Capítulo 7: Descoberta Definitiva
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Kaoru rolava de uma lado para o outro do futon até que acordou ofegante. Sentia um calor insuportável, e lá fora estava nevando. O relógio marcava 3:24hs da madrugada.
Segurou o cobertor que a cobria e jogou-o longe, então só aí percebeu: o cobertor e o futon estavam muito molhados. Molhados de suor.
Respirando profundamente tratando de se acalmar. 'Era só o que me faltava!' Então decidiu-se: amanhã contaria tudo para Megumi. Aquilo já estava indo longe demais.
Logo após sua decisão, foi pega por outra onda de tosse e mais uma vez viu suas mãos cobertas de sangue.
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Uma mulher de longos cabelos negros presos em um alto rabo de cavalo e olhos muito azuis caminhava por uma rua. Tinha a expressão de quem estava pensando sobre algo muito sério. Algumas pessoas também andavam por aquela rua mas ela parecia não saber que estavam ali ou simplesmente as ignorava.
Kaoru pensava no que iria acontecer naquela consulta. Temia pelo pior.
Em pensar que Kenshin tinha insistido para vir com ela... Era melhor não! Ele ficaria muito preocupado.
"É, ele ficaria preocupado..." Sussurrou para si mesma.
'Kaoru, Kaoru... Você fica suspirando no meio da rua por causa desse baka!' Kaoru às vezes tinha vontade de bater muito com o boken na cabeça de Kenshin. Aaahhh, como ele podia ser idiota às vezes!!!
Suspirou. Era melhor parar por ali, pois aqueles pensamentos não lhe ajudavam em nada e, ainda por cima, aumentavam a frustração e a raiva que sentia.
Caminhou por mais alguns minutos até que avistou o portão da clínica onde certamente Megumi a esperava. Parou em frente ao a grande porta de madeira, percorrendo toda a sua extensão com o olhar. Observou cada farpa, cada fiapo, desejando que o tempo parasse ali e que não precisasse entrar naquele lugar e ouvir o que não queria ouvir. Reprovou-se mentalmente por ser tão medrosa, era hora de encarar o problema. Respirando profundamente como se estivesse preparando-se para dar um grande e longo mergulho, abriu o portão.
Ao entrar deparou-se com a imagem de Megumi despedindo-se de uma velha senhora.
"Tome o remédio que lhe receitei duas vezes ao dia, um de manhã e outro de noite. Isso todos os dias." Disse a médica em seu tom profissional, porém nunca deixando de mostrar um sorriso gentil e carinhoso para a idosa.
"Oh, obrigada doutora, a senhorita é muito boa!" Agradeceu a senhora com sua voz cansada e rouca. Ela virou-se e passando por Kaoru lhe cumprimentou com um aceno de cabeça.
Ao ver a senhora fechar o portão Megumi suspirou e em seguida voltou sua atenção para Kaoru.
"Bom dia Kaoru."
"Bom dia Megumi." A mulher mais velha pôde notar um quê de tensão em sua voz.
"Me surpreendo de Ken-san não estar aqui."
"Ele quis vir mas eu disse que não precisava." A voz tremia um pouco e Megumi percebeu isto.
"Por favor Kaoru, não fique nervosa."
"Eu não..."
"Também não tente me enganar!" Seu tom era firme.
"É tão óbvio assim?" Suspirou pesadamente como se carregasse uma grande quantidade de ar nos pulmões.
"Você definitivamente não consegue omitir os seus sentimentos."
"É..."
"Vamos entrar?"
"Sim."
Enquanto caminhavam Kaoru sentia-se perturbada por causa do silêncio. Então decidiu falar algo.
"Está vazio hoje, né?"
"É, graças a Kami."
"Hã?" Kaoru não entendeu.
"É bom porque significa que não tem muitas pessoas doentes." Megumi explicou.
"Ahn..."
"Você acha que eu sou aqueles tipos de médicos que ficam felizes por ter o consultório cheio de gente doente e ferida, porque sabem que assim vão ganhar bastante dinheiro?"
"Oh, não, não! Não foi o que eu quis dizer!" Kaoru sentiu-se envergonhada.
"Não fique tão envergonhada, eu não estava te acusando de nada! Acalme-se." Megumi tratou de tranqüiliza-la.
"Certo..."
"Eu não me tornei médica pelo dinheiro, e sim para salvar vidas. Gostaria de fazer isso de graça mas, infelizmente, não é possível sobreviver sem dinheiro. Saúde não é algo que se deva pagar para ter. É, na verdade, um direito de todo ser humano. Por isso não cobro daqueles que sei que não têm a mínima condição de pagar. Mas, como disse, sem dinheiro eu não posso sobreviver. Ninguém pode."
Kaoru olhou para a médica com profunda admiração. Apesar de todas as brigas e provocações nunca escondeu que achava Megumi uma pessoa incrível. E realmente era.
"Concordo. É injusto."
"A sociedade é injusta, o mundo é injusto." Falou perdida em pensamentos.
A cada palavra Kaoru fascinava-se mais.
"Bom, entre por favor." Despertou de seu devaneio, parou, e abriu a porta ao seu lado.
Kaoru entrou e observou a sala. Lá havia uma cama na parede ao lado da porta, na parede oposta um grande armário com muitos medicamentos e materiais para curativos. Na frente dele, uma mesa de madeira no estilo ocidental com alguns instrumentos médicos em cima, papéis e também a maleta que Megumi costumava carregar quando tinha que visitar algum paciente.
Megumi entrou e fechou a porta atrás de si. Com um aceno da mão pediu para Kaoru se sentar e ela o fez. A médica andou até atrás da mesa, pegou a cadeira e colocou-a em frente da cama onde Kaoru estava sentada.
"Vamos começar?" Perguntou Megumi ao mesmo tempo que sentava-se na cadeira.
"Sim." Respondeu apreensiva.
"Kaoru, quero que responda sinceramente às minhas perguntas."
"Pode perguntar." Sentia o peito pesado tamanho era o seu nervosismo.
"Quantas vezes você já teve esses desmaios?"
"Duas vezes."
"Notou algo em comum? Alguma coisa que aconteceu de parecido antes desses desmaios?"
"Hum..." Kaoru esforçou-se para lembrar algo que tivesse acontecido. "Sinceramente não lembro de nada."
"Conte-me o que você estava fazendo antes de desfalecer." Megumi perguntava tudo com um incrível tom de profissionalismo.
"Bem, da primeira vez eu e Kenshin estávamos na cidade e de repente a chuva caiu. Nós começamos a correr, de uma hora pra outra me senti mal e desmaiei. E da outra..." Mas foi interrompida.
"Pode descrever exatamente o que sentiu?"
"Eu senti minha cabeça pesada..." Kaoru apertava os olhos como se fizesse força para se lembrar. "Também senti uma certa... falta de ar."
"Certo. E da outra vez você estava treinando com Yahiko, não é?"
"É."
"O treinamento estava sendo duro? Digo, você estava fazendo bastante exercício?"
"Sim, o treinamento estava sendo bem duro, principalmente porque..." Então, lembrando-se da intromissão de Yahiko, seus dentes começaram a ranger.
"Principalmente por quê?"
"Ah, nada demais, só mais uma coisa que o Yahiko fez que me deixou muito irritada." Tratou de se acalmar.
"Ahn. Mas o importante é que descobrimos que você estava fazendo atividades físicas que requeriam certo esforço."
"É verdade!"
"A primeira parte da foi desvendada. Agora, há quanto tempo você vem se sentindo mal?"
"Bem, os desmaios começaram há uma semana. Mas..." Tinha uma expressão pensativa.
"Mas..."
"Mas eu vinha sentindo umas tonturas, não muito graves, mas meio constantes. Isso há um mês."
"Hum, certo. Um momento, por favor." Dizendo isto levantou-se, foi até sua mesa e lá pegou uma pedaço de papel e um pincel. Junto com eles pegou um livro para apoiar o papel.
"Espere só mais um pouco." Disse sentando-se novamente. Então começou a anotar algumas observações no papel.
"Ken-san me disse que ouviu você tossindo bastante ultimamente. É verdade Kaoru?"
Queria contar a verdade. Mas teria coragem para fazê-lo? Tentava falar algo, mas as palavras morriam em seus lábios. Decidiu então ficar em silêncio até Megumi fazer a pergunta novamente.
"Kaoru, você me ouviu?"
"Ouvi, ouvi muito bem." Respondeu ainda com a cabeça baixa.
"Por que não me responde? Kaoru, não tenha medo, me conte."
"É verdade sim. Eu tenho tossido bastante e, de vez em quando..."
"O que acontece?"
"Algumas vezes a tosse vem com algo mais."
"E, o que seria esse 'algo mais'?"
"..."
"Por favor Kaoru, responda. É para o seu próprio bem." Megumi lançava lhe um olhar de compreensão.
"San... Sangue." Gaguejou.
"Sangue?" Megumi perguntou alarmada.
"Sim."
"Por Kami Kaoru, você tem certeza do que está falando?"
"Claro que tenho Megumi! Eu jamais brincaria com uma coisa dessas."
"Oh, certo." Megumi então tratou de se acalmar para não preocupar Kaoru. Mas com certeza aquilo era preocupante! "Me diga: você tem sentido febre, ou suor noturno?"
"Suor noturno?"
"Ou seja, você soa muito durante a noite a ponto de molhar o lençol e o futon?"
"Megumi, você já sabe o que eu tenho?" Kaoru perguntou ansiosa, o medo corroendo-a por dentro.
"Simplesmente responda!" Parecia que havia um tom de nervosismo em sua voz, que saíra mais alta do que de costume. Suspirando, como se fosse para controlar-se, repetiu num tom mais calmo. "Apenas responda. Por favor."
Kaoru fitava a expressão de Megumi com atenção. Uma expressão séria e controlada ao máximo.
"Sim." A simples palavra parecia pesar uma tonelada em sua garganta.
"E a febre?"
"Tive hoje a noite. Junto com o suor, mas não foi muito forte. Foi bem... suave." Kaoru fechou os olhos e baixou a cabeça. Mais do que nunca o ar parecia pesado e sufocante.
Megumi levou as mãos às têmporas, massageando-as para aliviar a dor que latejava nas veias que passavam por esta. 'Por favor, não agora que Dr. Gensai está ausente! Acho que não vou suportar isso sozinha.' Abrindo os olhos lentamente observou Kaoru sentada à sua frente, os olhos fechados e a cabeça baixa.
"Megumi?" Sua voz saiu abafada. Ainda estava com os olhos fechados e a cabeça baixa.
"Diga Kaoru."
"O que eu tenho?" Finalmente Kaoru abriu seus olhos muito azuis. Neles Megumi podia ver toda a angústia que a garota sentia.
"Kaoru, eu não tenho certeza..." Disse na sua voz mais fria.
"Por favor! Não tente me esconder nada, isso só aumentará a minha angústia e ansiedade! Percebi que você já sabia desde que me descreveu os outros sintomas!" Kaoru já não se encontrava mais sentada na cama. Estava ajoelhada ao lado de Megumi, os olhos envidraçados.
"Eu..."
"Por favor..." Uma súplica.
"Kami!"
"Por favor..." Sua voz não era mais do que um mero sussurro praticamente imperceptível.
"Kaoru, eu não vou esconder nada de você. É necessário que você saiba que não é uma simples doença."
"Eu já percebi." O nó em sua garganta aumentava mais e mais.
"Kaoru, é..." Suspirou. "É tuberculose."
"O que?" Os olhos de Kaoru abriram-se como pratos.
"Tuberculose." Megumi apertou os olhos por causa da dor-de-cabeça.
"Mas, como?"
"'Como' o quê, Kaoru?"
"Como pode ser? Essa é... é a mesma doença que matou a minha mãe!" Kaoru esperava que aquilo tudo não passasse de uma brincadeira. Ou melhor, que não passasse de mais um sonho louco e impossível.
"Mas essa doença não é hereditária!"
"O que?" Kaoru observou Megumi espantada. Como assim não era hereditária? "Explique-se, Megumi."
"Um indivíduo contrai a doença quando, por exemplo, está no mesmo ambiente no qual um doente tenha espirrado. Resumo: é contraída pelo ar."
"Então como pode... como pode ser?"
"Acho que é uma inacreditável e infeliz coincidência." A voz de Megumi se apagava à medida em que falava.
"Eu vou acabar como a minha mãe..." Sua voz era sufocada. Kaoru tentava esconder seu pânico.
"Como assim Kaoru?"
"Megumi... Eu vou morrer, não vou?"
"Claro que não! Não fale isso, nós faremos de tudo para que não aconteça! Existem alguns casos que terminaram bem, acredite!"
"Nós?"
"Sim, eu, você, Ken-san, Sanosuke, Yahi..."
"Espera! Acho que você não percebeu ainda Megumi. Eu não quero que ninguém fique sabendo disso, muito menos o Kenshin. Entendeu?"
"Kaoru, eu não posso fazer isso! É a sua vida que está em jogo!" Agora as duas elevavam o volume de suas vozes.
"Não, de jeito nenhum, Megumi!"
"Por que não?"
"Eu não quero ver ninguém sofrendo por mim, não quero as pessoas me olhando com pena! Coitada da Kaoru, está doente e pode morrer!" Disse a última frase em tom de sarcasmo, como se imitasse a voz de alguém.
"Ora, mas que orgulho besta!" Megumi agora se levantara da cadeira e Kaoru também. O pincel, o papel e o livro agora jaziam no chão.
"Não é orgulho! Eu simplesmente..." Kaoru fechou os olhos, sua voz agora não passava de um sussurro.
"Simplesmente o quê?"
"Eu não quero que o Kenshin sofra por minha causa. Ele já sofreu demais, seria pior para mim vê-lo sofrendo pela minha doença." Quando Kaoru abriu os olhos uma lágrima escapou e escorreu por sua face. De repente, sua respiração se tornou rápida e a sala em torno de si parecia girar. Depois, tudo ficou escuro.
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Continua...
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Papo Furado:
E então, meloso demais? Ruim demais? Chato demais?
Eu achei que esse cap saiu um tanto diferente dos outros. Acho que é por que estou lendo um livro (Entrevista com o Vampiro, YEEEESSS!!!) e isso acabou influenciando um pouco na minha forma de escrever. E devo dizer uma coisa: os personagens na Anne Rice são realmente muito complexos, para aqueles que não gostam muito de histórias simples com texto complicado eu não recomendo que leia, hehehe... Ela usa um vocabulário bastante rebuscado, ainda mais por que Louis é um vampiro do século XVIII.
Acho que o motivo de este capítulo ter saído curto foi o fato de eu estar tendo que revezar entre ler e escrever. Se fosse antigamente, o livro tendo um pouco mais de 300 páginas, eu o leria em dois dias. Maaaaasss, antigamente eu não tinha um irmão para cuidar, hehehe... Ele tem um aninho, muito fofo!
Puxa! Só 2 reviews no cap6? Não fazia idéia de que estava tão ruim assim. (chantagem) É assim que vcs me amam??? (mais chantagem) BUÁÁÁÁÁÁ, MAGOEI!!!!! (tripla chantagem)
Quero ver muito mais reviews, estão ouvindo? Ou melhor, lendo?
Esse cap tbm tá sem ação, eu sei! Muito sem graça, eu sei! Me perdoem, por favor!?!?! E não deixem de ler a minha fic, no próximo cap vai ter mais ação, juro! Desculpem pelo cap curtoooo!!!
Bjão e... MAIS REVIEWS (embora eu ñ mereça, eu sei!)!!!
Respostas:
Sayuri-chan86: Alô! Realmente, a família da Tae tá importante! Mais reviews, hein? ;- )Lere: Obrigada pelo consolo! Vc sempre tá botando o meu astral pra cima, vlw!!! Aí está mais um cap de "enrolação"... Desculpe por ser tão chata e achar que estou sempre indo mal, eu sei que encho o saco com isso!!!
Até a próxima e... QUERO AS REVIEWS!!!!
