bom... – pensou Kione, enquanto os Templários que ouviram riam E agora? Ia contar tudo? – A verdade é que sou de Theron, a Cidade do Deuses, da lenda. Uma cidade mágica e lendária... perdida no tempo... Eu precisei "morrer" nesse mundo pra poder voltar pra lá...
- Oooooh... legaaaaaal...
- Estão todos l�, esperando você e Ooki...
- É... Quando acordei já estava na casa do Moredin. Lembro de ter ficado descontrolado depois de ver o que aconteceu com você... E acabei usando um tipo de mágica que eu não estou habituado a usar. Eu ainda não me formei, então ter o aval de poder usar magia antes da maioridade ajuda, mas não certifica que eu dê conta de tudo. Hehehe... Eu não devia ter usado aquilo... Eu "desmontei" o Templo na nossa cabeça! HAHAHAHAHAHAHAHAHA
Kione riu e continuou beijando o pescoço e o rosto de Rony sem parar.
- Quando chegarmos a Theron podemos fazer uma festa. – sugeriu Kione. – Com comida, bebida, música, dança...
- Uaaaaaaau... Você vai dançar? Vai, vai? Diz que sim, diz que sim!
Os Templários deram risadinhas abafadas. A rainha, dançando?
- Bom... Posso pensar no seu caso.
- Ah... Você fica maravilhosa quando dança... Faça isso, por mim... Eu fiquei muito mal depois que você morreu!
Zen balançou a cabeça, rindo, sem acreditar na conversa maluca dos dois.
- Tudo bem, tudo bem, então eu danço pra você.
- Ooooooba...
- Podemos montar acampamento hoje. – sugeriu Zen. – E adiantarmos uma festa improvisada.
- É, podemos. – concordou Anme. – há um Oásis no caminho pra Theron, chegaremos quando entardecer. Atrasaremos a viajem, mas tudo bem.
- É o Oásis do Chacal. – disse Yasa. – Uma pequena cachoeira e um lago, cercado de árvores. De dia, água gelada, á noite, água quente e terapêutica.
- Hum... deve se bom. – sorriu Rony. – A noite do deserto é muito fria.
No entardecer os cavaleiros montaram acampamento, ao lado do Oásis. Um caminho de tochas até o lago, para acender de noite, e começaram a arrumar o interior da tenda principal, de Kione, para a "festinha". Rony não se cabia de felicidade.
- Eu ficaria aqui pra sempre! Pra sempre! Pra sempre mesmo!
- Você está feliz. - comentou Yume – Isso é bom.
- Já conheceu nossa tenda, Rony? – perguntou Kione, saindo da sua tenda, retangular, com uma pequena varanda na frente. Ele gaguejou.
- Nossa? Quer dizer... Minha e sua?
Kione e os outros o olharam como se fosse óbvio.
- Ué... Vai querer dormir com os Templários?
- ...Eu não! Já vou, já vou!
- Não se preocupe. – sorriu Zen. – Seus leitos estão devidamente separados.
- ...Não foi isso que quis dizer... – murmurou Rony, azedo. Kione e os outros riram. – Bom... Vamos ver isso por dentro.
Rony pôs a cara na tenda. Assim como as outras, era mágica. Um espaço enorme, cheio de almofadas, tapetes, vasos coloridos, cortinas leves, castiçais. Na frente umas mesinhas baixas, como uma salinha de estar e um quarto. Tinha um cheirinho leve de incenso no ar.
- Noooooooossa! Muito legal!
- Podemos fazer um santo banquete! Nunca vi uma tenda assim! Não é bárbaro?
- Você vai dançar?
- Vou, habib. - disse, rindo. - Roupas de dança, música... Vou dançar, sim. E, dessa vez, pra você.
- Oooooooooh, caaaaaaara. – disse Rony, para os céus, em alto e bom tom. – eu sou o cara maaaaaaaaais fodão do muuuuuuundo!
Anme riu e balançou a cabeça.
- É a coisa mais natural do mundo as mulheres se vestirem de odaliscas e dançarem nas festas...
- Estrangeiros, Anme. – disse Yume. – Estrangeiros. Não estão acostumados com nossas mulheres espetaculares.
Os Templários já estavam todos acamados, quando Yasa se aproximou, desanimado:
- Não poderemos ficar... Ooki está mais fraco... Devemos continuar até Theron, ou ele não resiste.
- Mas... – gemeu Kione. – Como nós ficamos?
- É melhor irmos, Aïsha. – concordou Zen. – O prazo de Ooki está terminando.
Ela ficou desapontada:
-Pensei que podíamos ficar... Pra festa.
- Bom... – pensou Anme. – Vocês podem ficar.
- Ficar?
- Isso. – sorriu Zen. – Nós ficamos. Podem ir na frente. Iremos amanhã, já está anoitecendo mesmo.
- Bom... – disse Kione. – Façam o melhor por Ooki...
- Certo. Então levaremos Ooki e Nura, vocês ficam e seguem amanhã. Vamos arrumar a viagem, então!
No oásis ficaram Zen, os irmãos Tem e Kaminari, Rony e Kione. Os homens ficaram na tenda enquanto Kione foi tomar banho. Zen arrumava as coisas dentro da tenda:
- Vou deixar tudo um pouco arrumado, e terei de deix�-los para recuperar a energia gasta com Ooki. Não se preocupe, antes de amanhecer estarei de volta, não os perderei de vista.
- E eu vou pra onde? – disse Rony, corando, desesperado. – Vai me deixar sozinho aqui com ela?
- Meu dever é proteger Kione das patas de qualquer um. – sorriu Zen. – Estarei... "de olho".
- Ahm... Estou me referindo... a mim mesmo!
- Não se preocupe, volto logo.
- Ah... Então vocês têm um 'tempo' para ficar longe de Theron?
- Isso. Por isso Ooki teve de voltar antes.
- Sei... E eu tenho uma dúvida...
- Diga.
- Porque vocês chama Kione de... Aïsha?
- Bom...
Nisso Kione apareceu, sorridente. Uma túnica branca e os cabelos molhados. Um cheirinho de mel e canela invadiu o lugar.
- Olá.
- Puxa... que perfume. – Sorriu Rony. Zen suspirou e saiu.
- Kione cuida do resto, não? Preciso ir.
- Você vai ficar bem, não é? – perguntou Kione, segurando suas mãos.
- Vou. Apenas umas horas de descanso... amanhã estarei de volta o quanto antes, para voltarmos à Theron.
- Promete?
- Prometo.
Kione esticou o rosto e deu um beijo em Zen, que sorriu e passou a mão no rosto de sua rainha.
- Não quero despertar a ira de seu Cavaleiro. – riu Zen. – Seria... fogo.
- Você fez muito por mim, Zen... Muito obrigada.
- É o mínimo de minha obrigação.
- Não, não é... Eu lhe agradeço. Do fundo do coração.
- Não vou negar sua gratidão, Aïsha. Cuide-se.
- Onde estão os pirralhos? – perguntou Rony.
- Na tenda deles. – indicou o Templário. – Dormindo.
- JÁ!
- São crianças, gastam bastante energia. São capazes de dormir 16 horas por dia... Amanhã de manhã ainda teremos de acord�-los.
- Nossa...
- Bom, vou indo. Até breve.
Zen deu as costas e subiu em um cavalo, sumindo na noite. O sinal do dia era uma lista minúscula sumindo no horizonte, tomado de estrelas. Rony pegou a mão de Kione e lhe deu um beijo no rosto.
- Você vai fazer a janta? Diz que sim, diz que sim, diz que sim, diz que...
- Vou, habib. – disse, empurrando o garoto. – Vou fazer um grande banquete, e vou me arrumar pra dançar. Enquanto isso você podia ir tomar um banho...
- Tá me chamando de fedido?
Kione o olhou sorrindo. Rony ergueu o braço e se cheirou, para em seguida fazer careta.
- Aaaaaargh... Sim, eu estou fedido. É esse sol... Vou tomar banho, e urgente.
Kione riu, enquanto Rony foi até a tenda buscar toalhas e sabonetes. Voltou cheio de coisas.
- Ah, isso tudo tem um cheiro tão bom! Depois eu resolvo o que uso, esse aqui é bom, vou usar na cabeça.
- Ahm... Rony... isso é óleo. Não se passa na cabeça...
- Ah, é? E isso?
Kione riu e puxou metade das coisas dele:
- Isso é AZEITE! Me dá essas coisas...
Ele ficou bastante desapontado ao ter que ir tomar banho só com três vidrinhos diferentes; um xampu, uma colônia e um sabonete.
- Ei, Kione... você vai usar que roupa? – perguntou, ansioso. – Aquela branca?
- Ahm... – pensou Kione. – A roupa que eu vou usar hoje é... preta... e dourada.
- Ah... – disse, levemente decepcionado. – Bom, vou tomar banho...
Kione voltou pra tenda enquanto Rony foi se banhar. Uma brisa fria varria o lugar. Ele adorou o lago de águas quentes, e perdeu a conta de quantas vezes se esfregou.
- Eu posso ficar aqui pra sempre. - disse, antes de enfiar a cabeça dentro d'água. – Parece até água enfeitiçada...
Ele boiou nas termas durante um tempo, olhando as estrelas e a lua cheia que iluminava o lugar.
- Às vezes eu me pergunto o que eu fiz pra merecer isso... será recompensa por aturar o Snape e o Malfoy durante tantos anos?
- Habib- Chamou Kione. - Morreu afogado?
- Ah, não, não! – disse, nadando até a margem. – Já vou, já vou. Pode entrar, a não ser, claro, que queira me ver pelado...
- Eu não... – riu. – Só não demore muito...
- Ok, ok, já vou, 'tesouro'...
Ela entrou na tenda novamente, enquanto Rony saía da água e começava a se secar:
- Duvido que esteja tão divertido no Brasil...
Sirius e Lupin visitavam Gina e Draco, no 'hospital' do palácio real. Gina já estava sem as bandagens, sentada na cama, comendo pão sírio com tabule e pasta de alho, e tomando um chá. Draco, ainda quase todo enfaixado, estava deitado, de olhos abertos.
- Fiquei sabendo do que aprontaram. – riu Sirius, no pé da cama de Gina. – Detonaram a estátua de pedra gigante, heim?
- E Draco ainda escapou como animago dragão. – completou Lupin. – É muito bom saber que é um bruxo tão avançado.
- Hum. – resmungou de má vontade.
- Se não fosse por você Gina estaria morta. – disse Sirius, que pensou e concluiu. – Pensando bem... Você também estaria.
- Ele é uma fera com a espada de gelo. – empolgou-se Gina. – Ele faz cada truquezinho legal...!
- Truquezinho? – murmurou Draco.
- Vocês... "mandaram bem". – disse Lupin.
- Eu sempre soube do seu potencial, Gina – animou-se Lupin. – O seu gatotsu é imbatível!
- Obrigada...
Os bruxos ainda ficaram conversando um longo tempo, até que um Templário, Mashii, chegou com uma coruja no ombro e um pergaminho na mão.
- Oh, o que é? – perguntou Sirius, animado.
- Uma carta de um lugar chamando Hogwarts, como urgente. – disse Mashii. – Endereçada a você, Sirius Black.
Os bruxos se entreolharam. Será que tinha acontecido alguma coisa de ruim?
Rony voltou pra tenda usando uma larga calça branca e um colete sem manga, secando o cabelo. Assim que entrou ficou surpreso. Kione também estava encantada:
- Agora eu sei porque os cavaleiros foram tão desapontados. – disse Kione. – Olha só o banquete!
O lugar estava todo iluminado por velas, com um delicioso cheiro de incenso. A tenda estava quente, dava vontade de se enfiar nas almofadas e dormir. A mesa do jantar estava farta dos mais deliciosos e fartos pratos que a culinária árabe podia oferecer.
- Melhor eu não dançar... ou terei uma congestão – riu Kione.
- Nem vem! – protestou Rony. – Você prometeu! Agora vai ter... que...
- Que foi?
Rony não tinha reparado em Kione. Ela estava impecável, maquiada, com as jóias para a dança. Provavelmente já com a roupa, mas usava um roupão por cima pra manter o "mistério".
- Hum... – pensou Rony. – Não vai tirar o roupão?
- E estragar a surpresa? Nunca...
- Mas você está linda...
- Palavras não vão me convencer...
Rony então segurou a cintura de Kione e a beijou. Não demorou muito pra ela lhe empurrar:
- Ué...? – comentou Rony com cara de sem vergonha. – Se as palavras não funcionam eu tenho que partir pra força bruta...
- Vamos jantar... eu estou com fome...
- T�, t�, tá.
O casal sentou-se junto e tiveram de tomar muito cuidado pra não comerem tanto que os impossibilitaria de dar dois passos e deitar na cama pra dormir. Rony lambia os dedos enquanto terminava um ninho de avelã e mel, um doce de amêndoas coberto com mel. Kione se limitava a tomar um chá.
- Ok, parei. – disse Rony, terminando de lamber os dedos. – Senão tenho congestão de ver você dançar.
- Ah, não... você não se esqueceu... Tudo bem, eu danço.
- Eeeeeeeeeba- disse Rony, encostando a cabeça na de Kione.
Ficaram um tempo em silencio, abraçados. Até Rony a cutucar com o cotovelo:
- Ei, e aí? Não vai?
- Vou... só dá um tempo... fazer a digestão...
Rony virou o rosto e lhe beijou o rosto algumas vezes, até ela virar o seu e encontrar seus lábios. Tinha alguma coisa de diferente ali, ele não sabia se era nela, se era no lugar, que o fez pensar se não seria melhor ficar lhe beijando ao invés de assistir à dança.
- Muito bem. – disse Kione, separando suas bocas com os dedos. – É melhor que eu vá dançar.
- Mudei de idéia. – falou Rony. Kione riu e se levantou, puxando Rony pelas mãos.
Ela parou em um tapete persa grosso, rodeado de almofadas e cobertas. Uma musica leve começou a tocar, vindo sabe-se lá de onde. Kione suspirou e olhou Rony, que sorria mais do que um garoto que ganha um brinquedo no natal. Deu um passo pra trás, fechou os olhos e tirou o roupão. À medida que sua roupa caía o olhar e o queixo de Rony faziam o mesmo caminho. Estar apaixonado era terrível. O coração dele batia tão forte que ele sentia a pulsação na garganta. Ele jamais imaginaria Kione assim: ela conseguia estar mais encantadora e provocante que da primeira vez, dessa vez sem o véu e com os cabelos soltos.
Ela deu um largo e orgulhoso sorriso ao ver a cara de tonto de Rony, e o fez sentar-se de novo.
- Não se preocupe. – riu da cara de assustado dele. – Eu só vou dançar pra você ver. Não vai doer.
- Tem certeza...? – perguntou Rony.
Ela puxou um dos véus de sua cintura e ficou brincando com ele nas mãos, como se estivesse aquecendo durante alguns poucos minutos. Foi quando Rony respirou fundo, fechou a boca e reparou um peculiar detalhe em Kione: fora as jóias de ouro, ela estava vestida com 7 véus negros finos e levemente transparentes. Só com os 7 véus. Ele já tinha escutado alguma coisa sobre essa roupa nas conversas... Antes que seu queixo pudesse cair de novo ela agachou-se na sua frente, passou o véu pela sua nuca e debruçou-se sobre ele, chegando perto do seu ouvido e sussurrando:
- Hoje eu vou dançar a Dança dos 7 Véus pra você. Só pra você.
Rony sentiu o corpo gelar. Ele estava enrascado. Ou não...
