Cap 3- Labirinto de lembranças

Glossário

Teme- Bastardo

Kuso –Droga! Porcaria! Ou em termos mais rudes, m*r*a

Só para esclarecer, os textos em itálico, são as lembranças de Kurama, assim que eles deixam de ter essa formatação é como se ele "voltasse ao presente".

-Kurama vai morrer. –Concluiu Hiei ao fechar os olhos.

Keiko levantou estupefata, com os punhos cerrados, mirando Hiei, chocada.

-Está louco?! É mentira! Kurama é forte... Não pode ser derrotado assim!

O demônio de fogo fitou os olhos castanhos dela. Os humanos eram tão cheios de esperanças, chegando a cegá-los ao encarar a realidade. E para ele a única forma de resolver os problemas de forma correta era usando a lógica e olhando para o real, Kurama também pensava assim na maioria das vezes.

-Menina tola. –Disse Hiei balançando a cabeça –Eu não sou um ningen estúpido. O fato de que Kurama é mais fraco é óbvio. Ele não conseguiu tirar o lacre e o tal sujeito sim.

Keiko abaixou a cabeça, enxugou as poucas lágrimas que se formavam em seu rosto e deslizavam pela sua bochecha corada. Sentiu Yusuke a enlaçar e acariciar suas costas.

O koorime suspirou. Estúpidos. Jogou-se no sofá e fechou os olhos, porém sentiu a mão de Yukina em seu rosto.

-Hiei?

Abriu os orbes rubros e viu a irmã com um copo estendido em sua direção. Ela ainda tinha uma expressão sofrida na face, porém parecia ser a única que havia entendido-o.

-Tome Hiei... Isso vai ajudar a te curar, apesar de dar muito sono esse remédio é ótimo!

Ele franziu o cenho e bebeu tudo de uma vez. Não demorou a sentir as pálpebras pesarem e todo o corpo amolecer. Apoiou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos se entregando ao sono. Não tinha tanto problema, afinal, havia um jeito de salvar Kurama. E era melhor começar a fazer isso dormindo, já que o seu Jagan nunca parava.

***

Sangue.

Era tudo que via em todos os lugares. Nas paredes, no chão e até nele mesmo. Aquele líquido rubro respingava em tudo, graças a sua pessoa.

Se andasse um pouco pelo corredor negro poderia ver os rostos sofridos, ou parte dos cadáveres de suas vítimas no passado. Corpos mutilados, envenenados ou gravemente feridos. Tudo aquilo se misturava numa repugnante e cruel cena.

Mas Kurama olhava aquilo com indiferença, o que poderiam lhe fazer cadáveres? O que já estava morto não voltava à vida, não adiantava nada ter arrependimento naquele momento. Continuou andando com passos firmes e fortes, até que sentiu uma mão segurando seu tornozelo.

-Vai me deixar para trás, Kurama?-Perguntou o youkai.

O youko arregalou os olhos e tentou se afastar, mas a mão o agarrou com mais força.

-É a segunda vez que me deixa para trás! Mesmo depois de tudo que eu, Kuronue, fiz por você... Raposa ingrata! Por sua causa eu morri... –Falou com raiva enquanto cravava as unhas em sua pele, mas se desviou e começou uma corrida.

Seu peito começava a latejar enquanto sua ofegava, correu mais rápido ouvindo os gritos de Kourone ecoarem por todos os lugares.

-VAI ME ABANDONAR NOVAMENTE?! VAI ME DEIXAR MORRER?! EU, POR ACASO, JÁ TE DEIXEI MORRER?

-Já está morto, já está morto... –Murmurava enquanto continuava.

-POR SUA CAUSA NÃO VIVO MAIS! TRAIDOR!

Porém outro obstáculo o impediu de passar mais uma vez. Era uma mulher envolta por um manto ruço. Tinha olhos dourados, cabelos platinados e duas orelhas de raposa.

Era sua mãe youko.

Ela cerrou os olhos e andou até sua direção, ficando em frente a Kurama. Pode ver algumas escoriações em seu rosto e manchas de sangue sobre a roupa. Ela ergueu o braço e esbofeteou o filho.

-ASSASSINO! –Berrou –C-como pode Kurama? Eu sempre te tratei bem e ... –Soluçou –Mata todos os seus irmãos!

A raposa tentou falar com sua mãe, mas ela desapareceu, deixando no ar somente um rosnado rancoroso.

-Kuraminha da mamãe! –Falou uma voz infantil debochando.

Três crianças começaram a correr em sua volta. O mais alto tinha olhos extremamente verdes e maliciosos junto à um cabelo castanho curto, Toji. O do meio tinha olhos dourados, porém o cabelo castanho como o maior, Yuuko; já o menor tinha os mesmo olhos verdes e o cabelo platinado, Koji.

Eram seus irmãos.

-Vai pedir ajuda pra a mamãe Kuraminha?

-Ku-ra-mi-nha! –Riram os outros dois.

Odiava aquelas vozes... Odiava quando eles iam maltratá-lo, e fora por isso que matara todos.

-Passado maldito... –Murmurou tentando se desvencilhar das crianças.

Os três irmãos puxavam suas vestes e suas mãos com força. Acabou desequilibrando e caiu no chão de joelhos.

Mais risos pueris e estridentes puderam ser ouvidos, mas aquilo tudo desapareceu em segundos quando viu uma mão estendida em sua direção.

-Vai fugir Kurama?

Arregalou os olhos e viu os orbes rubros de Hiei encarando os dele. O demônio de fogo apoiou sua cabeça no ombro da raposa e começou a mexer nas mechas prateadas sorrindo.

-Não pode me deixar para trás.

-Hiei... O que você... –Começou, mas foi interrompido por Hiei.

-Eu ainda não passei em sua vida... Nem vou passar.

Kurama tentou afastá-lo, mas não conseguiu.

-É inútil. Pode fugir de tudo, menos de mim. –Disse enquanto voltava a mexer no seu cabelo.

-É você, não é? Está me mandando essas imagens com o jagan...

Ele sorriu.

-Estou conhecendo seu verdadeiro "eu". E devo falar... É bem melhor que o monótono e pacato Shuuichi, mas ao mesmo tempo é totalmente igual, mesmo que diga o contrário.

O youko franziu o cenho.

-Pare de brincar comigo! Vá embora!

Hiei cerrou os olhos sedutoramente inclinando levemente a cabeça para trás.

-Não vou. Você não pertence àquele Otoyo...

-Há! É claro que não! Eu pertenço a ninguém.

Hei riu balançou a cabeça enquanto pegava o queixo da raposa erguendo sua cabeça.

-Errado. Pertence a mim. –E começou a se aproximar de seu rosto –Não está sozinho Kitsune...

-O que está fazendo?!

-Jogando o seu joguinho... –E encostou seus lábios levemente nos dele, porém no instante seguinte, ele não estava mais lá.Tinha sumido.

A paisagem começou a girar novamente, até que abriu os olhos, assustado.

Fora um sonho.

-Está melhor Kurama? –Perguntou Otoyo.

Apertou os olhos e respirou fundo, não poderia se irritar agora, apesar daquela voz emitir o som que menos queria ouvir.

-Se não está vai melhorar! –Disse animado –Adivinha onde estamos?

O youko revirou os olhos diante da pergunta idiota do companheiro, mas parou ao sentir o cheiro do lugar. Analisou a caverna onde estavam e se levantou rapidamente ignorando as dores no corpo. Não poderia ser...

Assim que entrou em contato com a luz do sol, pôde ver. Aquele lugar era o mesmo onde havia passado toda sua infância e convivera com Kuronue.

As mesmas flores, árvores... Nada havia mudado naquele lugar remoto. Ajoelhou-se pegando um punhado de terra, até seu chii ainda estava lá, como nos tempos de glória e tristeza. Kuronue convivera lá com ele por um tempo, saiam juntos para pequenos ou grandes furtos, festejando naquele lugar.

Sentiu um nó em sua garganta e se levantou olhando ao redor, aquelas lembranças doloridas estavam voltando de uma vez só.

Não queria estar ali.

Andou um pouco entre as árvores para reconhecer o terreno, até que chegou naquela clareira. Fora ali que matara seus irmãos e aprendera a usar suas habilidades de youko.

-Mama! –Falou o pequeno youko de cabelos prateados –Eles me roubaram a comida de novo! –Apontou para outros três kitsunes.

A mulher jogou o cabelo platinado para trás e olhou bem para os quatro filhos. Quanto trabalho davam aquelas pestinhas escondidas em rostos angelicais, revirou os olhos e ia começar a falar, mas o mais velho interrompeu.

-Kurama covarde! –Falou Toji –Por que não pega sua comida de volta, sozinho?

Ele cerrou os olhos numa expressão mortal para responder aos irmãos.

-Eu não sou covarde Toji!

O sorriso do garoto de orbes verdes alargou. Ele se aproximou mais do pequeno irmãozinho, ajoelhando-se em sua frente.

-Não? Então por quê sempre se esconde?

-BASTA! –Falou a mãe –Devolvam a comida!

O de cabelos curtos falou numa voz de indiferença.

-No mundo não vai ter nenhuma mamãe para protegê-lo!

-Calados! Ou vão ficar sem comer por um mês!

Toji suspirou enquanto saia acompanhado dos outros.

-Sempre será protegido por alguém? –Disse com um olhar mordaz –Venha se defender sozinho, ou o Kuraminha da mamãe não sabe lutar?

-CALEM A BOCA –Urrou a mãe esbofeteando cada um dos filhos–Ingratos! Vão caçar! Fazer algo de útil ao invés de só me darem prejuízo!

-Mama... –Começou Kurama.

-Cale-se também! É um fraco! Se não sabe se defender não saia com seus irmãos.

-MEIO-irmãos! –Corrigiu com fúria –O sangue do meu pai não está nesses-

-Cuidado com o que diz, seu pequeno bastardo! –Falou Yuuko se aproximando.

-FORA! –Berrou a youko –TODOS! JÁ!

Sim... Sua "querida" mamãe sempre fazia isso enquanto ele e seus irmãos brigavam, mas apesar de tudo podia dizer que "gostava" dela, afinal, sofreu quando ela se matou em sua frente.

O sol se punha atrás das montanhas enquanto uma brisa leve beijava a terra, abençoando o silêncio daquela tarde, que tingia o céu maldito do makai de rosa e laranja. Mas quatro jovens estavam retratando o oposto da paisagem calma, os mais altos arrastavam correntes e por elas, vinha um youko de cabelos prateados com os olhos fechados. Todo seu corpo tinha alguns cortes e arranhões, porém ele não reclamava nem gemia de dor.

-Kuraminha perdeu a língua? –Falou o mais velho entre uma risada.

-Devia ter feito isso mesmo! –Disse o de cabelo platinado –Você quase nos meteu em apuros, teme! Será que não faz nada direito?

Toji sorriu e balançou a cabeça se ajoelhando em frente ao irmãozinho.

-A única coisa que ele faz direito é correr para a mamãe.

Kurama somente soltou um rosnado e cerrou os punhos, mas não disse nada, só iria piorar sua humilhante situação.

-Vamos deixá-lo ali... –Sugeriu o irmão do meio jogando seus cabelos castanhos para trás enquanto fechava os orbes dourados.

-É mesmo. Não merece comer hoje.

Mais uma vez ficava calado e de cabeça baixa.

Mal sabia que um par de olhos curiosos o observava atrás da folhagem...

Porém seus irmãos não se foram. Continuavam lá, em sua frente, com sorrisos maliciosos. Continuou imóvel até que sentiu uma pontada na coxa, eles estava cravando uma adaga lá.

-Isso é para aprender a ser mais prestativo!

Chutes começaram a vir de todos os lugares. Já agüentara castigos piores que aquele, mas dessa vez era diferente. Calado, reprimia todos sua raiva, entretanto aquilo já estava deixando-o sufocado, era bem pior do que se apertassem sua garganta. Os sentimentos se misturavam continuamente, sua cabeça latejava, até que seus olhos entraram giraram, entrando em órbitas. Pôde ouvir a risada estridente deles, porém ocorreu algo inédito.

Uma luz forte começou a irradiar de seu corpo e ocorreu uma explosão. Era seu youki.

Quando abriu os olhos novamente estava cercado de plantas e seus irmãos estavam o meio delas, sendo apertados e mortos lentamente... Era como se os vegetais tivessem ouvido seus suplícios.

Logo pôde ver as três cabeças, que lhe assombram por tanto tempo, serem separadas de seus corpos e voarem para longe. Alguns respingos de sangue voaram e atingiram sua face pálida como a lua, mas não se importou, ao contrário, seus lábios se torceram em um lindo sorriso.

Não demorou a os braços, pernas, troncos e alguns órgãos voarem também enquanto sentia a energia das plantas palpitando em seu corpo...

-KURAMA! –Berrou alguém.

Virou a cabeça confuso, quem estaria lá?

-Como pôde...? –Gemeu a mãe chocada ao ver os filhos fatiados –Como pôde ser tão cruel...

-Okaa-san- -Começou, mas ela o impediu.

-ASSASSINO! Você tirou meus filhos de mim! Sempre te tratei tão bem... –Soluçou –E é assim que agradece? Jogando-me no próprio inferno?! –Soluçou.

Ela correu para longe e então um jovem Kurama caiu em si.

Havia matado seus próprios irmãos.

Não que se importasse, mas as cenas que vieram a seguir não foram das mais agradáveis.

Sua mãe havia se jogado num lago próximo, mas nunca mais voltara...

Estava sozinho.

Apesar de toda a dor, se livrou das correntes e partiu.

Kurama grunhiu ao se lembrar do dia em que sua mãe se matara... Não era bom... Aquelas memórias provocavam uma enorme dor de cabeça, principalmente ao saber que, seguindo a cronologia, era a vez de Kuronue entrar em sua vida.

Havia sido pego por um grupo de bandidos enquanto viajava. Sabia que aquela estradinha era perigosa, porém fugia de um grupo de caçadores e era o caminho mais curto para voltar ao lugar onde estaria a salvo, mas foi pego. Não exatamente pelo grupo de caçadores, porém fora feito prisioneiro; pelo menos era o que achava no momento.

Seu youki estava fraco e ainda não sabia controlá-lo direito, por isso não conseguira dar cabo naqueles soldadinhos.

Fora amordaçado e arrastado até a base deles. Um lugar deplorável, cheio de youkais banguelas e prostitutas. Fechou os olhos, enojado, até que seu cabelo foi puxado para trás, forçando-o a olhar para frente, mais especificamente no lugar onde sentava o soberano do submundo.

Era ele.

Os seus olhos brilhavam enquanto as formosas asas negras repousavam encostadas em suas costas.

-Então é você quem está andando pelo meu território? –Havia lhe perguntado divertido.

Não era bom pensar nele agora, mas não pode evitar um sorriso. Se pensasse bem, o seu jeito de ser atual fora totalmente (quase) espelhado em Kourone.

-Talvez devesse mudar para esquecer... –Concluiu num suspiro.

Apesar de repudiar todos os pensamentos sobre o youkai alado, eles insistiam em voltar e atormentá-lo sem cessar.

Fechou os olhos com força e se sentou. Todas as memórias voltavam com toda a intensidade.

-Curioso... –Falou o líder ao ver sua captura –Um youko tão bonito por aqui?

Resolveu não responder, em sua vida havia aprendido uma importante lição de se manter calado perante provocações estúpidas.

-É mudo? Interessante... –Sorriu –O que fazia aqui?

-Nada do seu interesse. Prometo que vou embora e não abrirei a boca sobre vocês.

Kourone arqueou as sobrancelhas e balançou a cabeça.

-Por enquanto não youko... Sabe, eu sei quem você é... Mas isso não é o momento para falar disso.

Ele examinou um pouco melhor seu novo prisioneiro. Fez um sinal para os outros se afastarem e se ajoelhou em sua frente, levantando seu rosto.

-Era você... –Sorriu –Sinto muito por sua mãe.

Kurama arregalou os olhos.

-Do que está falando?

-Naquela tarde eu observava tudo, Kurama não é? Achei que nunca mais veria... Mas olhe que interessante o destino.

Quanto olhou profundamente nos olhos daquele outro youkai, ficou assustado. Naqueles orbes havia algo que nunca vira, ou melhor, um sentimento de ternura que nunca fora direcionado a sua pessoa. Corou levemente ao encarar esse novo sentimento. Por que ele estaria olhando-o assim? Nunca havia feito nada por aquele sujeito.

-Você não se lembra de mim. –Riu levemente –Por isso deve estar confuso.

Aquele olhar novamente... Mas...

Kurama sabia...

Por hora não estaria mais sozinho.

E não ficou.

Era uma bela tarde de verão. O céu coroava o makai com um céu azul límpido.

Kurama começara a trabalhar para o bando. Kuronue estava ajudando-o com suas habilidades, mas algo o intrigava, o youkai não pedira nada em troca e fazia mais de um ano que estava em sua companhia. Sempre quanto tocava no assunto ele lhe sorria gentilmente e dizia para esperar.

Mas naquela tarde...

Os dois estavam andando pela floresta. Nada incomum, ultimamente Kuronue fazia questão desses passeios.

-Vai entrar ai? –Perguntou Kurama ao ver o companheiro em frente a uma gruta.

-Vou. –Disse depositando as sacolas no chão –Preciso conferir umas coisas... Não se importa, não é?

Deu os ombros e cruzou os braços observando-o abrir as asas negras para se espreguiçar. Então entrou.

Kurama sentou-se na relva enquanto a brisa acariciava sua testa e bagunçava sua franja. Repousou a mão no joelho e suspirou, estava tudo muito calmo ultimamente. Gostava de coisas mais agitadas, não daquela rotina.

Ia dar uma pequena volta, até que ouviu um grito vindo da gruta. Arregalou os olhos em susto. Era Kuronue! Levantou-se no mesmo instante e correu seguindo o rastro do colega, até o encontrar dependurado em um poço.

-Está bem?

-Estaria melhor se me ajudasse a sair.

Kurama deu um meio sorriso ao ver as asas baterem desajeitadas.

-Isso não serve para nada?

O youkai alado revirou os olhos.

-Brincadeiras à parte youko! Me tire daqui.

A raposa deu sua mão e tentou puxá-lo de lá, porém o outro era pesado demais e acabou tropeçando, assim ficou dependurado também. Agora ele agarrava uma pedra numa mão enquanto, com a outra, segurava o companheiro.

-Kuso... –Falou Kurama com raiva.

-Fraquinho, hein? –Debochou Kuronue.

-Cale a boca, Youkai alado que não voa!

-Ora... –Sorriu –E você, é uma raposa burra que não raciocina. Devia ter tido mais cuidado ao pisar nesse terreno.

O kitsune estreitou os olhos na direção do companheiro e bufou, provocando um riso estridente no outro.

-Como vamos sair daqui? –Perguntou ao líder do bando.

-Eu não sei... –Se recuperando do riso –Estou pensando...

Kurama relaxou os ombros e balançou a cabeça, pelo jeito demorariam muito para sair daquele buraco.

-Fale alguma coisa Kurama, é entediante ficar aqui.

Ia dar uma resposta grosseira ou alguma que calasse sua boca, porém algo mais interessante veio em mente. Poderia esclarecer uma dúvida que tinha desde que fora aceito no bando.

-Eu... Eu quero lhe perguntar uma coisa.

-Sou todo ouvidos.

-Por que me acolheu naquele dia em que fui capturado? –Falou por fim.

O youkai alado sorriu ternamente e começou.

-Há muito tempo, na minha cidade natal, Arien, eu encontrei um Youko. Esperto, muito esperto, ele conseguia manipular a todos. Bom esse youko me salvou quando estava em apuros. Sabe o que acontece com youkais que ajudam um ao outro?

-Eles criam uma dívida.

-Exatamente. E foi isso que ocorreu, esse youko me disse que tinha uma mulher que esperava um filho nas montanhas, esse filho seria tratado como bastardo e como seria um dos raros youkos puros, me pediu que, quando ficasse mais forte, fosse tirá-lo de lá. Esse youko era o seu pai.

-Mas então... Foi por isso que me ajudou?

Kourone sorriu tristemente e balançou a cabeça.

-Lembra da explosão de youki que matou seus irmãos?

-Como não poderia? –Falou sarcasticamente.

-Eu ajudei a causar aquilo, reprimindo seu youki com o meu, assim, explodiu. Isso poderia ter sido o fim da minha dívida, mas não. Eu vi que tinha potencial e resolvi ficar com você. É isso.

-Comovente. Por que não faz meu youki explodir de novo? Ai posso controlar umas plantas que ajudarão-nos a sair daqui...

-É isso que estou fazendo. Se concentre também.

Assim que se concentrou, uma grande energia começou a emanar de seu corpo, como da outra vez. Mas agora podia sentir o que fazia.

Em alguns segundos, trepadeiras envolveram seus corpos e saíram de lá são e salvos.

-Você me salvou novamente... –Falou Kurama.

-Eu sei. –Sorriu –Foi de propósito.

-Nani?!

-Planejei essa nossa "queda", mas pelo menos aprendeu a controlar seu youki, não aprendeu?

Kurama arqueou as sobrancelhas em surpresa e fechou os olhos, podia sentir toda a energia dos vegetais a sua volta. Era incrível! Sentia cada forma viva, cada semente ou mato... E o melhor, podia controlar tudo aquilo, era o "seu" império.

-Estou devendo um favor... –Murmurou.

-Sei disso também.

A raposa mirou os olhos do companheiro e indagou.

-Quanto vai me cobrar isso? Quer dizer... Vai esperar até eu estar endividado até o pescoço para me tornar seu escravo? –Riu.

-É uma boa idéia. –Falou ironicamente, mas logo sua face se tornou mais séria –Mas eu pretendo cobrar agora.

-Mesmo? Como.

Kuronue se aproximou mais e pegou o rosto de Kurama com uma das mãos.

-Assim. –E buscou seus lábios.

O kitsune arregalou os olhos a sentir a boca do outro pressionada contra a sua. Não era uma sensação completamente nova, já havia feito e isso e um pouco mais com prostitutas, mas nunca imaginou beijar o líder.

A outra mão dele foi acariciar os fios prateados e sedosos enquanto sua língua entrava na sua boca. A raposa relaxou ao sentir um arrepio gostoso na nuca e correspondeu.

Kurama abriu os olhos violentamente, expulsando as memórias. Junto com a lembrança do primeiro beijo veio a imagem de Kourone sendo despedaçado em sua frente. Foi obrigado a deixá-lo para trás, ou morreria também, afinal foram pegos em uma emboscada.

Era como se o destino apontasse para o seu nariz com os dedos longos e desse uma gargalhada estridente. Em um segundo tinha tudo em sua mão, mas no outro não tinha mais nada.

Estava sozinho novamente...

"Não está sozinho, Kitsune" Havia dito Hiei.

"Será?" Questionou-se mentalmente enquanto o sono o dominava.

***

Quando Hiei abriu seus olhos vermelhos, um grande sorriso estava estampado em seu rosto.

Fora bastante interessante pregar aquela "peça" em Kurama e aparentemente ir embora, mas ele continou observando-o. Havia visto todas as lembranças do Kitsune... Muito curioso.

Agora que já sabia mais coisas sobre ele, poderia colocar seu plano em prática.

Voltaria ao makai imediatamente, todos deviam ter saído, não tinha ninguém para impedi-lo.

-Me aguarde Kurama. –Falou enquanto colocava sua Katana na cintura.

Continua...

N/a: Olá^^

Bom, eu sei que esse capítulo demorou bastante -____-' Entendam... É difícil escrever essa história e não tem muitos yaois para ficar bem empolgada ^^ Mas eu estou me esforçando bastante ^____^-!

Esse cap foi mais um flashback do Kurama muito gostoso de escrever, queria explorar mais essa parte, mas não sei se vou conseguir --____--'

Ok, vamos às reviews! (por ordem de postagem)

Bra Briefs: XD Calma Bra ^^! O Kurama provavelmente não vai morrer não, e ele e o Hiei ainda terão muito tempo juntos \o/! *dá um lencinho pra Bra*

Ja ne!

Imouto-chan: Yoo ^^ XDDD eu sei que demorou um pouquinho... Mas são os ossos do ofício :p

Hahaha, fico feliz que tenha valido a pena!

Ja ne!

Rin: Rin-sama! XD *se afastando um pouco* O que eu posso dizer do seu "choro de raiva"? Eu fico... ahn... lisonjeada que tenha causado essas... hmmm... emoções em você?

Calma, calma o.o ele num morre não (pelo menos por enquanto) afinal Hieizinho tem um jeito pra salvá-lo! \o///

Bom, aqui está o cap... E claro, o Hiei fechando, como sempre :p!

Não precisa matar a pobre colega aqui não ^^'

Ja ne!

Shampoo-sama (ênfase no "sama" XD): Que bom que gostou ^^ Fico feliz também!

Arigatou pelo "feliz páscoa" pena que os chocolates acabam rápido demais ;____;

See ya!

YumeSangai: YO ^^! Que bom que achol legal \o; E aqui está a continuação!

See ya!

SnakeEye's PK: Hahahahah! Que bom vê-la por aqui! E eu também acho que o youko não iria querer ficar naquele corpo de humano (apesar de também não ser todo ruim), mas é como comparar um laguinho com o oceano -___-'

Hai hai! Vou trabalhar bastante no youko ^^ Eu já fiz o cap praticamente inteirinho pra ele *__* e vai ter mais (se eu não mudar de idéia -__-') XD

See ya!

É isso! E quanto mais reviews = caps mais rápidos! Façam uma autora feliz e obrigada a quem já comenta ^__^-

Até o próximo cap,

Kiki