Capitulo Um –Primeiro ataque (27/01/04)
Glossário:
Ningen: humano
Katana: A espada que o Hiei usa
Dois anos depois após a "morte" de Kurama
Ele manuseava a katana com estrema habilidade. Em apenas um golpe havia desintegrado aquela pedra em seu caminho, suspirou enquanto limpava o suor em sua testa com a mão. Não estava suando por cansaço ou calor, naqueles dias havia recebido uma das piores noticias de sua vida...
-Yukina... –Murmurou entre os dentes enquanto se preparava para descontar sua raiva crescente em qualquer coisa.
Hiei havia descoberto há dois dias atrás que sua querida irmãzinha iria se casar com ninguém menos que o estúpido do Kuwabara! Se tivesse descoberto antes, que a mula iria pedi-la em casamento, poderia ter matado o maldito! Cerrou os punhos enquanto fatiava mais uma pedra, depois que Yusuke ganhara um reino e ele e Kuwabara viraram detetives para casos mais restritos estavam muito folgados.
Podia se lembrar muito bem, todos estavam reunidos, rindo e comendo até Kuwabara pigarrear e falar "tenho uma noticia para dar à vocês...".
Como era estúpido! Se tivesse usado o Jagan poderia ter descoberto tudo aquilo e não iria precisar ouvir todo o discurso daquele imbecil. Mas mesmo sem usar o Jagan devia ter imaginado, afinal Yukina havia começado a corar violentamente enquanto sorria para seu "noivo" com os olhos marejados.
Sua irmã era uma youkai! Como uma youkai de altíssimo nível poderia se casar com um ningen estúpido? Como Yukina poderia beijá-lo, como fez, sem sentir o mínimo de nojo?
Mas todo o seu ódio havia sumido quando ela veio correndo em sua direção e falou muito feliz: "Estou tão feliz Hiei... Nada poderia me fazer mais feliz que isso". Ela estava feliz, nada poderia fazê-la mais feliz, nem mesmo, supôs ele, a noticia que seu irmão estava vivo. Mesmo que nunca fosse falar aquela dor o incomodava...
Quando fora cumprimentar os "noivos" laçou um olhar altamente mortífero para Kuwabara e deixou seus caninos de fora... Poderia ter acabado com a vida do infeliz, mas não o fez, um estranho pensamento o parou e imediatamente da raiva mergulhou numa imensa tristeza. Se Kurama estivesse ali teria colocado a mão em seu braço ou ombro gentilmente e o afastaria antes que pudesse fazer algo contra qualquer pessoa.
Depois ele iria tentar acalma-lo com as palavras certas e no final iria acabar cedendo. Mesmo que tivesse uma enorme vontade de ir embora Kurama iria convencê-lo a ficar e no final mesmo que ficasse com a cara amarrada ele sempre teria um sorriso no rosto.
Se ao menos Kurama estivesse ali...
De repente parou com todos os movimentos e deixou a katana cair de sua mão, lembrar dele ainda doía profundamente, mesmo depois de dois duros e longos anos. Abaixou os olhos e se apoiou em uma árvore, seus joelhos haviam perdido a força de repente. Socou o tronco fazendo com que abrisse uma rachadura e suspirou, não podia ser tão fraco! O que aquela raposa havia feito com ele?! Apoiou a cabeça na arvore e fechou os olhos tentando clarear a mente.
Mukuro... Ainda teria que passar em sua fortaleza naquele dia e teria que fazer a habitual patrulha nas fronteira... Bom, pelo menos algo com que se ocupar.
Mas por mais que pensasse em quantos youkais estúpidos iria retalhar naquele dia não conseguia tirar aquele maldito de olhos verdes de seu pensamento! Como odiava aqueles olhos penetrantes e doces!
Era melhor se conformar e manter a compostura, Kurama nunca mais estaria ali...
-Vamos Hiei... –Disse para si mesmo –Ele não vai te fazer perder a dignidade!
Levantou-se e pegou a katana. Lentamente voltou a pensar em Yukina e Kuwabara. Sempre que lembrava de Kurama tentava ocupar a cabeça com outra coisa e era isso o que tentava fazer agora... Precisava pensar no horrível casamento...
-Como aquele idiota teve coragem de pedir a mão dela! –Urrou enquanto ia cortar a árvore, mas não conseguiu, as plantas sempre o lembravam "dele", olhou para as folhas verdes s acabou recordando de seus olhos também.
Virou-se e começou a correr, estava ficando maluco com aqueles sentimentos!
Iria voltar para a Fortaleza de Mukuro mais cedo... Isso queria dizer que retalharia mais youkais, veria mais sangue escorrendo por sua espada e poderia aliviar toda a sua tensão, não era uma má idéia.
Correu rapidamente pelo makai e logo estava entre as paredes daquela fortaleza, Mukuro com certeza estaria em seu quarto, nada de errado.
Andava rapidamente pelos corredores, conhecia aquilo ali como a palma de sua mão, logo chegou naquele quarto. Bateu a porta e não demorou em receber resposta, lá estava Mukuro analisando um papel, fez um sinal para com a mão para ele entrar e disse:
-Tão cedo por aqui Hiei...
-Hn. –Resmungou –Algum problema?
Ela sorriu cinicamente e disse com os olhos tristes:
-Por mim, nenhum, adoro sua companhia... É uma pena que não tenha essa mesma opinião sobre a minha.
Hiei revirou os olhos, odiava quando Mukuro falava daquele jeito. Não era culpa dele se ela queria que lhe acompanhasse de "outra" maneira, já tentara ser esse tipo de acompanhante há mais ou menos um ano, mas havia dado tudo errado... Não tinha esquecido dos sentimentos que tinha pelo "outro", e Mukuro sabia disso, quando estava com raiva usava aquilo contra ele, para se sentir pior. Até "gostava" dela, mas não conseguia ficar ao lado de uma pessoa que lembra toda hora de coisas desagradáveis.
-Sua culpa. –Simplesmente disse.
Ela ergueu uma sobrancelha e balançou a cabeça firmemente.
-Ainda tenho meu orgulho, tenho certeza que não gostaria de ter alguém ao seu lado e essa pessoa estar sempre com a mente em outro alguém.
-Não estou com humor para discutir com você hoje. –Respondeu secamente enquanto colocava as mãos nos bolsos.
-Que pena! –Rebateu sarcasticamente –Mas afinal, para que veio aqui?
-Além de patrulhar as fronteiras tem mais alguma tarefa para mim?
Ela suspirou e jogou o pedaço de papel para Hiei.
-Estamos com muitos problemas Hiei... Parece que apareceu um maldito ladrão aqui.
-Um ladrão? Problemas com um simples ladrão?
-Infelizmente ele não é um simples ladrão, acabou facilmente com vários homens num piscar de olhos... Inferno! O estilo dele parece muito com o de...
-Kurama Youko. –Disse Hiei rispidamente após bater o olho no papel–Deve ser algum idiota que gostou da lenda dele e está o imitando.
-Provavelmente... Se já terminou de ler pode ver que seria impossível ser o verdadeiro.
-Claro, ele está morto.
-Também por isso, mas depois de viver no mundo dos humanos Kurama mudou... E esse ladrão parece muito com o youko, aquele ser cruel que vagava pelo Makai.
Hiei deu os ombros e devolveu o papel para Mukuro.
-Quer que eu vá pegá-lo?
-Sim.
-"timo! –Deu um meio sorriso –Quando começo?
-Amanhã... Vou convocar uma reunião. Acho melhor ficar aqui, o seu quarto está arrumado. Mandei outra pessoa para a patrulha.
-Certo. –E se retirou.
***
A planta crescia rapidamente, da semente surgiu o caule, as folhas, os espinhos e rapidamente surgiu um lindo botão de rosa, mas o crescimento parou por ai. Estava entediado, deixou a delicada flor ao seu lado e suspirou, rosas vermelhas lembravam o tempo que fora humano...
Sempre gentil, o Shuuichi... Sempre ajudava todos com sorrisos e conselhos, porém aquele não era o verdadeiro "Kurama".
Podia lembrar-se com clareza do tempo que definiu o destino de sua vida.
Estava cansado de fingir o que não era. A sua forma humana era muito diferente do seu eu real, era bom demais, certinho demais, algo totalmente diferente do Youko. Mas sabia que era dessa forma que as pessoas ao seu redor gostavam, tanto que quando se parecia mais com seu lado verdadeiro lhe perguntavam se estava bem. Mas havia se cansado disso.
As poucas vezes que pode ser um pouco do youko havia sido com Hiei, mas mesmo assim o que Hiei buscava era Shuuichi.
-Ele também... –Murmurou.
Claro, que com o demônio de fogo era mais fácil "encenar", afinal aquela pequenina e encantadora criatura que despertara um sentimento bastante peculiar em seu coração de youko. Mas Hiei gostava de Shuuichi, não dele.
Aquela dor o matava aos poucos, não demorou para notarem, mas resolveu falar que tudo continuava bem, nunca entenderiam mesmo. Então começou a sair as escondidas no Makai para se acalmar, se escondia atrás de um capuz para não revelar sua face. Beber um pouco e correr pelos bosques de lá o fazia sentir-se muito bem! Era um bem estar que não sentia há muito tempo.
Foi em uma dessas escapadas que Otoyo, um poderoso youkai comerciante, por incrível que pareça havia reconhecido Kurama. Dizia que há muito tempo havia negociado com ele e nunca mais se esquecera de como era seu "you-ki".
Aos poucos foi contando para ele o que o afligia, então ele mostrou a solução, era uma antiga magia youkai que poderia separar o corpo de youko do humano, já que ter uma dupla personalidade estava o deixando louco. Mesmo tendo algumas coisas em comum as duas personalidades eram muito diferentes e seu lado youkai era mais forte e não poderia mudar, as pessoas gostavam do ningen, não dele de verdade e aquela, aquilo martelava continuamente sua mente...
Gostavam do ningen, não dele...
E aquilo se transformou em solidão... Não agüentava mais isso.
Simulou sua morte, tudo perfeito, ergueu uma proteção contra o jagan de Hiei e assistiu seu velório. Podia ter sido triste no começo, mas a dor maior foi depois.
Como se não bastasse descobrir que todos os que o rodeavam eram egoístas e só queriam Shuuichi por perto para beneficio próprio ninguém teve a ligeira idéia de que ele fosse voltar como youkai... Mas é claro! Ninguém nunca se importou em perguntar se ele estava feliz de ser ningen e se iria morrer definitivamente como um. Portanto ninguém veio procura-lo... Tudo bem, se não se importavam, não iria se importar também.
Aprendeu a olhar com ódio todos aqueles idiotas, mas não conseguia ter total raiva de um deles...
Hiei.
-Kurama?
Foi tirado de seus pensamentos por uma voz não muito agradável. Era Otoyo. Havia se aliado a ele como pagamento, roubava sem revelar sua identidade para o seu "sócio", mas aquele youkai ridículo queria bem mais que uma simples "aliança".
Ele soltou os longos cabelos castanhos do rabo de cavalo alto em sua cabeça e fechou os olhos negros esperando uma resposta da raposa.
-Kurama? Tudo bem?
-Se saísse de minha frente eu poderia estar melhor. –Falou com desprezo.
Otoyo sorriu, odiava aquele sorriso malicioso com todas as suas forças! Mas em breve se livraria dele... O feitiço para separar corpos custava muita energia, ainda não havia se recuperado por completo, mas quando o atual ciclo lunar acabasse estaria com sua força total.
-Está mentido meu querido Youko.
-É mesmo? –Sorriu cinicamente enquanto cruzava os braços –Por acaso tem um jagan para olhar em minha mente e não avisou?
-Bem que você gostaria, não é? Assim ficaria mais parecido com um tal demônio de fogo.
-Não sei do que está falando.
-Está tão cínico hoje, querido! –Riu –Mas eu o adoro assim.
Kurama o fuzilou com seus orbes dourados e penetrantes.
-Não sou seu "querido".
-Claro que não! –Riu novamente enquanto se aproximava do kitsune, tocou seu braço levemente enquanto lambia os lábios com desejo.
-Não me toque seu idiota.
-Ah Kurama... Só sirvo quando está muito necessitado, mas não me importo com isso, você é algo irrecusável.
Ele estava provocando...
-Essa cara emburrada somente te deixa adorável!
Sem aviso várias plantas envolveram todo o corpo daquele youkai estúpido. Mesmo que os vegetais apertassem mais o sorriso não saia daquele rosto! Tinha a mesma expressão irritante de sempre.
-Escute aqui: Não sou brinquedinho de ninguém! Youko kurama só pertence a si mesmo! –Falou enquanto cortava o rosto de Otoyo com suas garras.
-Vai me matar Kurama? Esqueceu que se me matar agora vai voltar a ser humano? Sabe que se tivesse morrido de verdade como "Shuuichi" não teria voltado a ser youko.
O youko apenas se virou, rapidamente as plantas abandonaram Otoyo.
-Isso mesmo Kurama... Coopere.
-Cale a boca youkai estúpido! Você não poderá me controlar por muito mais tempo, sabe disso.
-Claro que sei, por isso já me preparei para morrer.
-Graças a Inari! Vai ser uma das poucas coisas inteligentes que você já fez! –E saiu de lá, não agüentava mais aquele idiota no seu pé. Adorava muito a vida de youko, somente Otoyo fazia aquilo não ser tão agradável.
Pegou o seu capuz e se preparou para dar uma volta, poderia passar perto da fortaleza de Mukuro para programar melhor seu próximo roubo.
Inconscientemente sempre odiou aquela mulherzinha irritante, talvez por isso tinha tanto prazer em roubar dentro de seus domínios. Imaginar a cara dela recebendo a noticia de que tudo fora levado e todos os homens estavam mortos era muito agradável.
Logo estava em frente as muralhas daquela fortaleza, podia sentir uma grande concentração de pessoas lá dentro. Normalmente as coisas eram mais calmas, deixou um sorriso malicioso dominar seus lábios, aquilo era por causa do "novo ladrão".
-Mukuro-sama está realmente nervosa... –Falou uma voz.
Kurama se escondeu nas sombras para ouvir melhor a conversa, quer dizer que a idiota estava nervosa? Que adorável!
-Ela até convocou uma reunião. Mas dessa vez vamos pegar esse ladrãozinho!
-Vamos?
-Sim, Mukuro-sama vai mandar seu melhor homem, Hiei-sama.
De repente tudo parou... Ela iria mandar Hiei para acabar com ele?!
-A reunião será a amanhã a tarde, não é?
-Sim Takeda... Mas esqueça! Você não vai entrar!
Kurama cerrou os punhos enquanto se afastava dali... Quer dizer que ela mandaria Hiei? Então ele ainda era vassalo da idiota... Havia pensado que ele fora mais esperto, mas continuava tolo.
Depois de dois anos iria se encontrar com ele... Era estranho, mas ao mesmo tempo que sentia tristeza um sentimento de ansiedade o dominava, seria muito divertido apesar de tudo.
De repente sua mente começou a funcionar. Poderia atacar naquele momento, aquela jogada de reunião era uma armadilha, Mukuro tinha esperanças de que se ele pensasse que todos estavam concentrados em um só lugar iria atacar, mas com certeza haveria algo o esperando. Mas de qualquer forma roubar algo que não estivesse muito bem guardado não fazia seu estilo.
Teve uma idéia interessante... Na sua cabeça um plano começou a se arquitetar automaticamente e logo tinha a diversão garantida para o dia inteiro.
Mukuro iria ver.
***
-O QUE?! –Exclamou Mukuro levantando da mesa.
-M-Mukuro-sama é-é que- -Tentou falar o empregado.
Hiei deu um meio sorriso e se levantou da mesa, falando:
-Agora é minha vez, não é Mukuro?
O tal ladrão havia atacado novamente quando todos menos esperavam, a noticia da reunião devia ter vazado, fazendo-o mudar seus planos.
-Como você pode estar tão tranqüilo Hiei?!
-Se um de seus soldados incompetentes deixaram escapar a noticia devia estar se preocupando em como melhor a disciplina deles. Agora –Sorriu –É minha vez de brincar.
E saiu. Iria ser muito interessante.
Continua...
N/a: Olá novamente! ^^
Bom, cá estou eu as seis horas da manhã terminando esse cap XDD
Foi muito interessante de escrever! Eu sei que foi curtinho, mas ficaria muito longo se colocasse todo o "primeiro encontro" de Hiei e Kurama agora, tadinho do Hiei XDDD *kiki malvada, fica se divertindo imaginando o Hiei sofrendo*
Agora, as reviews (obrigada, muito obrigada por apoiarem ^__^!)
Kaoru: ^^! Obrigada por ler! Hai, a música (apesar de triste) é linda.
Oba! Realmente yaoi é muito legal, tem uns ruizinhos -___-, mas nada é perfeito ^^'''' E que bom que gostou da fanfic! Ja ne!
Shampoo Sakai: Essa música também é muito boa! Só que Dark Side combinava mais com o fanfic e resolvi colocar assim ^^ Obrigada pelo elogio a fanfic ^______^!
Hai -___- ter um monte de fanfics enroladas é horrível, principalmente quando só falta mais dois caps pra uma acabar e você não consegue escrever @___@
Ja ne!
Saori San: Obrigada Saori-sama! Que bom que não achou o texto confuso, eu fiquei com medo que isso acontecesse @___@
Sim, na verdade, Yusuke é detetive ao mesmo tempo que tem um reino no makai, então está numa situação bem confortável ^^!
Ja ne!
Pronto ^^!
Bom, como num vou escrever nesse fim de semana ____-, o próximo cap sem previsões! Gomen!!!
Acho que vou terminando por aki!
Até o próximo cap...
Kiki
