Esta fic se passa 10 anos depois de os cavaleiros de bronze terem conquistado suas armaduras. As fases seguem a ordem do mangá (Santuário, Poseidon e Hades). Os filmes de Éris, Durval, Abel e Lúcifer também ocorreram.

I - APENAS UMA SIMPLES MISSÃO

Às quatro horas da tarde o despertador tocou, mas Hyoga permaneceu na cama. Há três semanas não tinha ânimo para se levantar. Passava a maior parte do tempo deitado, não saía mais de casa e dificilmente atendia um telefonema. A mudança ocorrera devido ao fim do namoro com Eiri.

Estavam juntos há dois anos, e faltava uma semana para a festa de noivado quando Eiri pediu um tempo para pensar melhor se estava ou não tomando a decisão correta. Então Hyoga decidiu terminar de vez. A separação estava sendo mais dolorosa do que ele imaginara. Fora um tempo maravilhoso na sua vida, do qual ele jamais esqueceria.

O telefone tocou, mas ele não quis atender. Após insistentes toques, o barulho que estava incomodando-o cessou no quarto. Cinco minutos depois ele esticou o braço até a mesa de cabeceira e apertou o botão da secretária eletrônica para ouvir a mensagem.

"Hyoga, trate de levantar dessa cama. Preciso falar com você sobre um assunto muito importante. Esteja na minha casa dentro de uma hora" - voz de Saori.

- Porra, a minha licença só acaba semana que vem! O que você quer comigo! - esbravejou, antevendo o tipo de assunto muito importante.

Levantou-se preguiçosamente e foi até o banheiro. Parou na frente do espelho e viu um homem alto, magro, com os músculos não muito bem definidos, barba mal feita, cabelos loiros totalmente despenteados e olhos azuis inexpressivos; tomou um banho gelado e se vestiu. Cinco minutos depois estava saindo com seu carro da garagem do prédio.

Hyoga estava morando num luxuoso apartamento em Tóquio. Desde que as batalhas terminaram, os cavaleiros de bronze passaram a trabalhar para Saori fazendo serviços secretos. Por isso decidiram morar na mesma cidade.

Ikki era o líder. Coordenava o planejamento das missões, cuidava pessoalmente de algumas e auxiliava os outros cavaleiros. Nenhuma decisão era tomada por Saori sem que ele tivesse conhecimento. Sua vida profissional estava em alta, porém a amorosa já não existia há dez anos. Esmeralda estava morta, e desde então Ikki passou a não se envolver mais emocionalmente. Muitas mulheres que conhecia durante as missões se sentiam atraídas por ele, mas não conseguiam mais do que um caso passageiro. Não poderia deixar que o trabalho fosse prejudicado pela distração.

Em relação à vida amorosa, Shiryu e Shun eram os que tinham mais estabilidade. Shiryu estava casado com Shunrey há um ano e Shun estava noivo de June, a qual também estava morando em Tóquio. Seiya estava namorando Mino há três meses, depois de anos de relacionamento com Saori. Após o período de brigas que levou o casal a se separar, os dois conviviam relativamente bem, embora Shiryu, Hyoga e Shun acreditassem que a amargura de Saori fosse por causa de Seiya.

Pensando sobre a vida de todos, Hyoga constatou que estava no pior período da sua vida. Sua mãe e seu mestre Kamus estavam mortos, seu namoro estava terminado e seus amigos agora tinham vidas distintas, embora tivessem a mesma profissão. Todos estavam morando na mesma cidade, mas mesmo assim nunca estiveram tão distantes. E Hyoga nunca se sentira tão só.

Quando voltou a prestar atenção no trânsito, percebeu que havia avançado um sinal vermelho e estava prestes a atropelar uma mulher e um menino. Freou bruscamente e conseguiu parar a poucos centímetros de atingi-los. O incidente o lembrou da vez em que estava indo ao orfanato para ver Eiri e parou um carro com apenas uma mão antes que um menino do orfanato fosse atropelado.

Depois de ouvir os xingamentos da mulher que estava atravessando a rua e as buzinas dos carros que estavam tentando passar, Hyoga voltou seus pensamentos ao presente e acelerou. Dois minutos depois avistou a Mansão Kido.

Foi recebido por Shiryu, Shun, Seiya e Saori. Ele os cumprimentou e todos foram à sala de estar, onde se sentaram.

Posso saber agora qual é o assunto muito importante?

Tenho uma missão para você. Preciso que você descubra...

- Missão para mim! Minha licença ainda não terminou, lembra-se disso? - perguntou Hyoga, indignado.

- Não me interrompa. Preciso que você descubra tudo o que puder sobre os guerreiros deuses de Asgard.

- Guerreiros deuses... eles já não estão mortos?

- Não são os mesmos - interveio Seiya.

- Há novos guerreiros deuses agora, que não têm ligação com Durval - complementou Shiryu.

- Então há um novo representante de Odin?

- Exatamente. - disse Saori - Sabemos que eles são liderados por uma representante de Odin chamada Hilda.

- Hilda... um belo nome. Vocês têm mais alguma informação?

- Ainda não. - respondeu Saori - Você ainda nem começou a missão...

Eu ainda nem aceitei a missão - pensou Hyoga.

- Quero que você descubra tudo que puder sobre ela e seus cavaleiros. Tudo mesmo.

Hyoga conhecia o significado de "tudo mesmo".

- É uma missão fácil - disse Seiya.

- Sim... é apenas uma simples missão... - Hyoga fitou cada um deles e depois continuou: - Onde está Ikki?

- Numa missão - respondeu Shun.

- A missão de vocês é nesta cidade?

- Não estamos em missões, Hyoga - respondeu Shiryu, percebendo a intenção da pergunta.

- Estamos sem fazer nada - Seiya mordeu a isca.

- Exatamente... estão sem fazer nada... e me fizeram sair de casa por causa de uma missão ridícula como essa! Vocês sabem que eu não estou bem. Que sacanagem!

Todos ficaram calados. Shiryu foi o primeiro a quebrar o silêncio:

- Sabemos que não está bem... foi exatamente por isso que decidimos deixar a missão para você. Olhe para si mesmo, Hyoga... Tem vinte e quatro anos, mas parece que tem mais de trinta.

Hyoga se lembrou da imagem que vira no espelho e concordou.

- A melhor solução para você é ocupar a mente com alguma coisa empolgante. Veja pelo lado bom... você irá para uma região que adora - animou Shun.

Hyoga teve de admitir que seus amigos tinham razão. Estou mesmo precisando me ocupar com alguma coisa.

- É verdade... Moscou está coberta de neve nesta época do ano - disse Seiya.

- Moscou? Por que eu iria a Moscou?

- Ah, quase esqueci de falar! - interveio Saori - Descobrimos através da nossa companhia que Hilda fará uma viagem a Moscou daqui a duas semanas.

Hyoga olhou demoradamente para Saori. Depois de um intervalo que parecia interminável para ela, Hyoga começou a falar:

- Supondo que eu aceitasse, teria de ir a Moscou daqui a duas semanas...

- Sim. Ela deve permanecer lá tempo suficiente para que você possa investigar tudo que precisa.

- Daqui a duas semanas minha licença já estará terminada... Tudo bem, eu aceito.

Os cavaleiros sorriram. Saori permaneceu séria.

- Quero ressaltar que a investigação é mais importante do que parece. O que mais quero saber é se eles têm alguma intenção maligna. Uma batalha agora não seria vantajosa. Vocês não lutam há anos e não conhecem o potencial deles. Portanto, tenha cuidado. Seja o mais discreto possível.

- Serei.

- Saori, está esquecendo de uma coisa... - disse Seiya, num tom divertido.

- Deque?

- A respeito das mulheres...

- Ah, é claro! E nada de vadias durante a missão!

Os cavaleiros, e até mesmo Hyoga, não puderam deixar de rir. Todos eles já tinham se envolvido com várias mulheres enquanto estavam em missões.

- Posso saber qual é o motivo das risadas?

- Nada demais, Saori... Agora preciso ir embora, e começar a me organizar para a viagem.

Ele se despediu de todos e Saori o levou até a porta. Quando voltou para a sala de estar estava com uma expressão preocupada.

- E aí, o que acharam?

- Achei o mesmo que sempre achei e continuo achando: que foi uma idéia idiota, com a qual eu não deveria ter compactuado - disse Shiryu.

- Não deveríamos estar fazendo isso com ele - disse Shun.

- Agora é tarde para se arrepender. - disse Saori - Já começamos, então vamos até o fim. Pensem que é para o bem dele.

- É mesmo. Estamos querendo o melhor para ele - concordou Seiya.

- Estamos, mas se ele descobrir não vai gostar nem um pouco - retrucou Shun.

- Relaxem... ele não vai descobrir.

- Não o subestime, Seiya. - discordou Shiryu - Ele provavelmente já desconfiou de algo. Estou pensando agora em como poderemos agir para não perder o controle da situação.

- E eu estou pensando que precisamos do sangue de Saori - disse Seiya, assumindo uma expressão preocupada pela primeira vez.

- Do meu sangue?

- Não poderemos lutar com nossas kameis naquele estado.

Percebendo o clima tenso que havia se formado, Seiya esboçou um sorriso e falou num tom animador:

- Não se preocupem... Hyoga fará o trabalho melhor do que imaginamos, e não precisará da nossa ajuda. Tudo correrá bem.

Mas as expressões sérias permaneceram.

Continua...

Nota do autor:

To de volta! Depois de meses sem postar, agora to voltando com uma fic nova. As primeiras idéias pra esta fic surgiram na mesma época que "Mistério na Mansão Kido" e "Quase sem querer", mas só agora concluí o primeiro capítulo. Eu enrolo bastante, hehe.

Pretendo continuar esta e as outras o mais rápido possível. E postar fics novas também. Espero que elas sejam bem recebidas assim como as outras. Agradeço muito pelo carinho de todos que lêem minhas fics. Até os próximos capítulos!

RENATO AIORIA