'bla, bla, bla...' pensamentos
' "bla, bla, bla..." ' lembrando alguma fala ou consciência da Kaoru
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Capítulo 10: Revelação
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Kenshin vasculhava o dojo à procura de alguma porta que não houvesse sido trancada. Já passava das 01:00hs da manhã, e Kaoru e Yahiko estavam dormindo.
Após saírem do Akabeko, despediram-se de Eiji, que fora para o lugar em que estava hospedado, e algumas ruas depois despediram-se de Megumi e de Sanosuke, que acompanhou a médica até sua casa.
O trajeto de volta ao dojo fora bem calmo, com Kaoru caminhando ao lado de Kenshin, que por sua vez carregava um Yahiko nocauteado pelo sono e pelo sakê em suas costas.
Caminhava para seu quarto quando ouviu passos apressados. Reconheceu a pessoa como sendo Kaoru. Indo em direção à origem do barulho, observou Kaoru correndo para o banheiro com a mão na boca. Aquela era a segunda vez que a encontrava agindo da mesma forma suspeita. Desta vez descobriria o que estava acontecendo.
Seguindo-a, aproximou-se do banheiro o mais silenciosamente que sua experiência como Battousai lhe permitia. Ao chegar perto, ouviu que Kaoru tossia. Com muito cuidado, olhou pela brecha da porta que não estava completamente fechada. A cena que viu o deixou chocado.
Ajoelhada perto de um balde de água, Kaoru tossia incontrolavelmente. Uma de suas mãos estava apoiada no chão, enquanto a outra apertava o peito arfante. No chão encontravam-se as gotas de sangue que caíam de sua boca.
Sem mais poder suportar aquilo, Kenshin adentrou o banheiro se que Kaoru percebesse. Então ajoelhou-se ao lado da jovem e pôs uma mão em seu ombro. Sentiu o corpo da kendoka enrijecer ao seu toque.
Controlando a crise de tosse, Kaoru lentamente criou coragem e encarou o espadachim que estava ao seu lado.
Kenshin tinha seus olhos ocultos pela espessa franja vermelha. Kaoru havia mentido, não era uma simples anemia. Fora por isso que Megumi retirou-se quando perguntou-lhe sobre o estado de Kaoru.
"O que significa isso Kaoru-dono?"
Kaoru congelou ao ouvir a voz de Kenshin. Não agüentando mais, desviou o olhar.
Kenshin, longe da maneira gentil de sempre, forçou Kaoru a olhá-lo, segurando-a pelos dois braços. Então, com uma foz fria e desprovida de emoção, repetiu a pergunta.
"O que significa isso Kaoru-dono? Não tente me enganar."
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Kaoru não conseguia acreditar. Kenshin apertava seus braços com força, forçando-a a encará-lo. Sua voz fria causou-lhe um calafrio que percorreu todo o seu corpo e em seus olhos podia-se ver um brilho diferente.
"Kenshin está... está me machucando." A voz de Kaoru saíra fraca, amedrontada.
"Eu vou te soltar quando você decidir me responder."
"Eu..." Era tarde, não havia como adiar. Já que tinha que contar, que fosse agora. Mas seria difícil, pois Kenshin parecia muito irritado. "Eu vou contar tudo, mas por favor me solte!"
Kaoru levantou o rosto para encará-lo com olhos determinados, porém havia uma sombra de insegurança neles. Se assustou ao notar um brilho dourado no violeta escuro dos olhos de Kenshin.
"Muito bem." O aperto de Kenshin foi perdendo força e ele a soltou.
"Vamos sair daqui, lá fora eu vou contar tudo." Disse, sem jeito e com vergonha de encará-lo novamente. Aqueles olhos a assustavam.
Sem tirar os olhos da porta a sua frente, Kaoru caminhou até ela e abriu-a. Podia ouvir os passos dele acompanhando-a. Alguns passos a mais, e logo estavam em frente ao pórtico. Kaoru sentou-se, mas Kenshin permaneceu em pé.
"Agora podemos começar?" Perguntou. Sua voz ficava mais fria a cada palavra.
"Kenshin..."
"Primeiro me diga: o que era aquele sangue em suas mãos?"
"Eu... Kenshin, eu não estou muito bem." Apertou os olhos com força para que as lágrimas não rolassem livremente por sua face. Sentia-se impotente diante do espadachim... Não Kenshin, pois já não era mais ele. Sentia-se impotente diante de Battousai. Agora tinha certeza de que era ele. Aquela voz fria, os olhos mudando de violeta para âmbar... Foi a mesma coisa quando Saitou atacou o dojo, a mesma coisa que vira em seu sonho.
"..."
"Eu não estou muito bem de saúde."
"Como?" Kaoru notou uma certa preocupação na voz de Battousai, ainda que mínima. Sabia que o retalhador não costumava deixar transparecer suas emoções e sentiu-se meio que feliz ao saber que ele se importava com ela.
"Há alguns dias, isso vem acontecendo com mais freqüência. Desde..."
"Desde o dia em que foi visitar o túmulo de seus pais?"
Kaoru, surpresa, levantou o rosto e pela primeira vez encarou Battousai. Âmbar. Já havia visto aquele olhar, mas era a primeira vez que o via desta forma. Estavam dirigidos à ela.
Um arrepio percorrer seu corpo. Era um olhar intenso e frio. Parecia que ele era capaz de ler sua mente... Parecia ser capaz de olhar através de toda a sua carne, e no fundo, enxergar sua alma. Ela permaneceu assim, olhando no fundo de seus olhos. Porém, não conseguia transpor aquelas barreiras âmbares. Era todo um enigma. Tremeu por dentro ao imaginar que aqueles olhos foram as últimas coisas que centenas de homens viram antes de morrerem pelo fio da espada de Battousai.
"Como você...?"
"Eu vi você naquela noite, correndo para o banheiro do mesmo modo de hoje."
"Ah..." Perdendo aquela batalha de olhares, Kaoru virou seu rosto para outra direção.
"Agora, por que escondeu essas coisas de mim?" O tom de voz aumentava, mostrando sua irritação.
"..." Kaoru não sabia o que falar.
"POR QUE ESCONDEU ISSO DE MIM? RESPONDA, KAORU! MEGUMI TAMBÉM ESTAVA NISSO, NÃO ESTAVA?" Kenshin, num movimento rápido e quase imperceptível, agarrou um dos pulsos de Kaoru.
'Tantas vezes... Tantas vezes eu quis ouvir ele me chamar assim. E agora, quando eu finalmente escuto ele falar meu nome sem aquele maldito honorífico, o que mais desejo é que ele volte a usá-lo! Eu não queria que fosse assim!!!'
"Porque eu não queria que sentissem pena de mim... Não queria que ninguém sofresse por mim... Mas Megumi não tem culpa de nada! Ela me fez prometer que contaria, mas eu a enganei..." E sem poder mais agüentar, as lágrimas verteram de seus olhos.
Battousai, em um gesto de frustração passou a mão pelos cabelos. Fechou os olhos na tentativa de se acalmar. Estava assustando Kaoru e não era isso o que queria.
"O que é? Me diz, o que você tem?" Mas temia a resposta, justamente por suspeitar de que fosse o que imaginava. O andarilho talvez fosse muito ingênuo, mas ele não era. O andarilho não percebia... Não percebia que ele também a amava.
"..." Um nó em sua garganta a impedia de falar. Novamente, o medo e a covardia tomavam conta dela. Foi com surpresa que percebeu que o aperto de Kenshin em seu pulso diminuía até se tornar um simples toque.
"Por favor, me diga o que você tem..."
Kaoru se impressionou com a ponta de gentileza na voz de Battousai. Tinha certeza de que ainda era ele, pois sua aura permanecia a mesma.
"É..." Milhares de coisas passavam por sua mente, e nenhuma delas era coerente. Sentia a cabeça latejar e condenou a si mesma quando desejou desmaiar naquele momento. ' "Você precisa ser forte Kaoru."' De repente, lembrou-se das palavras de Tomoe. Seria forte. Não fugiria mais da verdade. "Eu tenho tuberculose."
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A palavra se repetia várias e várias vezes em sua mente.
' "Eu tenho tuberculose." '
' "...tenho tuberculose." '
' "...tuberculose." '
' "...tuberculose." '
' "...tuberculose." '
Sentia-se entorpecido. Então, ouviu os fracos soluços de Kaoru.
Vira dezenas de pessoas serem consumidas por aquela doença. Grandes espadachins foram derrotados por ela e agora... Agora, a pessoa que lhe era mais valiosa... Realmente não queria acreditar naquilo! Os dois, retalhador e andarilho, uniram-se mais uma vez pela dor. Os dois haviam prometido proteger aquela mulher e agora, viam-se impotentes e fracos.
Kaoru, de repente, viu-se cercada por braços fortes. Battousai estava abraçando-a. Fechou os olhos e deixou ser tomada por aquele sentimento quente. Era perfeito. Podia sentir o cheiro que emanava do corpo de Kenshin... 'Parece... Parece... Ah, eu não sei o que parece mas é um cheiro delicioso.'
"Eu vou protegê-la."
Abriu os olhos ao ouvir a voz dele.
"Eu prometo, Kaoru."
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"Caramba, que dor de cabeça horrível!" O mundo parecia girar ao seu redor. Levantou com cuidado, pois no estado em que se encontrava poderia acabar levando um tombo.
Abriu a porta e olhou para o lado de fora. O céu estava nublado e não havia nenhum outro barulho na rua além do canto tímido de um pássaro.
"Ainda tá muito cedo! Como é que eu fui acordar a essa hora?" Naquele momento o odor de comida sendo preparada invadiu suas narinas.
"Bem, já que o Kenshin está fazendo o café, vou lavar o rosto."
Yahiko dirigiu-se cuidadosamente ao banheiro. Chegando lá, submergiu a cabeça num balde de água limpa.
"Maldito sakê!" Amaldiçoou enquanto cuspia água.
Após secar o rosto e os cabelos dirigiu-se até a porta do banheiro. Fechando-a atrás de si, andou seguindo o cheiro da comida. Chegando a cozinha, encontrou Kenshin que preparava um chá.
"Bom dia Kenshin!"
"Bom dia Yahiko."
Foi então que notou que Kenshin estava estranho. As franjas vermelhas cobriam-lhe os olhos e sua voz soava de uma maneira que o deixava angustiado.
"Hei, Kenshin, algum problema?"
"Este servo contará o que está acontecendo. Mas primeiro devemos esperar a chegada de Sanosuke e Megumi-dono."
"Sanosuke e Megumi? Mas tá muito cedo ainda..."
"É um assunto da maior urgência e importância. Este servo já se encarregou de enviar um mensageiro para avisá-los."
"Kenshin, você está me assustando. O que tá acontecendo?"
"Este servo volta a dizer que contará tudo assim que Sanosuke e Megumi-dono chegarem." A voz de Kenshin permanecia calma. Seus olhos ainda eram encobertos pela espessa cabeleira ruiva.
"E a Busu?"
"É melhor deixar que Kaoru-dono descanse." Disse, lembrando-se da noite anterior.
Após ter feito feito sua promessa de protegê-la, Kaoru, provavelmente muito cansada e enfraquecida pela discussão, desmaiou. Ele levou-a até seu quarto, colocando-a deitada em seu futon. Passou a noite inteira em vela, sem descansar. Em todo momento não conseguira fazer com que sua mente descansasse... Não importava o que acontecesse, ele estaria ao lado de Kaoru.
"Mas Kenshin, você não disse que tinha que..."
"Por favor Yahiko. Este servo irá explicar tudo quando Megumi-dono e Sanosuke chegarem."
"Tá certo, desculpa..." Falou, envergonhado e preocupado. Nunca vira Kenshin dessa forma. Pelo visto a situação era mesmo preocupante.
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Yahiko terminava de tomar seu chá e de comer seu bolo. Ele olhou para Kenshin, que estava sentado no pórtico a espera de Megumi e Sanosuke. O espadachim não havia falado mais nada desde aquele momento, que fora a 15 minutos.
O menino sentia um mal pressentimento com relação àquela conversa. Deveria ser algo muito sério. Quando Kenshin olhou para ele, Yahiko estremeceu internamente. O espadachim tinha uma profunda tristeza e sofrimento estampados no olhar.
O barulho do portão sendo aberto despertou Kenshin e Yahiko de seus pensamentos. Sanosuke foi o primeiro a entrar e parecia estar preparado para lutar. Depois dele entrou Megumi, com a caixa de remédios em mãos.
"Kenshin! O que foi dessa vez? Outro maluco? Ou será que o maníaco dos cabelos brancos voltou?"
"Ken-san, algum problema? Eu trouxe..." Megumi parou de falar no momento em que Kenshin lhe dirigiu um olhar. Naquele olhar ela podia enxergar tristeza, sofrimento e... decepção? Sem conseguir mais agüentar aqueles olhos, Megumi desviou o olhar para baixo. E, como um choque, entendeu o que havia acontecido.
"Kenshin, fala logo! E cadê a Jou-chan? Não me diga que..."
"Sanosuke, acho melhor você se acalmar." Megumi interrompeu o lutador que já começava a se descontrolar.
Os dois observaram como Kenshin se levantava e caminhava em direção à mesa onde Yahiko terminara de tomar seu café-da-manhã.
"Este servo explicará tudo. Por favor, sentem-se." Disse, ao mesmo tempo em que se acomodava em uma das almofadas ao redor da mesa.
Imitando os movimentos de Kenshin, Megumi e Sanosuke sentaram-se lentamente.
"O que é Kenshin? E onde está a Jou-chan?"
"Kaoru-dono está dormindo."
"Então vamos acordá-la. Se o assunto é tão sério acho que ela também tem que participar."
"Kaoru-dono está muito cansada, Sanosuke. É necessário que ela tenha um bom descanso."
"Então...?"
"É sobre ela o assunto da conversa."
"Eu sei onde você quer chegar Ken-san." Megumi então tomou coragem para olhar o espadachim.
"Este servo agradece, Megumi-dono. Este servo tem certeza de que com a sua ajuda será menos difícil ter esta conversa."
"Ei, ei! O que é isso? Você já sabe o que é Megumi? É a Jou-chan? Ela foi ferida, é isso?"
"Este servo pede que você tenha paciência, Sanosuke. Nós explicaremos a situação."
"Então parem de enrolar, Kenshin! Eu também estou curioso para saber o que está acontecendo." Yahiko, que até o momento mantivera-se calado observando as outras três pessoas, falou.
"Antes de mais nada vocês dois precisam saber de que a situação é delicada e que precisam estar preparados para o que vão ouvir. Com certeza será um choque para vocês assim como foi para mim e para o Ken-san."
"Ihhhh... Eu não tô gostando do rumo dessa história."
"Tenho certeza de que quando Megumi-dono e este servo terminarem não será nada agradável Sano."
"Kaoru está doente." Megumi falou, utilizando sua profissionalidade.
"Como é? Jou-chan tá doente? O que ela tem?" Perguntou Sanosuke visivelmente preocupado.
"É! O que a B... a Kaoru tem?" Yahiko percebeu que aquela não era a hora para brincadeiras.
"Não é uma doença simples."
"O que é! Fala logo!" Sanosuke indagou com seu ar impaciente.
"É tuberculose." Kenshin surpreendeu a todos quando falou.
"Ah, caramba!" O lutador, num gesto de certo desespero, cobriu o rosto com as mãos.
"O que é isso?" Yahiko perguntou sem entender.
"Percebe-se mesmo que você não lê jornais." Sanosuke falou, a voz sendo abafada por suas mãos que ainda estavam sobre seu rosto.
"Yahiko..." Megumi respirou fundo antes de continuar. Procurava as palavras certas para que o menino compreendesse o que se passava. "Tuberculose é uma doença que dá no pulmão. O que você precisa saber é que essa doença é muito grave e perigosa."
"Muito grave?" O menino tinha medo em seus olhos.
"Sim."
"Eu não acredito! Como Jou-chan foi ficar doente assim?"
"Essa tuberculose que Kaoru contraiu é contagiosa. Qualquer pessoa que aspire o ar onde um doente espirrou, por exemplo, pode ficar doente também."
"Contagiosa?"
"Isso mesmo. Por isso, eu vou ter que falar uma coisa que não é fácil."
"O que é, Megumi-dono?" Kenshin perguntou com sua voz calma e pesada.
"Kaoru precisa ficar isolada. Isso significa que vocês não podem ter muito contato com ela. O ideal seria que ela fosse para um hospital, mas..."
"Mas o que, Megumi-dono?"
"A situação nos hospitais não é das melhores. Estão lotados e parece não haver equipamentos e medicamentos suficientes..."
Por um momento o silêncio instaurou-se entre os presentes. Era visível a tristeza e a preocupação em seus rostos.
"Eu enviei uma carta para o Dr. Gensai e ele já está a caminho."
"Eu não consigo acreditar nisso... Logo com a Jou-chan!" Sanosuke levantou-se, caminhando em direção a porta.
"Sanosuke, aonde você vai?" O menino indagou.
"Vou na cozinha tomar um pouco desse chá." Sanosuke estava visivelmente abalado com a situação.
"Eu também vou." Disse Yahiko, levantando-se e levando consigo a bandeja e o copo.
Após Yahiko e Sanosuke deixarem a sala, Megumi se levantou, sem sair do local.
"Desculpe Ken-san."
"Não são necessários pedidos de desculpas Megumi-dono. O importante agora é cuidarmos de Kaoru-dono."
"Kenshin, eu tenho algumas recomendações a fazer."
"Pode dizer, Megumi-dono."
"As roupas, talheres, copos e outros objetos utilizados por Kaoru deverão ser guardados e lavados separadamente para que evite a contaminação." Explicou Megumi para logo depois soltar um longo suspiro.
"Certo." Era difícil para Kenshin ouvir aquelas palavras. Sabia que seria mais difícil ainda para Kaoru e podia imaginar a reação dela.
"Deve tomar muito cuidado ao manuseá-los, já que será você a fazer essas coisas, eu acredito."
Kenshin apenas concordou com um aceno de cabeça.
"Eu sei que vai ser difícil Kenshin, mas você precisa impedir que Kaoru continue a praticar kenjutsu."
"Este servo fará isso."
"Não vai ser nada fácil, afinal, é assim que ela ganha a vida. Mas a saúde de Kaoru é muito frágil e qualquer esforço pode resultar numa crise."
"Este servo compreende. Há mais alguma recomendação?"
"Por enquanto nada. Agora vamos esperar o Dr. Gensai chegar."
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"Ei, Sanosuke..." Disse o garoto, com uma expressão triste e hesitante na face.
"O que foi?" O lutador estava de costas.
"Você acha que... Acha que a Kaoru vai..."
De repente o menino foi interrompido por uma mão sobre sua boca.
"Isso não vai acontecer!" Exclamou retirando a mão da boca de Yahiko.
"Mas a Megumi disse que é grave." Yahiko abaixava a cabeça para esconder os olhos marejados.
"É. É mesmo grave... Mas não significa o fim! Jou-chan e forte e vai segurar essa parada."
"..." O menino levantou a cabeça para olhar o homem que agora sorria numa tentativa de reconfortá-lo.
"Nós estaremos aqui para ajudá-la, né?"
"É!"
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Espreguiçando-se no futon Kaoru abriu os olhos lentamente.
"Que sonho!" Pausa para um bocejo. "Ai, ai... Vou dormir mais uns cinco minutinhos..."
Então virou-se para o lado. Apenas um minuto se passou até Kaoru sentar de um pulo no futon com a respiração agitada e os olhos grandes como pratos.
"Droga, não foi um sonho!"
Kaoru pôs-se de pé apenas para sentir uma leve tontura. Tentando ignorar esse fato a jovem kendoka andava de um lado para o outro no quarto, pensando.
'Eu não consigo acreditar, não consigo! Kami, como vou olhar para ele agora? Será que ele voltou a ser Kenshin, ou continua como Battousai? Ai, como eu queria poder ficar nesse quarto e não sair nunca mais!'
' "Ora, vamos! Deixe de lado essa covardia, Kaoru! O mais difícil você já fez, não desista agora!" ' Exclamou uma voz dentro de sua cabeça.
'Eu sei, mas...'
' "Mas nada! Você é filha de Koshijiro e Sakura Kamiya! Você já enfrentou preconceito por ser uma mulher dona de um dojo onde ensina kenjutsu, aprendeu a se virar sozinha depois que seu pai morreu e agora vai dar uma de donzela indefesa?" '
'Mas, e se eu for mesmo uma donzela indefesa? A verdade é que agora eu tremo de medo por saber que tem uma coisa dentro de mim que está me matando! Como eu posso ser corajosa diante disso?'
' "Se você não faz isso por você então faça por eles. Você disse que não quer ver ninguém sofrendo por sua causa, mas como isso é possível? Não entende que se você demonstrar medo e fraqueza aí sim é que eles vão sofrer? Eles vão ver que você está sendo consumida por essa doença e vão ficar tristes... Se você não tem coragem, pelo menos finja que tem! Faça isso por eles..." '
Kaoru parou em silêncio meditando naquelas palavras. Seja o que ou quem fora que disse essas palavras estava certo. Mesmo que tivesse que fingir uma falsa coragem ela não demonstraria medo.
Andando em direção ao guarda-roupa pegou um kimono amarelo simples, sem qualquer estampa ou bordado, e uma fita verde. Após vestir-se e pentear os longos cabelos negros saiu do quarto, dirigindo-se à cozinha. Provavelmente Kenshin estava lá. Aproximando-se da sala de refeições enrijeceu ao ouvir as vozes de Kenshin e de Megumi. Percebeu como de repente os dois pararam de conversar. Em seguida, ouviu os passos de Kenshin que atravessavam o umbral da porta que estava aberta.
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Kenshin calou-se de repente e fez um gesto para que Megumi fizesse o mesmo. Não estava enganado, sentira a presença de Kaoru se aproximando do cômodo onde se encontrava conversando com Megumi. Sentiu também quando ela parou em seco, próxima à porta da sala. Saindo e olhando para o lado, ele a viu através de suas franjas que ocultavam seus olhos. Usando ao máximo sua capacidade de ocultar seus sentimentos Kenshin levantou a cabeça para revelar-lhe olhos plenos de conforto. Ele seria a fortaleza que ela necessitava naquele momento. Lembrou-se de suas palavras durante a conversa que tiveram durante a madrugada.
' "Porque eu não queria que sentissem pena de mim... Não queria que ninguém sofresse por mim..." '
Ele não demonstraria seu sofrimento. Sabia que seria importante para ela que não a tratassem de maneira que demonstrasse pena ou compaixão. Sabia que nada mais seria fácil. Sabia que nada mais seria o mesmo... Mas não a deixaria cair, não a deixaria desistir! Se fosse necessário ele seria forte por ambos e a protegeria dela mesma.
"Bom dia, Kaoru-dono. Dormiu bem?" Disse mostrando-lhe um leve sorriso.
"Bom dia, Kenshin. Sim, dormi bem. Obrigada pela preocupação." Falou antes de engolir a saliva que se acumulava em sua boca pelo nervosismo.
"A senhorita está com fome?"
"Não muita." Revelou fazendo uma pequena careta.
"O que é isso, Tanuki-chan? Você sabe que precisa se alimentar bem!" Megumi dizia enquanto abandonava a sala para se juntar aos dois.
"Oi Megumi." Uma expressão um pouco mal-humorada apareceu na face de Kaoru.
"Ohoho, é assim que eu gosto de te ver Tanuki-chan!"
Kaoru corou levemente pelo comentário.
"Maa maa. Sessha vai até a cozinha trazer o seu café Kaoru-dono."
"Não precisa Kenshin. A gente trouxe." Sanosuke apareceu junto a Yahiko que carregava uma bandeja com bolinhos de arroz, Castela e chá.
(Nota: Castela é uma espécie de bolo levado pelos portugueses ao Japão. Fazia bastante sucesso na época. No mangá, logo após o Jinchuu, Kaoru oferece Castela à Kenshin que pelo visto gosta bastante! )
"Este servo agradece a vocês." Disse pegando a bandeja das mãos de Yahiko e levando até a mesinha. "Venha comer Kaoru-dono." E sorriu.
Antes de entrar na sala e sentar-se a mesa, Kaoru virou-se para Yahiko e Sanosuke.
"Obrigada." Sorria sinceramente.
"De nada, Jou-chan. Estamos aqui para te ajudar, não é garoto Yahiko?"
"É!" Exclamou Yahiko para logo emendar. "Ei! Repete isso!"
"Garoto Yahiko."
"Ah, você vai ver só, Crista de Galo!" Em seguida lançou-se contra Sanosuke iniciando a luta de sempre. O dois trocavam insultos enquanto rolavam pelo chão.
"Vê bem como você fala comigo moleque!"
Kaoru, Kenshin e Megumi riam diante da cena. Megumi fez um comentário a respeito de Sanosuke que não o agradou nem um pouco. Logo eram os dois que estavam discutindo.
Kaoru sorriu enquanto tomava um gole de seu chá. Kenshin estava sentado ao lado dela. Lançando um olhar para Kenshin e depois outro para Yahiko, Megumi e Sano não pôde reprimir uma risadinha e pensar: 'Ha! E essa é a minha família!'
Pela primeira vez depois de receber a notícia da doença Kaoru sentia-se confortável e feliz. Era bom saber que tinha amigos.
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Continua...
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Papo Furado:
Aew!!!!!! Depois de muito tempo desaparecida, aqui estou! Sinto muito pela imeeeeeensa demora no cap., vcs devem estar me odiando por ter deixado meus queridos leitores tão curiosos, né???? Peço perdão! A autora que vos fala estava sofrendo de um terrível período de falta de inspiração para o capítulo. Ainda mais com a viagem. Dessa vez eu decidi ser boazinha e não terminei o cap na hora H, hehehe... Esse foi o maior cap que eu fiz, de 10 páginas. Somando o Papo Furado e a resposta dos reviews deu 12 páginas e meia. Vcs já perceberam que o meu lance é fazer caps médios quase pequenos, né?
Ano Novo: Bom, Feliz 2005! Desejo realizações e sucesso neste novo ano que se inicia!
Capítulo: Uow, uow, uow!!! Aqui está o que muitos queriam: BATTOUSAI!!! Huhauhaua... E aí? Vcs gostaram da aparição do nosso retalhador favorito? Espero ter correspondido às expectativas de vcs! E a Kaoru? Coitada, né? Para tornar mais difícil ainda esse momento ela teve que contar para o Battousai... O cap começou dramático e terminou mais feliz, perceberam? Eu decidi dar uma folguinha para os nossos protagonistas e pra vcs tbm, né? É muito sofrimento pra uma fic só, huahuahua...
RK no Cartoon: Haaaaa, buáááááááá!!!!!! Eu nom vi meu Battousai!!! Buááááá!!!! Nom acredito que perdi os olhos âmbares mais bonitos dos animes!!! Hehehe... Existem outros personagens com olhos dourados, mas nenhum desses olhos é tão bonito quanto os do Battousai, né? Hehehe...
A fic: Bom, só pra vcs ficarem sabendo, eu já tive toda a idéia para a continuação de N.Q.T.V.S e já estou até fazendo o primeiro cap.. Mas calma lá! Isso não quer dizer que a fic está terminado! Na verdade, eu não faço idéia de quando ela vai acabar. Mas acho que não falta muito pro final... Arrisco a dizer que talvez tenhamos mais uns cinco caps até o final. Mas ñ levem isso muito a sério! Eu realmente ñ consigo programar muito as coisas... O meu processo de criação de cap é mais ou menos assim: eu sinto a inspiração chegar (profundo, ñ?), ligo o PC, abro o Word e depois as idéias e os diálogos vão aparecendo na minha cabeça à medida que vou escrevendo. É simples assim... Por isso, ñ adianta nem eu ligar o PC sem estar muito inspirada por q ñ vai sair nada que preste!
Battousai: Muitos autores costumam colocar o Battousai como apenas o estado de Kenshin quando está nervoso... Não me entendam mal! Não estou criticando! Eu também gosto dessa versão, hehe... Mas eu acredito mesmo que Battousai seja uma outra personalidade. Os dois são mesmo muito diferentes... É uma das provas é que no mangá, quando Kenshin se torna Battousai para lutar contra Saitou e Yahiko estranha Kenshin, e diz que ele está "mais louco que o habitual" (ele diz nessas palavras na versão portuguesa, eu ñ li essa edição na versão brasileira) Kaoru o corrige dizendo que aquele não era Kenshin e sim Battousai. Por isso, eu realmente acredito na dupla personalidade do nosso Ken!
Vamos aos reviews!
Respostas:
Reviews cap.9:
Aewwwwwww!!! 8 REVIEWS PARA SESSHA!!!! Mila pula de alegria
Rafinha Himura Li: Uow! Que review enooooorme!!! A-D-O-R-E-I!!! Oh, claro que pode me chamar assim, todo mundo chama! Vou te chamar de Rafa, ok? Puxa, CINCO MESES sem net e sem PC ainda por cima? Acho que eu ñ sobreviveria... XP Eu também fiquei muito feliz! Parece que o pessoal está se animando mais a escrever fics e o resultado é um show de criatividade! Eu só tô vendo fic de excelente qualidade e isso é maravilhoso, não acha? Puxa, ñ precisa agradecer porque para mim é um prazer escrever! Afinal, se eu não me divertisse fazendo minhas histórias elas acabariam sendo muito chatas, né? As pessoas devem sempre ter prazer no que fazem para que obtenham um bom resultado. Rafa, você ñ faz idéia de como esse review me deixou feliz! Eu morria de medo de deixar o Kenshin sentimental demais, porém tbm tinha medo de deixar ele frio demais... (Flash Back: "Someone help me, please!" ¡O0O!) É bom saber que eu encontrei o caminho certo. Eu concordo. Alguns fazem um Kenshin romântico e cheio de palavras doces... É bonito, mas não é o Kenshin de verdade. Ohhhhh, nosaaaa!!! extremamente vermelha OO Sessha está tão encabulada! Obrigada, obrigada, obrigada! Uhhh, agora vc complica pra mim! Mila puxa os cabelos enquanto roga aos céus: "Senhor! Eles sempre falam a msm coisa!!! Faça eles esquecerem essa frase!" (frase: NÃO MATE A KAORU!) Eu ñ vou te dizer se eu vou matar ela ou ñ... Isso é segredo de Estado! Super confidencial! Por isso, vcs vão ficar com essa dúvida até a fic acabar, HUAHUAHUAHUA... risada maligna Bjks para vc, fofa!!!
Anna Lennox: Olá querida! Obrigada por aparecer por aqui, Sessha está feliz que você tenha se dado ao trabalho de ler a humilde fic de Sessha! Bjs!
hitomi higurashi: Oiiii!!! Tadinho do Kenshin, né? Mila faz cara de inocente Não só ele e a Kaoru, mas também o pessoal todo vai sofrer com isso... Desculpe pela demora no cap!!! ESPERO QUE TENHA GOSTADO! Não esqueça de revisar!
Jenny-Ci: Bem-vinda à sessão de Rurouni Kenshin! Obrigada pelo 'original'! Hehe... Kenshin é TODO fofo!!! Bjux!
Loliz: Eu sei que o Ken é lerdo, mas ele é FOFO! Acho que isso compensa um pouco por ele ser tão devagar, devagarinho... E também o Kenshin tem uma... hã... 'retaguarda' incrível! Também ajuda a compensar! XD Até o próximo cap! Mila se ajoelha dessa vez: "Por favor, tira isso da cabeça deles!" (se vc ñ entendeu dá uma lidinha no final da resposta do review da Rafinha Himura Li)
Otaku-IY: Ah, sim! Eu conheço o esquema dos O.V.A's, mas nunca lembro os nomes! :-P Obrigada pelo review! É POR ISSO QUE EU NOM QUERO VER OS O.V.A's!!! Sessha ñ suportaria ver Kenshin morrendo! balança a cabeça de um lado para o outro para se livrar de possíveis imagens desse acontecimento Bem, aqui está a grande conversa... Me conta o que vc achou! Desculpe pela demora...
Roberta: Eu sei que você deve estar super nervosa comigo por ter demorado tanto, mas eis aqui o cap10! Revisa, tá?lere: Amoooooooor da minha vida! Huahuahua, eu sou má, SOU MUITO MÁ!!! risada diabólica Ohhhh, espero que não tenha chegado ao ponto de usar unhas postiças... Demorei muito, né? Vc deve estar querendo me fazer em picadinhos por ter estragado as unhas tão bonitinhas que vc tinha, né? Mas lembre-se de que se vc me matar ñ saberá o fim da fic!!! Sempre que quiser se lançar através do PC para me esganar, lembre-se disso, ok? BJÃO LINDA!
Reviews de Here Without You:
Mila já está com a cabeça presa no teto de tanto pular
Jenny-Ci: Sessha agradece! Puxa, eu consegui fazer vc chorar??? Não sabia que chegaria a tanto... Ah, vc ñ conhece o final do mangá? Dá uma passadinha nesse site: É um site português que tem os scans dos mangás de RK para download.
Lili-chan: Uow, uow! É muito elogio!!! Mila coradinha Obrigada e mil bjs!
Madam Spooky: Nossaaaa!!! Madam Spooky é uma honra ter vc aki! Q bom q gostou!!! XD
chibi lua: Ah, essa músik é TUDO!!! Eu a amo! Aparece por aqui tbm... Seria ótimo! Bjks!
Iasmin-chan: Ohoho! Q coincidência!!! Puxa, vc tbm está lendo N.Q.T.V.S!?! Então deixa um review, ñ fique acanhada! (rsrs) Hehe... Bjus!
arwen himura: Eles são TUDO! São fofos, sexys, batutas... Hehehe... Bjks!
lere: Ai minina! Pára com essas coisas! Mila ñ consegue ficar mais vermelha do q já está Ufa, que alivio! Que bom que vc gostou da cena do beijo! Eu tive tanto medo de q ñ saísse muito bom! Feliz Natal e Feliz Ano Novo pra vc tbm, guria! Bjos!
Anna Lennox: Eu tbm ñ dei muita atenção pra músik da primeira vez q ouvi... Só quando vi o clipe traduzido é que eu percebi a beleza dela! Obrigada pelo seu review, bjs!
Agradeço a todos pelos reviews maravilhosos! Quero mandar um beijão para aqueles que lêem a fic mas ñ comentam. Mesmo sem dizerem algo Sessha é grata a vcs!
Continuem comentando pessoal! Até o próximo!
