Capítulo 2: Lembranças e sonhos

"Bom Kaoru, o que houve?" Tae perguntou. As duas estavam sentadas nos fundos do Akabeko. Tae fechou o restaurante, já tinha uma idéia do que estava por vir.

Kaoru tomou um gole do seu chá lentamente. Colocou o copo em cima da pequena bandeja que estava no chão do pórtico em que estavam sentadas. Deu um longo suspiro e finalmente decidiu falar "Você se lembra que dia é hoje Tae?"

"Claro que me lembro. Não tem como esquecer. Na verdade, já suspeitava que esse seria o motivo da conversa." Respondeu a mulher com uma expressão de tristeza no rosto.

"Dez anos. Hoje fazem exatamente dez anos."

"Dez anos. Hoje fazem exatamente dez anos que a minha mãe morreu." Ao dizer isso não pôde evitar que sua cabeça caísse fazendo com que seus olhos ficassem ocultos pela espessa franja de cabelos negríssimos.

"Foram dias difíceis aqueles" Era horrível ter aquele tipo de conversa. Mas Kaoru era sua amiga, iria escutá-la até o fim.

"Minha mãe sofreu muito. A doença deixou ela muito fraca."

"Eu tinha a sua idade quando aconteceu. Sua mãe não merecia, era uma ótima pessoa. Linda por fora e por dentro."

"É, eu sei." A voz de Kaoru soava triste e desanimada.

Pobre garota. Tae ainda podia se lembrar muito bem daquela época. Seus pais eram amigos dos Kamiya e sempre freqüentavam o dojo, por isso, acompanharam de perto o sofrimento da família. A mãe de Kaoru, Sakura Kamiya, era uma mulher elegante, educada e feliz. Tinha cabelos e olhos negros. Uma mulher linda. Esposa e mãe dedicada. O pai de Kaoru, Koshijiro Kamiya, era um homem de profundos princípios morais, sempre tinha criado a filha com uma educação severa, mas isso não significa que fosse distante. Sempre deu carinho e atenção para a esposa e a filha. Dele Kaoru havia herdado os belos olhos azuis.

Os Kamiya eram a família praticamente perfeita, respeitados por todos, até a morte de Sakura. Sem a mãe, ficou difícil para o pai de Kaoru criá-la. Sem falar que ele passou por um tempo de profunda depressão e então o dojo caiu em decadência. Depois conseguiram se reerguer, mas já não tinham o mesmo prestígio de antes. Porém a família de Tae sempre apoiou os dois.

"Você cresceu Kaoru..."

"Hã?" Finalmente Kaoru levantou o rosto. Os olhos molhados, ela tentava não chorar.

"Digo que você cresceu e agora, está incrivelmente parecida com a sua mãe." Dizendo isso Tae deu um sorriso de consolação à jovem mulher a sua frente. "Você se tornou uma linda mulher. Como ela."

"Ah... Tae..." Não sabia o que falar, as palavras sufocaram na garganta junto com a vontade de chorar. Mesmo segurando, uma lágrima teimosa insistiu em rolar por sua face. Com um pequeno sorriso conseguiu murmurar um fraco 'obrigada'.

"E se o Kenshin-san não conseguiu notar isso ainda ele é um grande idiota!" Brincou. Mas também chorava. 'Droga! Eu tenho que ser tão emotiva?'

O sorriso no rosto de Kaoru de abriu mais. "Tae. Só você é capaz de me fazer rir num dia e num momento como esse!"

"Você é minha melhor amiga. Sabe disso não é?"

"Claro que sei."

"Nossa. Vamos tomar esse chá que já deve estar frio!"

As duas tomaram o chá calmamente. Às vezes comentavam algo, mas num tom de alegria, se é que era possível. Tentavam esquecer um pouco da conversa que tiveram antes.

"É melhor eu ir Tae. Já passou da hora do almoço." Falou enquanto ajudava a carregar a bandeja com os copos e pratos sujos.

"Oh! É verdade! Tenho que abrir o restaurante! Kami-sama!"

Naquele momento Tsubame adentrou a cozinha com um embrulho na mãos.

"Aqui está Tae. Procurei um bem bonito."

"Até que enfim voltou."

"Mas por que o restaurante está fechado?"

"Esquece. Vamos abrir agora! Vá lá na frente, abra a porta, rápido!"

"Tá! Já vou!" Com pressa, a menina depositou o vaso recém comprado nas mãos da patroa.

"Eu vou indo Tae."

"Certo. Até logo. Espero você e o resto do pessoal para jantar aqui algum dia."

"Tá, tchau!" E saiu pela porta da cozinha.

"E agora, o que eu vou fazer com isso?" Perguntou-se olhando para o volume que carregava nas mãos.

"Kenshin, o rango tava ótimo!"

Sanosuke estava recostado sobre a pilastra da varanda, passando a mão na barriga enorme e mastigando um espinha de peixe. Yahiko estava deitado no chão e Kenshin recolia a louça suja. Tinha o semblante preocupado.

"Não precisa ficar tão preocupado assim cara."

"Hã?"

"Você está preocupado com a Jou-chan, não é?"

"Ah! Não desperdice o seu tempo Kenshin. Se algum bandido cruzar com a Kaoru, ele é quem vai precisar de proteção, hahaha!" Yahiko rolava de rir da própria piada.

"Voltei." Kaoru entrou pelo portão do dojo. Logo chegaram Kenshin, Sanosuke e Yahiko.

"Seja bem vinda de volta Kaoru-dono. A senhorita está com fome?" Kenshin perguntou. Ficou aliviado de ver que ela estava bem. Tinha adquirido o hábito de ficar morrendo de preocupação toda vez que ela saía desde o que aconteceu no Jinchuu. Não podia se arriscar a perde-la de novo.

"Ah, não Kenshin. Eu fui visitar a Tae e comi um lanchinho. Estou sem fome, mas obrigada por perguntar." Kaoru sorriu. Kenshin era tão atencioso! Mas trocaria isso sem piscar por uma demonstração 'maior' de carinho.

A tarde passou num piscar de olhos e logo estavam jantando. O de sempre: Sanosuke e Yahiko disputando um pedaço de carne, Kenshin tentando acalmá-los e Kaoru só observando. Sorria, divertida com a cena. Eles agora eram a sua família e não saberia o que fazer sem eles. Eles que sempre a apoiavam e a ajudavam e por isso ela era eternamente grata. Depois que seu pai havia morrido ela pensou que jamais seria capaz de encontrar algo parecido com uma família, mas estava enganada. A única coisa que a deixava realmente chateada era Kenshin. Mesmo assim, não queria se aborrecer no momento. Não! Não que ela se sentia incomodada com as atitudes dele. Como poderia explicar? Ela se irritava era com o fato de que quando tudo estava 'normal' Kenshin não mostrava nenhum interesse nela. Já quando havia algum perigo do passado rondando ele mostrava-se todo preocupado e quando tudo terminava voltavam para a estaca zero. Parecia um círculo vicioso. 'O que eu faço? Viver uma paixão platônica para sempre?'

Tinha terminado de comer e decidiu ir se deitar "Kenshin, a comida estava ótima. Estou um pouco cansada e vou me deitar. Com licença." Terminando o aviso Kaoru levantou e caminhou até o corredor mas parou ao ouvir a voz de Kenshin.

"Kaoru-dono, está se sentindo bem?"

Ao se virar viu Kenshin. Em rosto parcialmente coberto pelas sombras podia-se perceber uma expressão séria.

"Ora, claro. Por que eu haveria de não estar?"

Kenshin aproximou-se um pouco mais.

"Por que a senhorita não costuma sair sem dizer aonde vai e notei que hoje estava meio tensa. Aliás, se a senhorita foi ao Akabeko por que não disse antes? Há algum problema acontecendo, eu posso ajudá-la?" Perguntou com a mesma expressão de seriedade. Sinceramente, Kaoru preferia o Kenshin sorridente, mesmo que fosse um sorriso falso. Hoje não estava disposta a falar sobre o que tinha conversado mais cedo com Tae. Talvez amanhã fosse melhor. Sim, amanhã ela estaria com a mente mais organizada para esse tipo de conversa. Por hoje não.

"Não tem problema algum acontecendo Kenshin. Apenas não falei aonde ia por que queria ter uma conversa em particular com a Tae, nada com o que se preocupar." Kaoru falou, a voz havia tremido um pouco. Mas não tinha com o que ficar nervosa, não estava mentindo. Então por que sentia as orelhas queimarem, um sinal típico de que estava tentando esconder algo? Ora, porque realmente estava tentando esconder algo. Mas não porque tinha medo e sim porque não estava muito disposta no momento. Além do mais, o olhar de Kenshin não ajudava em nada na hora de parecer convincente.

"A senhorita tem certeza?" O cenho de Kenshin estava ainda mais franzido. Kaoru não estava falando tudo. Escondia alguma coisa.

"Ahn... Realmente não há nada com o que se preocupar." Desta vez a voz de Kaoru deu uma tremida maior, mas ela tentou parecer despreocupada. Não era NADA boa em esconder um assunto, mesmo que fosse só por um dia.

"Então, vou lavar a louça. Durma bem Kaoru-dono." E despediu-se, apesar de ainda não estar convencido.

"Boa noite Kenshin." Dizendo isso se virou e continuou o caminho até seu quarto.

"Boa noite Kaoru-dono."

Era uma noite mais escura do que o normal. Isso porque nuvens encobriam a lua e as estrelas, não deixando suas luzes iluminarem o mundo que estava abaixo delas.

Um vento frio de outono soprava lá fora. Ela estava deitada em seu quarto, dormindo tranqüilamente, quando algo a despertou. Ao longe descobriu que foram vozes que a acordaram.

Sentou-se no futon com a boneca ainda em seus braços. Levantou-se e deixou sua melhor amiga debaixo das cobertas, ela ainda estava com sono.

Lá fora estava frio e assustador, mas ela era uma menina muito corajosa. Seu pai, sua mãe e o Dr. Gensai sempre diziam isso.

Chegou perto do quarto dos seus pais, a luz estava acesa. Se escondeu atrás de uma das pilastras por que papai não gostava de filhas que andavam pela casa a noite.

"O qu... que aconteceu?" Foi a voz do seu pai. Soava trêmula e receosa.

"Aconteceu o que tinha que acontecer... Sua esposa não risistiu."

Era a voz do Dr. Gensai! Por que estava falando aquilo? Por que?

"Papai?" A voz infantil da menina pode-se ouvir, fraca e sufocada.

Shinohiro virou-se lentamente e olhou para sua filha, os olhos cheios de lágrimas que ele recusava derramar. Afinal, homens, homens fortes, não choram. Mas como seria capaz de contar a ela? Uma criança de 7 anos. Como iria explicar tal coisa a ela?

Chegou perto, agachou-se e tomou coragem para dizer...

Na mente de Kaoru milhões de pensamentos passaram num segundo e no outro nada. Não conseguia pensar em nada. Queria acordar no momento seguinte em seu futon com a bonequinha em seu braços. Mas não acordou.

Queria que o que o seu pai estava falando era uma mentira. Mas seu pai nunca mentiu e nunca mentiria.

De repente a menina saiu correndo e entrou no quarto dos pais. Lá pôde ver, em cima do futon, sua...

Kaoru abriu os olhos rapidamente. Apesar do frio de congelar, ela estava molhada de suor. Devagar se sentou no futon e mais uma vez veio aquela tontura irritante mas ignorou-a. Levantou e olhou a hora; 5:34 da madrugada. Através da porta percebeu que o sol já estava nascendo. Isso queria dizer que logo, logo Kenshin estaria levantando.

Decidiu que ia visitar umas pessoas que não via a bastante tempo. Vestiu-se rapidamente e saiu do quarto devagarinho, sem fazer barulho. Estava realmente muito frio essa manhã. Tinha que ser muito silenciosa, Kenshin tinha ouvidos apuradíssimos. Finalmente conseguiu atravessar o portão. Não queria preocupar o espadachim, mas isso era uma prioridade no momento.

Continua...

Papo Furado:

Realmente, eu não sou nem um pouco original. Quem comprava ou compra o mangá de R.K logo percebeu que eu usei a mesma expressão do Sensei Watsuki, ou seja, "Papo Furado". Mas tudo bem, eu estou muito feliz para que isso consiga estragar o meu estado de bom humor.

Comprei ontem (estou escrevendo isso na Sexta-feira) um mangazinho especial de R.K: 'A Sakabattou de Yahiko' é bem maneirinho.

O Yahiko tem a seriedade do Kenshin na hora de lutar e todo aquele papo de "nova era", "brandir a espada para proteger as pessoas" e etecéteras. Mas também tem um senso de humor e uma certa arrogância que o Ken não teira nem em 1 milhão de anos!

Sem falar que o Yahiko com 15 anos não é de se jogar fora não... 0 Tá, tá, sei que vcs devem estar chocados, mas é verdade! Pra quem não lê o mangá o Yahiko já é bem maior do que o Kenshin no aniversário dele de 15 anos. Peraí! Não tô dizendo q o Yahiko é melhor q o Ken-san! Nunca!

Outra coisa pra quem nunca leu o mangá de R.K e também p/ aqueles que nunca tocaram num mangá: entrem no site . Lá tem scans do mangá de R.K p/ download, ou seja, dá pra ler o mangá pela net.

Outra coisa que eu comprei ontem (lembrem-se de q estou escrevendo isso na Sexta-feira, 06/08/04) foi o livro O Garoto da Casa ao Lado, de Meg Cabot. Adorei! O livro é todo escrito em forma de e-mails que foram trocados entre os personagens e são inteligentes e divertidíssimos! Vou fazer uma fic de R.K com a história do livro de tanto que gostei. Só que não vou fazer agora porque tenho certeza de que vou ficar atolada. Já vi, ou melhor, li muitos escritores de fic que quase entraram em parafuso por estarem fazendo mais de uma fic ao mesmo tempo.

Jesus! Como escrevi! Vou embora!

Por favor, da próxima vez que eu fizer isso, me dêem um tiro, pelo amor do Deus Altíssimo!

Mas antes, sobre a fic: Não vai ser sobre a morte da mãe da Kaoru, não! Temos que concordar que seria bem chato, né? A não ser que fosse o Ken que tivessse matado a mãe da Kao na época de Battou, tudo porque... Ops! Lá vou eu de novo. Mas não será nada sobre a mãe dela. Os mais atentos a detalhes mínimos perceberão algo. Espero.

Té mais! Deixem uma review!

P.S.: Depois de reler isso, estou ainda mais assustada com a minha falta de originalidade. Porque eu tô achando que está muito parecido (não idêntico) ao 'Papo Furado' do Sensei Watsuki.

P.P.S.: Shinohiro, pra quem não sabe, não é o nome do pai da Kaoru. Eu esqueci o bendito, então, alguém, encarecidamente, poderia me dizer qual é?