Revelações... Mais segredos
Autora - Juliane.chan1
Revisão - Naru L
Assim que sai do hospital, decidi investigar por conta própria o que havia acontecido a Shiryu. Não me agradava em nada ter a suspeita de que poderia haver um traidor entre nós. Já não era fácil ter esse trabalho, mais difícil ainda se teria que desconfiar de meus próprios companheiros.
Subi em minha moto e coloquei o capacete, sem olhar para trás deixei o prédio onde meu amigo ainda estava internado e segui em direção ao endereço que encontrara entre as coisas do 'Dragão'.
Quem seria Shun–Rei? E por que ele nunca dissera nada sobre ela? Estaria investigando–a? Essa mulher estaria de algum modo envolvida nos acontecimentos? Se ela tivesse culpa na infeliz situação de Shiryu, ela teria o que temer!
Algum tempo depois, cheguei ao tal bairro. Parei minha moto em frente a um pequeno prédio, exatamente onde o endereço indicava ser a morada de Shun–Rei. Para não levantar suspeitas, me dirigi ao outro lado da rua. Um pequeno restaurante, e pedi uma água enquanto observava o movimento.
Não sei quanto tempo fiquei ali, até que uma moça de longos cabelos negros, presos com uma trança saiu do prédio. Ela estava usando roupas típicas da China, e parou diante de um grupo de pessoas para conversar.
Tentando não levantar suspeitas, perguntei desinteressadamente a um senhor do meu lado se conhecia a moça.
– Sei que ela se chama Shun–Rei.– Ele me respondeu. – Mas se está interessado nela desista. Soube que ela tem um namorado.
Dei um meio sorriso, tentando parecer desapontado.
'Então é ela a tal Shun–Rei?'
Agora, tudo o que precisava descobrir era até onde ela estava envolvida com Shiryu. Raro acontecer comigo, mas aquilo podia ser apenas uma pista falsa.
Paguei minha água e atravessei a rua em direção a garota. Ela percebeu minha aproximação e parou de conversar para me encarar.
– Com licença, você é Shun–Rei? – Perguntei.
A jovem piscou algumas vezes, olhando para mim, talvez imaginando de onde eu a conhecia.
– Sim, sou eu. Mas quem é você?
– Sou...amigo de Shiryu. Meu nome é Ikki Amamiya.
Prestei bem atenção na reação em seu rosto ou em seus olhos à menção do nome dele, mas para a minha surpresa, não foi a reação que esperava.
– Amigo do Shiryu? – Ela sorriu.– Quer subir e tomar um chá? O senhor trabalha na mesma agência de turismo do Shiryu?
– Agência de Turismo. – Repeti, tentando me acostumar com a idéia. 'Será que ela está envolvida?' – Sim, trabalho na mesma agência que ele.
Subimos por uma escada no edifício simples e antigo, sem que a tal Shun–Rei parasse de falar.
– E como está Shiryu? Não o vejo há muitos dias, só tenho tido noticias dele por cartas.
– Você não tem visto ele?
– Ele me disse que por causa do seu trabalho, vive viajando. – Shun–Rei abriu a porta de um modesto, mas bem arrumado apartamento.– Entre, Amamiya–san. Farei um chá para nós.
– A senhorita mal me conhece e me convida para entrar?
– Se é a amigo do Shiryu, deve ser uma boa pessoa. – Ela falou da cozinha, e aproveitei sua distração para observar o local.
Havia um porta–retrato sobre uma cômoda, e nele a foto de Shiryu e Shun–Rei juntos. Engraçado, isso fez com que eu me desse conta de que não sabia nada sobre meus companheiros. Nem mesmo da vida particular do meu próprio irmão, desde que nos juntamos a Fundação.
– Ele me disse que se um dia um de seus amigos aparecesse aqui...– A voz dela se aproximando me despertou de meu pequeno devaneio – Eu deveria entregar isso a ele.–Shun–Rei disse, aparecendo com um envelope nas mãos.
– E como sabe que sou esse amigo certo? – Perguntei.
– Ele me descreveu cada um de vocês. – Ela me entregou o envelope com tristeza no olhar.–E que se isso acontecesse, era melhor eu ir para a casa de meus parentes no interior. Porque ele provavelmente não voltaria mais aqui.
Peguei o envelope e percebi que o 'Dragão' com certeza esperava uma traição. Ele deveria saber de algo que eu, e os demais membros do grupo, não sabíamos. No momento não conseguia identificar exatamente o que sentia, podia ser apenas tristeza por aquela carta confirmar minhas suspeitas ou apenas frustração por ter colocado as mãos nela tarde demais para impedir que algo acontecesse.
Despedi–me rapidamente e deixei o apartamento quase instantaneamente. Não precisa de mais provas além da dor nos olhos de Shun–Rei para perceber que ela realmente não sabia de nada mesmo sobre nós ou sobre a missão de Shiryu.
'Ele esperava o pior!' foi o pensamento obsessivo que me acompanhou enquanto descia as escadas rapidamente.
Chegando ao lado de fora, minha mente continuava tomada por várias coisas, trabalhando incessantemente em busca de alguma pista que deixara escapar. Não lembro exatamente o que despertou minha atenção, mas percebi, um carro em alta velocidade aparecer e seus ocupantes começarem a atirar em minha direção.
Joguei–me ao chão, procurando me proteger das balas. Uma enorme confusão estava formada com pessoas gritando, sendo atingidas pelos projeteis. As balas atingiram minha moto, com certeza o tanque de gasolina. O barulho ensurdecedor da explosão foi o bastante para calar todas as pessoas da rua por alguns segundos antes que começassem a gritar novamente, correndo desordenadamente em busca de abrigo.
Tudo durou apenas alguns segundos, mas quando finalmente consegui levantar, sacando minha arma a única coisa visível foi o carro se afastando, aproveitando–se da confusão para escapar sem que eu pudesse atirar de volta.
'Maldição! Eu adorava aquela moto!'
Olhei para a nuvem de fumaça escapando das labaredas que minha moto havia se transformado e tentei correr na direção do carro, mas antes que pudesse alcançá–los para ver ao menos o número da placa o veiculo dobrou a esquina em alta velocidade e a única coisa que pude reconhecer foi o barulho dos pneus cantando no asfalto.
Baixei minha arma, guardando–a rapidamente no coldre e coloquei as mãos no bolso à procura do envelope que Shun–Rei havia me entregado. Por sorte não o havia perdido na confusão.
Abri rapidamente, despejando o conteúdo em minha mão. 'Uma chave e um pedaço de papel com um código numérico rabiscado. Aquilo parecia tão pouco para alguém se arriscar a uma confusão em publico.
'O que significa isso? E de onde diabos é essa a chave?'
