A/N: Mais uma vez, desculpem a ligeira demora. É que descobri recentemente que uma horrível disciplina que dá pelo nome de Informática Aplicada à História é incompatível com a escrita de fanfics...

Amanda e Luana: Obrigada por leres! A Megumi e o Saitou são incompatíveis ;) Ainda vamos ter mais oportunidades de ver isso...

lere: Bem, uma coisa que se vai vendo é que toda a gente tem algo a esconder. Às vezes, nem é preciso que haja um assassinato para que isso aconteça, não é? ;) Espero que continues a acompanhar a história!

Lady Etrusca: Obrigada! Agradeço-te humildemente por continuares a ler isto, mesmo com aquele horrível trabalho de IAH para fazer :D

Natalie: Umas pessoas gostariam dela, outras não. Mas isso irá desenvolver-se ao longo da história, como poderás verificar. Obrigada pela review!

Muito obrigada também àquelas pessoas, viajantes das sombras, que não comentaram ainda mas me adicionaram aos Favoritos ;P

Disclaimer: Chegada a minha parte preferida, anuncio aos quatro ventos (que, na realidade, são muito mais de quatro) que RK não me pertence! Embora seja tentador dizer que sim, devo conter-me, para depois não ser processada: quem me conhece sabe que sou pobre.


Misao espreguiçou-se longamente, tal como um gato estica as suas patas. Tinha estado estendida no alpendre da Aoi-ya durante as últimas horas, aproveitando o sol que, finalmente, se dignara a aparecer após semanas e semanas de chuva. Pela sua cabeça passavam várias preocupações, entre elas o irritante agente federal que dava pelo nome de Aoshi Shinomori. E logo tinha ele de estar a morar ali. Se bem que fosse verdade que a Aoi-ya era o único albergue da cidade... mas, por ela, ele bem podia ter ficado a viver debaixo da ponte que Toba não tinha.

«Estúpido do homem. Deve estar furioso por eu não ter aparecido na esquadra. É bem feito, para ele não julgar que...»

Os seus pensamentos foram bruscamente interrompidos pela mesma pessoa que os provocara. O agente com misteriosos olhos azuis trocara o fato escuro e gravata por umas calças de ganga e uma camisola de gola alta. Nem parecia a mesma pessoa, como reparou Misao, observando-o atentamente enquanto ele se sentava perto de si, embora não a olhando. Só naquele momento se apercebeu que estava, muito provavelmente, em sarilhos.

"Euh... como vai a vida?" acabou por perguntar, apenas para pôr fim ao embaraço que sentia face àquele homem. Todos aqueles dias passados a evitá-lo tinham ido água abaixo, apenas porque tinha sido idiota ao ponto de querer aproveitar o sol... logo o sol, uma coisa que se podia ter em qualquer altura e, ainda por cima, de graça.

"Não se pode dizer que vá muito bem." a calma dele era quase assustadora. "E não pode ir bem, se as pessoas insistem em não colaborar na investigação que, afinal, também lhes diz respeito."

Misao engoliu em seco.

"Desculpe eu não..." começou a dizer, calando-se em seguida, pois Okina escolhera a pior (ou melhor, do ponto de vista de Misao) altura para lhes ir perguntar se queriam lanchar. Substituíra a fita cor-de-rosa que normalmente lhe prendia a barba por uma um pouco mais discreta, desta feita azul-escura, e olhava-os com uma expressão calculista.

"Não, Jiya, obrigada. Precisam de mim lá dentro?" inquiriu Misao, deitando-lhe um olhar esperançado.

"Infelizmente não, pequenina." Okina sabia muito bem como a irritava ser tratada como uma criança. Misao confirmou esse facto, cerrando os punhos e acenando ameaçadoramente na direcção do seu avô, que já se retirava para o interior da Aoi-ya.

"Makimachi-san." Disse uma voz algures atrás de si. Misao foi, assim, bruscamente relembrada da presença de Aoshi. "Queria saber porque..."

A rapariga interrompeu-o, fingindo uma despreocupação que estava longe de sentir.

"...porque é que eu não fui à esquadra. Sim, eu sei. Ia justamente pedir desculpa por isso."

"Desculpas não são suficientes. Ainda tenho perguntas a fazer-lhe."

"Faça favor." Misao desistiu de lhe fugir, voltando a estender-se no chão de madeira sólida e fechando os olhos.

Aoshi ergueu ligeiramente as sobrancelhas, intrigado pela postura descontraída da jovem Misao. Porém, decidiu acabar depressa com o que tinha ido ali fazer.

"Estivemos a falar da discussão entre Kenshin Himura e a vítima, espero que se recorde. Eu tinha perguntado qual tinha sido o motivo."

"Pois... não faço ideia."

Para mal dos seus pecados, só lhe apeteceu esganar a rapariga. Fizera-o crer que sabia realmente algo sobre aquela misteriosa discussão e, afinal, apenas tinha andado a perder tempo e a laborar em erro. Respirou fundo e perguntou a si próprio se Misao não estaria a mentir: não seria a primeira nem a última vez que isso acontecia.

"Não a incomodo mais." declarou, levantando-se e apercebendo-se que tinha as pernas dormentes. "Obrigado pelo seu tempo, embora não possa dizer que foi uma grande ajuda."

"Não faz mal, também não era essa a minha intenção." retorquiu Misao, abrindo um só olho e fitando Aoshi de relance.

"Estou a ver."

Afastou-se lentamente, silenciosamente amaldiçoando o doloroso formigueiro que sentia nas pernas.

XxXxXxXxX

"Shinomori-san, que surpresa! O que posso fazer por si? Sente-se, sente-se!"

Megumi andava de um lado para o outro, a arrumar uma infinidade de papéis que, apenas segundos antes, cobriam toda a superfície da sua secretária. Longe de agradada pela visita de Aoshi, estava antes mais nervosa do que ele alguma vez a vira.

"Queria saber se teve conhecimento de alguma discussão entre Kenshin Himura e a vítima, pouco antes de ela desaparecer."

Megumi estacou subitamente, em frente à estante onde tinha estado a arrumar os papéis. Uma folha de papel fino escapou-lhe das mãos, caindo no chão, aos seus pés, sem um único ruído. Recuperando algum sangue-frio, a médica enfiou o molho de papéis que carregava num espaço exíguo na prateleira à sua frente e, depois, baixou-se para apanhar o que lhe fugira.

"Não." acabou por responder, numa voz dura como aço. "Não sei de nada."

Ao contrário do que acontecera com Misao, Aoshi percebeu claramente que Megumi lhe estava a mentir descaradamente. Levantou-se da cadeira que ocupara e caminhou lentamente na direcção dela. Megumi limitou-se a ficar muito quieta, dir-se-ia que transida de medo. Encolheu-se ligeiramente quando a mão de Aoshi avançou para a sua cara, sem dúvida julgando que o sombrio agente lhe ia bater. Contudo, a mão que pousou na sua face instantes mais tarde era surpreendentemente macia e nada agressiva.

"Não me minta. Não a poderei ajudar se insistir em não dizer a verdade." Dedos ágeis moveram-se numa suave carícia. Quem conhecesse Aoshi saberia que aquele gesto era totalmente desprovido de qualquer emoção ou afecto; mas ninguém o conhecia realmente. Muito menos Megumi, que cerrou as pálpebras e encostou mais a sua face à mão dele. Uma fracção de segundo depois, como se se tivesse subitamente apercebido do que estava a fazer, abriu os olhos e afastou-se. Desviou rapidamente o olhar para um quadro pendurado na parede branca, que não era mais do que um amontoado de cores, sem nenhuma forma distinta. Fingiu-se muito interessada nele até ganhar coragem para tornar a falar.

"A Tomoe queria trazer o irmão para cá. Dizia que ele se sentia muito só em Tokyo... tentou convencer o Kenshin de que o dojo era grande, que podiam ali viver todos juntos."

"E ele opôs-se à ideia?"

"Não é bem isso. O Kenshin sempre foi muito altruísta, gosta de fazer coisas pelos outros. Está na natureza dele, penso eu. Mas o Enishi não é, digamos, algém que seja seguro ter por perto."

"E isso porque...?"

"Ele é instável. Psicologicamente, se me está a entender. Eles já tinham lutado uma vez e, posso dizê-lo porque é verdade, se ninguém os tivesse separado, um deles estaria hoje morto."

"Se bem compreendi, isso quer dizer que Kenshin Himura não quis que o irmão de Tomoe viesse porque o considerava um perigo."

"Sim." concordou Megumi, numa voz fraca. "Pode dizer-se que sim."

"Obrigado, Takani-san." Aoshi abriu a porta para sair, mas deteve-se ao ouvir a voz de Megumi.

"Porque é que... me fez aquilo?"

O agente escolheu não olhar para trás. Saiu sem mais uma palavra.

XxXxXxXxX

"De volta tão cedo?" perguntou Saitou, que acabara de entrar no seu escritório na esquadra e se admirara por ver Aoshi ali, sentado atrás da secretária, rolando uma caneta entre os dedos com uma expressão ausente. "Descobriste alguma coisa com interesse?"

"Várias." limitou-se a dizer, largando a caneta.

"Eu também." Saitou sorriu de uma forma estranha. Os seus olhos cor de âmbar faiscaram perigosamente. "Misao Makimachi tentou suicidar-se cortando os pulsos, mas falhou miseravelmente. Vamos fazer-lhe uma visita?"


A/N: Estão a ver aquele botão violeta ali em baixo? Não querem clicar nele?