A/N: Obrigada por me apoiarem com as vossas entusiásticas reviews, Amanda e Luana e Natalie. Nem fazem ideia do que isso significa para mim :D

Amanda e Luana: Bem, quanto ao teu pedido, podemos talvez optar por uma solução de compromisso? Como gostas de AoshixMegumi e eu gosto de AoshixMisao, prometo que arranjo maneira de pôr ambos na história. Pode ser? ;)

Disclaimer: Eu não devia precisar de repetir isto mas, mais uma vez, nada em Rurouni Kenshin me pertence.


A médica-legista afastou o lençol branco que cobria o corpo de Tomoe com um gesto rápido e calculado. Também ela sentiu a dor de Kenshin quando os seus olhos pousaram no cadáver sem vida da rapariga de quem todos gostavam. Estranhamente, o ruivo não deixou transparecer nenhum sentimento de tristeza ou de raiva. Dir-se-ia que estava apático, longe de tudo e de todos. Era quase surreal vê-lo assim, ele que sempre tinha uma palavra amável nos lábios para quem quer que encontrasse na rua e um sorriso pronto.

Megumi Takani engoliu as lágrimas e voltou a cobrir Tomoe com o lençol. Virou-se para Saitou e Aoshi, que esperavam pela reacção de Kenshin (que, contudo, não se manifestara) um pouco mais afastados. Sanosuke ficara à espera à porta do pequeno hospital, dizendo que apenas entraria num quando estivesse morto ou quase a morrer.

"E agora?" perguntou a médica aos dois polícias, olhando de relance para Kenshin, que se quedara imóvel olhando fixamente para a elevação no lençol que escondia a cara de Tomoe.

"Agora, para a esquadra." respondeu-lhe Saitou, irritado, com certeza sofrendo já os efeitos da privação de tabaco depois de, um pouco antes, Megumi lhe ter lançado um olhar agressivo quando ele tentara acender um cigarro. «Aqui não se fuma, Saitou-san!», ao que ele respondera: «Você é idiota ou faz-se? Acha que os mortos se vão importar?». "Ainda temos de interrogar o Himura e se ele continuar a não responder, atirá-lo para a cadeia por suspeita da homicídio."

Aoshi olhou-o como se Saitou tivesse subitamente ficado louco.

"Acho que se está a precipitar, senhor chefe da polícia. Que provas tem disso?"

"E a si, senhor agente federal, digo-lhe que se cale. Eu aqui sou a autoridade e já lhe disse antes que não preciso da sua ajuda para nada."

"Eu vou." declarou Kenshin subitamente. "Quero colaborar na investigação... e descobrir quem fez isto à Tomoe. E mais importante ainda, porque o fez."

"Então já acordaste, Himura." troçou Saitou. "Já não era sem tempo."

"Vamos, Himura-san?" perguntou Aoshi suavemente, ao que Kenshin respondeu com um aceno. "Obrigado pela sua ajuda, Takani-san." acrescentou o agente.

"Pode tratar-me por Megumi, Shinomori-san. Quando diz Takani-san olho em volta à procura do meu pai!" riu ela, embora sem vontade.

Aoshi fez um pequeno aceno com a cabeça e saiu sem mais delongas e sem um sorriso. Megumi estranhou a frieza que parecia acompanhar aquele homem em cada passo que dava.

XxXxXxX

O interrogatório decorreu sem conflitos (apenas algumas palavras amargas por parte de Saitou, mas isso era de esperar) e, por fim, os polícias puderam estabelecer com um certo grau de certeza que Tomoe tinha sido, de facto, violada. Isso trazia toda uma nova dimensão ao caso pois, como Sanosuke defendia...

"Então é um pervertido qualquer! Mas eu não conheço nenhum pervertido nesta cidade!"

"Isso não é algo que as pessoas tragam escrito na testa, ahou."

"Não comeces!" ameaçou Sano, agitando um punho em frente à cara de Saitou.

Kenshin estava sentado numa cadeira a olhar para o vazio, mas de repente pareceu acordar.

"Vão precisar de mim para mais alguma coisa?" perguntou ele a Aoshi, visto que os outros dois polícias se encontravam demasiado ocupados a discutir um com o outro. "Tenho as aulas da tarde para dar, os meus alunos estão a contar comigo..."

"Sim, pode ir. Mas mantenha-se disponível, caso precisemos de mais alguma coisa."

Kenshin baixou a cabeça em sinal de agradecimento e saiu silenciosamente pela porta. Aoshi suspirou e tossiu levemente para chamar a atenção de Sano e Saitou.

"Seria melhor," começou ele. "começarmos a interrogar as pessoas mais próximas da vítima. Os amigos, família e tudo o mais."

Saitou virou-se para Sanosuke.

"O Shinomori tem razão, vai tu tratar disso."

"Tratar de quê? Não sou o teu pau-mandado!"

"Lamento desiludir-te, mas enquanto eu te pagar um salário, sim, és o meu pau-mandado."

Sanosuke resmungou em voz baixa e cedeu.

"Está bem. Quem queres que traga?"

"Ora vejamos... para j�, Kaoru Kamiya e Misao Makimachi, que às vezes davam uma ajuda no dojo. Com os miúdos que lá têm aulas falamos depois. Traz essas duas."

Depois de Sanosuke deixar o escritório de Saitou, Aoshi falou.

"Que me pode dizer acerca dessas duas raparigas?"

"Não muito. Não costumo dar-me com miúdos."

"Um pouco de seriedade, por favor." pediu Aoshi com um ar cansado.

"Já que pede tão gentilmente... Creio que andam ambas à volta dos 18 anos, talvez um pouco menos porque ainda andam no liceu. Foram alunas no dojo durante uma série de anos e agora ajudam a treinar os alunos mais jovens. A Makimachi trabalha no restaurante aqui perto e julgo que a Kamiya não tem emprego. Chega?"

"Quase. E a relação entre elas e os Himura, que tal era?"

"Boa, tanto quanto sei. Aliás, ninguém se dá mal com os Himura. É difícil ter algo contra eles, andavam sempre por aí a sorrir todos contentes."

"Obviamente, vai ser difícil voltar a ver isso."

"Obviamente." concordou Saitou, acendendo um cigarro.

XxXxXxX

"Trouxe a Misao, Saitou. Fui a casa da Kaoru mas não estava ninguém." anunciou Sanosuke passado algum tempo, entreabrindo a porta do escritório. "Posso mandá-la entrar?"

Saitou assentiu e ficou a olhar fixamente para a rapariga morena de pequena estatura e cabelos extremamente longos apanhados numa trança, com olhos azuis enormes que denunciavam a sua preocupação. Olhou assustada para o imponente Aoshi, que ainda não conhecia. Tal como Megumi, ficara literalmente arrepiada pelo seu aspecto duro e frio.

"Shinomori, queres fazer as honras?"

Aoshi assentiu e preparou-se para conduzir sozinho o interrogatório, visto que Saitou lho tinha permitido.

"Nome, idade, morada e profissão, por favor, Makimachi-san."

"Misao." Aoshi fixou-a com um olhar inquiridor. A rapariga corou até à raiz dos cabelos. "Hum... queria dizer que me pode tratar por Misao. Quanto ao resto, tenho 16 anos, quase 17." Amaldiçoou-se a si própria. «Porque é que estás a agir como uma miúda tonta! Como se interessasse para alguma coisa que vais fazer 17 anos...». Teve de fazer um esforço para não bater com a cabeça contra as paredes. "Erm... vivo por cima do restaurante ali na esquina com o meu avô e o resto dos empregados. Também trabalho lá quando não estou na escola."

Aoshi acenou com a cabeça enquanto tomava nota das informações.

"Hum... se calhar não davia perguntar isto, mas..." Misao hesitou. "Podem dizer-me o que se passa? Porque estou aqui? Ninguém me disse nada..."

Saitou esmagou o cigarro num cinzeiro já a transbordar e declarou insensivelmente:

"Tomoe Himura foi violada e assassinada. Ou vice-versa, dependendo do grau de perversão do assassino."

Aoshi deitou-lhe um olhar furioso. «Era preciso dizer isso assim?»

"A Tomoe... ela... assassinada? Mas... como?"

"Misao, estás bem?" inquiriu Sanosuke, preocupado. "Queres um copo de água?"

A rapariga sacudiu a mão de Sanosuke pousada nas suas costas.

"Não, obrigada. Assassinada? Como é possível? Ainda anteontem..." Misao interrompeu-se aí, finalmente compreendendo completamente o que lhe tinham acabado de dizer. Enquanto murmurava palavras incompreensíveis os seus olhos encheram-se de lágrimas.

"Talvez seja melhor continuarmos isto mais tarde." Aoshi levantou-se e estava prestes a abrir a porta do escritório quando a dita porta se abriu de repente, quase lhe batendo na cara. Era um outro polícia, desta feita um homem com um penteado ainda mais estranho que o de Sanosuke, parecido com... uma vassoura. Estava ofegante e dobrado sobre si mesmo, agarrado à maçaneta da porta para se impedir de cair ao chão.

"É mesmo necessário todo este teatro tão dramático, Chou?" perguntou Saitou, uma vez mais envolto em fumo.

"É... a Kaoru Kamiya... encontrámo-la a... vaguear... perto dos caminhos de ferro desactivados! Foi atacada, ao que parece... pelo mesmo homem!"


A/N: Como sempre, as vossas opiniões são bem-vindas ;P