Ikki
Autora – Juli.chan
Revisão – Naru L
Assim que me vi a sós naquele corredor frio de hospital, levantei-me e fui procurar pessoalmente pelos médicos que cuidaram de Shiryu. Não era do meu feitio ficar parado esperando as informações caírem em meu colo.
Detesto hospitais. Nunca tive boas recordações deles. A mais dura que ainda tenho era o de ver a minha mãe morrendo em uma cama de hospital, logo após o nascimento de Shun, eu tinha só quatro anos, e o vagabundo do meu pai tinha nos abandonado meses antes.
Se ele estivesse conosco, talvez a saúde dela não tivesse piorado e ainda estivesse viva.
Balanço a cabeça, afastando tais lembranças ruins.
Aproximei-me de uma jovem médica que auxiliou na cirurgia de emergência e após algumas palavras doces, ditas em seu ouvido, ela começou a me contar os detalhes da operação e o estado em que meu companheiro de missões ficou.
Confesso que isso me abalou mais do que imaginava.
Cego! Aquele que parecia ser o invencível e inabalável Dragão estava cego!
Deveria estar com ódio da Kido pelo o que aconteceu. Era mais fácil culpá-la por tudo. Mas, não consigo. Embora me desagrade profundamente que a liderança da Fundação esteja nas mãos de uma garota tão inexperiente como ela, sei que teve um excelente professor e não cometeria erros tão infantis, a não ser que...
Esse pressentimento ruim novamente. Sempre o tenho quando as coisas vão ficar piores. Alguns chamam de sexto sentido, instinto...Eu chamo de experiência, pois já estive tão perto da morte tantas vezes nesse ramo que ela está se tornando íntima demais.
Fico observando a porta do quarto de Shiryu, e vejo Hyoga saindo de lá apressado, a expressão perturbada. Assim que percebo que não há mais ninguém, dirijo-me ao quarto.
Entro e vejo Shiryu inconsciente ainda, com ataduras pelo corpo e cobrindo os olhos. Fico parado, em pé apenas observando-o. Sei que ele é forte o suficiente para se recuperar, mas o que fará depois? Haveria lugar para ele na Fundação em seu estado?
'Não se preocupe, amigo. Vou pegar quem fez isso com você.'
Então, a porta do quarto abriu e uma enfermeira jovem entrou carregando uma trouxa.
- Oh, desculpe. Acaso é parente do paciente? - Perguntou logo.
- Irmãos. - Respondi sem olhar para ela.
- Sinto muito por seu irmão. - Ela estendeu a trouxa.- São os pertences dele, estavam na emergência. Talvez queira guardá-los.
- Obrigado.- Pego o embrulho e a vejo sair.
Examino o que sobrou das roupas e pertences de Shiryu. Tudo era uma possível pista para esclarecer o que aconteceu realmente. Entre os pertences, encontro uma coisa interessante. Um endereço e o nome de uma mulher.
- Shun-Rei Wu.- Digo o nome em voz alta, e percebo que ele deve ter ouvido, pois ficou agitado.
Guardo o pequeno pedaço de papel em meu bolso. Talvez devesse visitar essa tal de Shun-Rei, e se ela estiver envolvida nisso tudo...
Saio do quarto com a promessa de que esclareceria tudo. Evito os demais, não pretendo envolver ninguém em minhas suspeitas e investigações, prefiro agir sozinho.