V- Sem opções
Kurama mergulhou completamente na fonte termal, sentindo a água quente o envolver por inteiro. Suspirou deleitado ao voltar à superfície, mas pôde visualizar Ototo o observando de um rochedo ao lado. Fez uma careta, porém tentou controlar suas ganas de sufocar aquele youkai e jogá-lo em uma vala bem profunda. Ele podia queimar nas chamas infernais que daria gargalhadas. Apesar de tê-lo ajudado quando pedira, sabia que estava sendo usado e Ototo não fazia nenhuma questão de esconder suas intenções reais.
Não seria escravo de ninguém. Preferia mil vezes morrer a ter que rastejar aos pés daquele demônio deplorável ou ter que esperá-lo toda noite, nu e esparramado entre lençóis. Era humilhação demais para tolerar e sabia que os escravos carregavam uma espécie de diapositivo que impedia que se suicidassem. Então, se tentasse acabar com a própria vida posteriormente, sairia frustrado do plano e tinha certeza que Ototo só iria matá-lo quando não desse para recompor seu corpo com aqueles rituais esquisitos. Que maravilha! De um forte youkai, passaria a ser um boneco idiota cuja única utilidade seria abrir as pernas.
Saiu da água. O vento frio soprou de leve, fazendo com que um pequeno arrepio corresse por seu corpo. Secou-se com um pedaço de pano escuro e vestiu-se prontamente, sem encarar o outro youkai que praticamente o devorava com os olhos. Virou-se de repente e o fuzilou com um olhar feroz, arrancando uma risada. Ototo apoiou o corpo pelos cotovelos e sorriu maliciosamente:
-Adoro quando fica com esse espírito revoltado. Como posso dizer... É tão... você!
Kurama revirou os olhos e entrou na caverna. Não estava somente fugindo daquela presença desagradável, mas também da lua no céu que evidenciava o dia do ritual.
Mesmo que negasse até a morte, estava terrivelmente nervoso, num estado similar ao dos humanos quando estavam sob o efeito da adrenalina. O sangue corria rápido, latejando em suas veias. Podia sentir uma pequena concentração de suor em sua nuca, e não era por causa da alta temperatura do lugar.
-Está nervoso? –Chamou uma voz nem um pouco agradável. Aquela coisa soava como se um dos professores do ningenkai arranhasse o quadro negro.
-Não. –Mentiu, soando verdadeiro.
-Você sabe que não é verdade.
O youko suspirou.
-Sempre existe a opção da morte, não tenho que ficar apreensivo.
Ototo balançou a cabeça e sentou-se em posição de índio, colocando cada mão em um joelho. Mirou a raposa minuciosamente. Não estava tentando deixá-lo com medo ou coisa assim, somente queria a sinceridade. Poderia ser algo praticamente impossível, já que o pacto dos dois não incluía esse item. No começo achara que seria um tanto divertido conquistar o youko, mas ele não se mostrara nem um pouco frágil, não deixava nenhuma brecha para penetrar em sua alma.
Ele estava completamente fechado.
Não era bom, tinha conhecimento. Se ele fosse seu escravo, teria que conseguir ler tudo nos orbes dourados. Os dispositivos denunciavam fugas e impediam suicídio, claro que às vezes o dano que se conseguia causar aos corpos levavam à morte, mesmo se o mestre interferisse. Entretanto, não continham nada que fizesse contar a verdade todo momento, nem que fosse sobre uma coisa simples; como o que sentia quando olhava o céu límpido.
Sabia que Kurama era uma criatura que vivia livremente e apagaria muito do seu "eu" se o prendesse, mas não podia evitar. Quando seus olhos pousavam na silhueta esbelta, algo o atraia, simplesmente irresistível demais para não possuir. Almejava-o como sua propriedade. Era um sentimento obsessivo e egoísta, mais algo doentio do que um amor ardente. Queria tocar aquele corpo, não importando o quanto o dono o repelisse, apenas desejava sentir a pele sedosa em seus dedos, mesmo que viesse acompanhado de palavras mordazes. Palavras e olhares ele poderia ignorar, assim como as mordidas e as unhas do outro fincando em sua carne com ódio.
Deliciava-se somente em imaginar quantos castigos poderia aplicar. Iria acorrentar os pulsos na barra de ferro do balaústre da cama, deixando-o de costas e ajoelhado. Os tornozelos poderiam ficar amarrados em cada canto do leito por uma corda enquanto a vívida raposinha aguardava ser possuída. Claro, algumas vezes deixaria o outro assumir o papel ativo, já que era maravilhosamente bom nisso. Sabia que ele o penetraria violentamente, descontando a raiva de ser um simples instrumento para saciar sua luxúria.
Também poderia algemá-lo e vendá-lo. Ele teria que procurar com a boca a chave em seu corpo. Levaria mordidas dolorosas, mas a simples visão do youko transformaria aquilo em prazer.
Ototo fechou os olhos, deliciado, e deixou com que um suspiro escapasse dos lábios secos.
-Patético. –Conseguiu ouvir Kurama no fundo da gruta, com os braços cruzados.
O kitsune somente balançou a cabeça e deitou-se entre as pedras. Sabia que não tinha direito nenhum de lembrar de sua mãe humana para conseguir forças, mas a imagem da gentil dona-de-casa vinha-lhe de forma involuntária.
Ao mesmo tempo, as lembranças de sua mãe verdadeira também voltavam. Aparentemente, ela não representava nada para ele alem de uma recordação conturbada. No entanto... Ela ainda era sua mãe, infelizmente.
-Imprestável! –Berrava a youko descontrolada enquanto pegava o filho pelos pulsos –Não posso desgrudar de você um segundo e já me arranja problemas!
-Desculpe... –Murmurou a voz fina e fraca enquanto lágrimas se formavam em seus olhos.
O filhote de raposa devia ter uns quatro anos. Tinha olhos grandes e dóceis, o cabelo curto de cor prateada, porém não era nada robusto. Não conseguia fazer muita coisa sozinho com o jeito desajeitado, além de ser um tanto abandonado pelos outros. Seus irmãos estavam sempre o reprimindo de forma cruel, era difícil manter-se por si só.
-ME SOLTA! –Gritou a mãe, jogando o filhote que havia agarrado sua saia para longe.
O pequenino mordeu o lábio inferior, magoado, como sempre.
-Por que... Por que você me odeia?
A youko lançou-lhe um olhar rancoroso:
-Porque você me lembra seu pai. Aquele idiota que me deixou aqui sozinha.
-Mas...
-Seus olhos são iguais! Seu cabelo é igual! Até mesmo o jeito irritante!
-Eu não tenho culpa. –Murmurou.
Ela somente o ignorou e continuou a falar.
-Sabe, às vezes, por ser tão parecido com ele, tenho vontade de te matar, fingindo que estou acabando com a vida do maldito! Apertar o pescoço lentamente... Até a face ficar roxa por falta de ar. E finalmente... Largar o corpo sem vida no chão! –Riu.
A criança nunca mais perguntara do pai a partir daquele dia. Vagava sozinha pelos campos, sem a mínima vontade de viver. Tudo o que o prendia naquele mundo era superficial. Não tinha alguém para amar ou proteger. Era fraco e seus irmãos o tratavam de forma hostil.
O pequeno mártir, e nem gente para ter pena de sua existência desgraçada havia.
A solidão moldara sua alma. Aprendera a ser perverso, aprendera a ser indiferente, mesmo que em alguns momentos desafortunados, seus irmãos conseguissem despertar aquela fúria interna e no íntimo, gostava. Era como se acendessem uma chama, algo que o motivasse a continuar, por menor e insignificante que fosse. Uma sensação, uma prova de vida que palpitava era tudo que necessitava.
A decisão de permanecer naquele mundo fora dura e penosa. Pelo menos por um pouco, observaria o que o destino havia guardado para ele.
E nesse meio tempo, se tornaria tão forte e sagaz que chegaria muito próximo da invencibilidade.
Suspirou. A simples palavra 'pai' sempre causara arrepios. Por isso nunca quisera saber muito do seu pai humano.
Mas no que estava pensando? Devia estar se preparando para o ritual. Todavia, seu maior desejo era deitar e dormir por todo o dia. Aquele familiar frio na barriga o deixava sem vontade de fazer qualquer coisa.
Estava marcado para sempre com sofrimento. Talvez por isso que houvesse relutado tanto para aceitar Shiori. Ela realmente se importava e cuidava dele. Para ela, Kurama não era somente um estorvo ou incômodo. Sempre estava de braços abertos para o filho, amava cuidar daquela pequena criança calada com sentimento naturalmente maternal e espontâneo, mesmo que não esboçasse nenhuma reação ante tanto afeto, a mulher sabia que um dia ele iria sorrir tão belamente para ela quanto fazia com ele.
Lentamente, aquele amor incondicional fizera com que todos os muros que construíra com ardor.
Praxe, clichê, poderiam chamar do que quiser.
Shiori havia conquistado-o por inteiro, sendo correspondida pelo mais intenso sentimento. Chegava a ser assustador, não achava que tivesse capacidade para gostar de alguém daquele modo. Incondicionalmente, retribuiu tanta emoção e chorou.
Nem mesmo na sua vida humana permitira-se chorar. Se lembrava de ter vertido lágrimas duas ou três vezes. Os olhos verdes eram secos e indiferentes, assim como os dourados. Todavia, naquela vez, em que fora ao quarto dela por ter um pesadelo em que sua figura feminina estava sendo retalhada e todos os pedaços do corpo pequeno e frágil voaram até que a cabeça parasse em suas mãos, o sorriso de sempre, o carinho de sempre.
Medo, muito medo.
Aqui fora tão real, tão... doloroso. Tinham arrancado seu coração pela boca e o apertado firmemente, até que todo o sangue escorresse. Acordara trêmulo e desorientado. O pijama azul de flanela estava ensopado pelo suor. Engolira seco e ligeiro, correra para a mãe, que dormia em sono profundo. Ao vê-la tão serena, os joelhos hesitaram, perdendo toda a força.
Então, as lagrimas rolaram. Quentes e abundantes por sua face.
A mulher despertara confusa com o barulho do choro angustiado. Ao ver o próprio filho em prantos com um sorriso irreal no rosto e os olhos brilhando em desespero, fora abraçá-lo o mais forte possível, acariciando os cabelos ruivos ternamente.
E Kurama nunca havia se esquecido daquele enlaçar. Nunca.
Talvez a maior demonstração de carinho que alguém se preocupara em fazer até aquela data.
-Shuuichi-kun –Sorriu Shiori enquanto se ajoelhava em frente do filho –Vai dar tudo certo, você vai ver.
O garoto olhou duvidoso para mãe. Suas mãos se entrelaçaram nervosas e umedeceu os lábios ao mesmo tempo em que ganhava um abraço carinhoso. Podia sentir o perfume de sempre que a Sra. Minamino sempre usava. Era uma fragrância delicada e envolvente, combinava bem com a figura materna.
Teria que fazer um importante exame representando a escola. Em outras ocasiões não ficaria tão estressado por causa disso, entretanto, se não passasse, não conseguiria a bolsa e sua mãe não tinha como pagar o colégio. Era sua obrigação tirar uma excelente nota, até maior do que as que obtinha normalmente.
-Eu quero acreditar nisso, kaa-san. –Respondeu um Kurama com onze anos
-Então acredite e dê o melhor de si e acredite, simplesmente.
As vidas de youko e humano sempre estiveram cheias de contrastes colossais.
-Eu vou tentar... kaa-san. –Murmurou.
Era como naquele dia, porque tinha algo a perder. 'Sempre posso escolher a morte' havia dito para si alguns meses atrás, no entanto, agora tinha Hiei. Não era mais uma alma solitária, possuía um lugar e uma pessoa para quem voltar. Ao mesmo tempo em que era reconfortante, o enchia de responsabilidade. A sensação de liberdade diminuíra, mas nunca se podia ter uma coisa se não sacrificasse outra.
Era a lei da vida em qualquer lugar.
Kurama entregou-se em um sono sem sonhos para repor as energias e apaziguar os nervos.
O som se punha no horizonte de forma digna, exatamente como quando se levantava. O céu tornava-se vermelho e atraente, misturando-se tons de rosa e amarelo. Nunca tinha observado o pôr-do-sol com tanta atenção no makai, pelo menos do que podia se lembrar. Poderia ser a última vez que presenciava o espetáculo.
Estava um tanto pessimista. Hiei já havia reclamado disso e lhe dado uma boa razão para seguir em frente quando conversara com ele há uma semana.
-Sempre posso escolher a morte. –Respondeu a raposa convicta – Não vou me deixar escravizar por aquele bitolado.
O koorime abriu somente um dos olhos escarlates e balançou a cabeça. Guardou a katana que limpava na bainha e desceu do galho em que descansava. Pensava se a proximidade do ritual danificara os neurônios daquele ser que outrora fora o mais inteligente. Procurou toda a pouca paciência que existia dentro de si e começou a falar calmamente, como se explicasse para uma criança que se ela se jogasse num rio e engolisse água, iria se afogar.
-Kurama... Está esquecendo que nós TAMBÉM temos um pacto.
-Sim, e daí?
Hiei bufou, quase dando um tapa na testa do youkai em sua frente para ver se a massa cinzenta voltava a funcionar. Mais uma vez buscou seu 'eu paciente' bem no fundo e tentou soar suave.
-Nosso pacto consiste em troca de sangue. Quer dizer que somos um só. E se você morrer... eu morro também, baka.
Kurama balançou a cabeça, por que aquele demônio tinha o deixado naquela situação complicada? Se não estivesse tão envolvido com o seu problema, poderia até achá-lo divertido e delicioso para se resolver, porém as coisas estavam do pior modo possível. Aquele maldito ritual começaria dali a poucos minutos. Já podia ver a lua no céu, mesmo não estando escuro o suficiente.
Mau sinal.
Uniu as mãos e fechou os olhos se concentrando. Inspirou todo o ar a sua volta, sentindo toda a energia do local. Uma aura esverdeada o contornou suavemente. Deveria reunir a maior quantidade de you-ki possível. Ergueu os braços e o gramado a sua volta cresceu de forma surpreendente. Toda a colina possuía a relva alta em poucos segundos.
Abaixou um braço e espalmou a mão seu peito. Árvores de troncos retorcidos e esguios começaram a surgir. Seus galhos se entrelaçavam. Sorriu satisfeito, toda a colina estava coberta com suas plantas, como um teto natural. Pouca luz poderia entrar lá dentro, o que era uma vantagem sua. Então, quando ouviu um grito estridente cortando o ar ficou em posição de ataque.
Era a hora e havia transformado todo o lugar. Não tinha como perder, afinal aquele era o território de Kurama Youko.
A caçada começaria e em pouco tempo estaria decidido quem era a presa e quem era o predador.
Pegou uma das sementes no cabelo e a transformou em rosa rapidamente. Poderia fazê-la virar um chicote em menos de um milésimo de segundo. Tudo o que precisava era localizar Ototo e cortar sua cabeça. As plantas o avisariam de qualquer forma se mexendo entre elas, então, não teria o fator surpresa que o outro adorava.
Iniciou a corrida entre a mata com os sentidos por demais aguçados. Teria que bloquear o cansaço e a dor de chegarem a sua mente. Se por ventura mostrasse fadiga, era o seu fim.
Fechou os olhos enquanto os músculos faziam os seu trabalho. Poderia continuar naquele ritmo acelerado por um dia todo, se a tensão não pesasse sobre os seus ombros. Cerrou os orbes dourados e procurou se concentrar na presença irritante de Ototo. Estava fraca e muito bem disfarçada, ele o subestimara, Kurama nunca perderia em seu próprio território se o adversário não usasse toda a sua capacidade.
No fundo, encontrava-se em estado de completa excitação. Era como se as veias debaixo da pele alva, levemente curtida pelo sol, levassem um elixir que inflamava, queimando e queimando até estar à beira de explodir. Seu coração pulsava acelerado e estava alerta a qualquer movimento. Quanto mais corria, a vontade de ir mais rápido e longe aumentava consideravelmente. Era como droga, a batalha. Tomava conta do corpo aos poucos, mandando sinais sutis no começo, no entanto, no decorrer de tudo, aquela sensação incendiava-se ao mesmo tempo em que o coração ficava terrivelmente comprimido e faltava-lhe ar. Como apreciava aquilo... Fazia tanto tempo desde a última vez que experimentara!
Foi em direção a presença de Ototo, contudo, era como se tentasse perseguir um arco-íris. Ele lhe parecia perto, bastante perto, mas no momento do bote, sumia como fumaça se dissipando em meio ao deserto. Parou confuso e captou o you-ki novamente. Um meio sorriso dominou os lábios finos. Dessa vez, não escaparia.
O youko não era idiota, nem havia "emburrecido" nos últimos anos. Não usaria toda a sua energia de uma vez, aproveitaria cada gota de poder que a adrenalina oferecia, sabendo que era traiçoeira como cobra. Não abusaria, tampouco a deixaria de lado. A ponderação era algo que o acompanhara por toda sua vida. Apesar de parecer impulsivo, não era assim. Aquilo se chamava técnica de manipulação. As pessoas pensavam algo dele, quando na verdade era totalmente diferente. Deste modo, poderia agir sobre as cabeças estúpidas.
O real caçador se finge de caça para poder capturar sua presa.
Respirou longa e profundamente. Ototo estava aprontando alguma coisa. Queria cansá-lo até que não possuísse forças nem para dar um fim em sua vida. De qualquer forma, não poderia findar sua existência. "Ainda há Hiei" Alertou a voz em sua mente. Se bem que, tinha a leve impressão que o koorime preferiria estar enterrado bem fundo debaixo da terra do que ser dono da desagradável incumbência de vê-lo ser escravo de cama.
"Não há nenhuma opção" Pensou "É vencer... ou vencer".
Retirou uma semente das madeixas peroladas e arremessou-a de encontro a um tronco caído. Uma estranha planta cor de lavanda brotou, com suas flores coloridas de escarlate.
-Sou tão bom nesse joguinho de pega-pega quanto você, Ototo.
As flores rubras incharam aos poucos e de supetão, jogaram ao ar partículas douradas. O pólen.
O aroma agridoce poderia enganar aos desavisados deslumbrados pela beleza exótica do vegetal. Os grãos dourados se espalhavam pelo ar num piscar de olhos e localizavam qualquer fonte de energia num raio de cinco quilômetros. A não ser que o youkai fosse de um nível extremamente superior, como Yomi ou Mukuro ou tivesse vasto conhecimento em botânica, ninguém perceberia diferença alguma.
A raposa esticou os braços e estalou o pescoço enquanto se acomodava confortavelmente em uma das árvores. Só restava esperar menos de cinco minutos e poderia continuar sua caçada – a qual desejava encurtar o máximo possível.
Tamborilou os dedos pelo tronco e mirou o céu. A lua já deveria estar em seu ápice, brilhante e pálida como sempre. A visão o reconfortava. Eram uma das coisas que sempre continuariam iguais, não importando quão longa a sua ausência. Não era um habito que adquirira como humano. O apreciar de tudo que não mudava era conforto desde sempre.
As orelhas pontudas no alto de sua cabeça se moveram ligeiramente ante o pequeno ruído. Prendeu a respiração enquanto os músculos tornavam-se rijos. A tensão pairava no ambiente enquanto apenas aguardava sua presa pacientemente. Envolveu a rosa com os dedos firmemente, não se importando quando os espinhos cortaram sua carne, fazendo com que o líquido vermelho escorresse. Não adiantaria camuflar seu cheiro. Ototo havia mordido-o antes para marcá-lo. O idiota pensara que não havia percebido. Pobre tolo.
Deixou as pálpebras se fecharem enquanto concentrava-se unicamente nos níveis de energia ao redor. Energia dos animais de pequeno porte, plantas, insetos e... O youkai.
Na verdade, vários youkais. Sorriu satisfeito. No fim, Ototo havia apostado nos seus truques sujos. Não era nenhuma novidade, nem se importava com aquilo, não o pegaria mesmo.
Ergueu-se de modo imponente, digno de um soberano fazer e com um estralar de dedos, destruiu todas as sósias que Ototo fizera de si. Logo, ouviu o bater de palmas sarcásticas atrás de si.
-Parabéns, Kurama! Pelo visto não está tão enferrujado quanto pensei.
-Pensou errado. –Sibilou entre os dentes.
Virou-se com os olhos apertados. Estava furioso...? De modo algum, aquilo se resumia a uma de suas estratégias de manipulação.
-Pena, foi tão divertido te ver correr atrás de mim em círculos e poderia continuar assistindo até cansar. O que não seria tão cedo. –Acrescentou de forma maldosa.
A rosa transformou-se em chicote. Agitou-o até encontrar o chão, produzindo o característico ruído.
-Cale a boca, idiota e lute logo.
-Você sempre adorou joguinhos de palavras.
Quando minha paciência era grande o bastante, o que não acontece depois de anos encarando sua cara. –Sorriu provocador.
-Insultos... Tão divertido! –Riu e sua mão esticou-se até a garganta do youko. Sem demora, estava ao lado dele – Acha que pode me vencer, seu pirralho? – Apertou mais os dedos envolta do pescoço do outro.
Kurama continuou sorrindo placidamente, levemente malicioso. Fechou os olhos e suspirou.
-Acabou, Ototo. É seu fim, sei quem você é.
Depois de um tempo, o youkai desaparecera. Deixando Kurama apreciando a noite.
Fim?
Claro que não! (sorriso maligno)
(kiki aparece timidamente, com as bochechas coradas) Eu realmente sinto muito por ter demorado TANTO assim! Não pretendia... Mas, de qualque jeito, a boa notícia é que eu terminei Dark Side (sorriso).
Não, não nesse capítulo XD Com certeza. O epílogo está prontinho, só esperando para ser postado.
Queria agradecer de coração a todos que me deixaram review: Minha irmã querida, que tem me cobrado dia após dia essa fanfic (sem ela... acho que demoraria mais um pouco para sair novo capítulo), nana-chan, Shampoo-sama (faz reverência), YumeSangai e Ju! Obrigada de coração.
Pretendo postar o epílogo semana que vem. Reviews ajudam a melhorar o humor e postar mais rápido (sorriso gigante).
Obrigada novamente a todos que lêem!
Beijos,
Kiki
