Notas: mais um fic que faço em homenagem ao Máscara da Morte...cara, to amando escrever com ele! Dedico o fic aos cancerianos e fãs desse cavaleiro.
Essa história se passa após os eventos de Uma Nova Canção, onde Giovanni reflete sobre o que é ser pai e por que o Destino resolveu ser generoso com ele. E decide que talvez o melhor lugar para refletir sobre isso seja a sua terra natal, na Itália.
A cidade natal de Giovanni, pessoas e fatos aqui narrados são fictícios.
Disclamer: Os personagens de Saint Seiya não me pertencem (porqueeeeeeeeee?), e sim a Massami Kurumada, editoras e outras firmas sortudas licenciadas.
VOLTA AO LAR Capítulo 1: PassadoHá três dias que estava viajando. Preferiu usar dos meios normais de transporte para melhor refletir do por que ter decidido vir até esse lugar, largando sua esposa e uma filha recém nascida em casa. Um avião até Roma e um ônibus até o vilarejo de Santa Clara.
Logo chegaria ao seu destino. Giovanni ficou pensando por que voltou para o último lugar que queria lembrar que existe? Lembrou-se de Maeve e da conversa que tiveram antes de partir...
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"Não está feliz? Sinto que algo o perturba, Gio."-ela lhe perguntou, abraçando-o docemente em sua cama.
Giovanni sorriu. Adorava quando ela o chamava de Gio, e sempre o fazia quando estava feliz, ou quando queria chamar sua atenção. Quando ficava nervosa, costumava dizer seu nome completo em alto e bom som. O que também o excitava.
"Nada, mi bellezza..."-respondeu abraçando-a com mais força.-"Não esquente essa sua cabecinha com bobagens, não fará nada bem a você."
"Outro conselho de como uma mulher em resguardo deve se portar? Pois Grinnhilld já me disse os maiores absurdos sobre isso e quase teve um chilique porque lavei os cabelos. Ainda bem que tenho a esposa de Kamus, a Marin e a noiva de Milo para me socorrerem nessas horas. Diga logo o que está havendo!"-ordenou.
Ele gargalhou ao lembrar da cena da idosa perturbando Maeve, pelo menos a 'múmia esclerosada", como ele se referia a governanta que nunca voltava para Asgard, o deixava em paz.
"É que...desde que Ângela nasceu, tenho sonhado com meus pais e irmãos todas as noites."-respondeu com um olhar triste.
"Outros pesadelos?"-Maeve sentou-se na cama preocupada.-"Pensei que não os tinha mais. Há meses que não..."
"Não eram pesadelos, Maeve. Mas eles pareciam que eles me esperavam...esperavam algo de mim."
"Desculpe-me perguntar, mas...Quando foi a última vez que visitou os túmulos de seus entes queridos?"-perguntou receosa.
"Nunca os visitei."-falou incomodado com o assunto.-"A última vez que estive lá...ganhei o apelido de Máscara da Morte!"
"Talvez você..."
"Acredite, não quero ir até lá!"-rebateu com um tom de voz que indicava que o assunto estava encerrado.
Nervosa por ele estar falando com ela naquele tom, Maeve replicou:
"Führen Sie letzten!"-e fechou a cara.
"Em meu idioma, per favore!"
"Cabeça dura!"-ela respondeu.-"Acho que enquanto não despedir-se deles de maneira definitiva, eles não terão paz... e nem você."
Ele ficou calado, ouvindo-a.
"Nunca se despediu de seus pais e irmãos."-ela falou com um tom mais brando.-"Precisa se desculpar com seu passado, para continuar...por mim, por você e por Ângela."
"Está certa, mi bellezza!"-e ele a abraçou e começou a beijá-la com paixão.-"Mi scusi..."-ele continuou a beijá-la e a boca descia pelo seu pescoço.
"Na-na-ni-na-não!"-ela o empurrou.-"Ainda estou de resguardo!"
"Cazzo! Con milli demoni!"-ele resmungou.-"Você está me torturando com essa espera...e gosta disso!"
"Eu?"-ela se fez de inocente.
Então o choro de Ângela os chama, Maeve já ia se levantando quando ele a impede.
"Não é choro de fome. Vou lá!"
Maeve olhou admirada para seu marido, desde que se tornara pai havia demonstrado uma dedicação, um carinho, um amor sem medidas por Ângela, e faz questão de sempre estar por perto dela no que puder ajudar. Mesmo que isso inclua trocar fraldas.
Sorrateiramente, ela o seguiu até o quarto do bebê, ao lado do deles, e sorriu ao vê-lo cuidando da filha.
"Então..."-ele conversava com o bebê,enquanto a trocava.-"Que surpresas me reserva hoje, senhorita Mastrangelo? Dio mio! O que sua mãe anda te dando para comer? Comida mexicana? Ou aquela gororoba da Múmia?"
Maeve balançou a cabeça e decidiu deixar pai e filha a sós.
"Esses cabelinhos loiros e esses olhinhos azuis vão fazer muito marmanjo cair aos seus pés."-ele falava embalando-a para dormir.-"E eu vou adorar botar todo mundo para correr."
Depois de colocá-la no berço, ficou admirando a filha adormecida, e tomou uma decisão. Realmente precisava se acertar com o passado...para viver em paz com sua família.
Oooooooooooooooooooooo
Uma freada brusca e o ônibus para, chegando ao seu destino e fazendo Giovanni acordar de seus devaneios. Viu a pequena cidade e sentiu um tremor. Não era medo, pois não havia nada ali a ser temido...era um sentimento difícil de ser descrito. Desceu no ponto final e ficou parado, em meio a praça com uma mochila pendurada no ombro, observando o local.
Reconheceu a antiga pousada, sorriu e depois olhou o jeans surrado e sujo de poeira e camisa pólo vermelha e amassada de tanto ficar sentado. Queria tomar um banho e se trocar e para lá seguiu. Depois de ter se registrado, estava em seu quarto, de banho tomado e enrolado com a toalha na cintura, deitado na cama e olhando o teto. Seus pensamentos estavam no passado.
Anos atrás passou rapidamente por aqui, interessava apenas em descobrir os nomes dos homens que haviam matado sua família e deu a cada um deles uma morte terrível! Poucos viram seu rosto...menos ainda sobreviveram a ele...saiu dessa terra sendo chamado por um dos que permitiu viver de Maschera della Morte...Máscara da Morte.
Fechou os olhos, estava cansado e adormeceu...logo, teve um sonho perturbador.
Ooooooooooooooooooooooooo
"Demone infernale!"-uma mulher gritava abraçada a seu filho pequeno...eram os únicos sobreviventes do terrível mensageiro da morte que matou a todos os membros da família mafiosa que aterroriza aquela região.
Foram poupados por que era uma criança e uma mulher grávida...e ele não sabia por que ser deu o trabalho de sentir pena deles. Os gritos histéricos dela o incomodavam.
Um garotinho olhava aterrorizado o rapaz que diante dele, carregava as cabeças de seu pai, tio e seu avô...lágrimas de medo e ódio inundavam-lhes os olhos que jamais seriam inocentes novamente.
O assassino aproximou-se e riu ao ver o desespero da mulher, mas encarou o garoto.
"Maschera della Morte".-o pequeno disse.
"Maschera della Morte?"-ele sorriu.-"Gostei...Serei de hoje em diante...Máscara da Morte de Câncer."
E gargalhando partiu, levando seus troféus. O garoto gritou a plenos pulmões:
"Io L'ucciderò!"
ooooooooooooooooooooooooooo
Giovanni despertou após ter esse sonho tão estranho. Não era um sonho, mas uma lembrança. Por que? Olhou para o rádio relógio e eram quase quatro horas da tarde. Trocou-se, colocando uma calça de linho preta e uma camisa social cinza.
Seguiu até a igrejinha local, e entrando lá procurou com os olhos alguém que pudesse ajuda-lo. Avistou o velho pároco, arrumando com a ajuda de alguns coroinhas o altar.
"Gennaro...coloque a vela ali, sim?"-ele pedia com a voz pausada e calma, e depois percebeu a presença do Cavaleiro.-"Em que posso ajuda-lo, signore?"
"Mastrangelo..."-ele respondeu e a menção de seu nome fez o padre estremecer, mas de emoção e sorrir.
"Você é o filho de Tonio e de Maria Mastrangelo?"-ele se aproximou e tocou no cavaleiro como se quisesse comprovar que ele era real.-"Sim...é igual ao seu pai. O mesmo porte, o mesmo olhar...não é mais o pequeno Giovanni...mas um homem! Não se lembra de mim? Sei que era muito menino quando aquele casal o levou."
"Sinto...não me recordo muito do senhor. Conheceu minha família, padre...?"
"Francesco...padre Fancesco. Eu celebrei o casamento deles...era um padre em começo de carreira."-depois riu de si mesmo.-"E batizei seus irmãos e você também. Venha, vamos até a sacristia para conversarmos melhor."
Padre Francesco dispensou os meninos e depois seguiu aos fundos da igreja, Chegaram a uma sala pequena, com uma mesa e cadeiras. De dentro de um armário, o padre retirou uma garrafa de vinho e dois canecos.
"É uma pena não ter taças para bebermos esse vinho."-o pároco comentou.
"Por mim está ótimo."-ele aceitou o copo com a bebida e bebeu.-"Muito bom..."
"Sempre esperei que retornasse um dia."-o padre começou a falar.-"Cheguei a pensar que era você quem causou a chacina da Família Rosconni anos atrás...mas, acho isso improvável!"
"Por que acha que não era eu?"-ele perguntou, com um nó no estomago ao relembrar aquela noite.
"Porque os sobrevivente disseram que era um demônio com a forma de um homem que surgiu. Você não me parece um demônio."-ele apontou para Giovanni.-"Você tem um olhar tranqüilo...e uma aliança. Está casado?"
Instintivamente levou a mão à aliança. Ele e Maeve haviam se casado de acordo com as leis de Asgard e com as bênçãos de Atena.
"Sim. E tenho uma filha, de quinze dias."´respondeu sorrindo.
"Quinze dias? Un ângelo então!"-o padre sorriu.
"Sim. Ângela é seu nome."
"E voltou para cá com uma bambina tão novinha em casa? Por que?"
"Precisava fazer uma coisa."-ele suspirou.-"Padre, onde está enterrada a minha família?"
O padre acenou a cabeça concordando, sabia que era um assunto doloroso para o homem diante dele. Mas o fato de saber que ele tinha uma esposa e filha dizia que suas preces foram ouvidas, e o menino que sofreu uma dura perda, seguiu em frente.
"Eu o levarei até lá..."-falou o padre, colocando o caneco sobre a mesa.
Ooooooooooooooooooooooooo
Do lado de fora da igreja, uma pequena multidão se reunia para ver algo na praça. Havia medo e indignação em seus olhares e comentários. Um menino correu até onde o padre estava com seu convidado e disse-lhe, assustado:
"Padre Francesco...Luiggi vai matar Matheo!"
"Dio Mio!"-exclamou o padre.
"Ele quem?"
"Luiggi Rosconi...o rapaz é muito violento!"-disse o padre penalizado, a menção do nome do rapaz causou um calafrio em Giovanni.-"Ele e a mãe sobreviveram à chacina de sua família, mas a pobre mulher enlouqueceu e viveu até seus últimos dias em um hospital psiquiátrico...o filho é movido pela revolta e ódio. Uma pobre alma!"
Com passos decididos e ignorando os chamados do padre, o Cavaleiro de Câncer caminha até a praça, e encontra um homem jovem de cabelos claros apontando uma arma para outro que estava ajoelhado ao chão. Ao vê-lo, a imagem do menino que gritava revoltado que iria matá-lo, veio a sua mente. Era ele mesmo!
"Melhor não fazer isso."-ele falou, atraindo a atenção de Luiggi.-"Não é ele a pessoa para quem você deveria apontar essa arma."
O rapaz loiro, aparentemente embriagado, o encarou e ficou lívido de repente, como se o reconhecesse. O Cavaleiro procurou manter-se indiferente ao pavor estampado nos olhos dele.
"Maschera della Morte!"-ele murmurou, tremendo levemente a mão.
Depois se encararam e o rapaz sorriu, um sorriso que poderia causar arrepios em pessoas comuns, apontou a arma para ele e falou.
"Esperei muito por isso."
"Tá no seu direito."-respondeu sem piscar, olhando friamente para o rapaz, enquanto a arma estava direcionada a sua cabeça.
"Por Dio!"-falava o padre ficando entre eles.-"Parem em nome de Deus!"
"Aqui não."-falou Luiggi.-"Seria rápido demais!"
"Não pretendo sair da cidade ainda."-disse-lhe Giovanni.-"Podemos acertar essas contas depois."
O rapaz riu como se ouvisse uma piada e guardou a arma, naquela hora apareceu um policial totalmente fora de forma, mandando todos irem embora e cuidarem de suas vidas. Luiggi acenou com a cabeça e saiu.
"O que houve aqui?"-perguntou o padre.-"Você o conhece?"
"Sim."
"De onde?"-insistiu o pároco.
"Do meu passado negro."-ele coloca as mãos nos bolsos.-"Padre, deixe a visita a meus pais para depois. Não posso vê-los ainda...ainda não."
Continua...A seguir: Acerto de contas.
Notas:
Traduções.
Führen Sie letzten – Cabeça dura.
Mi scuzi – Desculpe-me.
Con milli demoni – com mil demônios
Demone infernale – Demônio infernal.
Maschera della Morte – Máscara da Morte..dããããã..como se ninguém fosse notar isso! ¬¬
Io L'ucciderò – Eu vou matar você.
