Atritos
Autora- Megawinsone
Revisão - Naru L
Uma semana já tinha se passado desde aquele incidente com Shiryu. Minha vida estava começando a ficar monótona, as missões secretas me faziam falta. Viver perigosamente era o meu lema e esse marasmo que estava vivenciando era algo insuportável.
Tentei ficar o mais longe possível daquela idiota da Saori, ela me irritava quando tentando mostrar–se forte, mesmo sendo fraca. Até hoje fico indignado com o fato de colocarem uma mulher tão inútil como líder do nosso grupo. Aposto como se o avô não tivesse sido um dos chefões da organização, ela nunca teria passado de uma secretária!
Meus pensamentos cessaram quando tentei levantar da cama e encontrei dificuldade. Somente agora vejo o motivo, duas belas mulheres estavam por cima do meu corpo. Braços e pernas pousados sobre meu peito, em uma confusão de membros que era normal cortar minha liberdade de movimentos. Minha cabeça parecia a ponto de explodir, resultado da bebida daquela boate de reputação duvidosa em que entrei ontem. Consegui companhia para passar a noite e esquecer dos meus problemas, mas a aquela alfinetada toda vez que eu fazia o mínimo movimento era um preço alto e nem um pouco encorajador.
Caminhei até o banheiro, usando a parede como guia. Fechar as cortinas fora uma idéia que não me passara pela cabeça quando chegara na noite anterior. O sol alto, que iluminava o cômodo com força total agora era algo que eu podia facilmente dispensar. Abri o chuveiro no máximo, precisava de um demorado banho firo para quem sabe acordar meu corpo e espantar aquela desagradável sensação de ressaca.
Com a realização dos meus desejos veio–me a mente as lembranças que eu lutara para apagar no dia anterior. Onde estava a falha naquela maldita missão? Por que Atena não havia mandando mais uma pessoa para executar o trabalho?
Uma idéia brilhante me veio na cabeça, eu iria tirar as dúvidas com a única culpada desse acontecimento trágico. Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e segui até o cômodo aonde deixei aquelas duas jovens adormecidas, me aproximei da cama, sem paciência coloquei a mão no ombro da ruiva e a sacudi.
– Acorde! – Falei.
– Quem é você? – A garota perguntou sonolenta
– Não se lembra da noite passada? Eu, você e sua amiga viemos aqui para o meu apartamento fazer uma festinha, depois que bebemos muito naquele bar.
– Agora me lembrei vagamente, já sei quer que a gente vá embora? – Inquiriu séria.
– Sim, isso mesmo, vocês tem trinta minutos para saírem daqui – Respondeu autoritário.
Nem precisei falar mais nada, depois do tempo que determinei para deixarem o local, estas estavam arrumadas e prontas.
– Bem, a noite foi maravilhosa, se quiser repetir a dose sabe aonde nos encontrar – A loura de fartos seios comentou, antes dela e sua amiga abrirem a porta e sumirem pelo corredor.
– Com certeza saberei – Sorri malicioso.
Depois de alguns minutos encarando a porta fechada me dirigi à cozinha. Liguei a cafeteira e fui para o quarto me vestir enquanto esperava que o café ficasse pronto. Joguei a camiseta azul que segurava sobre uma das cadeiras e preparei um lanche rápido para acompanhar o café.
Pouco mais de meia hora depois, resolvi que já havia me demorado demais ali. Tinha um objetivo a cumprir e não iria mais adiá–lo, certas pessoas não mereciam paz. Caminhei em direção a porta, pegando os óculos escuros ao lado das chaves de cima do aparador no caminho e parti rumo ao meu 'alvo'.
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Uma hora depois estava na porta do prédio onde ficava o escritório daquela fraca, que ainda brincava de ser a poderosa chefona. A porta do elevador abriu–se e assim subi até o andar em que ficava a tal sala da organização, andei alguns minutos, até ouvir a voz desagradável da riquinha. Aproximei–me lentamente, para não ser percebido e notei que a porta estava entreaberta, por isso eu tinha ouvido seus resmungos.
– Droga... Estou me sentindo frustrada... Pode ser qualquer um! – Ela resmungou para o nada.
Não podendo mais resistir, empurrei a porta, entrando rapidamente. As palavras dela despertando um alarme na minha mente já desconfiada.
– O que pode ser qualquer um? – Interroguei friamente, como se esta fosse algum inimigo.
– Hyoga. O que está fazendo aqui? – Aquela insuportável me perguntou cautelosamente. A expressão quase assustada, a voz que parecia falhar... Parecia que estava escondendo algo.
– Não respondeu minha pergunta. – Retruquei friamente e pude ver que a dondoca tentou se fazer de importante não me respondendo.
– Informação confidencial. Agora, o que faz aqui? – Repetiu a mesma pergunta que tinha me feito no inicio.
– Informação confidencial. – Zombei, cruzando os braços, nesse momento ela estreitou os olhos, ligeiramente irritada.
– Fale logo o que quer ou saia. Não tenho tempo para suas implicâncias sem fundamento. – Ordenou, tentando colocar um pouco de autoridade.
– Você sabe muito bem que estou aqui por causa do Shiryu. Quero saber porque você o mandou naquela missão. – Respondi com a voz elevada, fazendo com que ela arqueasse a sobrancelha, largasse os papéis sobre uma mesa e se virasse completamente para mim. Tinha conseguido sua tenção finalmente. – Ele lhe disse que precisava de apoio.
– Pois saiba você, Cisne, que a falha na missão de Shiryu não teve nada a ver com o fato de ele ter ido sozinho! Mas se isso for muito para sua mente machista e simplória entender, não sou eu que vou explicar! – O modo áspero como ela falou, claramente tentando me colocar no meu lugar, apenas serviu para me irritar além do limite. – Você parece saber demais sobre assuntos que não lhe dizem respeito.
Fiquei realmente furioso, porque entendi muito bem o que ela quis insinuar, aquelas palavras me indignaram. Não admito que ela coloque a honestidade e lealdade que tenho por meus amigos à prova. Tomado pela fúria a encarei, não gostei do jeito que esta me olhou, então alterado estreitei os olhos perigosamente.
– Você fala demais, Atena. – Eu finalmente falei em tom baixo, tentando segurar a minha raiva misturada com rancor.
– Isso é simples de resolver. – Desviou sua atenção para os papéis em cima da mesa, como se minha presença fosse desnecessária. – Dê meia volta e deixe–me sozinha... Vai resolver seus problemas quanto a me ouvir falando demais.
– Então me diga, senhorita sabe tudo! Qual foi o motivo da falha de Shiryu? – Perguntei quase perdendo a paciência que me restava.
– Informação confidencial. – Rapidamente me aproximei dela, pegando–a de surpresa.
Segurei seu frágil braço com força, e levantei minha outra mão para lhe desferir um tapa. Meu sangue fervia, não me importava se iria levar ou não uma suspensão ao agredir aquela arrogante, mas algo me fez parar. Mais forte que meus instintos, havia a razão. Eu não podia bater em uma mulher, seria quebrar as minhas regras de boa educação.
Nesse mesmo momento, Seiya adentrou no lugar, fazendo com que eu a largasse. Sem esperar a reação de Saori ou as perguntas dele, resolvi me afastar. Passei por ele, quase empurrando–o para que saísse do meu caminho. Eu precisava 'esfriar' a cabeça.
Deixei o prédio, vagando sem rumo pela cidade. Toda aquela conversa me deixou preocupado. Apesar de não gostar dela como chefe, eu nunca trairia meu grupo, por nenhum dinheiro desse mundo e muito menos por vingança. Existem limites para tudo e a traição era algo impensável para mim. Sentei–me em um banco da praça e fiquei observando as pessoas que caminhavam por lá. A calma e tranqüilidade com que pareciam encarar a vida. Não pareciam preocupados com o que acontecia para que pudessem usufriar dessa vida.
O celular vibrando no bolso traseiro de minha calça, me fez com que eu despertasse de meus pensamentos. Observando o visor, rapidamente reconheci o numero de uma das minhas ex–namoradas pedindo para me ver, estranhei o tom da voz dela, parecia receosa com algo.
– Está certo, pode ir até meu apartamento, conversaremos lá – A tranqüilizei, parecia que ela queria me contar algo muito importante.
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Ao chegar próximo de minha moradia, senti que estava sendo seguido por alguém. Balancei a cabeça, afastando tal pensamento. Devia ser apenas impressão ou cansaço, O mais provável é que fosse uma mistura dos dois. Subi rapidamente as escadarias do condomínio em que morava, quando eu ia abrir a porta, ouvi a voz da minha antiga namorada.
– Olá, Hyoga! – Ela me abraçou por trás.
– Vamos entre, não me sinto á vontade nesse corredor – Entramos imediatamente, e a fiz sentar no sofá, enquanto eu tirava os sapatos.
– Vou ser direta, não quero demorar. Vim lhe convidar para meu casamento.
Arregalei os olhos, fazia apenas uma semana que tínhamos terminado e já estava casando com outro.
– Como assim? Pensei que você me amasse, uma semana é pouco tempo para deixar de gostar de uma pessoa e casar com outra – Expliquei transtornado.
– Faz tempo que eu conheço essa pessoa que vou me casar, eu menti para você quando disse que lhe amava. Você foi apenas uma aventura na minha vida, espero que algum dia você me perdoe por tudo – Me aproximei dela e a peguei pelo braço.
– Você é uma mentirosa, espero que seu marido lhe traia com a primeira que encontrar na rua – Abri a porta, jogando–a no corredor. Vi a tristeza e a magoa por minhas palavras, mas a raiva que sentia era muita para me importar com detalhes. – Espero nunca mais ter o desprazer de te encontrar! – Falei antes de bater a porta, o barulho apressado dos saltos se afastando ainda soando em meus ouvidos.
Sentei no sofá, ainda irritado. Ao que parece, problemas gostam de aparecer juntos. Recostei–me no sofá, pegando o controle remoto, trocando de canal rapidamente. Não conseguia entender a irritação que as palavras dela haviam me causado. Era apenas uma no meio de tantas outras a passarem por minha vida.
Fechei os olhos, um suspiro cansado escapando de meus lábios enquanto deslizava no sofá até estar deitado nele desajeitadamente. Podia ouvir um filme de ação passando na tv, mas estava cansado demais para abrir os olhos e procurar pelo controle para acabar com aquele som irritante de tiros e explosões. Cobri a cabeça com uma almofada e antes mesmo que me desse conta, adormeci.
