A/N: Eu devia mesmo trabalhar em vez de escrever esta telenovela...
Amanda e Luana: Heh! Não precisas de ter pena da Misao, tudo se arranjará ;P Mas agora, infelizmente, não prevejo que haja mais Aoshi x Megumi. Sorry:(
lere: Bem, comecemos por uma ponta: isto é, de facto, uma fic Aoshi x Misao. Se aconteceu aquilo com a Megumi, foi com vista a um propósito específico, tal como tudo o que acontece nesta história. Por isso não precisas de te acostumar a pares estranhos ;) Eu sou, na realidade, uma grande fã de Aoshi x Misao, embora possa não parecer à primeira vista (pela forma como trato a pobre rapariga!); gosto mais desse casal do que Kenshin x Kaoru :prepara-se para levar com tomates podres na cabeça: Agora, permite-me um minuto para defender a minha honra (:risos:). Não concordo muito contigo quando dizes que as personagens não estão tão próximas das originais. Na minha modesta opinião (que vale só o que vale...), elas conservaram a sua personalidade e essência dentro do possível – já que, notemos bem, elas não estão a viver nos primeiros anos da Era Meiji e sim nos dias de hoje... Agora, o que se passa com elas (ou algumas delas) é que um lado da sua personalidade toma preponderância sobre o outro: toda a gente tem duas ou mais caras, e é isso que exploro aqui. Esta resposta já vai demasiado longa... gomen ne! Até à próxima, saudações cordiais deste minúsculo país à beira-mar plantado! ;P
Lady Ocean: Sim, tens razão em achar que me empenho muito nesta fic! É, até hoje, a maior que escrevi e a única que tenciono continuar e terminar (um dia destes... ;P). Fico feliz por se notar o muito que esta história significa para mim, e quanto da minha pessoa ela contém. É óptimo que as pessoas gostem e comentem, é tão gratificante saber que há quem aprecie o nosso trabalho árduo. Tens razão quanto à Tomoe: é uma personagem-chave na vida do Kenshin e, sem ela, ele nunca seria o homem de quem tanto gostamos. Trato-a, portanto, com o respeito devido ;P Espero que continues a ler e... até breve!
Disclaimer: RK não me pertence, sou pobre, não me processem.
Sentada no meio da erva rasteira na margem da ribeira, Misao atirava pequenas pedras à água. Era algo que costumava fazer constantemente quando era mais pequena, mas as vicissitudes da vida de estudante e os seus deveres na Aoi-ya tinham-lhe roubado o tempo de que antes dispunha para desfrutar daquele pequeno e simples prazer. No entanto, nem isso a conseguia alegrar num dia como aquele.
Tinham voltado de Nagasaki na noite anterior, ou antes, a altas horas da madrugada. O ambiente no carro de Megumi, onde seguiam Misao, Kenshin, Kaoru, e a própria médica, tinha permanecido sonolento e silencioso todo o caminho de regresso a Toba. O ruivo, no banco da frente, não pregara olho e não cessara de vigiar, pelo retrovisor, as duas raparigas no banco de trás, como se algo o inquietasse. Kaoru, despreocupada como sempre, estendera-se no assento almofadado e dormia profundamente, o seu cabelo desalinhado espalhado pelo colo de Misao, que tinha de se apertar contra a porta para evitar que a sua amiga acabasse a dormir em cima dela. Megumi, disfarçando mal a perturbação que sentia, mantinha o olhar fixo na noite escura, rasgada pelo clarão impiedoso dos faróis do carro.
Misao tinha a certeza que não havia sido vista na igreja. Não sabia, contudo, se seria preferível que Megumi ou Aoshi a tivessem visto: assim poderia dar largas à sua indignação, ou então rir-se na cara deles por se comportarem como dois adolescentes desesperados. Mas nunca seria capaz de rir de uma tal situação; nunca antes pudera transformar tristeza num sorriso, como Tomoe conseguia fazer.
O que teria acontecido entre ambos depois daquele estranho interlúdio? Era caso para pensar, pois tinham agido como se mal se conhecessem enquanto Saitou pedia o Toyota emprestado ao comissário Uramura para levar o perturbado Enishi de volta a Toba.
Misao sobressaltou-se ao ser subitamente despertada dos seus pensamentos por um ruído atrás de si. Pôs-se de sobreaviso, consciente de que os bosques não eram, afinal, tão seguros como toda a gente costumava pensar. Quando viu de quem se tratava, descontraiu-se um pouco. O rapaz jovem que se aproximava com um sorriso afável não parecia perigoso.
"Boa tarde." saudou ele. "Makimachi-san, presumo?"
"Misao, por favor. E tu, quem és?" perguntou ela, retribuíndo o sorriso.
"Soujiro Seta, psicólogo criminal."
"Ah... já me falaram de ti. Estás aqui por causa da Tomoe?" «Gostava de saber porque continuo a falar nela como se estivesse ainda viva...».
"Sim. Lamento muito a tua perda."
"Obrigada."
Misao suspirou, desviando o olhar de Soujiro e observando, em vez disso, a forma como os últimos raios de sol brilhavam, reflectidos nas águas calmas e ondulantes. Atirou mais uma pedra.
"O teu avô disse-me que devias andar por aqui."
"O Jiya conhece-me bem. Sabe que adoro este sítio. Mas porque vieste, querias falar comigo?"
"Sim, mas... se preferires, deixamos isso para outra altura. Podemos falar do que quiseres." propôs Soujiro, num tom agradável.
"Do que eu quiser? Não tenho ideias..." queixou-se Misao.
"Fala-me de ti."
Misao esfregou o queixo com a ponta dos dedos, perdida em pensamentos.
"Eu? Tenho 17 anos, quase 18 e ando no liceu de Toba. Estamos de férias agora, mas não tenho mesmo nada de interessante para fazer. Quase preferia que houvesse aulas."
O sol punha-se, sombreando as faces de ambos de um cor-de-laranja suave. Soujiro estranhou a tristeza e desapontamento nos olhos daquela rapariga, que parecia demasiado jovem e inocente para suportar um fardo tão pesado.
"Algo te preocupa?" inquiriu o psicólogo, suavemente. Misao pareceu surpresa.
"Nem por isso." acabou por responder. "É só que... às vezes gostava de voltar a ser pequena. Gostava de ter aquela idade em que toda a gente é feliz, só porque ainda não se aprendeu o que é a tristeza. Gostava de ser novamente criança e que alguém me contasse a história do Flautista de Hameln à noite, antes de adormecer."
Soujiro riu-se:
"Estranhos desejos tens. A maioria das raparigas da tua idade quer crescer depressa."
"Eu não. Descobri que crescer é demasiado doloroso." Misao sorriu fracamente e levantou-se, sacudindo a roupa. "Vemo-nos por aí?"
"Claro. Até amanhã."
Misao tomou o caminho de volta para a cidade e, passados alguns segundos, Soujiro deixou de a poder ver. Permaneceu imóvel por algum tempo e a certa altura, já a noite principiara a cair, articulou claramente em voz alta:
"Sei que estás aí. Podes mostrar-te."
Uma sombra indistinta surgiu de entre as árvores:
"Há quanto tempo... Soujiro."
XxXxXxXxXxXNão conseguia concentrar-se no relatório de autópsia que tinha na sua frente. Parte de si, sem dúvida a mais malévola, insistia em recordar-lhe a humilhação que sentira ao ouvir as duras palavras de Aoshi: «Isto foi um erro.» Um erro? Ela tinha sido um erro? «Claramente» respondera ele. «Mas tenho também de me desculpar, por ter permitido que isto acontecesse.». A gentileza fria e diplomática do agente era o que mais a perturbara. Ignorava o que esperara de um homem assim mas, apesar disso, tinha cometido o erro de deixar a atracção momentânea que sentira por ele levar a melhor sobre a racionalidade que tanto prezava.
Não o amava. Qualquer homem que viesse a ter, ao longo da sua vida, seria sempre uma segunda opção; Aoshi não tinha sido excepção – mas ele nem sequer a queria.
«Eis a cruz que uma mulher que não pode ter o homem que ama tem de carregar. A ferida que nunca chega a sarar.»
Também ela chegara demasiado tarde.
XxXxXxXxXxXO jantar no dojo era, normalmente, uma ocasião alegre. Desde o fatídico dia, tinha-se tornado, essencialmente, silencioso. Com Enishi na cidade, Kenshin não era capaz de se descontrair e Kaoru sabia-o bem. Tentava em vão começar brigas com Yahiko, que tanto divertiam toda a gente. Nessa noite, porém, nada aconteceu.
"Mais arroz, Kenshin?" ofereceu ela, de colher em riste.
"Não, obrigado. Já comi o suficiente."
Yahiko não pensava o mesmo, pois não parava de atafulhar a boca com tudo o que se encontrava na mesa. Sanosuke fizera-se, mais uma vez, convidado para jantar; todos estavam tão habituados a isso que, a certa altura, haviam deixado de o questionar a esse respeito – mas preparavam-se para que, a qualquer momento, Saitou pudesse chegar de rompante e levar o jovem de arrasto atrás de si, por não ter terminado o trabalho na esquadra.
"Bem, deixo-vos agora." Sanosuke levantou-se, esticando as pernas dormentes. "Combinei com alguns amigos ir jogar póquer ao Salon Kitty."
Yahiko fingiu-se chocado:
"Ooooh... pensei que não ias a lugares de tão mau nome..."
"Cala-te, puto. Vou lá para jogar, mais nada. Mas se estás preocupado, podes vir comigo."
"Nem penses que o levas a esse sítio!" protestou Kaoru, o seu precoce lado maternal vindo à superfície. Levava muito a sério a educação de Yahiko, que ficara órfão aos seis anos e que, desde essa altura, viva no dojo. Não se podia dizer, no entanto, que o rapaz apreciasse muito a sua preocupação.
"Está descansada, Jou-chan. Não gosto de andar com miúdos atrás." ripostou Sanosuke. "Kenshin, tu é que podias vir. Davas-me jeito, sabes que não jogo póquer muito bem."
"Sei." assentiu Kenshin, com um meio-sorriso. "Mas não me parece que..."
"Então fica combinado!" exclamou Sanosuke, sem lhe dar tempo para recusar. "Vamos! Precisas de te divertir. Agora despede-te das crianças." Apontou para Kaoru e Yahiko, furiosos pelo epíteto que lhes tinha sido atribuído.
O ruivo foi, assim, meio-arrastado, meio-empurrado em direcção à estrada que levava ao Salon Kitty, famoso bordel e casa de jogo – ilegal, bem entendido –, sem mesmo ter tempo para mudar de roupa.
A/N: Mais uma vez, um capítulo curto, eu sei. Mas tenho de trabalhar! O presente capítulo nasceu apenas da minha necessidade de fugir ao espírito de Alexandre o Grande, que me perseguirá até eu ter acabado o trabalho que tenho de fazer sobre ele...
