Epílogo
Noite passada eu sonhei novamente com aquele dragão. Acho que já falei aqui que eu voltei a sonhar há algum tempo. Mas alguma coisa naquele sonho me passou a sensação de que eu não voltarei a ter esse tipo de sonho estranho. Acho que só o estranho que os sonhos já propiciam normalmente. Quero dizer, quase todos os sonhos são estranhos, certo? Mas é que os que eu tenho são sempre acima do normal. Bem, eu estou divagando.
Eu estava lá, novamente sentada perto do lago, quando o dragão surgiu. E agora que eu paro pra pensar nisso, da última vez ele tinha desaparecido, não foi? Mas dessa vez ele nem se aproximou de mim, nem desapareceu. Ele continuou dentro do lago, e quando eu me levantei para enxergar melhor (como eu tinha feito nas outras vezes), ele abriu as asas e saiu voando. Ele ficou voando sobre o lago, e eu de repente, comecei a rir. Era uma cena bonita ver um dragão voando (bonita e incomum, já que eles estão sempre presos e sendo controlados por treinadores de dragões). E em momento algum eu senti medo. Quando eu acordei e fiquei pensando naquele sonho, eu não me senti incomodada por ter sonhado com aquilo de novo. Acho que é por isso que eu estou tão certa de que não voltarei a sonhar com ele.
Conclusão: eu nunca consegui realmente interpreta-los, como Mione sugeriu, mas...não sei, acho que no fundo eu sempre soube o que eles quiseram me dizer. Mensagens do meu subconsciente para o meu INCONSCIENTE. Porque, claro, se fosse para o meu consciente, a essa altura eu já teria interpretado todos aqueles sonhos malucos.
Eu sei que disse que iria conhecer a Mansão Malfoy, mas Draco quis que ela estivesse completamente pronta, até que eu fosse lá, então se passou quase minhas férias inteiras desde minha promessa. Eu estou indo lá mais tarde, para finalmente conhece-la.
Semana passada, mamãe decidiu que estava na hora de ir comprar meus novos livros, de Hogwarts, mas sutilmente Draco perguntou se não poderia ir comigo, e o fato foi que ela deixou. Foi muito divertido sair para fazer compras com Draco.
Quero dizer, andar pelas ruas, de mãos dadas, olhando vitrines e encontrando pessoas. Ah! Eu encontrei Jenn Campbell e ela quase caiu pra trás, de susto, ao me ver com Draco. Depois, quando eu expliquei que estávamos namorando, ela quis me matar por não ter contado a ela. Mas ela me perdoou, eu acho.
Quando Draco parou na 'Artigos de Qualidade para Quadribol', eu tenho a certeza de que vi Miguel Corner, do outro lado da rua. Aquilo não ia ser bom. Então eu empurrei Draco para dentro da loja e fiz questão de ficarmos lá por, pelo menos, uns vinte minutos. Quando saímos, eu não vi nem a sombra do Corner. Melhor assim, eu acho.
Depois disso, eu achei que íamos embora, porque já havíamos comprado tudo, mas Draco disse que ia comprar uma coisa pra mim. Eu disse que já tinha tudo e não precisava de mais nada, mas ele foi e dez minutos depois ele voltou segurando uma gaiola. Tinha uma linda coruja, lá dentro.
Eu agradeci e tentei dizer que não podia aceitar, mas ele falou algo sobre odiar a coruja da minha mãe. Disse que ela estava velha e sempre largava penas, na casa dele. Argh. Bem, agora eu tenho uma coruja e o nome dela é Eve.
Daqui a uns dias eu estarei voltando para Hogwarts...o tempo passa tão depressa quando eu estou com Draco! Mas demora a passar, quando eu estou longe dele...
(suspiro)
Ele deve estar chegando, então vou espera-lo, lá embaixo.
Nunca vou me esquecer desse dia. É uma promessa que faço a mim mesma.
Bem, como eu não posso aparatar, nós fomos de Pó de Flu. Quando chegamos la, eu percebi que devíamos estar na sala de visitas, e era um lugar tão espaçoso e relaxante, que eu me impressionei. Sei lá, eu imaginei a Mansão Malfoy de várias maneiras, mas não realmente como ela é. Ou como ela se tornou, agora que está reformada.
Eu ainda estava deslumbrada com a sala, quando Draco me puxou até o Salão Principal. E aí sim meu queixo caiu. Eu tive que dizer. "Mas esse lugar é enorme!". Quero dizer, se eu olhasse pra direita, eu via corredores e mais uma dezena de cômodos. Olhando para esquerda, a mesma coisa. E olhando pra frente tinha a escada. Sem dúvida, aquela era a maior casa em que eu já havia pisado. É uma Mansão, afinal de contas. Eu deveria ter imaginado.
E então começou o tour; ele me mostrou a biblioteca, a sala de estar, a sala de música (!), a sala de jantar, o escritório (Deus. Ele tem um escritório! Eu me senti uma criança, perto dele) e mais uma infinidade de cômodos, até que, finalmente, subimos as escadas.
Havia quadros de paisagens por todo o canto, mas em todos os lugares que eu passei, eu não encontrei o retrato de nenhuma pessoa. Mas, é claro, ele não me mostrou a casa toda, então eu não posso garantir que não existam retratos ou quadros da família dele.
Já estávamos andando naquele andar, há quase meia hora, quando paramos em frente a uma porta de madeira escura.
"O que tem aí?", eu perguntei, inocentemente.
"É o meu quarto", ele respondeu, abrindo a porta. Eu estanquei. Certo...
Ele entrou e ficou olhando para mim. Eu olhei incerta para dentro do quarto, até que ele estendeu a mão e eu entrei. Eu dei uma boa olhada em volta. Era, sem dúvida, o cômodo mais bonito, até ali. Não havia nenhum quadro nas paredes. E a cama era tão grande que devia ter o tamanho do meu quarto. E eu falo sério.
Finalmente eu encontrei uma fotografia "Ei. Aquela sou eu!", eu disse, sorrindo e apontando para uma foto minha, que ficava no criado-mudo, ao lado da cama dele. Eu não sabia que ele tinha uma foto minha. Muito menos no criado-mudo dele!
"Esperava encontrar a foto de outra pessoa?", ele perguntou, arqueando as sobrancelhas, para me provocar, eu acho. Não funcionou.
"Não, assim está bom", eu disse, feliz. Eu andei até bem perto da cama, para observar minha foto melhor. Não é que eu estivesse sorrindo, naquela foto. Eu estava simplesmente gargalhando. O tempo todo. Ai, Deus. Às vezes eu sou tão boba.
Eu ainda estava olhando para isso, quando senti as mãos de Draco nos meus ombros. Eu ia me virar para olha-lo de frente, mas ele afastou lentamente os meus cabelos, do meu pescoço, e disse, rente a minha nuca "Ginny...". Eu fechei os olhos ao sentir um arrepio por todo o corpo. Aquele era o meu ponto fraco, ele devia saber disso. Aquilo tudo, definitivamente, me pegou de surpresa.
Eu me virei lentamente, e o encarei por um instante. A expressão dele era ilegível. Os olhos cinzas dele pareciam estar vasculhando todo o meu rosto. Ele acariciou os meus cabelos e eu me permiti fechar os olhos, por um instante. Quando eu os abri novamente, foi para ver Draco a menos de um centímetro de distância, com os olhos fechados, e vindo ameaçadoramente em direção aos meus lábios. Ameaçadoramente de uma forma boa, é claro.
Eu sempre sinto uma espécie de frio na barriga, quando beijo Draco, mas daquela vez foi diferente. Era tudo mais intenso. Toda aquela intimidade me fez lembrar de quando ele passou a noite no meu quarto, e como eu me senti realmente próxima a ele. Era o mesmo que eu estava sentindo, naquele momento, só que dessa vez era duplamente mais intenso.
Eu senti as mãos dele, pousando na minha cintura, enquanto ainda nos beijávamos e dois segundos depois eu notei que estávamos nos mexendo. Andando, eu imagino. Eu disse 'eu imagino', porque na hora eu não notei nada. Quero dizer, eu acho que não poderia raciocinar direito, nem que eu tentasse.
Quando eu estava ficando sem fôlego, ele separou seus lábios dos meus e desceu perigosamente para o meu pescoço. Eu abri os olhos brevemente e reparei que estávamos deitados na cama dele. Oh. Eu senti meu rosto ficar subitamente muito, muito quente.
"Draco...", eu ofeguei. Ele me ignorou e voltou a me beijar. Enquanto ele fazia isso, eu senti suas mãos desprendendo a fivela do meu cabelo e acho que ela foi parar do outro lado do quarto. Não tenho certeza.
Depois, eu senti uma de suas mãos passeando pela minha barriga e aquilo provocou um suspiro, não intencional, da minha parte. Eu senti que ele sorria, contra os meus lábios. Eu podia sentir as batidas do meu coração acelerando e eu me senti repentinamente febril. Onde aquilo ia parar, eu me perguntei.
Quando a resposta me atingiu, eu congelei. Eu não sabia se era a hora certa, mas o que eu estava fazendo ali, com um garoto particularmente animado, em cima de mim? Eu entrei em pânico.
Quando senti que ele estava descendo com os lábios novamente para o meu pescoço, eu coloquei minhas mãos entre nós dois e tentei empurra-lo gentilmente, mas eu não pude. Quero dizer, olha o tamanho de Draco! Eu não ia conseguir. Foi então que eu disse, ofegante, mas com a voz ofegante "Draco...não...".
Imediatamente, eu o senti parar. Eu pensei que ele podia ter se sentindo ofendido, ou algo do tipo, mas ele levantou a cabeça e olhou calmamente para mim por uns segundos antes de dizer "Diga-me que não quer", ele falou, e apesar de tudo, sua voz soou gentil. E então ele olhou nos meus olhos e completou, com a voz rouca "Diga-me que não quer e eu pararei".
Algo na forma como ele disse aquilo me fez parar pra pensar em uma fração de segundo. Eu queria? Estava na hora? Ia ser com ele, não ia? Porque eu estava tão nervosa? Mas então, a pergunta mais importante de todas me atingiu: porque eu estava pensando naquilo, naquele momento quando eu tinha o cara que eu amo parado a minha frente, ofegante e esperando uma resposta?
(...) Às vezes eu sou uma idiota, mas eu não posso ser uma idiota sempre, então eu afastei todas as dúvidas bobas da minha mente e simplesmente o puxei pra mim. Eu o senti, novamente, sorrir contra os meus lábios. Acho que ele tinha entendido qual era a 'minha resposta'.
Quando eu me dei conta, minhas mãos estavam agindo por conta própria e começaram a desabotoar a camiseta dele. Ele, então, se levantou parcialmente e terminou de tira-la sozinho. Eu não pude evitar um suspiro ao olhar para o tórax nu dele.
Depois disso, Draco me ajudou a tirar minha própria blusa, e quando ele se moveu para começar a beijar levemente a minha barriga, eu acho que fiquei meio tensa. Tá, totalmente tensa. Ele deve ter notado isso, porque me beijou novamente nos lábios e murmurou "Apenas relaxe". E eu relaxei. E me entreguei.
Durante todo o tempo em que estive com Draco, nada mais importou do que aquele beijo, aquele gosto, aquele cheiro, aquele toque...ele. Apenas ele importava. E apenas com ele eu me importei.
Quando ele se deitou ao meu lado, tão ofegante quanto eu, eu me senti anestesiada. Entorpecida. Inexplicavelmente completa. E então eu me virei para olha-lo, assim como ele também olhava para mim.
Uma coisa que acontece muito conosco são sessões de silêncio, e uma dessas sessões estava acontecendo, enquanto ele olhava para mim, pelo que pareceram séculos, até que ele beijou meu nariz e disse "Eu amo você, ruivinha". Eu fiquei olhando aquele par de olhos cinzas, tentando entender o que ele havia dito. Quando eu entendi, eu disse, serenamente:
"Se importa em repetir isso à exaustão? Porque eu acho que ainda não fui capaz de assimilar", eu expliquei, com uma sensação morna percorrendo todo o meu corpo.
"Porque eu faria isso?", ele perguntou com uma sobrancelha erguida, e eu vi aquele velho brilho do bom humor nos olhos dele. Ele estava com aquele sorriso que curva sua boca para baixo. Faz com que ele pareça tão esnobe. Mas ele fica lindo.
"Talvez porque nada me faria mais feliz?", eu sugeri, esperançosamente, ajeitando (desajeitadamente, na verdade) o cobertor ao meu redor.
"Bem, poderá haver um pequeno preço a se pagar...", ele disse, maliciosamente, passando vagarosamente uma das mãos pelas minhas costas.
"Hum...proposta perigosa", eu disse, pensando a respeito e sentindo um frio na espinha. "Que tipo de preço?", eu perguntei, sorrindo, feliz.
"Esse", ele disse, beijando novamente meu nariz. "Esse", ele repetiu, dessa vez beijando meu pescoço, enquanto eu ria "E esse...", ele completou dessa vez me beijando nos lábios. Merlin, ele sabe me tirar do sério.
Quando nossos lábios se separaram, ele não repetiu aquela frase, como eu havia pedido, mas não tem importância. Tê-la dito uma vez já foi o suficiente. Eu fiquei olhando para ele, que começou a enrolar uma das mechas do meu cabelo. E de repente eu me senti tão bem...Eu me sentia como se houvéssemos encontrado uma coisa que nunca ninguém havia encontrado antes: um ao outro.
Eu repousei minha cabeça sobre seu peito e ele me abraçou. Ficamos assim por muito tempo. Eu estava tentada a cochilar, mas alguma coisa não me permitiu. Acho que eu estava tentando absorver todos os detalhes daqueles momentos ternos com Draco, então eu apenas fiquei pensando em todas as coisas que haviam acontecido nos últimos tempos e no quanto eu estava feliz por tê-lo. Isso me fez sorrir.
Eu continuei a sorrir por mais um instante, e então eu comecei a pensar em quando ele morava ali e tinha uma família. E pensando que agora ele não tinha ninguém. Quero dizer, ele tem a mim e tudo o mais, mas ali, com ele, não havia mais ninguém. E pelo pouco que eu andei naquela Mansão, eu notei o quanto ela era grande e o quanto ela pode simplesmente oprimir, se essa for a intenção.
Eu fiquei pensando que ele passou todo o verão ali, sozinho, e nunca deu uma palavra sobre isso. Não reclamou nenhuma vez. Eu fico imaginando se ele quer realmente esquecer que teve pais, um dia. Eu falo dos dois, porque acho que não seria possível lembrar da mãe dele e esquecer do pai. Depois de tudo o que aconteceu, então...
"Em que você está pensando?", Draco perguntou, sonolentamente.
"Eu estava apenas pensando que...", eu disse e dei um pequeno suspiro antes de continuar "...Esse lugar é grande demais para alguém morar sozinho", eu completei, absolutamente sincera.
Ele se mexeu para me olhar melhor, parecendo repentinamente acordado. E ficou me olhando. Por um longo, loooonngo tempo.
"O que foi?", eu perguntei, sentindo meu rosto arder.
"Virgínia", ele começou, tranqüilamente "Você já considerou a hipótese de se casar comigo?". Eu tenho certeza que ele disse exatamente isso, embora, na hora, eu não tenha entendido muito bem.
"Perdão?", eu perguntei, com o susto.
"Não agora, naturalmente", ele explicou, soando muito calmo "Um dia, eu quero dizer", ele completou, e eu vi os olhos claros dele faiscarem.
Eu fiquei em silêncio, tal foi o meu choque. Eu não estava esperando por aquilo. NÃO MESMO. Todo mundo entendeu o que ele tinha dito? Quero dizer...aquilo foi um pedido de casamento? Acho que ainda estou tentando entender.
"Er...bem...", eu comecei, meio que gaguejando "Eu não posso negar que já imaginei um milhão de vezes essa cena na minha mente, mas...você sabe...eram só... sonhos", eu expliquei, com o rosto em brasa "Eu nunca imaginei que poderiam realmente acontecer, se isso responde a sua pergunta", eu concluí, quietamente.
Ele balançou afirmativamente a cabeça, como se entendesse o que eu estava dizendo e depois perguntou, com a voz ainda muito calma "Quando você acabar Hogwarts...", ele estava dizendo, enquanto eu gravava aquela cena na minha mente, para sempre "Porque não pensa na possibilidade?", ele completou, e apesar da pergunta, ele pareceu muito sério e confiante. Aquela situação era tão estranha, que eu não pensei realmente, antes de responder.
"Quando eu terminar Hogwarts...", eu repeti o que ele havia dito, "Eu...vou... me lembrar disso", eu disse e acho que havia parado de corar. Acho.
"Certo", ele disse, pra depois abrir um sorriso lindo para mim. Draco se inclinou para me beijar docemente nos lábios e então foi a vez dele se aconchegar nos meus braços. Foi um momento tão calmo e doce, que eu apenas fiquei lá, acariciando seu cabelo macio, enquanto sentia sua respiração calma contra as rápidas batidas do meu coração. E então nós adormecemos.
Quando nós acordamos, um tempo depois, ainda estava claro, então Draco me levou para conhecer os jardins. Descemos de mãos dadas e ele me mostrou o que havia feito. Ele montou uma espécie de campo de quadribol, no próprio jardim. Uau.
"Isso é incrível!", eu disse, notando o quanto se parecia com o campo de quadribol de Hogwarts. Só não havia as arquibancadas. Ele sorriu, arrogante.
"Fiz para os meus filhos", ele disse, teatralmente, colocando uma das mãos sobre o peito. Se alguém me perguntasse eu teria que dizer que ele estava se divertindo MUITO. "Você sabe, eu vou querer, no mínimo, dois times de quadribol", ele completou.
"Wow", eu disse e me virei para ele "Eu espero que você não esteja considerando a ABSURDA possibilidade de que eu vou ser a mãe deles", eu disse, chutando o balde. Quero dizer, já havíamos falado em casamento e agora estávamos falando de filhos. Eu sei que não são planos reais, mas é tão engraçado fazer esse tipo de plano esdrúxulo. Eu tive que entrar na onda dele!
"Você sugere outra pessoa?", ele perguntou, polidamente, fingindo interesse.
"Porque você não pergunta a Murta Que Geme? Eu penso que ela está disponível", eu disse, tentando parecer séria.
"Considerando o fato de que ela é um fantasma, e que não existe a menor possibilidade de isso se tornar viável...", ele disse, dando de ombros.
"É, acho que você nunca vai passar seus genes a diante", eu disse, sorrindo. Ele ficou um minuto me encarando e depois disse:
"Eu não acredito que você sugeriu a Murta Que Geme", ele falou, saindo um pouco do nosso joguinho, porque ele estava soando muito indignado, "Com toda Hogwarts atrás de mim, você poderia ter sugerido alguém mais...substancial", ele disse, depois de escolher bem a palavra.
"Toda Hogwarts? Isso inclui os meninos?", eu perguntei, não conseguindo segurar mais o riso.
"Bem, eu não gosto de pensar nisso, mas...É, alguns deles", ele respondeu, meio arrogante.
"Ai, Deus", eu disse, tendo que me sentar no chão, porque não estava conseguindo mais me sustentar "Porque você teve que dizer isso? Eu não queria ter imaginado essa cena!", eu disse, ainda rindo.
"Foi você quem perguntou", ele respondeu, arqueando as sobrancelhas e se sentando ao meu lado, no meio do campo de quadribol.
"É, a culpa é sempre minha! Fui eu quem falou da cera quente, fui eu quem sugeriu isso! Ora essa, Draco Malfoy...VOCÊ me faz agir assim", eu disse, rindo tanto que minhas bochechas doíam.
Ele segurou meus ombros levemente e me fez deitar no chão, enquanto eu parava de rir lentamente e ele se aproximava mais e dizia, sedutor "Se você coloca nesses termos...", e depois me beijou suavemente. Eu, que já estava sem fôlego por ter rido tanto, fiquei praticamente sem ar, até que nos separamos e eu pude finalmente respirar.
(suspiro bobo e apaixonado)
Quando eu decidi que tinha que ir embora, ele me levou novamente até a sala de visitas, em que eu já estivera e, quando eu passei a mão pelos cabelos eu me lembrei de uma coisa.
"Ah, Draco, eu acho que...er, perdi minha...fivela", eu disse, imaginando onde ela deveria estar. Eu corei.
Eu o vi colocar a mão esquerda, no bolso da calça e depois dizer "Não se preocupe. Se eu a achar, eu a guardarei".
"Você vai usa-la ou alguma coisa do tipo?", eu perguntei em tom de deboche, porque era muito provável que minha fivela estivesse no bolso dele, depois daquele movimento tão impulsivo. O engraçado era que eu não tinha visto ele pegar aquela fivela.
Ele me respondeu apenas com um olhar firme.
"Certo, eu só estava brincando", eu disse, rindo e levantando os braços, como se estivesse me rendendo. Eu acho que ele realmente não vai me devolve-la.
Depois, Draco me beijou docemente e disse que viria me visitar amanhã e então eu vim pra casa. Como já era tarde, mas não tanto, eu fiquei deitada na minha cama, até que fosse bem tarde e eu pudesse usar a lareira da sala, sem que ninguém ouvisse. Mas não era pra falar com Draco. Era pra falar com Kelly. Eu precisava conversar com ela. Não que eu fosse contar TUDO o que aconteceu (não agora, pelo menos), mas eu precisava conversar sobre uma coisa.
Assim que ela apareceu na minha lareira, com cara de sono e vestindo um pijama ridículo de ursinho, eu disse:
"Eu tenho que te contar tanta coisa que aconteceu hoje! Umas foram bem inesperadas...mas tem uma que realmente me deixou confusa".
"Huumpft. Fala", ela disse, resignada. Acho que ela tinha percebido que aquela conversa ia ser beeem longa.
"Kelly, eu acho que Draco me pediu em casamento", eu disse, tentando não falar alto demais.
"Você acha que o Malfoy O QUÊ?", ela quase gritou. Argh.
"Quero dizer, não foi algo exatamente para agora...Acho que foi mais uma coisa... à longo prazo", eu disse, com uma ruga na testa, ainda tentando entender aquilo tudo.
Kelly ficou olhando para mim, por um minuto e depois disse, abobadamente "Eu não entendi".
"Ele perguntou se um dia eu me casaria com ele", eu tentei explicar.
"E você aceitou?", ela perguntou, ainda surpresa com tudo aquilo.
"Eu disse que me lembraria daquilo. Você acha que isso foi um sim?", eu perguntei, incerta.
"Ai meu Deus. Você nem sabe se aceitou!", ela me acusou.
"Eu disse que estava confusa", eu respondi, ofendida.
"Bem, é claro que você está", ela disse "Você foi pedida em casamento por antecipação. Quero dizer, não é algo para agora... só futuramente...", ela gesticulou, e eu acho que ela estava debochando de mim "...E nem sabe se aceitou!", ela me acusou, novamente. Depois de mais alguns segundos pensando a respeito, ela completou "Você é louca, definitivamente".
"O que você teria respondido, no meu lugar?", eu perguntei, ofendida. "Ora essa, foi a coisa mais incomum que já me perguntaram antes!".
"Eu teria...eu teria...sei la, pedido para que ele fosse um pouco mais claro, eu acho", Kel disse.
"Mas ele foi. Quero dizer, ele perguntou se eu consideraria a possibilidade, um dia", eu expliquei.
"Que possibilidade?", ela perguntou, estupidamente.
"Que parte da conversa você perdeu?...De nos casar, Kelly!", eu respondi, irritada com tamanha lentidão.
"Ah, é. Eu sabia", ela respondeu, meio sem graça.
"Hum rum...", eu debochei.
Ficamos em silêncio, por uns minutos, até que eu me lembrei de outra coisa.
"E ele falou de filhos!".
"De FILHOS?", ela quase caiu pra trás, mas se recuperou logo "E o que você disse?", ela perguntou, meio chocada.
"Que não seria a mãe deles", eu respondi, pensando a respeito.
"Então isso foi um não", Kel disse, e pareceu que ela estava entendendo claramente a situação, pela primeira vez, desde que aquela conversa havia começado.
"Não, não foi um não", eu respondi, sinceramente.
"NÃO foi um não?", ela perguntou, novamente confusa.
"Quero dizer, eu acho que não. Nós estávamos falando sobre a Murta Que Geme e então...ah... er, esquece", eu disse, ao ver a cara que ela fez.
"O que a Murta tem a ver com ele ter te pedido em casamento?".
"Ele não me pediu em casamento! ...Ele só quis saber as chances dele, eu acho".
Depois de mais alguns minutos me olhando estranhamente, minha melhor amiga disse:
"Ginny. Sinceramente...", ela suspirou "Vai dormir".
"É, eu acho que preciso mesmo", eu disse, esfregando os olhos.
"Tudo bem. Sonhe comigo", ela disse.
"Acho que prefiro sonhar com Sam Rutledge...", eu disse, para provoca-la. E eu consegui.
"Ei!", ela gritou, falsamente ofendida.
"O que foi? Ele é bonitão!", eu disse, rindo.
"Ei!", ela repetiu, agora rindo abertamente.
Eu sorri novamente e disse "Boa noite, Kel".
"Boa noite, Ginny A Louca", e sumiu da minha lareira.
E agora eu estou aqui, no meu quarto, e tenho certeza de que não vou conseguir dormir tão cedo, mesmo essa tendo sido a recomendação da Dra. Kelly Douglas.
É que eu comecei a pensar em todas essas loucuras que aconteceram comigo, nos últimos tempos e pensei...que bom que aconteceram. Todas elas. Eu não vou reclamar de nenhuma.
Não vou nem reclamar sobre o fato de que Draco e eu vamos passar um ano inteiro 'longe', nos vendo apenas casualmente. Aliás, eu estava falando sobre isso com mamãe, outro dia (e eu juro que aquela foi a última vez que eu choraminguei a esse respeito!), e mamãe, gentilmente me disse "Querida...para estar junto não é preciso estar perto..." e aqui ela colocou a mão sobre o próprio peito "...E sim do lado de dentro". Fofa. Isso vai ajudar, eu acho.
E eu voltei a pensar no dia louco que tive hoje, e sobre as coisas loucas que Draco me disse. E sobre a forma bonita com que ele sorri, agora. É um sorriso sem compromisso, sem preocupações, como se ele não tivesse mais problemas.
Muitas vezes eu olho pra ele e vejo a criança que ele não teve a oportunidade de ser. E por mim, tudo bem. Ele pode e vai ser sempre o garoto dos meus sonhos.
E complementando o que eu escrevi, quando estava no Expresso voltando para casa... 'Somos nós quem construímos nossos próprios caminhos. E, finalmente eu estou trilhando o caminho que eu quero. Que eu realmente escolhi. E eu vou seguir até o final dele'. Eu sei que só temos uma direção a seguir, e sei que é o que faremos. Juntos.
FIM.
N/A:
'O tempo passa tão depressa quando eu estou com Draco! Mas demora a passar, quando eu estou longe dele...'. Adaptado de Lisbela e o Prisioneiro.
'Eu me sentia como se houvéssemos encontrado uma coisa que nunca ninguém havia encontrado antes: um ao outro'. Anos Incríveis.
'...para estar junto não é preciso estar perto...e sim do lado de dentro'. Não sei de quem é essa frase.
'Eu sei que só temos uma direção a seguir, e sei que é o que faremos. Juntos'. Anos Incríveis.
Obrigada a todas que me mandaram reviews!
