Disclaimer : Como sempre, e mais uma vez eu venho dizer que nada é meu... Nada mesmo, é tudo da Warner, J.K. Rowling e de quem mais tiver algum tipo de participação nessa história. Eu, pra variar, fico aqui chupando o dedo.

Capítulo 9 - Delírio

Eu odeio ficar doente.

Não seria pelo fato de ter que tomar algum remédio, ou ir ao hospital. Isso para mim não é problema. O que eu não gosto é de ter que depender de alguém. Afinal, sou um Malfoy.

Quando pequeno, não costumava ficar doente com freqüência. Mas quando ficava, eram sempre muitos dias de cama. Tive pneumonia duas vezes.Também pudera, normalmente a mansão já era fria, mas no inverno costumava ficar congelante.

Também não gosto de ficar doente por que normalmente se tem febre, e nesse estado você enxerga o mundo de uma maneira surreal. Não surreal no sentido de ver sombras dançantes no teto, ou sentir que está num terremoto. Surreal por que você vê as coisas por um outro ângulo. E às vezes pode falar coisas que em seu estado normal nunca falaria.

O estado febril, e especialmente aquele que provoca delírios, é a ocasião perfeita para dizer seus pensamentos em voz alta. Não coisas ruins, apenas coisas que você não imaginava nunca dizer em um estado normal. Deve ser por que, quando se tem febre, os neurônios fritam, e alguns que já não funcionavam bem resolvem se rebelar. Não que este seja o meu caso, é claro.

Mas, voltando à situação de dependência. Minha mãe nunca teve muito tempo (ou seria paciência?) para cuidar de mim quando eu ficava doente. Quer dizer, ela sempre aparecia no meu quarto pra ver se eu ainda estava vivo, se eu já tinha melhorado, se estava tomando todos os remédios ou se a governanta estava fazendo o serviço dela direito.

E eu odiava isso. Odiava ela falando comigo à distância para não "pegar". Odiava a governanta gorda torcendo as minhas bochechas para engolir algum remédio. Talvez seja esse o motivo de eu ser um pouco hipocondríaco. Quando sentia que estava ficando doente, tomava tudo o que via pela frente para que ninguém percebesse.

Mas com a Gina é diferente. Por que ela obviamente não foi criada do mesmo jeito que eu. Provavelmente a mãe dela não tinha medo de pegar a doença dos filhos como a minha mãe. Certa vez ela me contou que quando um dos irmãos dela (definitivamente eu não sei qual, ela tem tantos...) teve febre do feno, três dias depois todos na casa estavam espirrando.

E eu não gosto de ficar doente perto da Gina por que me faz parecer (e ser) mais dependente dela do que eu já sou. Mesmo que isso seja impossível. Por que ela não sai de perto de mim até ter certeza que eu estou realmente bem. Por que ela se importa.

E sabe quando algumas pessoas dizem que o amor é o melhor remédio? Talvez isso tenha um fundo de verdade. Por que eu não consigo ficar muito tempo me sentindo mal ao lado dela. Com seus dedos acariciando minha cabeça, seus lábios nos meus.

Não existe remédio melhor que a Gina. Por isso eu sou hipocondríaco.

1- Nunca permita que seu melhor amigo a convença de fazer algo, é sempre você quem sofre depois;

2- Não se recuse a tomar qualquer medicamento: acredite, ela tem meios eficazes de te fazer mudar de idéia;

3- Procure ficar calado quando estiver com febre. Você pode acabar falando o que não deve.


"Gina, você sabe onde está a poção para dor de cabeça?" Draco perguntou, abrindo o armário do banheiro.

"Aquela que você tomou ontem à noite não era a última?" Ela respondeu, entrando no banheiro.

Draco encostou os cotovelos na pia e afundou a cabeça nas mãos. Deu um longo suspiro e perguntou:

"Por que você não me avisou que era a última?"

"Eu pensei que você soubesse que era a última. E sinceramente Draco, acho que você deveria parar com essa automedicação. Vai acabar te fazendo mal."

"Do jeito que a minha cabeça dói, acho que seria meio impossível ficar pior. Você não tem nem um daqueles comprimidos trouxas?"

Ela levantou uma sobrancelha, olhando surpresa para ele. Então, lentamente o abraçou por trás, passando a mão em seus cabelos.

"Deve estar doendo muito mesmo, para Draco Malfoy pedir um remédio trouxa..." - ela comentou, dando-lhe um beijo atrás da orelha. Imediatamente sentiu os pelos da nuca dele se arrepiarem. Foi descendo uma mão lentamente pelas costas de Draco.

"Hei, quê isso! A minha bunda não é uma almofada pra você apertar assim!" - Draco falou, fingindo-se indignado.

"Eu não tenho culpa se ela é desproporcional ao seu corpo..."

"Desproporcional uma ova! Meu corpo todo é perfeito!" - com isso Draco virou-se, ficando de costas para a pia e de frente para Gina. Passou ambas as mãos em volta da cintura dela e a trouxe para mais perto. Quando estava quase encostando seus lábios nos dela, sentiu as mãos de Gina empurrando seu peito levemente.

"Pensei que você estivesse com muita dor de cabeça... Será que consegue se concentrar?"- Ela falou inocentemente, passando os dedos de leve pelo peito de Draco, fazendo o trajeto do tórax ate o abdômen.

"Dor de cabeça? Que dor de cabeça? Estou em plena forma, consigo me concentrar direitinho..." - Draco a levantou pela cintura, fazendo com que Gina passasse as pernas em volta do corpo dele - "Você é uma menina muito, muito malvada..". - falou isso enquanto saía do banheiro da suíte e a carregava em direção à cama.

Ele a depositou cuidadosamente na cama e se apressou em tirar a camisa, enquanto Gina tentava abrir o zíper da saia. Quando Draco já estava quase se livrando da calça, ambos ouviram um barulho. Ele deu de ombros, ajoelhou-se ao pé da cama e começou a ajudar Gina abrir o zíper enquanto lhe beijava o pescoço.

"Draco, espera... Não, calma aí. Vai ver o que foi esse barulho!" - ela tentava afastar Draco de si.

"Esquece isso, deve ser a gata maldita arruinando a minha poltrona preferida..."

"Pois é, poderia ser a Liz, se nós a tivéssemos buscado na casa dos meus pais! "- se exaltou, fazendo com que Draco parasse o que estava fazendo.

Recolocando a calça rapidamente, Draco pegou a varinha, apressado, e saiu do quarto para ver do que se tratava. Ao entrar no escritório, imediatamente teve uma imensa vontade de socar a origem do barulho.

"Por Merlin, Zabini! Por que você escolhe as piores horas pra aparecer?"

"Qual é, cara, é assim que você trata as suas visitas?"

"Só as que atrapalham a minha vida. E como você representa noventa por cento delas..".

Blaise observou o estado de Draco: cinto da calça aberto, sem camisa, varinha em punho.

"Vocês ainda estão recuperando o tempo perdido?" - perguntou espantado.

"Estávamos, até você aparecer, como sempre..." - Gina apareceu por trás de Draco, plenamente vestida.

"É bom você ter um ótimo motivo pra estar aqui agora, por que hoje eu estou com umas tendências violentas..." - falou Draco, cruzando os braços.

"Mas é claro que eu tenho um bom motivo! Eu vim chamá-lo para o coquetel da Ordem dos Advogados Bruxos! Não é ótimo?"

"Não, não é. Muito obrigado pelo convite, mas eu dispenso." - com isso, Draco começou a virar as costas, quando Gina o segurou pelo braço.

"Espera, Draco! Blaise, quando é o coquetel?"

"Er... Humm... Eu sei que está meio em cima da hora, mas é hoje à noite." - comentou meio sem jeito.

"Não, Gina, nem pense nisso! Minha cabeça vai explodir!"

"Engraçado, há cinco minutos atrás você falou que não estava sentindo nada!"

"Por favor! Vocês têm que ir! Eu vou ser o palestrante, preciso de apoio!" - suplicou Blaise, tentando fazer a sua melhor expressão de cachorro-sem-dono.

"Apoio? Faça-me o favor! "- Draco tornou a virar de costas e começou a caminhar para fora do escritório.

"Tá bom, você não precisa ir mesmo. Mas a Gina vai, não é?" - perguntou esperançoso.

Ao ouvir essas palavras, Draco parou imediatamente e se virou lentamente.

"Por que você precisa que a minha noiva vá e eu não? "– sibilou.

"Sabe o que é? A Nadia vai estar làentão eu pensei E se, 'coincidentemente', a Gina e ela se encontrassem, e a Gina falasse assim, sem querer, pra Nadia que eu sou um cara legal...?"

"Você quer que eu minta pra coitada?" - Gina brincou.- "Tudo bem, eu vou."

"Gina, eu estou falando sério, não estou me sentindo bem!"

"Tudo bem, Draco, você não precisa ir."

Draco pareceu nem escutar as últimas palavras de Gina. Andou lentamente até ficar de frente para Blaise e apontou o indicador para o moreno.

"Você me deve uma." - com isso, saiu do escritório.

"Te vejo mais tarde! "- Gina falou e foi atrás de Draco.

Ao entrar no quarto, Gina não o avistou em parte alguma, e escutou o barulho do chuveiro. Entrou no banheiro calmamente e foi tirando a roupa. Abriu a porta do box e entrou de surpresa, direto debaixo do jato de água gelada, soltando uma exclamação.

"O que você está fazendo aqui? "- perguntou Draco assustado, com as mãos na cabeça, lavando os cabelos.

"Terminando o que começamos" - ela respondeu, passando os braços em volta do pescoço do loiro e colando seus lábios nos dele.


Assim que Blaise avistou Draco e Gina entrando no salão, correu até eles. Mal cumprimentando Draco, ele pegou Gina pelo braço e saiu andando pelo salão, quase que a arrastando.

"Ela já chegou, está logo ali." - sussurrou o moreno.

"Blaise, por que você esta sussurrando?" - perguntou Gina confusa.

"Não sei! "- ele deu de ombros e abriu um enorme sorriso quando viu a loira alta, conversando com alguém, um copo de champanhe na mão - "Ali está ela!"

"Nossa, ela é alta! E bem bonita!" - Gina falou boquiaberta.

"É, ela é linda, eu sei! "- respondeu ele, suspirando.

Blaise esperou que o grupo que estava conversando com ela se afastasse, então caminhou até ela, sorrindo. Imediatamente ao ver que ele se aproximava, Nadia soltou um suspiro resignado e murmurou "lá vamos nós de novo".

"Olá" - disse ele jovialmente.

Gina falou apenas um tímido oi, tentando soltar o braço de Blaise do dela. Nadia apenas acenou com a cabeça.

"Que surpresa encontrar você aqui! "- começou Blaise, um tanto quanto nervoso.

"Zabini, esta é uma festa para advogados, eu sou advogada... Supõe-se que eu estaria aqui."

"Err... Faz sentido... "- Blaise soltou um sorriso amarelo -" Vamos às apresentações: Nadia, essa é a minha amiga Virginia Weasley. Gina, essa é Nadia Hatzemberguer, a melhor advogada da Europa."

"Aham... Já chega, Zabini..."

Gina sorriu ao ouvir Blaise, e então apertou a mão da loira.

"Prazer! O Blaise fala muito bem de você" - Gina sorriu novamente para o moreno.

"Fala é? "- indagou, não conseguindo reprimir o sorriso.

"Sim. Aliás, ele fala MUITO de você. "- falou Gina rindo.

"Eu vou pegar uma bebida" - Blaise falou, disfarçando as bochechas vermelhas e saindo de fininho.

As duas o olharam se afastar, e então Nadia virou-se para Gina e indagou desconfiada:

"Então você é "amiga" do Blaise?"

"Sou, quer dizer, sou amiga, mas não esse tipo de amiga que você está pensando."

"Ahhhh... "- disse, pensativa.

"Na verdade meu noivo que é sócio do Blaise, mas você sabe, ele vive lá em casa, acabamos nos tornando amigos. "- comentou Gina.

"E o seu noivo é...?"

"O homem mais mau-humorado dessa festa..."

"Você é noiva de Draco Malfoy? Você é uma santa!" - Nadia exclamou, e as duas gargalharam.

"Pois é, nós brigamos toda hora, mas vale a pena. Viver com um sonserino é assim. O Blaise é assim também, meio implicante. Só que ele não é mau-humorado com o Draco."

"Em compensação ele é o homem mais galinha do mundo."


"Nossa, cara, o que aconteceu com você? Foi atropelado por um trem?" - Blaise perguntou, sentando-se na mesa onde Draco estava.

"Chama-se Terrível-Dor-De-Cabeça. Eu estou cansado, e preferia mil vezes ter ficado em casa, na minha cama quentinha. Mas você me OBRIGOU a vir a essa maldita festa." - Draco enfatizou a palavra obrigou.

"Obriguei nada, você veio por que quis."

"E por acaso você acha que eu deixaria a Gina sozinha aqui?"

"Se você é um maníaco ciumento, o problema não é meu... Aliás, seu mau-humor está terrível hoje, hein"... - Blaise levantou a mão, chamando um garçom - "Você devia tomar alguma coisa pra relaxar, cara, quer um whisky?"

"Não, Zabini, eu já estou com dor de cabeça suficiente sem beber, não preciso da ajuda de uma ressaca. "- e fez uma pausa, passando os olhos pelo salão - "Onde está a Gina?"

"Eu a apresentei pra Nadia e as deixei conversando "- Blaise disse com um enorme sorriso. Então olhou no relógio e depois virou-se para Draco, se levantando da cadeira. –" Elas já conversaram demais, pode ser perigoso deixar a Gina falar muito. Vem, agora entra a sua parte no plano."

"Eu pensei que, humm... Como foi que vocês disseram mesmo...? Eu não precisava vir". – Draco falou, cruzando os braços e dando um sorrisinho cínico meio torto. A dor de cabeça parecia que não estava ajudando muito.

"Escuta, vai começar a tocar musica, e a não ser que você queira alguns abutres em cima da sua noiva, acho melhor ir lá."

Draco, ao ouvir isso, imediatamente levantou da cadeira, o que pareceu ter sido rápido demais, pois logo em seguida soltou um gemido de dor e passou uma mão na testa, arrepiando o cabelo.


"Então, onde vocês vão se casar? "– Nadia perguntou, já muito mais simpática e com uma taça na mão.

"Para falar a verdade, ainda não sabemos, nem marcamos a data!"

"Isso que é pressa! Mas também, com Malfoy eu demoraria mesmo, pra ter bastante certeza do que eu estou para fazer."

"Ahahaha! "– Gina riu alto – "Você tem que conhecer os meus irmãos, iria se dar muito bem com eles!"

Nadia já ia abrir a boca para responder, quando o loiro chegou ao lado de Gina, e lhe deu um sorrisinho cínico.

"Olá Hatzemberguer "– falou desdenhosamente e depois voltou sua atenção completa para Gina – "Vamos dançar? "– e saiu andando agarrado ao braço de Gina, que mal conseguiu murmurar um com licença.

Virando-se lentamente pra trás, Nadia quase tomou um susto ao se deparar com Blaise, sorrindo. Ele então lhe estendeu uma mão, e falou sorridente:

"Será que a bela dama me concede o prazer desta dança?"

Menos, Zabini, não estamos no século dezessete e você já tentou esse tipo de cantada comigo e não deu certo" . – disse, mas mesmo assim aceitou o convite dele.

Os dois se encaminharam para a pista de dança, onde se podia ver Draco e Gina dançado abraçados, com as testas coladas. Blaise não pôde deixar de reparar que Draco estava mais pálido que o de costume.

"Então, aceita jantar comigo amanhã?" – Blaise perguntou, esperançoso.

"Zabini, pela milésima vez..." - Nadia começou a falar, mas foi interrompida pelo moreno.

"Ta não precisa dizer, se eu ouvir um Não de novo vou achar que é só isso que você sabe dizer."

"Não é verdade."

"Ah, não? O que mais você sabe dizer? "– indagou, ameaçando abrir um sorriso em seus lábios.

"Esquece, Zabini... Olha, por que você não pensa em nós como irmãos, hein?"

"Tudo bem" – ele deu de ombros, e por alguns segundos Nadia pensou que se veria livre das cantadas de Blaise. Mas por algum motivo ela não se sentia aliviada nem feliz por isso. Virou o rosto para um lado, se deparou com os olhos azuis de Blaise a encarando. – "O que você pensa sobre incesto?"

Nadia não conseguiu segurar uma risada e Blaise aproveitou para emendar:

"Ainda não quer jantar comigo? Hein? Anda, eu não sou tão repugnante assim..." – Blaise se esforçava em sua melhor expressão de Cachorro-sem-dono.

Ela riu mais um pouco, Definitivamente esse homem é um palhaço, não deixou de pensar, e depois ficou séria.

"Jantar, não. Que tal um almoço?"

Do outro lado do salão, Gina sorria ao observar a cena. Parece que está dando certo pensou. Depois olhou para Draco, que estava a embalando quase que automaticamente, com os olhos semicerrados. Ela levantou uma mão e a passou de leve sobre a testa dele, levantando alguns fios.

"Nossa, você está suando frio. Ainda sente dor de cabeça?"

"Muita. Podemos ir pra casa agora?" – pediu baixinho. Gina segurou o riso.

"Claro." – ela respondeu, dando um beijo de leve no nariz do sonserino.


Eles entraram no quarto e Gina acendeu as luzes. Draco esfregou os olhos - parecia estar fazendo um esforço enorme para mantê-los abertos - e depois começou a desfazer o nó da gravata do smoking.

"Draco, eu só vou tirar a maquiagem, já volto" – e entrou o banheiro, já com uma mão nas costas abrindo o fecho do vestido.

Após tirar a maquiagem e se trocar, Gina saiu do banheiro vestindo seu robe e levantou uma sobrancelha ao olhar o quarto. Todas as luzes estavam apagadas, o smoking de Draco jogado em cima de uma poltrona. Olhando para a cama não viu ele propriamente dito, e sim alguém totalmente imerso num mar de cobertores.

Andou devagar até seu lado da cama e cuidadosamente se enfiou debaixo das cobertas, passando um braço sobre um Draco muito encolhido, e a outra mão pôs-se a acariciar os finos fios loiros da cabeça dele.


Quente... Tem alguma coisa quente aqui, Gina pensou ao abrir os olhos no meio da noite. O quarto estava totalmente escuro. Draco estava com os braços em volta dela, a abraçando, como sempre. Mas uma coisa lhe chamou a atenção. Ele estava anormalmente quente.

Se desvencilhando dos braços do loiro, levou uma mão à testa dele. Com toda certeza, ele estava com febre. Percebeu que ele suava e tremia um pouco. E o mais estranho de tudo era que ele não parecia estar incomodado com ela se mexendo na cama. Se fosse em outros tempos, ele já teria acordado de mau-humor e ido para o escritório.

Com todo o cuidado, levantou da cama e silenciosamente entrou no banheiro, a fim de procurar um termômetro. Achou-o em um armário de poções e medicamentos. Então voltou para a cama e se sentou ao lado do loiro, passando a mão de leve na testa quente dele.

"Draco" – falou, um sussurro quase inaudível – "Floquinho, acorda..."

"Hum... "– ele gemeu e mudou de posição na cama, ficando deitado de costas. Os lábios tremiam levemente e ele trouxe os cobertores mais para perto de si.

Aproveitando a mudança de posição dele, Gina colocou o termômetro debaixo do braço do sonserino. Esfregou os olhos para espantar o sono enquanto esperava o momento certo de checar a temperatura. Depois de alguns minutos, ela puxou a objeto com todo o cuidado e foi olhar sob a luz do abajur. Quarenta graus.

Droga, está alta! O quê eu faço?, pensou consigo mesma. Cogitou a hipótese de usar Flú para perguntar a Molly o que fazer, se não fossem três horas da manhã. Deve ter alguma poção para febre aqui, Draco é quase um hipocondríaco. Levantou-se novamente da cama, seguindo para o armário de poções.

Leu vários rótulos, para enfim achar uma que era o que procurava: uma poção anti-térmica.

"Draco, acorda um pouquinho..." – ela disse, já do lado dele na cama, tirando novamente os cobertores de cima do rosto dele, pois que enquanto ela estava procurando o remédio ele se cobriu de um modo que ficou totalmente escondido. O rosto estava suado, e a camisa que ele usava também começava a ficar molhada.

"Não, me deixa dormir, eu estou com frio..." – falou, quase incoerentemente, tentando se cobrir todo de novo, mas Gina o impediu, segurando os cobertores.

"Eu sei que você está passando mal, mas tem que tomar isso."

"Não vou tomar isso!" – falou categoricamente, abrindo um pouco os olhos para olhá-la.

"Draco, a sua febre está alta... Não queira que eu chame a minha mãe para te dar isso, acredite, ela tem mil maneiras de fazer você engolir isso em um segundo."

Ele então arregalou os olhos, ou o mais próximo disso que seu estado permitia, e tentou ficar sentado na cama. Gina o ajudou a se ajeitar e lhe deu o frasco. Draco começou a engolir o líquido amargo, enquanto ela alisava suas costas com uma mão. Quando terminou, fez uma careta e tossiu um pouco.

"Ok, agora você pode dormir de novo "– Gina o auxiliou a deitar novamente, o cobrindo bem e ajeitando-o na cama. Desligou o abajur, mas continuou sentada ao lado dele, com a mão em sua testa, acariciando os fios.


Draco acordou quando os primeiros raios de sol entravam pela janela do quarto. Ele acordou com vontade de espirrar. Parte por causa da gripe e parte por causa dos fios vermelhos que estavam perto de seu rosto. Levantou um pouco mais a cabeça, e foi abrindo os olhos aos poucos, se acostumando com a claridade do quarto, e se deparou com a dona dos fios rubros.

Ela estava meio sentada, meio deitada, totalmente torta. Seu corpo tombava para um lado e pelo ângulo que sua cabeça fazia, Draco teve a certeza que quando acordasse estaria com um torcicolo. Com uma mão, ele retirou uma mecha de cabelo que lhe caía sobre a face. Havia uma área mais escura embaixo dos olhos, o que indicava que Gina não tinha dormido muito.

Ele tentou se levantar um pouco na cama, a fim de ajeitá-la, mas quando pressionou as mãos na cama para sentar, sentiu seu corpo todo doer. Sentiu também que ainda estava com dor de cabeça, embora ela estivesse mais branda. Ao sentir Draco se mexer na cama, Gina acordou sobressaltada, como se tivesse caído no sono sem querer.

"Calma, Pequena, ainda não morri..." – comentou, pois Gina havia se debruçado sobre ele e lhe checava a temperatura com as mãos na testa e pescoço.

"Acho que o remédio fez efeito, você só esta um pouquinho quente."

"Ainda bem, por que eu não tomo aquela porcaria nunca mais. "– reclamou Draco, torcendo o nariz para o vidro vazio à cabeceira da cama.

"É claro que você vai tomar mais, são três doses. E você ainda está com um pouco de febre." – ela falou, colocando o termômetro nele.

"Você é quem pensa "– murmurou, ao ver que Gina se levantava da cama e ia em direção à porta do quarto. Ao ouví-lo, ela parou e deu meia volta.

O quê você disse?

"Eu ? Nada..." – respondeu cinicamente.

Alguns minutos depois ela voltou com uma bandeja e a deixou em cima da mesa de cabeceira, e foi tirar o termômetro para ver a temperatura de Draco.

"O que é isso?" – ele perguntou, olhando para a bandeja.

"Uma sopa "– respondeu sem tirar os olhos do termômetro.

"Você que fez? Tem certeza que quer que eu tome isso? Eu já estou doente..."

"Ahahaha... Muito engraçadinho, pra fazer piadinhas você não parece estar tão doente assim..." – ela falou, depois de guardar o termômetro e colocando a bandeja no colo dele. Ela o observou tomar metade do prato, e depois deixou o resto.

Dando um longo suspiro, Draco falou:

"Então, cadê aquela porcaria de remédio?"

"Aqui "– entregou o vidro, surpresa por ele ter se voluntariado a tomar o remédio. Ela já estava pensando que teria que fazer alguma chantagem.

"Eu vou dormir, essa coisa dá sono. Você devia fazer o mesmo, senão fica doente também... '– ele falou, deitando novamente na cama e fechando os olhos.

Gina deitou um pouco na cama, e tentava em vão manter os olhos abertos. Observava-o dormir calmamente, para enfim sucumbir ao sono.


"Draco, não começa, você está parecendo uma criança, toma logo isso! "

"Não! Eu já estou melhor, não vou tomar isso de novo!"

"Melhor? Você está com trinta e nove graus de febre!"

Ao ouvir isso, Draco afundou mais na cama e cobriu a cabeça com os cobertores. Estava discutindo sobre o remédio desde que ele havia acordado, suando muito, e Gina estava insistindo para que ele tomasse logo a última dose do remédio.

Gina bufou pela milésima vez no dia. Impossível como esse homem podia ser teimoso. Antes ele alegava que o remédio tinha gosto ruim, agora estava dizendo que ela estava sendo super protetora.

"Você só está com essa obsessão de me fazer tomar isso porque está com a consciência pesada por ter me deixado esperando no frio do lado de fora da casa dos seus pais! "– ele berrou, meio abafado por estar debaixo de vários cobertores.

"Você é um cretino mesmo! Não vê que eu estou fazendo isso por que te amo e não quero te ver doente?" – Gina, agora vermelha e irritada, chegou perto de Draco na cama e começou a puxar os cobertores até ver os cabelos loiros dele. – "Ou você toma isso, ou não vai dormir no mesmo quarto que eu por muito tempo. Muito mesmo."

Draco pareceu ponderar a proposta de Gina. Não era bem uma proposta, era mais uma chantagem, por que as duas alternativas eram terríveis para ele. Sem descobrir a cabeça, colocou uma mão para fora, a fim de pegar o vidro.

"Não, eu quero ver você tomar, pra ter certeza que vai engolir tudo."

"Você não é a mulher com quem eu vou me casar, é um general..." – resmungou ele, se descobrindo e pegando o vidro. Ele tomou metade, fazendo uma careta, e depois fez uma expressão suplicante para não tomar o resto.

"Tudo." – ela falou, sentando-se na cama.

Depois de ter certeza que ele havia tomado até a última gota, Gina aproximou um pouco mais o rosto do dele e lhe deu um beijo na bochecha. Draco então levantou uma mão e virou o rosto dela, colando seus lábios.

"Você me irrita tanto, mas eu não consigo ficar longe de você... "– disse ela, sentando melhor na cama a colocando a cabeça dele em seu colo.

"Deve ser o meu incrível charme Malfoy "– falou cheio de si, com os olhos fechados, apenas sentindo a mão de Gina acariciando seus cabelos.

"Seu charme Malfoy não funciona mais desde que você parou de usar fraldas e perdeu aquelas bochechas rosadas."

Ele não respondeu, apenas mexeu um pouco a cabeça e fez um ruído, que mais parecia o ronronar de um gato.

"Sabe, eu gosto quando você fica doente, posso cuidar de você"– comentou distraída, ainda fazendo cafuné nele.

"Eu sempre soube que você gostava de me ver sofrer, me torturar... Apesar de você ser má comigo, eu ainda te amo."

"Sabia que você fica muito engraçadinho quando está com febre? "– ela riu, ligeiramente surpresa pela repentina declaração dele, e abaixou a cabeça, beijando-o nos lábios novamente.

"E sabia que você vai ser uma ótima mãe? Quando tiver filhos, você vai cuidar muito bem deles."

Gina parou imediatamente o que estava fazendo e ficou abismada. Nunca, em todos os anos em que estavam juntos, Draco havia alguma vez comentado sobre filhos. É obvio que ela sabia que ele não suportava crianças, e que toda a vez em que ele ia buscá-la no trabalho acontecia algo incrivelmente engraçado para Gina, e extremamente embaraçoso para Draco, em relação a algum dos seus alunos.

Mas talvez, agora que eles já estavam noivos, ele tenha resolvido tocar no assunto. Talvez ele no fundo, bem no fundo, gostasse de crianças. Talvez ele quisesse ter uma família. Gina respirou fundo. Uma, duas vezes, e então perguntou:

"Draco, você...Você quer ter filhos? "– falou rápido, com o coração acelerado.

E esperou. Estava prendendo a respiração esperando uma resposta. Talvez aquilo tivesse sido só um comentário aleatório dele. Esperou mais. Nada. Olhando para baixo, encontrou o loiro dormindo profundamente. "Gina, você tem que parar de sonhar..." ralhou consigo mesma, e retirando a cabeça dele de seu colo delicadamente, deitou na cama e fechou os olhos para dormir.

Se alguém estivesse no ângulo certo, poderia ver Draco Malfoy arregalar os olhos no escuro e trincar os dentes.


N/A1: A febre do feno, conhecida na Alemanha como "Heuschnupfen" nada mais é do que uma alergia ao pólen de diversas plantas durante a primavera e o verão. Quando a primavera chega, as flores e plantas começam a desabrochar e renascer. Com isso uma grande quantidade de pólen é lançada no ar. O pólen é em parte visível (às vezes notamos um pó amarelo em cima dos carros na rua ou móveis em casa), mas em boa parte é invisível.

N/A 2 : Aeee tàtàjá vou eu aqui dar outra desculpa esfarrapada que não cola mais. Tàeu demorei MUITO com esse capítulo. Podem tacar pedras, eu mereço.

Bom, tenho várias notícias boas (pelo menos pra mim). A primeira é que eu passei no vestibular (yeah!), e como as minhas aulas começam em maio, eu tenho que terminar Manual até lá. A segunda noticia é que esse é o penúltimo capítulo (ou pelo menos eu espero). E como eu vou ter que correr um pouco, já estou começando a escrever o último. Ahh, e vai ter um epílogo (claro, eu adoro um epílogo!).

Bom, a explicação sobre o que é Febre do Feno tá aí em cima, graças às minhas betas que me perguntaram o que era que eu percebi que tinha que dizer. (dã, lesa).

Vamos aos créditos: Título, frases (aquelas do começo do capitulo), diálogo do Blaise com Nádia, tudo pertence à minha beta, gêmola, Paola(ás vezes), MaryMadMalfoyAramis, que tbm tem uma paciência de fazer Jó chorar de inveja, me agüentando nas madrugadas da vida por aí, escrevendo Manual picado no msn. Ahhh, e a Nádia tbm pertence à ela! Na verdade pertence à seleção de vôlei da Rússia, mas foi a Mari quem achou!

Maluka, a fowfa mais fowfa do mundo que tbm agüenta os meus bloqueios no msn e ficava fazendo o favor de me cobrar a fic sempre e conseqüentemente fazer a minha consciência pesar mais que o Jô Soares.

E pra quem deixa review e faz uma viciada feliz: NÃO ME ABANDONEM!

Ahhh, quase ia me esquecendo: Fefs, eu não pretendo fazer eles brigarem mais, mas saiba que eu simplesmente AMO essa musica do Good Charlotte!É linda!

Thatú, Sim, O Código da Vinci é muito bom, e vai até sair um filme dele (embora eu não concorde com Tom Hanks para o Robert, mas...); recomendo tbm Anjos e Demônios, que é a história que vem antes do Código. Boa leitura.

Obs: Houve uma pequena mudança na formatação da fic. As falas estão entre apas e os pesamentos em negrito e italico. Por que esse lindo site não satisfeito em engolir os meus "separadores de tempo/espaço" resolveu tbm COMER os meus travessões. Deposi de brigar muito, e colocar tracinho por tracinho em cada fala 5 vezes, resolvi então colocar as malditas aspas. 1 hora fazendo isso. Estou tendo vertigens.