Crechê Criança Feliz. Pelo menos o nome eu me recordo. Eu avisei pra Abby que ainda estava no trauma e nos dirigimos para lá. Julie ficou o caminho todo nervosa perguntando se ele ia ser levado embora, se ele ia poder viver só, se ele ia saber se trocar, como ele ia mamar sem a mãe dele... e eu, pra acalma-la, achei no carro um pirulito e lhe dei. Nós chegamos lá em 5 minutos.. vi de longe a placa gigante, bendita placa, e essa fachada azul cheia de crianças pintadas é inconfundivel. Eu desço do carro com Julie no colo e saio andando desnorteado pela creche. Eu vou seguindo por um corredor e tem duas saidas: esquerda e direita. Pra onde eu sigo agora?

"Ali pai, ali é onde ele fica.. aquela é a moça que cuida dele!" – diz Julie apontando pro meu lado esquerdo.

Ainda bem que eu "gerei" essa criança tão inteligente. Eu agradeço por isso. Viramos para a esquerda e fiquei um pouco sem jeito diante da moça loira na minha frente.

"Boa tarde, Dr. Carter. Chegou cedo hoje...Sem muitos doente hoje?"- ela me perguntou, simpática.

"Felizmente nenhum.. hoje foi meu dia de folga... e eu fiquei responsável pra cuidar das crianças"

"Tomamos sorvete hoje!!!" – Julie fala empolgada. Acho que ela gosta mesmo de sorvete, ela já espalhou pra metade da cidade isso...

"Poxa.. que legal Julie.. mas você sabe que não pode tomar muito pra não ficar doentinha né?"

"Papai cuida de mim..." – ela fala passando a mão no meu rosto.

"Hum.. cadê meu filho?!" – eu pergunto ansioso pra ir pegar Abby no trabalho.

"Estão terminando de vesti-lo.. mas se o senhor quiser, pode entrar pra pega-lo..."

"Ah Claro.. obrigado..." eu a sigo até uma sala onde umas moças estão com cerca de uns 8 bebês. Eu olho ao redor sem saber direito qual é meu filho... afinal eu não passei muito tempo com ele.

Essa sensação é horrível, mas eu não posso fazer nada. Eu olho para Julie, com a esperança de que ela me ajudará novamente, mas ela não apresenta nenhum sinal disso. Eu alterno meus olhares entre ela e os bebês chorando. Todos parece ter um rosto igual, e todos estão com aquela bocas enormes, berrando. Nossa, isso me dá mal estar.

"Noooooooossa!"- eu ouço Julie gritar, apontando para um dos bebês, mas eu não vejo qual.

"Que foi docinho?"- eu digo, observando os movimentos dela, afim de ter alguma noção de qual dos bebês eu devo pegar.

"Esse macacão verde que colocaram no Brad...mamãe já disse mil vezes que odeia esse macacão! Essas moças teimam em colocar ele no Brad..."

Oh, Graças a Deus! Uma luz! macacão verde! Tento olhar para os oito bebês e finalmente acho um de macacão verde. Ah, essa não, na verdade eu acho dois! Qual deles será?? Eu me aproximo um pouco mais e fico olhando as caracteristicas do bebês. Ele deve se parecer com algum de nós. Um tem o cabelo loiro.. e o outro castanho claro.. mas isso não diz nada. Nariz.. nenhum deles tem um nariz parecido com o meu... que droga.. então observo os olhos. Um deles esta serio olhando pro nada e outro esta sorrindo e segurando uma bolinha de basquete. Eu acho que é esse... me aproximo mais, colocando Julie no chão e segurando a sua mão. Eu olho pra ela e pro bebê e posso ver alguma semelhança. Então eu me vou até o bebê que estava segurando a bola. Quando eu estendo meu braço pra pega-lo vejo que minha filha e a moça loira que estava conosco fica me olhando com uma cara seria. Ops.. acho que peguei o filho errado.

"Eu só estava querendo ver o sapatinho dele.. achei muito lindo... acho que vou comprar um desses pro Brad."

"Pai.. ele já tem um desses.. vocês compraram pra ele a umas duas semanas atras"

"Mas não dessa cor..." – eu falo tentando sair daquela encrenca.

"Foi dessa cor..." – ela solta a minha mão e vai até Brad. Mexe na bolsa dele e pega o sapato igual ao do outro bebê.

"Tá vendo?"

"Ah, sim....desculpa...podia jurar que era um pouco mais escuro.."- eu respondo, atrapalhado e morrendo de vergonha.

"Paaaai, paaaai, você está muito louco hoje"- eu a vejo dizer, num sorriso divertido, olhando para Brad e dizendo algo para ele.

- Vamos, então?!- eu proponho, resolvendo não tocar mais no assunto- Mamãe não deve estar muito feliz em nos esperar tanto.

- Vamos, sim...- ela responde, enquanto eu pego Brad no colo, ponho a mala dele sobre os ombros e a escuto gritos.

- Tchaaaaaaaau, Jeniffer, até amanhã.

- Tchau, Julie, mande um beijo pra sua mãe- eu pusd ouvir a mulher loira falando, olhando para mim.

Eu aceno com a cabeça e voltamos para o carro.

Bom, vamos logo pegar a sua mãe...- eu ponho a cadeira de Brad no banco de trás e passo o cinto, assim como faço com Julie.

E depois vamos jantar pizza! – Julie grita.

Espere por sua mãe e a gente decide direitinho o que vamos fazer.

Continua...