Cap 18- I Wanna Have Control
Voltamos a Hogwarts ontem, finalmente. Não que eu não tenha gostado de ficar lá, na Toca, com a minha família, mas Hogwarts também tem seus...hum, atrativos.
Certo, indo direto ao assunto, eu ainda não vi o Draco. Quero dizer, vi de longe, mas ele não me viu. Pelo menos eu acho que não. Há alguns minutos recebi uma coruja e tudo o que estava escrito era "Ottery St. Catchpole. 16h" e era, claramente, a letra dele. Acredito que seja a nova senha. Muito engraçadinho.
Não vou realmente esperar dar 16h, porque tenho que terminar um trabalho sobre Defesa Contra a Arte Das Trevas, mas não quero correr o risco de chegar atrasada, então...Já estou indo.
Tenho quase certeza de que devo parecer uma boba, andando por aí meio nas nuvens. Quero dizer, algumas pessoas estão começando a reclamar que pra atrair minha atenção, elas têm que me sacudir e gritar no meu ouvido. Tenho certeza de que é puro exagero, eu não posso estar assim tão aluada. Eu teria reparado. Ou não?
Bem, há quase um mês eu não escrevo aqui, mas não foi por simples distração. Foi por falta de tempo mesmo. Na última semana só pude ver Draco duas vezes! Quero dizer, estamos treinando muito pro Quadribol, e isso significa que praticamente alternamos os dias em que treinamos, então fica difícil encontrar um tempo para nos ver.
Estava lembrando de quando nos reencontramos, quando eu voltei. Foi tão bonitinho! Ele estava realmente com saudades de mim. Quero dizer, não que ele tenha admitido isso, mas acho que ficou bem claro pela maneira como ele me abraçou e, aparentemente, não quis me largar mais.
Eu comecei a rir e disse "Isso tudo é saudade de mim?", mas acho que ele percebeu que estava muito sentimental, ou qualquer coisa do tipo e se endireitou, dizendo:
"Não, mas bem que você queria, não é?". Argh. O que eu podia fazer? Eu dei um empurrão nele, meio de brincadeira e disse: "Ei!", como quem diz 'Não precisa ofender, seu chato'.
Mas não dá pra ficar muito tempo brava com ele, porque ele simplesmente não deixa. Claro, ele sempre é muito irritante, mas não a ponto de me deixar com raiva dele em tempo integral. Às vezes eu acho que poderia sentir falta dele mesmo estando junto dele. Isso é tão estranho...
O novo esporte preferido dele é reclamar sobre a quantidade de treinos que eu tenho (Harry está pegando pesado conosco). Como se ele também não estivesse treinando horrores...
Essa coisa de estudar, treinar e ir me encontrar com Draco tem sido minha rotina e pode não parecer, mas é exaustiva. Quero dizer, na última vez em que nos vimos, eu me peguei dormindo na nossa sala, esperando por ele. Dormindo! Ele debochou de mim à exaustão, é claro. Me acordou fazendo cócegas com a pena dele. Argh. Às vezes sinto vontade de mata-lo.
Bem, o motivo de estarmos treinando tanto, é que amanhã temos jogo contra a Sonserina. Aliás, esse foi um tópico importante na última conversa que eu e Draco tivemos. Quero dizer, é o primeiro jogo em que nos enfrentaremos, depois de termos começado a namorar. Deixamos bem claro que não haveria 'protecionismo' e que uma coisa não tem nada a ver com a outra , portanto, ganhando ou perdendo, continuaria tudo normal entre a gente. Quero só ver se isso vai funcionar...estou encarando como uma espécie de teste.
Essa tarde a Sonserina reservou o campo de quadribol, então não pudemos fazer um último treino. Mas Harry fez questão de conversar com a gente, por quase duas horas. Juro, ele vira outra pessoa. Não que ele tenha o temperamento da Angelina, ele na verdade é muito mais contido, mas acho que ele não aceitaria perder por culpa dos nossos próprios erros. Não de novo, pelo menos. Quero dizer, ele sempre espera que joguemos duas vezes melhor que o outro time, o que por um lado é bom, porque nos instiga, mas por outro é MUITO cansativo, já que estamos treinando em demasia e eu realmente acho que se não for dormir agora, não vou render nada, amanhã.
Tive uma pequena discussão com Draco, essa tarde. O motivo foi Quadribol, mas não foi exatamente pelo resultado (que, aliás, foi a nosso favor. Foi um dos jogos mais difíceis até agora, e ganhamos por pouco. Eles estavam na frente, quando Harry pegou o pomo: 240 a 120).
Ainda estava no meio do jogo, quando me dei conta de que havia alguma coisa errada. Depois eu notei que os armários ambulantes não estavam me marcando, nem estavam atacando ninguém, e que, na verdade, estavam muito atrapalhados tentando marcar gols. Quero dizer, todos estavam tentando marcar gols no time deles, até mesmo o goleiro. Era como se todos tivessem assumido a posição de artilheiro, de uma só vez. A nova técnica deles, imagino.
Depois do jogo, é claro que eu mandei um bilhete para Draco, dizendo que queria encontra-lo. Quero dizer, como assim ele muda o esquema tático deles, dessa forma? Ele achava que eu era burra ou o quê?
Fui tomar minha ducha, pra ver se esfriava a cabeça. Acho que estava um pouco brava demais, com tudo aquilo. Lembro de ter saído pisando duro, até a nossa sala. Quando eu cheguei la, ele já estava me esperando. Ele parecia absolutamente calmo, sentando no sofì preguiçosamente. Eu nem o cumprimentei. Tenho que lembrar de me controlar melhor quando estiver brava, quero dizer, eu acho que fico muito mal educada, nessas horas.
"O que foi aquilo?", eu perguntei, meio alterada.
"Aquilo o quê?", ele perguntou, meio confuso.
"O jogo, Draco!", eu respondi. Ele ficou olhando para mim, por um tempo. Ele devia estar pensando que eu era louca.
"...Você poderia ser mais clara? Porque eu ainda não entendo linguagem em códigos", ele disse, franzindo a testa.
"Como é que você muda o esquema tático do seu time, daquele jeito? Você fez de propósito!", eu disse, mas acho que ele ainda não tinha entendido o que eu quis dizer.
Ele olhou para mim estranhamente e começou a dizer, enquanto gesticulava lentamente "Bem, como capitão, eu acho que tenho todo o direito de mudar o esquema do meu time, quando eu bem entender", ele respondeu, ficando meio bravo.
"Você achou que eu não ia perceber? Quero dizer, eu achei que tínhamos deixado bem claro que nosso namoro não deveria interferir no Quadribol. Mas você fez aqueles armários pararem de atacar a nós. A mim!", eu disse, soando mais clara, eu acho.
"Ah... é isso", ele disse, simplesmente e ficou me encarando por um longo tempo.
"E então?", eu perguntei, depois de um tempo, cruzando os braços.
"Virginia, você há de convir que não é muito útil ter uma namorada, que corre constantemente risco de vida, numa simples partida de Quadribol", ele disse, como quem explica algo para uma criança "Mas eu não fiz isso unicamente pensando em você. Na verdade, eu acho que o nosso novo esquema tático está rendendo um melhor resultado. Embora isso não seja algo que eu vá discutir com você, é claro", ele completou, com a voz fria.
Eu não encontrei nada para responder a ele. Quero dizer, contrariando todas as expectativas de que não deixaríamos uma coisa interferir na outra, eu duvidava muito que não teria feito a mesma coisa, no lugar dele. E a nova tática, que consistia em 'Marquem quantos gols forem possíveis e esqueçam dos balaços e dos outros jogadores. Gols, eu disse!', era ainda melhor do que a antiga tática, que consistia simplesmente em 'Derrube-os da vassoura e não deixe que marquem gols'! Quero dizer, funcionou, não funcionou? Não fosse Harry, teríamos perdido.
Eu continuei parada, com os braços cruzados, apenas olhando pra ele. Então eu murmurei "Desculpe".
Ele ficou me olhando. Um dia eu ainda descubro o que se passa pela cabeça dele, nessas horas. Depois ele acenou com a cabeça e disse "Tudo bem".
Eu andei, meio desajeitada, até o sofá e me sentei la, me sentindo uma completa idiota. Eu devia realmente tentar aprender como funciona o raciocínio dele, pra que pudesse segui-lo, antes de tirar minhas próprias conclusões; mas infelizmente isso é algo impossível, embora pudesse ser muito útil.
"Ei. Tudo bem", ele repetiu.
Eu me encostei no sofá e dei um suspiro de cansaço. Não só por causa de todo o esforço no jogo, mas também porque eu não agüentava mais me estressar com bobagem. Quando eu ia aprender a confiar nele? Confiar de verdade. Acreditar cegamente. Sei la, isso não é necessário num namoro? Ou eu devo sempre ter um pé atrás? Afinal de contas, trata-se de um Malfoy...POR MERLIN. Eu não acredito que estou pensando nisso. Não desse jeito. Quero dizer, Draco é tão diferente do pai dele, porque é que eu estou generalizando? Eu sou uma pessoa horrível, sem dúvida. Tenho REALMENTE que confiar mais nele.
"Eu me sinto cansada", eu disse, depois de um tempo "Você não?", perguntei, mas não estava, exatamente, me referindo ao fato de estar cansada fisicamente. Era mais aquela coisa toda de nos ver escondido, e, naquele momento, de descobrir que ainda não confio completamente nele.
"Sim, eu me sinto cansado", ele disse e tenho quase certeza de que ele também se referia a outro tipo de cansaço.
Quando nos despedimos, eu o olhei com cara de quem diz 'Por favor, me desculpe! Não vai acontecer de novo' e ele simplesmente me beijou. Depois, ele sorriu como que para me tranqüilizar.
Estou realmente triste comigo. Quero dizer, parece bobagem, mas ele não me deu motivos para desconfiar de suas atitudes. Pelo menos, não depois que começamos a namorar.
(suspiro)
O que está acontecendo comigo?
Acho que começo a acreditar na teoria da Mione, que diz que os sonhos podem nos dar avisos sobre o que está errado na nossa vida. Quero dizer, não deu exatamente para saber, pelo sonho, o que ia acontecer. Na real, eu nem me lembro o que eu sonhei ontem (e depois de tanto tempo sem sonhar! Foi uma surpresa). Só sei que deve ter sido um pesadelo, porque acordei com uma sensação ruim.
Hoje, quando eu desci para tomar café, estava o maior burburinho no Salão Principal e levando em conta que era sábado, já tinha muita gente de pé.
Olhei pra mesa da Sonserina, mas Draco não estava la, então me virei para sentar ao lado de Hermione, que estava segurando o Profeta Diário. Ron estava estranhamente muito quieto e eu não vi Harry em parte alguma.
"Bom dia", eu disse. Ninguém respondeu. "Alô? Terra chamando!", eu disse, olhando de Ron para Mione.
"Bom dia, Ginny", Mione disse, finalmente fechando o jornal e olhando para mim.
"Que alvoroço é esse por aqui?", perguntei, olhando em volta.
"Você ainda não leu o jornal?", Mione perguntou, e quando eu fiz que não com a cabeça, ela me entregou o jornal.
Quando eu abri, uma das manchetes chamou logo minha atenção.
"FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO É ASSASSINADA POR COMENSAIS
Na última sexta-feira, o Ministério divulgou a notícia de que a funcionária Amélia Susana Bones, chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, foi cercada e atacada por três Comensais fugitivos.
De acordo com o depoimento dado por alguns trouxas, os aurores que estão trabalhando no caso, chegaram a pista de três antigos seguidores de Você-Sabe-Quem: Rodolfo e Belatriz Lestrange e Rookwood.
Os trouxas, que presenciaram ao acontecimento da janela de suas casas, já tiveram suas memórias devidamente alteradas, e desconfia-se que..." . A reportagem continuava, mas milhares de perguntas começaram a pipocar na minha cabeça, enquanto eu sentia meu estômago se revirando.
"Ron...e o papai?", eu perguntei, baixinho. Quero dizer, Madame Bones era do Ministério...porque exatamente tinham-na atacado?
"Mamãe escreveu dizendo que ele está bem. Disse que estão todos bem...seja lá o que isso queira dizer", Ron respondeu, enquanto esfarelava uma torrada.
"Mas...porque assassinaram Madame Bones?", eu perguntei, para ninguém especificamente.
"Eu tenho uma teoria", Mione disse, pensativa "Bem, eu estive pensando...Madame Bones trabalhava no Departamento de Execução das Leis da Magia, certo? Então ela poderia ter meios de saber onde e quando os feitiços dos Comensais teriam sido realizados. Talvez ela tivesse meios de descobrir algo que pudesse denunciá-los ou prejudica-los", ela completou.
Fazia bastante sentido, aquilo. Depois, outra pergunta me surgiu "Como é possível que os trouxas tenham identificado os comensais?".
"Imagino que os Aurores acabaram deduzindo, através das descrições físicas dos Comensais", Mione disse, simplesmente.
"Mas eles não usam capuzes? Quero dizer, a maioria das vezes eles usam, não é?", eu perguntei, me lembrando da noite em que nos 'encontramos' com vários deles.
"Sim, a maioria das vezes, mas dessa vez eles não devem ter usado. De que outra maneira fariam o reconhecimento dos tais comensais?".
Eu concordei, balançando levemente a cabeça. "E Harry? Ele já sabe?", eu me vi perguntando. Quero dizer, afinal de contas, foi a tal Lestrange que matou Sirius.
"Sim...e acho que ele não está muito disposto a conversar, no momento", Mione disse, parecendo um pouco abatida.
"Bones...Bones...", eu murmurei, me lembrando de algo "Susana Bones, da Lufa-Lufa, não é parente dela?", eu perguntei, franzindo a testa.
"É sobrinha", Ron disse, vagamente.
"Parece que ela já foi para casa, essa manhã", Mione disse e eu olhei para a mesa da Lufa-Lufa. Todos pareciam quietos demais, a despeito de todo aquele burburinho, em volta. Bati o olho na mesa da Sonserina novamente: Draco ainda não estava la.
Nós tínhamos combinado de nos encontrar à tarde, atrás do castelo, perto da grande árvore em que já nos encontramos outras vezes. Acho que começamos a enjoar daquela sala. Tudo bem que nessa semana só havíamos nos visto uma vez, mas aquela sala não era realmente muito agradável, depois de tanto tempo olhando para os mesmos quadros e paredes.
Depois de tomar café, eu voltei para a Sala Comunal da Grifinória e encontrei Jenn e Kel, la, conversando. Jenn conhecia Susana melhor do que nós e estava realmente preocupada. Quero dizer, todos estávamos. Eu não queria pensar nisso, mas meu pai e Percy trabalham no Ministério. E se esses comensais malucos resolvem brincar de chacina? Por Merlin! Não quero nem pensar nisso.
Mais tarde fomos almoçar juntas e ficamos batendo papo para ver se nos distraíamos. Quando estava perto das 15h, eu me levantei e me dirigi para o Lago, ainda pensando que não tinha visto Harry o dia inteiro. Mione e Ron estavam na Sala Comunal e tinham dito que ele não descera para almoçar.
O sol estava fraco, mas era agradável, porque ajudava a amenizar o vento frio. Quando eu cheguei la, Draco já estava sentado numa das raízes da árvore. Ele parecia muito calmo. Sentei-me ao lado dele, e o beijei na bochecha. Ele ficou olhando para mim.
"Oi...", eu disse, incerta "Você está bem?".
"Sim", ele disse "E você?".
Confirmei com a cabeça e perguntei, com uma certa cautela "Você leu o Profeta, essa manhã?".
"Li", ele disse, simplesmente.
Eu queria saber a opinião dele, é óbvio! Então perguntei "E o que você acha disso? Quero dizer, que motivos será que eles tinham para matar Madame Bones?".
"Eu não posso responder essa pergunta, não é mesmo? Já que minha mente não funciona como a de um Comensal...", ele disse, calmamente, mas ele parecia estar insinuando que EU estava pensando que ele sabia como e porque os Comensais haviam feito aquilo.
"Eu não sugeri isso, Draco!", eu disse, chocada.
Ele suspirou e me olhou por um momento "Eu sei. Desculpe". Ele passou a mão pelos cabelos e disse "Porque eles fizeram isso? Talvez para acobertar alguma coisa ou alguém. Talvez eles tenham arrancado alguma informação importante da Bones. Talvez ela soubesse de alguma coisa que não devesse, ou talvez eles, simplesmente, gostem de matar...", ele suspirou novamente e completou "Eu não acho que encontraremos uma resposta".
Eu concordei com a cabeça e meu pensamento voltou a Harry. Deus, ele já havia perdido três pessoas que amava. Quantas mais iriam morrer, por causa de Você-Sabe-Quem? Nesse momento, eu me peguei pensando em todos os meus irmãos, nos meus pais e em Draco. Um arrepio correu minha espinha e quando olhei diretamente para Draco, rezei silenciosamente para que nada acontecesse a ele ou a minha família.
"Em quê você está pensando?", Draco perguntou, tocando uma mecha do meu cabelo e me fazendo voltar ao mundo real.
"Em Harry", eu respondi, sinceramente "Belatriz Lestrange matou um...amigo nosso", eu disse, soando meio vaga.
"Sirius Black?", ele perguntou, num tom de voz que sugeria que ele não estava gostando daquela conversa.
"Como você sabe?", perguntei, surpresa. Será que o pai dele...?
"Foi o único que morreu no último embate entre Potter e o Lorde das Trevas, não foi?", ele perguntou. Por um momento, eu fiquei surpresa, mas depois eu me lembrei que aquilo tinha sido noticiado e que era bem óbvio ele saber que Sirius tinha morrido aquela noite.
"Sim, foi o único" eu disse "Ele era padrinho de Harry".
"Eu não sabia", ele disse, pouco confortável com aquele assunto.
"Seu pai sabia", eu disse, baixinho, brincando com uma folha "Foi ele quem descobriu que Harry era afilhado de Sirius e provavelmente disse a Você-Sabe-Quem, porque, bem...eles armaram toda aquela armadilha que nos levou até o Ministério", eu disse, sem saber exatamente porque estava falando aquilo. Acho que estava aprendendo a confiar mais em Draco "Seu pai parecia...parecia o chefe do bando, dando ordens e tudo o mais", eu completei.
"Não me surpreende", ele disse, calmamente.
A vontade de mudar de assunto misturada com a vontade de não pensar TÃO cedo nesse assunto, nos fez voltar a conversar sobre qualquer amenidade, só para quebrar aquele clima chato.
Depois eu me peguei pensando naquele velho fato de que ele me transmite paz. Sei la, contrariando todas as expectativas (afinal de contas o pai dele é um Comensal), eu me sinto muito mais segura quando estou ao lado dele, mas acho que ele não percebe isso. Quero dizer, na carta que escrevi para ele no Natal, eu deixei isso bem claro e ele mesmo disse que não sabia de tal fato. Bem, agora ele sabe. Mas do que adianta?
"Draco...", eu falei "Eu já disse o quanto você é importante para mim?". Não sei, alguma coisa dentro de mim estava gritando 'Diga a ele! Não guarde para você. Diga a ele AGORA'.
"Não hoje", ele disse, sorrindo, todo charmoso, mas também muito presunçoso.
"Você é", eu disse, séria "Apenas não se esqueça disso, sim?", eu perguntei, enquanto o via se aproximar mais. Eu não lembro se ele disse alguma coisa em resposta, só sei que já estávamos de lábios colados antes que me desse conta disso.
Ainda estávamos nos beijando quando eu senti um vento gelado que passou por nós com uma espécie de uivo. É claro que não era um lobo, era só o barulho que o vento às vezes faz, mas eu senti aquela sensação gelada subindo pela minha espinha.
"Você sentiu isso?", eu perguntei a Draco, me afastando dele.
"Sua língua na minha garganta?", ele perguntou,arrogante. Eu ignorei isso.
"Um barulho, um vento frio... Nossa, eu to arrepiada até agora", eu disse, meio desconfortável.
"Não senti nada", ele disse, me olhando atentamente. "Você não vai se deixar impressionar com isso, vai?".
Eu não soube o que responder. Sei la, talvez ele tivesse razão. Eu me impressiono com toda e qualquer coisa que não esteja no padrão da normalidade. Primeiro os sonhos, depois aquele livro com conteúdo depressivo, agora um simples vento estava me assustando. Do que eu não sinto medo, nesse mundo, meu Deus? Eu adoraria saber. Adoraria mesmo. Adoraria controlar minhas reações e meus sentimentos. Às vezes eu me sinto tão fraca...
Bem, tudo o que eu fiz foi me enterrar no abraço dele, e ficar la, como uma criança medrosa (...Gah. Eu me odeio). Depois, eu notei que o sol estava começando a se pôr. Devíamos ter ficado la a tarde inteira. Eu me ajeitei, para olha-lo melhor e perguntei "Vamos nos ver amanhã?".
"Acho que vou marcar um treino para o time, amanhã", ele disse "Mas se acabarmos cedo, eu te escrevo e a gente se encontra na nossa Sala".
"Certo. Agora eu tenho que ir", eu disse e o beijei antes de me levantar e ir embora.
Eu só tinha andado alguns passos, mas ainda sentia aquela sensação ruim que sentira poucos minutos antes. Não sei bem porque, mas eu me virei e olhei pra ele, que ainda estava sentado, provavelmente esperando eu ir embora pra que ele também pudesse ir.
Ele parecia tão bonito ali, com aquele pôr-do-sol ao fundo. Ele estava olhando para mim, e sorriu quando me viu olhando pra ele. Não sei, esse é o tipo de imagem que fica gravada a ferro na mente, e que eu sempre vou me lembrar.
Agora eu estou aqui, pensando em algumas coisas...quero dizer, hoje eu acordei com uma sensação ruim e quando desço para tomar café o que é que eu fico sabendo? Novidade dos Comensais. E agora, outra sensação ruim... o que é que falta acontecer?
"Lembrem-se de Cedrico Diggory. Lembrem-se, se chegar a hora de terem de escolher entre o que é certo e o que é fácil. Lembrem-se do que aconteceu com um rapaz que era bom, generoso e corajoso, porque ele cruzou o caminho de Lord Voldemort. Lembrem-se de Cedrico Diggory".
N/A:
'Você sentiu isso?
Sua língua na minha garganta?'. Adaptado de 'Uma noiva em fuga'.
