N/A: Aí está o capítulo um da série. Espero que estejam gostando. E eu acho que, antes de mais nada eu devo explicar que eu estou reescrevendo toda a fic. Porque do jeito que estava antes simplesmentenão estava bom. Então quem estava lendo a antiga, antesde eu reformular tudo, me perdoe, mas não deixe de ler agora.

Criticas, elogios, sugestões? Não se sintam acanhados em comentar ! Agora vamos ao que realmente interessa:


Capítulo # 1

Rumos Novos, Lembranças Antigas

Era madrugada, podia se sentir o ar frio em meio às brumas da manhã. Naquela hora Amy imaginou que Severo estaria deitado confortavelmente em sua cama, acreditando estar tudo normal, se não fosse pelo simples fato de ela não estar deitada ao seu lado como costumava fazer.

Ledo engano.

Na sede da Ordem da Fênix, Remo Lupin corria os olhos cansados sobre o pequeno pedaço de pergaminho pela segunda vez. Ele não conseguia assimilar a idéia. Deveria ser um sonho, ou então uma brincadeira de mau gosto da parte de Amy.

Mas ela nunca brincaria dessa maneira...

Dizia no bilhete que ela havia partido assim que conseguiu a licença para aparatar. E que não deviam procurá-la. Logo o tempo mostraria as coisas mais nitidamente. E se tudo desse certo voltaria para a Ordem. E para Severo.

Também pedia desculpas por não poder mais ministrar sua poção. Mas agora isso era o de menos. Aonde ela se metera afinal? O que pretendia?

Não havia escolha, Remo teria de alertar a Dumbledore, teria de falar com Snape. Talvez ele soubesse...


A chuva fina e fria caía do céu ainda escuro da madrugada e a molhava por inteiro enquanto caminhava pela estrada lamacenta de chão batido. Ao longe tudo o que os moradores daquela vila poderiam ver através das janelas velhas de suas casas seria um borrão, alto e magro vestido inteiramente de preto. Ela andava devagar, preparando-se mentalmente para o que iria enfrentar. Desfazendo-se de cada lembrança que pudesse ser uma armadilha.

Fora fácil reconhecer e encontrar a casa (que na verdade, era praticamente um castelo). No ponto mais alto daquele lugar remoto. A casa mais imponente e antiga. Provavelmente pertencera a algum barão no passado.

O povo temia o dono do lugar. E tinha razão em fazê-lo.

Pois o proprietário era ninguém mais ninguém menos do que Lorde Voldemort. É claro que a aquela gente não fazia idéia de quem ele fosse. Primeiro porque eram todos trouxas; segundo porque o lorde das trevas não saía pelas ruas distribuindo cruciatus pelo caminho, por mais que a tentação fosse grande e estivesse cercado do que ele chamava 'escória da humanidade', tinha que se manter discreto.

E que outro lugar poderia ser melhor para um esconderijo do lorde se não do que no meio desses trouxas inocentes?

Amy sorriu daquela maneira convencida. Seria um desafio e tanto se infiltrar naquela ordem e ainda tentar escapar de receber a marca negra. A mesma que acariciara e que vira tantas vezes decorando o braço pálido de Severo.

Ela rezava, com os passos lentos que dava naquela lama. Tirando forças do fundo de sua alma para conseguir continuar.

Na beira da estrada surgia um pequeno bosque, com árvores frondosas. Ela não sabia de onde tinha tirado essa idéia, talvez fosse porque o medo agora vinha atormentá-la, mas pensou que se quisesse causar uma boa impressão não deveria aparecer encharcada dos pés a cabeça e tremendo de frio feito um bode velho, sem falar que totalmente desprevenida para o que poderia acontecer.

Decidiu adentrar o bosque. Refugiar-se no meio das árvores. Com a varinha conjurou algo que poderia se passar por uma tenda, e permaneceu lá dentro. Esperando para que a chuva não tardasse a passar.

Fechou os olhos, e inconscientemente foi levada de volta a um passado não muito distante. Quando as coisas começavam a mudar em sua vida.

(flashback)

Amy acabara de entrar no castelo de Hogwarts, a noite lá fora continuava fria e o céu maravilhoso, cravejado de estrelas brilhantes como diamantes na órbita celeste. Estava prestes a ser selecionada pelo chapéu seletor. Era tudo novo e maravilhoso.

"Geller, Amy" A professora Minerva a chamara. Fascinada com tudo e com todos Amy rumou até o banquinho de três pernas. Virou-se para encarar a multidão,estavam todos atentos e ela estava nervosa.Lentamente sentou-se. Logo em seguida sua visão foi encoberta pelo chapéu inúmeras vezes maior do que sua cabeça e sentiu uma estranha sensação. Como se um líquido metálico e gelado escorresse para dentro de sua cabeça através da nuca.Então repentinamente pôde escutar uma vozinha no fundo de sua mente.

"Hm, posso ver que há muita determinação aqui, e idéias visionárias também! Sem duvida que você daria uma ótima Corvinal. Mas talvez..." o chapéu hesitou "Talvez o quê?" Amy perguntara curiosa quando finalmente havia conseguido se recuperar do susto. "Talvez eles não aprovem suas idéias, sua índole... Ha uma pequena probabilidade disso acontecer. Espere, estou vendo um pouco mais... Que mente brumosa você tem aí Geller, se parece muito com seu pai. Quem sabe...".

- Sonserina!

Gritara o chapéu de repente, fazendo o coração de Amy subir até a garganta mais uma vez.

Aplausos irromperam da mesa enfeitada de verde e prata. Instintivamente Amy seguiu até lá. E sentou-se ao lado de Emily Fraiser. Uma garota que conhecera ainda no expresso. "Bem vinda a melhor casa de Hogwarts" disseram alguns garotos mais velhos lhe dando uns tapinhas amistosos nas costas.

Já sentada e devidamente acomodada na mesa, Amy repara, pela primeira vez desde que chegara, naquele homem.

Estava sentado na mesa dos professores, num canto mais reservado. Os cabelos no comprimento do queixo caindo sobre os olhos negros. Olhos sem brilho. Cheios de amargura. Olhos que a observavam sorrateiros.Os de Amy, amarelos como o âmbar, o encararam de volta. Ela sorriu, seu sorriso zombeteiro. Ele desviou o olhar incomodado. Talvez, se tivesse desviado um pouco antes, se não tivesse olhado, talvez assim pudesse ter escapado. Mas agora era tarde...

Com a escuridão que habitava em seus olhos ele havia capturado a curiosidade e a determinação de Geller. E não se veria livre dela tão facilmente.

Foi assim que tudo começou...Uma fascinação infantil, de uma garotinha de onze anos.

(fim do flashback)

Severo Snape andava a passos largos e desesperados pela mansão Black. Sem pensar duas vezes escancarava todas as portas que pudesse encontrar pelos corredores escuros. Os olhos brilhando de fúria, insanidade e medo. Medo mortal de ter perdido seu anjo da guarda.

Ele não podia acreditar que ela se fora. Ainda procurava, mas sabia que era apenas para enganar seu coração da dor que viria quando sue cérebro finalmente assimilasse a idéia. Nessa procura desembestada não podia deixar de se perguntar qual teria sido o propósito?

Estava tudo bem entre eles dois. Estava. Exatamente, pois já não está mais. Como ela pôde? Por que justo agora quando as coisas começavam a dar certo para ele? Depois de fazê-lo abrir o coração e se entregar. Confiar em alguém novamente...E se ela não voltasse mais? E se ...algo acontecesse?

Ele mataria, ah sim. Fosse quem fosse que ousasse colocar as mãos nela!

Mas que droga! Ele tinha que se acalmar. Precisava raciocinar. Ela já andava dando pistas de que faria algo assim. Estava agindo muito estranha nos últimos dias. Desde que fora ao Beco Diagonal para comprar alguns suprimentos de ervas. E por isso mesmo ele não a deixara mais sair da Ordem sozinha. Teria sido um erro seu?

Amy era assim, cheia de idéias malucas. E se ele não estivesse enganado, tinha sido por causa dessas maluquices dela que os dois estavam juntos. Uma garota irritantemente imprevisível.

(flashback)

Era a ultima aula do dia para Severo. Finalmente poderia dedicar seu precioso tempo para si mesmo.

Ele estava sentado em sua mesa, diante dele, não mais do que quarenta alunos acomodados em suas carteiras e com as cabeças baixas escrevendo freneticamente em seus pergaminhos o exercício que ele passara. Tudo o que se podia escutar era o arranhar das penas nas folhas grossas.

Estavam todos escrevendo. Todos. Exceto ela. Amy Geller e seus olhos felinos. Sentada elegantemente com as costas eretas. Pernas cruzadas sob as vestes escuras. As mãos entrelaçadas num arco delicado, apoiadas na mesa a sua frente. Uma figura alta e magra. Esbelta talvez a descrevesse melhor.Ela o encarava. O observava com aqueles olhos estranhamente brilhantes. E o sorriso brincando em seus lábios naturalmente finos.

O período de aula havia acabado. Snape dispensava os alunos com indiferença. Eles caminhavam até sua mesa, entregavam a redação e saíam aliviados. Novamente, todos eles. Todos, menos ela.

Amy esperava por sua atenção de pé diante da mesa do professor. Ele levantou os olhos de suas anotações para fitá-la."O que foi dessa vez senhorita Geller?".

"Temo que não consegui completar a tarefa, professor".Ela o olhava com uma falsa expressão de coitadinha estampada no rosto. "Mesma hora, mesmo lugar para detenção?" Perguntou com um quê de empolgação mal disfarçada.

Snape encarou-a desconfiado. Ou aquela garota era masoquista ou extremamente doida. O que na verdade não tinha muita diferença.

Ela estava jogando ele sabia. Só não sabia aonde é que ela queria chegar com tudo isso. Snape não tiraria pontos de sua casa por isso. Os dois pareciam concordar que não haveria essa necessidade. Então Amy se oferecera para cumprir detenção. E por que não castigá-la um pouco pela sua impertinência?

"Muito bem senhorita Geller, já que insiste. Uma semana de detenção".Um brilho sádico em seus olhos significando que ele até que estava se divertido.

Por um momento o sorriso no rosto de Amy pareceu fraquejar, mas logo retomou sua desenvoltura.Snape continuou "Me encontrará aqui, na sala de poções para limpar e re-catalogar os ingredientes das prateleiras após as aulas. Sem magia".Agora Amy sorria mais ferozmente do que nunca. Seus olhos pareciam em chamas e ela serrara os punhos tentando conter-se. Para Snape aquilo significava apenas uma coisa: Sucesso! Conseguira provocá-la...

Naquela hora nunca imaginou que fosse se arrepender tanto de passar uma semana com aquela garota. Mas no fim, valera a pena. Ela desvendara a vida dele através de um diário. Fizera-o encarar seus medos. E permanecera do seu lado. Até agora.

(fim do flashback)

O coração de Severo acelerou. Tanta coisa que passaram...Tanta coisa que fizeram...e agora ela sumira. Desaparecera com fumaça no ar. Se ele não se controlasse, logo as lagrimas inundariam seus olhos.

Socou a parede de madeira podre. A estrutura rangeu e caiu um pouco de reboco atrás de si. Ele disfarçava a dor e a frustração com a raiva.

Mas onde é que está o Lupin quando se precisa dele? Pensou irritado, voltando a andar a passos longos e barulhentos pelo corredor, mas dessa vez sem escancarar nenhuma porta.

Foi direto para a sala de reuniões. Onde Dumbledore costumava ficar quando estava na sede. Remo estaria lá também, ele tinha quase certeza.

Acertou bem no ponto. Quando estava quase chegando, pôde ver Lupin saindo pela porta e fechando-a atrás de si.

"Onde está?" Perguntou Severo rudemente.

"Do que está falando?" Remo perguntou de volta, confuso e com um sorriso bobo na cara.

"O bilhete".Disse com ênfase, o encarando cheio de fúria contida.

"Ah!" Remo compreendeu e enfiou a mão no bolso, retirando o pedaço de pergaminho delicadamente dobrado e entregando-o a Snape.

Este o segurou com todo o cuidado. Como se a essência de Amy estivesse contida ali dentro. E sem dirigir uma palavra a Lupin, deu as costas e rumou para o seu quarto a fim de investigar melhor a mensagem. Ver se encontrava algo escrito nas entrelinhas....

Alfnal, investiga e analizar era sua especialidade. E criar mensasgens cheias de segredos era a de Amy.