Hyoga
Autora – Megawinsome
Revisão – Naru L
Caminhei pelo corredor frio ao lado de Seiya, não conseguia desviar os olhos das costas delicadas de Saori. Claro, a maioria podia pensar que eu tinha outras intenções com isso, mas no momento tudo o que podia sentir era apreensão. Parar à porta do quarto enquanto observava os dois entrarem no quarto deixou-me com a angustiante impressão de abandono. ' Deve ser a tensão' disse a mim mesmo em pensamento ' Homens não precisam de companhia... muito menos dessa garotinha mimada e atrevida'
Encostei-me à parede esperando pela minha vez de entrar para ver Shiryu e quando isso finalmente aconteceu, não consegui evitar a resposta malcriada que escapou de meus lábios antes que percebesse.
- Pensei que tinha esquecido de mim – Desviei meus olhos para o homem deitado na cama, pouco me importava a reação de Saori. Ignorei o olhar irritado de Seiya, minha mente cansada não conseguia entender o que se passava ' Ele a odeia tanto quanto o resto de nós'
Esperei que ele deixasse o quarto para puxar uma cadeira para o lado da cama, os outros não tinham interesse de ficar perto de um doente pelo visto. Fixei o olhar em Shiryu e pela primeira vez aquilo me chocou, não por eu ter alguma afeição especial por ele, mas sim pela condição fragilizada em que se encontrava ' Podia ser eu deitado ali'
- Cego – murmurei para mim mesmo, não consigo pensar em pior do que ficar desse modo. Ferimentos cicatrizam com o tempo e fisioterapia, cada um de nós passou e passará por isso nesse estilo de vida que escolhemos, mas esse tipo... ' Inútil para a organização' Esse era o tipo de situação que nenhum de nós gostaria de passar. 'Morrer seria um destino mais digno'
oOoOoOo Flashback oOoOoOo
O celular havia vibrado em cima da mesa de centro causando um barulho inconveniente, antes que eu resolvesse para o que estava fazendo com a garota que estava me fazendo 'companhia' aquela noite. Folgas são raras, e nesse tipo de trabalho você tem que aproveitar toda e qualquer chance que tem para 'celebrar a vida'.
Murmurando um palavrão, afastei-me da garota quase relutante e alcancei o celular. Pisquei para a garota, murmurando um pedido de desculpas antes de me afastar ao reconhecer o número de Shiryu. Nenhum deles ligaria àquela hora se não fosse importante.
Caminhei para fora da casa enquanto dizia que ele podia continuar, no pátio eu teria mais privacidade para falar. Quando você aposta sua vida, não pode ter testemunhas que não sejam absolutamente confiáveis. Ouvi calado enquanto ele explicava a missão para qual partiria no dia seguinte, não comentei que tinha ouvida uma parte da discussão dos dois naquela tarde, certas coisas são melhores permanecerem como segredo.
Desliguei ao final do relato e imediatamente disquei o número de Saori, talvez eu conseguisse colocar algum juízo na cabeça da 'chefona sabe-tudo', mas foi em vão. Provavelmente ela reconhecera o número e não me atendera. ' Maldita Atena!' Sabia que eu começaria uma discussão querendo seguir Shiryu e resolvera que ignorar minha ligação seria mais fácil.ignorar-me.
Desviei os olhos para o amplo e bem cuidado jardim à minha frente, tinha um pressentimento ruim quanto àquilo tudo. Voltei para dentro, lutando com a tentação de insistir na ligação para Saori. 'Ela nunca vai atender mesmo...'
oOoOoOo Fim do Flashback oOoOoOo
Abri os olhos de repente ao perceber Shiryu ficar agitado ainda inconsciente. ' Minha culpa, eu deveria tê-lo ajudado mesmo que fosse contras às regras' O que fora apenas um 'sentimento ruim' transformara-se em realidade, aquela poderia ter sido a última missão do ' Dragão'.
- Atena...
Meus olhos voltaram-se na direção da porta quando Shiryu começou a falar, sua voz não passava de um sussurro rouco, mas não podia arriscar que um estranho ouvisse aquilo.
- É perigoso... Realizar essa missão... Sozinho...
Aquelas palavras me atingiram como uma onda gigante de raiva, levantei-me de um pulo da cadeira, desejando desesperadamente jogar a culpa que sentia em alguém ' Qual alvo melhor do que a outra culpada?'. O quarto repentinamente tornou-se pequeno demais, e mesmo sabendo que ele não poderia me ouvir, murmurei um ' Até logo' apressado antes de sair dali quase correndo.
Eu apenas podia imaginar o que Shiryu havia sentido quando tudo começara a dar errado, percorri os corredores procurando pela saída. Precisava desesperadamente de um pouco de ar fresco, precisava de um modo para extinguir aquela sensação de alguém apertando meu coração nas mãos.
