Capítulo 13. A ação dos aurores

Ninguém poderia prever que a insurreição de Munique não resistiria às primeiras horas da manhã.

O boato de que Rodolfo Lestrange fora visto comprando passagens para um trem trouxa que seguiria para Munique colocou as autoridades em alerta. O apoio do Departamento de Mistérios nunca aconteceu e o ministro da magia alemão teve que apenas remanejar um esquadrão de buscas que estivera vasculhando a Floresta Negra para Munique. Poucos trouxas chegaram sequer a perceber que algo excepcional aconteceu na cidade naquele dia.

Aurores ingleses, que estavam no país em segredo há meses, aparataram na cidade e a fecharam completamente para impedir a fuga dos "cabeças". Alastor Moody havia selecionado metodicamente os aurores que, seguindo a dica de seu informante, prenderiam Igor Karkaroff.

Os ingleses sabiam perfeitamente que, pela primeira vez, colocariam as mãos num Comensal que realmente tinha coisas importantes para falar - sob um estímulo adequado, claro.

Uma semana antes, ainda na Inglaterra, Moody recebera em sua mesa no Departamento de Mistérios um detalhado relatório sobre depoimentos tomados de bruxos adolescentes presos em Munique, Alemanha. Vários deles haviam relatado terem sido convidados para uma palestra com um professor búlgaro especialista na história da teoria da purificação. Por mais de uma hora, esse professor teria falado da evolução dos movimentos purificadores europeus, indo desde Slyterin até Grindewald, dando especial atenção a um certo bruxo das trevas que atualmente comandava um grupo de bruxos ingleses comprometidos com o que chamava de "a causa".

De posse dessas informações, Moody entrou em contato com a Assembléia Internacional dos Bruxos e com o Ministério da Magia búlgaro na esperança de que pudesse identificar o tal professor. Foram necessários poucos dias até que a ficha completa de Karkaroff chegasse a Moody, dando conta de diversos disfarces comumente usados por ele e listando os crimes dos quais era suspeito (assassinato, prática ilegal de artes das trevas, contrabando de objetos mágicos proibidos para o Reino Unido e atentado contra trouxas - esse último baseado num ainda não aprovado Código Internacional de Defesa dos Trouxas).

Os agentes da Assembléia Internacional haviam seguido os passos de Karkaroff desde que saíra da Inglaterra em direção à Bulgária e tinham-no perdido na Suíça. Mas logo não havia nenhuma dúvida de que o professor búlgaro em Munique era mesmo Igor Karkaroff.

Imediatamente Moody montou uma pequena equipe de aurores de elite e seguiu para a Alemanha. Com Munique totalmente cercada de aurores ingleses e alemães, não havia sido nada difícil localizar o bruxo numa estação, tentando pegar um Expresso-bruxo para Berne, Suíça.

Ao perceber que a cidade estava sitiada, quase todo o grupo de Comensais debandou sem controle pela rede de Flu, mesmo sabendo que ela era controlada pelos Ministérios da Magia de todo o mundo. Acabaram sendo presos, obviamente. Ninguém tinha idéia de onde Rookwood deveria estar e nem de como contatá-lo em busca de orientações. Karkaroff, que fora encarregado de tirar do país consigo centenas de documentos da ação de Comensais na cidade, além de diversas anotações, bilhetes vindos de Londres e senhas para a ativação de Chaves de Portal seguras em Amsterdã, acabou sendo preso quando tentava fugir.

Algumas dezenas de jovens bruxos alemães também foram presas por tentativa de atentado a trouxas. Dois aurores acabaram levemente feridos nos combates, enquanto cerca de quarenta militantes do Movimento Comensal alemão foram internados em diversos graus de gravidade no hospital bruxo local, numa ala guardada por aurores.

Ao subtraírem a maleta de Karkaroff ainda na estação, os aurores sabiam exatamente o que faziam. E mais - tinham a certeza exata do que fazer para abri-la sem serem afetados por qualquer maldição que houvesse no feitiço de tranca. Nem a poção que Snape jogara sobre todo o couro da maleta, supostamente para fazê-la explodir violentamente se qualquer um que não fosse Lord Voldemort tentasse abri-la, chegou a fazer qualquer efeito.

Longe de revelar qualquer incompetência de Snape - responsável por todos os feitiços e encantamentos de segurança - a falha de todas as artimanhas criadas para proteger a missão dos Comensais na Alemanha parecia deliberada e confirmava a suspeita de Bellatrix de que houvesse um traidor entre eles. A verdade é que Severo tinha cuidado para que os aurores alemães soubessem precisamente onde prender Igor Karkaroff, Bellatrix Black e Rodolfo Lestrange naquele fatídico 13 de julho de 1981.

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- Tivemos que submetê-lo aos dementadores - disse o auror num inglês carregado. - Ele não quer mesmo abrir a boca...

As feições de Moody permaneceram impassíveis à observação. Apenas seguiu pelo caminho escuro, em direção ao fim do corredor de pedra. A umidade ali era doentia e, misturada ao frio, parecia formar um ambiente perfeito para o desenvolvimento de doenças respiratórias.

O ar saía das narinas em nuvens opacas enquanto o auror inglês caminhava, mancando sobre uma das pernas.

- Travers - chamou o alemão, retirando um enorme chaveiro do bolso da capa e batendo nas grades, produzindo um barulho ensurdecedor.

Do lado de fora da cela escura, era difícil imaginar que realmente existia um ser humano ali dentro. Tudo o que se podia distinguir era um amontoado de trapos imundos que parecia ressonar a intervalos constantes.

Com o barulho, o montinho de pano sujo e rasgado se agitou, revelando um bruxo baixinho, magricela e de cabelos ruivos compridos. Seu rosto parecia assustadoramente com uma caveira, tanto pela magreza quanto pela palidez.

Moody fez um sinal para que o alemão abrisse a cela, ao que ele obedeceu e Moody entrou.

Travers o acompanhou com os olhos, ou, pelo menos, tentou. Seus olhos pareciam insistir em revirar sem controle nas órbitas de tempos em tempos, como algum tipo de tique estranho.

- Oh, agora realmente me senti importante - fez o preso. - Alastor Moody em pessoa veio me interrogar?

- Sim... - respondeu Moody. Então apontou o dedo para o enorme curativo no nariz e acrescentou: - Privilégio daqueles que subtraem partes do meu corpo antes de serem capturados.

Moody ergueu a varinha e o próximo som que foi ouvido foi um grito esganiçado, como se a pessoa que gritasse estivesse sufocando.

Assim como começou, o grito parou quando Moody abaixou a varinha. Travers tinha os olhos mais uma vez girando nas órbitas e um fio de espuma branca lhe descia pelo canto esquerdo da boca aberta.

Após alguns instantes, o preso pareceu despertar e começou a rir, um riso escandaloso e sombrio que ecoava nas paredes de pedra como um grasnado de algum animal esquisito. Travers tinha definitivamente um bom motivo para rir:

- Desista, Moody! Não tem nada que você possa usar em mim que já não tenham usado - falava, entre gargalhadas insanas. - Você não vai tirar nada de... Ahhhh!

Suas palavras se perderam em meio a outro grito. Moody tinha a varinha novamente erguida e o rosto duro parecia simplesmente não se incomodar com o corpo do preso se contorcendo horrivelmente a seus pés.

- Então, onde está Rodolfo Lestrange e o que ele veio fazer aqui para Voldemort? - a voz do auror ecoou nas paredes cavernosas da cela.

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Alastor Moody foi obrigado a deixar às pressas as investigações na Alemanha e a tomada de depoimentos para retornar à Inglaterra assim que ouviu a informação da boca de Travers.

Usando de sua autorização especial de auror, o bruxo fez a solicitação de uma Chave de Portal direto para o átrio do Ministério da Magia inglês. Ignorando sumariamente todos os protocolos burocráticos que exigiam que parasse na segurança para pesagem de varinha, pegou o elevador direto para o nível dois, empurrando todos que estavam em seu caminho com brutalidade.

Desceu em frente à placa dourada do Departamento de Execução das Leis da Magia, passou direto pelo Quartel General dos Aurores fingindo não ver os acenos ansiosos que lhe eram lançados de lá, e invadiu a sala de Bartô Crouch anunciando o que descobrira: Bellatrix Black, procurada por invadir dois Ministérios da Magia e por cometer meia dúzia de assassinatos e torturas, estava fazendo a segurança de Rodolfo Lestrange.

Em poucos dias, esta era a ordem que circulava nos corredores do Departamento de Mistérios: qualquer suspeita, qualquer notícia ou citação em depoimentos do nome de Bellatrix deveria ser levada diretamente à chefia do Departamento de Execução das Leis da Magia.

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N/A:

Eu sei, um capítulo em que os personagens principais não dão as caras é meio esquisito. Deixo para a imaginação de vocês como a Bella e o Rodolfo estão conseguindo fugir dos aurores...

Mto obrigada pelas reviews:

Lily Dragon: Calo pelo menos não dói o.o (lembrando que ficou com a mão toda dolorida de tanto esticar os dedos qd tentou aprender a tocar flauta transversal). Hum, não se preocupe, não vou deixar vcs esquecerem da missão, mesmo q estejam mais interessadas é em quando eles vão se acertar n.n"

Ju Black: Eu não leio fic em inglês, tenho uma preguiça medonha XD
No início foi mesmo daquele jeito "vamos ver aonde isso vai dar". Só depois que comecei a planejar (forma de dizer, pq eu não sou nem um pouco organizada...). De todo modo, obrigada o.o"
Isso mesmo, a Bella é foda demais pra isso o/ E eu imaginei os pontinhos desde a primeira vez que eu fiz ela viajar n.n'

Ameria A. Black: Devo encarar a acusação como um elogio? XD
Seus comentarios no meio da fic me fazem rir até, sabia?XD
Eu adoro meu mapa mundi, mesmo que ele seja motivo pra as pessoas que entram no meu quarto me acharem meio... hum, maluca Oo Mas sei lá, eu já me apeguei a ele n.n"

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Bjos,

Bel.