Capítulo #2

Memórias e Declarações

Entrou praticamente chutando a porta do quarto que se fechou automaticamente às suas costas. Snape mal podia conter-se.

Sentou em sua escrivaninha e desdobrou o pergaminho com todo o cuidado. As mãos tremulas, a respiração palpitante.

Remo,

Me perdoe, mas não terei mais condições de ministrar a poção para você. Tenho certeza de que Severo não se importará de voltar a fazê-lo.

Como você logo irá notar, enquanto estiver lendo este bilhete, o que eu suponho que esteja fazendo agora, eu já não me encontrarei mais em lugar algum da sede. Bem, isso é porque eu realmente não estou mais em Grimauld Place nº 12.

Mas ainda ha esperança. E eu pretendo buscá-la em algum lugar improvável.

Peço que não venham ao meu encalço, pois com o tempo irão se acostumar, e este deverá mostrar-lhes as coisas com mais clareza.

Se tudo der certo, voltarei sã e salva. Para a ordem e para ele.

Reze por mim.

Com minhas sinceras desculpas,

Amy Geller.

"Se tudo der certo..." oh Merlin o que ela estava planejando?


O sol surgia por trás das nuvens escuras. A chuva tendia a parar. Transformando-se em uma garoa leve.

Amy levantou-se. Secou as vestes magicamente. Os cabelos ainda escorriam molhados.

Ela sorriu quando teve sua mente invadida pela memória do terrível professor de poções naquela noite torrencial de Haloween, envolvendo-a com uma toalha quente. A preocupação carinhosa surgindo em seus olhos pela primeira vez.

Sacudiu a cabeça tentando afastar esses pensamentos. Snape lhe falara uma vez, que aquele-que-não-deve-ser-nomeado tinha a habilidade da Legilimência, qualquer pensamento desse tipo diante dele e estava tudo acabado.

Olhou para fora do bosque. A estrada molhada; a luz da manhã refletindo nas poças. Sentiu que não conseguiria continuar.

Voltou-se novamente para dentro da tenda, onde a bolsa estava colocada, num canto seco. Pegou-a, abriu o zíper e de dentro retirou um livrinho preto, velho e meio amassado nas pontas. Dentro da bolsa havia também uma pena lilás que sua avó lhe dera antes de ir para Hogwarts e um vidro de tinta preta.

Abriu o tinteiro lentamente e com cuidado. Pegou a pena e molhou-a na tinta. Abriu o diário que estava totalmente em branco e sem cerimônia escreveu.

"Mostre-me as primeiras páginas."

E então manchas escuras foram surgindo à medida que as letras começavam se formar diante de seus olhos. Outrora ela teria se assustado com o que estava acontecendo. Como fora na primeira vez que escrevera nele. Ainda se lembrava nitidamente, e sorriu agradecia para aquela pilha de pergaminhos encadernados como se esse pudesse vê-la e perceber seus pensamentos. Pensamentos estes de uma certa semana de detenção...

(outro flashback)

" Já não agüento mais!! É apenas a segunda noite, meus braços doem tanto que eu nem sei como ainda consigo escrever. Começo a desistir, não sei o que ele tanto esconde por de trás de toda essa amargura. Estou acreditando que ele não esconde é nada, simplesmente nasceu assim. E se não mudar, logo vai morrer assim também."

"Acredite, este homem tem muitos segredos".

"Por que você simplesmente não me conta então, já que tem acesso a todas as anotações tanto dele quanto de tudo no mundo não é? E além do mais, você já sabe o que é. È fácil manter todo esse mistério".

Amy esperou por uma resposta. Acreditando que o diário lhe daria mais uma desculpa esfarrapada do por quê de não falar. Ou melhor, de não lhe mostrar o que Severo Snape tanto escondia. Logo a tinta sumiu e lentamente reapareceu, com uma letra que não era a sua. Com palavras que não eram as suas. A princípio acreditou que fosse o diário, mas logo percebeu que havia uma maneira diferente naquelas anotações e a letra também não era a que costumava aparecer quando o diário lhe respondia.

18, Julho

Está tudo programado. Lucio conseguiu um lugar para mim, logo irei me juntar a um propósito maior do que se pode imaginar.

Logo Black e seu amiguinho Potter irão se arrepender por cada coisa que já me fizeram. Irão desejar não ter nascido, pois o Lorde é generoso com quem lhe serve bem. E eu hei de servi-lo muito bem.(...)

Novamente as palavras desaparecem e são substituídas por outras. Ainda da mesma pessoa.

27, Novembro

Finalmente o momento chegou. Uma chave de portal será ativada às 20:00 hrs no salão comunal. Mal posso esperar, será tudo diferente de agora em diante. Régulo irá comigo, e há também mais alguns alunos de outras casas que não consegui identificar. Fomos instruídos a trajar preto dos pés a cabeça. E não iremos desapontar o mestre. Ao menos eu não irei...(...)

2, Janeiro

Fui assolado por uma febre durante essa ultima semana. Lúcio disse que era normal, fazia parte da adaptação. Nunca achei que doeria tanto. Mas agora está feito. Eu tenho a marca. Ela está gravada no meu antebraço esquerdo.

Está ardendo terrivelmente. Significa que ele está nos convocando. Ao menos aqueles que podem aparatar para seguir aos seus propósitos. Eu que ainda sou aluno devo permanecer em Hogwarts e suportar a dor em silencio.(...)

A cada linha, a boca de Amy abria um pouco mais em sinal de surpresa.

"Satisfeita?" lhe perguntou o diário.

Amy não sabia o que responder. As palavras ainda brilhando vividas em sua mente. "Ela está gravada no meu antebraço esquerdo". Oh Merlin!

Isso quer dizer que Severo Snape era um Comensal da Morte! Será que Dumbledore sabia disso? Será que era certo ela falar?

Pois se falasse teria que dizer como descobriu. E sabia bem que o seu diário não era lá o que se pode chamar de brinquedo inofensivo. Em outras palavras, era um artefato repleto de magia negra. E tinha mais. Amy não compreendia o medo que os Comensais inspiravam. Pois não sabia exatamente o que faziam. Sabia que seu pai tinha sido um, e fora esse o provável motivo de sua morte. Mas era tudo secreto de mais. Sempre sussurrado em sua casa, para que ela não pudesse ouvir.

"O que o fez se tornar um Comensal?" ela tornou a perguntar para o diário, a mão tremula diante daquela revelação.

"Ele teve alguns desentendimentos no passado... Mas se eu continuar lhe falando de toda a vida dele vou acabar desestimulando você. Que primeiramente havia se interessado nele por causa de todo esse mistério ".

O diário tinha razão, ela já tinha informação suficiente. Agora tudo o que precisava fazer era esperar pelo momento oportuno.

Decidira por guardar esse segredo de Severo. Fosse o que fosse, Voldemort já havia sido destruído pelo menino-que-sobreviveu. Não havia mais nada que um comensal pudesse fazer sem o seu mestre.

"Obrigada, já sei o que fazer..."

essa foi a resposta vaga que Amy escreveu no diário.

"Eu sugiro que tome cuidado. Uma vez o caminho escolhido, não haverá mais volta".O diário fora ainda mais vago. Amy não conseguiu compreender o que ele queria dizer. Deu de ombros e fechou o livrinho, na intenção de conseguir dormir um pouco, e se preparar para mais uma detenção no dia seguinte. Dessa vez, uma detenção não tão terrível assim. Pelo menos pelo lado dela. Pelo lado de Severo, ela tornaria tudo um inferno, tinha quase certeza.

(fim do flashback)


"Revele seus segredos!" Snape tentava pela quarta vez consecutiva retirar alguma coisa daquele pedaço de pergaminho. Estava quase desistindo quando gradativamente as palavras foram se separando e embaralhando. Algo novo começava a surgir na folha. O coração do homem acelerou, finalmente saberia do paradeiro dela, iria encontrá-la e trazê-la de volta. Iria trancá-a a sete chaves. Iria se acorrentar a ela se fosse necessário.

Por um momento a tinta tornou-se ilegível, mas logo que as palavras se reajustaram Severo começo a lê-las. Isso para não dizer devorá-las com os olhos.

"Se a cada gota de chuva nos tornamos mais frios,

é culpa do frio que nos consome.

Se a cada gota de mel nos tornamos amores,

É do amor que nós partilhamos.

E enquanto amamos, chove

Pois enquanto chove amamos.

Não só a nós, mas acima de tudo eu e você.

E que assim seja pouco antes de eu morrer,

pois minha morte é tua redenção, e isso já me basta.

Se a cada gota de chuva, eu, o meu ultimo suspiro derramar,

Que cada flor que nasça em meu túmulo vire luz

E que guie o teu caminho em paz.

Já queenquanto chove, devaneio

Pois enquanto devaneio, chove..."

"Eu te amo Severo, nunca se esqueça disso. Por que eu não vou esquecer."

E então, inesperadamente o pergaminho pegou fogo e se consomiu diante dos olhos cheios de surpresa daquele homem, restavam agora apenas cinzas sobre a mesa de mogno da escrivaninha. Snape deferiu mais um soco na madeira. E dessa vez, as lágrimas lhe escapam.

Àquela era uma carta de despedida.

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N/A:
E aí? Como é q ta ficando? Espero q estejam gostando...

Vamos lá, não se acanhem podem comentar. Dizer q tah uma porcaria...dizer q tah bom!

Espero pelos seus comentários, eles é que me guiam na direção certa.